Existem, e em proporções iguais na esquerda e na direita

Ninguém estava à espera que Gaspar fugisse antes do final do resgate, ninguém estava à espera que Portas saísse-sem-sair do Governo e muito menos do modo ignóbil como o fez, ninguém estava à espera que Passos se revelasse tão disfuncional e tão frouxo na chefia da coligação e do Executivo, ninguém estava à espera que Passos e Portas tratassem Portugal como se fosse a tal empresa a que querem reduzir o Estado e a comunidade.

Essa ingenuidade é traumática, causando forte confusão e estados depressivos. Há uma genuína dificuldade em verbalizar com fluência o que se pensa e sente precisamente porque não é claro o que se sente e pensa. Eis um notável sintoma da gravidade do que esta direita decadente faz ao regime democrático.

Porém, há um simétrico que tem de ser erguido o mais alto possível: a nossa dor é a inegável prova de que queremos outro tipo de portugueses na condução do nosso destino comum. Os portugueses que queremos no poder são aqueles que tenham sentido de Estado, decência, prudência, inteligência e coragem. Estes portugueses existem. E identificam-se facilmente, pois são aqueles que se encontram para lá de indignados: estão, nesta fase, colossalmente envergonhados por causa da miséria política, intelectual e ética que ocupa as lideranças do PSD, do CDS e da Presidência da República.

Partamos para a fase seguinte.

16 thoughts on “Existem, e em proporções iguais na esquerda e na direita”

  1. Se estão envergonhados ou não agora de pouco interessa.

    Envergonhado estou eu mas é com a incompetência do Seguro e a inutilidade do BE e da CDU, mais os outros parentes todos.

    Ouvir o pobre do Soares a dizer as verdades sózinho já não basta.

    É preciso fazer alguma coisa. A Direita come e cala, mesmo a eventualmente envergonhada (principalmente para inglês ver), porque no fundo é isto que sempre quis, não nos lixes com manteiguices serôdias, ó Valupi.

    Não há cá “proporções”, nem equivalências morais, que nos redimam. Há uma certeza: a Direita que goza o prato tem o mesmíssimo efeito da que baixa os olhos, mas continua igualmente de braços caídos. Não me serve para coisíssima nenhuma, nem serve o Futuro dos nossos Filhos. Puta que os pariu, a TODOS.

    Da estirpe que se alapou ao Poder mais hediondo e vil de toda a nossa História democrática não se salvam nem os governantes, nem os oposicionistas.

    Atingimos o grau zero da Política em Portugal. Agora é só esperar que estoire. Um dia o Márocas vai ter um Funeral bem triste. Não merecia…

  2. «A inegável prova de que queremos outro tipo de portugueses na condução do nosso destino comum»

    «a maioria dos inquiridos no barómetro i/Pitagórica de Junho (65,5%) responde com um “eleições, sim, mas só em 2015″»

    Puta da democracia, não é, Val? :D

  3. oh março! essa sondagem do mês passado foi feita pela empresa do picoito que se engana sempre a favor do amigo coelho, a cuja comissão de honra pertenceu.

  4. Jacinto Leite Capelo Rego, a ideia que advoga ficar sentado à espera que não sei o quê rebente não é para mim nem para ninguém daqueles que admiro e a quem devo tanto.
    __

    Marco, e qual é a relação entre esse barómetro e o que escrevi? Sei que vais ser capaz de explicar, fogo à peça.

  5. passos coelho,”baixou as calças” e portas inesperadamente! aproveita a deixa,e salta para primeiro ministro!

  6. Miséria é mesmo nâo haver ponta por onde pegar neste desgraçado país. Ainda há dias estive no lançamento do livro de Pedro Adâo e Silva. Estava representado em peso aquilo a que chamarei o PS de Sócrates, inclusive o próprio. Do António José Seguro e sua entourage, nem sombra.

    Temos, portanto, neste momento dois PS’s. A que é que isto nos vai conduzir, nâo é difícil de prever. Uma esquerda mais que esfrangalhada já que nem o PS está unido; a “direita” manobrada a seu bel prazer pelo Portas. Apareça um qualquer D. Sebastião que este pobre povo estender-se-á a seus pés! A isto chegámos! Ou nos fizeram chegar!

  7. «Ficar sentado à espera»?! Advoga quem??

    Mas qual foi afinal a parte do meu «É preciso fazer alguma coisa» (e quanto antes!) que te pareceu vagamente semelhante a «ficar sentado à espera»?!…

  8. Jacinto Leite Capelo Rego, tens de dar mais atenção ao que escreves:

    “Atingimos o grau zero da Política em Portugal. Agora é só esperar que estoire.”

  9. E tu tens de inventar com maior discreção: «só esperar que estoire» não é própriamente sinónimo de «ficar sentado», como dizes que eu disse, muito menos quando escrito três curtinhos parágrafos após um período totalmente preenchido com um peremptório «é preciso fazer alguma coisa»!

    Mas se queres desbaratar energias e talento a discutir a forma em vez da essência, boa viagem.

  10. Jacinto Leite Capelo Rego, para ti “só esperar que estoire” vai ser acompanhado pela consciência de “ser preciso fazer alguma coisa”, embora tu não faças ideia do que seja e, para todos os efeitos, já tenhas declarado a inutilidade de o fazer.

    Larga, pois, o vinho.

  11. Largar para quê? Estou a pensar mal?

    A consciência de ser preciso fazer alguma coisa não significa nem que eu não saiba o que fazer, nem muito menos, infelizmente, que baste ser eu a fazê-lo. Vê se entendes.

    É preciso fazer uma demonstração global e muito clara de repúdio por este Poder pútrido e desavergonhado, mas igualmente pela liderança da dita Oposição, que faz tanta mossa nele quanto os velhos republicanos fizeram ao Estado Novo. É preciso e é urgente.

    Mas isso exige vontade e coordenação de quem tem (ou deveria ter) poderes para mobilizar os portugueses decentes e a oportunidade de agir ainda a tempo está, quanto a mim, cada vez mais perdida, pelo que a alternativa à presente demissão colectiva será, julgo eu, o natural e continuado aumento da pressão na válvula e o consequente estoiro da panela, quando menos se esperar.

    Difícil de perceber? Não concordas? Não és obrigado, mas podes ao menos argumentar.

  12. Jacinto Leite Capelo Rego, argumentar foi o que comecei por fazer, precisamente a partir do que escreveste. A ideia que voltas a repetir é a da impotência. Tu não indicas o que deve ser feito, tu não encontras lideranças para o repúdio que pretendes expressar, tu antecipas o estoiro de não sei o quê. Em suma, pretendes, de facto, ficar à espera que o pior cenário aconteça.

  13. Mas é preciso reconhecer que a liderança da Esquerda atual é impotente! Como primeiro passo para exigir uma outra, muito diferente!

    Queres que eu indique, novamente, o que acho que deve ser feito? Pois repito o último comentário: é preciso e urgente fazer uma demonstração muito expressiva de repúdio por esta espécie de Poder que temos, esponjoso, imoral, decrépito e tele-comandado do Estrangeiro! Uma grande manifestação apartidária, pacífica e patriótica, que reúna amplos sectores políticos, sociais e intelectuais e que, convicta mas ordeiramente, mostre aos títeres de Bruxelas, Washington e Berlim que o Povo NÃO AGUENTA MAIS ESTA FARSA!

    E que faça acordar a parte sã do nosso sistema político e as pessoas decentes que ainda se encontrem em todos os Partidos, de forma a mudarem o atual paradigma de Poder!

    É fácil? Não é. Por isso disse que tal exige a vontade e a colaboração de quem ainda tem poderes e autoridade para entusiasmar os portugueses decentes. Não sou eu, que não tenho identidade política. Queres ser tu? Ou vamos ficar à espera, mais uma vez, do velho Soares? Que miséria, não é?

    Mas pronto, se achas que eu devia apresentar-te o guião completo das reuniões preparatórias para o estabelecimento de uma plataforma patriótica, republicana e democrática que convocasse essa mega-manifestação, o programa de comunicação com a imprensa e a distribuição de tarefas para a organização de uma petição exigindo um GOVERNO DE SALVAÇÃO NACIONAL, com ou sem Legislativas antecipadas, acho que já estás a exigir demais de um mero Cidadão preocupado com o Futuro do seu País e dos seus Filhos…

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