Franciscanismo ou segurismo?

«Se [Vítor Constâncio] nada fez por incompetência, negligência ou dolo, não sabemos. Só não podemos aceitar que, depois da investigação do PÚBLICO, ele possa continuar a dizer que não teve nada a ver com esses dias de vergonha, em que uma elite espúria tentou tomar de assalto o sistema financeiro.

«Enquanto jornal empenhado na defesa do interesse público, o que sabemos permite-nos desde já estabelecer a sua responsabilidade e a sua culpa profissional e ética. Mas não basta: exigimos também que a Justiça se envolva para que, como cidadãos, nos seja possível viver de cabeça levantada por termos sido capazes de ajustar as contas com esse passado trágico e vergonhoso.»

«Caímos assim na essência da Operação Marquês. No julgamento dessa nódoa da história nacional recente, nessa tentativa de uma elite plutocrata criar um sistema de poder tentacular.»


Director do Público

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Francisco Assis voltou a dar proveito a quem o lê no PúblicoOs discursos do 10 de Junho – fazendo uma análise compreensiva do efeito do investimento ideológico e retórico no 10 Junho para a sociologia política da conjuntura e apelando à elevação e contributo cívico nessa cerimónia. Porém, contudo, todavia, seria esse o tema mais importante à disposição do também José Pereira de Miranda? Nem lá perto.

Perto, muito perto, tão perto que o seu silêncio se torna inaceitável caso pretenda manter a imagem de integridade como político, está Manuel Carvalho. O actual director do jornal onde Francisco Assis deixa o seu nome tem publicado acusações que atingem a honra de dezenas ou centenas de pessoas com quem o militante socialista desde 1985 não só fez trabalho partidário como partilhou altas responsabilidades públicas; e com quem, em muitos casos, naturalmente estabeleceu laços de convivência privada, amizade. Não só o director do Público espalha calúnias como do alto do seu estatuto e alcance mediático apela à intervenção policial e judicial para se conseguir condenar essas pessoas. Nesse grupo está, com estupendo protagonismo, o próprio Francisco Assis.

A afirmação de que existiu “uma elite espúria/plutocrata” que foi investigada e está a ser julgada na “Operação Marquês” implica que o presidente do Grupo Parlamentar do PS entre 2009 e 2011 tenha sido um activo cúmplice dessa elite e desses crimes por condenar. Ele e todos os deputados do PS ao tempo posto que a “elite espúria/plutocrata” até poderia contar com a conivência do Presidente da República de seu nome Cavaco Silva e dos tribunais – a que se juntam os grupos parlamentares do PSD, CDS, PCP e BE que assistiam ao espectáculo sem moverem uma palha para o impedir – até poderia desfrutar do silêncio dos procuradores do Ministério Público aterrorizados pela presença do corrupto Pinto Monteiro, mas jamais se aceitará que os deputados do PS não soubessem o que o Sócrates estava a fazer com a cumplicidade da sede do poder soberano, a Assembleia da República. Portanto, Francisco Assis merece ir para o chilindró logo na primeira leva de ramonas a caminho de Évora, afiança o director do “jornal empenhado na defesa do interesse público“.

Não há meio termo, não há compromisso possível, é uma daquelas situações. Para o homem que aqui vemos – Um discurso para a história de um dia histórico – comer e calar é perder a face, o seu bom nome, o mínimo de respeito próprio sem o qual nenhum ideal cívico e político será algo mais do que oportunismo e hipocrisia. Tal não garante boas noites de sono.

Francisco, abandona esse antro de pulhas.

2 thoughts on “Franciscanismo ou segurismo?”

  1. Claro que o diretor do “público” é vesgo dos olhos e do pensamento, está
    numa fuga desenfreada para a frente aumentado a carga de insultos com-
    prometendo o jornal numa possível coima para ressarcir os ofendidos, por-
    que não tem razão na “guerra” empreendida … superou o esgoto!
    Claro que, ao a aceitar a prebenda do Seguro o F. Assis mostrou não ser um
    verdadeiro socialista, o Partido foi um escadote que usou para subir na vida,
    como se provou pela sua posição contra a solução governativa de A. Costa
    logo, não deixará de colaborar com o pasquim da sonae … é o dinheiro pá!!!

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