João Ramos de Almeida faz uma excelente pergunta – Por que deixaram Passos e Portas sozinhos a explicar a frágil retoma económica? – cuja resposta, dado estar com pressa, vou resumir em duas orações: (i) porque a esquerda portuguesa é imbecil e (ii) porque quem levou esta direita decadente para o poder não se importa que ela por lá fique desde que com isso se consiga manter a esperança de ir anulando, e até mesmo destruindo, o PS.
O que o João escreveu, que só por si justifica a leitura e até a releitura, teve ainda um bónus, este na sua caixa de comentários. Junto-me à perplexidade de quem escreveu o seguinte:
Lamentavelmente o PS não conseguiu desmontar a estratégia fundamental da coligação PaF que consistiu em fazer recair sobre o anterior governo todas as culpas da situação de crise que o país vive e viveu. Uma vez mais Coelho/Portas não tem pejo algum em mentir e faltar à verdade histórica.
Ora não é verdade atribuir culpas ao governo de Sócrates pela chamada crise das dívidas públicas que a Europa viveu. Sócrates não foi o responsável pela falência do Lehman Brothers ou pelo ida da Troika para a Irlanda ou para a Grécia ou pela bancarrota da Islândia ou ainda pelo quase resgate da Espanha e a subida dos juros da dívida pública a valores quase insuportáveis na Itália e na Bélgica e de uma maneira geral pelos países do euro.
Não se pode honestamente responsabilizar a governação de Sócrates pela subida vertiginosa dos juros da dívida pública no auge da crise do euro e que tornou impossível o financiamento do país através dos mercados financeiros e a consequente vinda da Troika.
Ao não saber desmontar esta estratégia tornou-se muito difícil ao PS contradizer a PaF quando ela se apresenta como responsável por “corrigir” o rumo e “entrar no caminho certo” como se lê na “mensagem aos portugueses” distribuída pela coligação.
Daí a impensável eventual vitória eleitoral da coligação Coelho/Portas.
Depois de:
O PIB com a coligação PaF regrediu para os níveis de 2003.
O rendimento disponível dos portugueses é inferior ao do ano 2000.
Entre 2010 e 2013, o PIB “per capita” português caiu 7%.
O nível de vida dos portugueses recuou, em 2013, para valores de 1990.
O número de pessoas com emprego não era tão baixo desde 1995.
O investimento caiu para níveis que não se registavam desde finais dos anos oitenta.
O número de pessoas que emigram todos os anos é maior do que na década de 1960
Existem mais de um milhão e duzentas mil pessoas continuam sem encontrar um emprego em condições.
A pobreza e a desigualdade aumentaram, num dos países que era já dos mais desiguais de toda a Europa.
A dívida pública aumentou de 94,0% do PIB em 2010 para 130,2% em 2014.
Em 2010 tínhamos uma divida externa líquida de 82,7% do PIB que aumentou para 104,5% em 2014.
O IRS aumentou mais de um terço entre 2010 e 2013.
É deveras espantoso!!!
Cabe a maior responsabilidade à direção do Seguro que, nunca combateu
no sítio próprio a A. R. a lenga lenga da maioria, alegando que estavam preo-
cupados com o futuro dado que o passado já tinha sido!
Alguma responsabilidade ao A. Costa por demorar em assumir em “full” o
lugar de secretário geral, não ter orientado uma acção mais forte na defesa
do património da governação do anterior Governo do PS! Tinha obrigação
de ter esclarecido que as chamadas obras “faraónicas” foram as sugestões
da Comissão Europeia para combater a críse e que, acabou por mudar de
posição ao avançar para a austeridade, face ao ataque ao euro via dívidas
soberanas! Algo que, os comentadeiros e jornaleiros fazem por nunca escla-
recer as suas audiências … com uma ou outra excepção !!!
Caro Val,
o PS, desde a saída do Sócrates começou a cavar a sua sepultura quando, como a avestruz, meteu a cabeça na areia perante os ataques mentirosos que, quer a direita, quer a esquerda propalavam.
A esquerda pretendeu aumentar a sua base de sustentação e sabe que só o pode fazer nas franjas do PS, a direita porque decidiu ir ao pote. Chegava dinheiro fresco, o país estava atarantado, a Europa disparava em todas as direcções, os agiotas subiam os juros, o petróleo, internamente o PR encabeçou um movimento que levasse ao trinómio, ‘uma maioria, um governo, um presidente’.
O sonho estava ali, depois foi fácil.
1. Arranjar alguém sem escrúpulos capaz de mentir com o ar mais cândido deste mundo. Feito! Em vez de um até arranjaram dois.
3. Ocupar todos os lugares disponíveis por rapaziada da corda. Feito! Desde a Presidente da AR aos directores da Segurança Social engoliram tudo. Eram estes que criticavam os ‘Jobs for the boys’ do Guterres!
4. Ocupar toda a comunicação social com o mesmo discurso com comentadores do mesmo quadrante político. Feito!
5. Culpar o PS pela vinda da ‘troika’ como se tivessem sido os seus maiores opositores. Feito!
6. Vender ao desbarato e aos amigos tudo que havia para vender… Quase feito!
7. Vangloriar-se pela descida dos juros no mercado internacional, como se o BCE não tivesse sido o único responsável. Feito!
8. Esquecer-se que as exportações continuam a crescer fruto do trabalho de governos anteriores e colher os louros. Feito!
9. Continuar a mamar os impostos sobre os combustíveis e não reflectir a baixa real. Feito!
10. Cortar na saúde, apoios sociais, ensino e andar de crucifixo na mão a beijar os velhinhos. Feito!
Ter o azar de viver num país de morcões que nem para se defender ousam levantar a voz, ter uma esquerda a aplanar o caminho da direita, ver um governo de párias a beneficiar da emigração e da incultura dos que ficam por cá, e ainda ter tótós no PS que preferem olhar para a sua vidinha do que para o país… É o destino de muitos de nós …
Contra isto, que fazer? O Abrunhosa tem a resposta…
Excelente comentário,Tatas.
E toda esta abstenção violenta do PS Seguro e Costa porque interiorizaram a diabolização do ex-PM Sócrates feita pela direita. Seguro e Costa ficaram tolhidos; Seguro desde o primeiro dia e Costa depois da prisão de Sócrates. Desculpem-me, meus amigos (e eu vou votar Costa porque o considero muito melhor governante que Passos e Portas juntos) mas a cobardia ou taticismo de Costa após a prisão de Sócrates pode ter levado Abril e o PS à ruína. E só o PS restava para defender Abril, depois da traição de Louçã e Jerónimo em 2011, quando entregaram o poder todo a Cavaco, Passos e Portas, chumbando o PEC IV e provocando a queda do governo minoritário . Como prémio, talvez aumentem o número dos seus deputados. A direita vai aplaudir cada deputado do PCP e do BE. Se as sondagens estiverem certas, fartem-se, abutres. Vai beber uma taça de champanhe com Passos e Portas, Jerónimo. Serás muito bem acolhido, valente comuna!
Uma parte da população ainda come gelados com a testa, e comem a palha que a coligação lhes dá a comer não só porque não há outra diferente, mas porque genuinamente querem acreditar que aquela palha é a melhor palha. As razões para quererem a palha da direita são muitas, mas a ignorância associada a uma imprensa completamente refém da oligarquia são essenciais.
E prontos, mais um diagnóstico da caca. Sem solução.
quando a pressa é amiga da perfeição. :-)
É espantoso que por se dizer a mesma narrativa, vezes sem conta se queira convencer ou auto convencer que se tem razão. A bancarrota e as suas consequências , foram potenciadas por gastos e aumentos de pensões e outra, que avisado por muitos analista iriam sair caros. Saíram e bem caros ,mas a culpa para certos contadores de balelas são —– do mensageiro!! ahahaha
antonio cristovao, dá lá exemplos, documentados, desses avisos da “bancarrota” feitos por “muitos analistas”. Ou será que não passas de mais um mentiroso?
Talvez não seja mentiroso mas apenas alguém que pensa pela cabeça do patrão.
A melhor pergunta seria: Porque deixaram António Costa sozinho a lutar pelo País?
Cristóvão, és grande otário. Emprenhas pelas orelhas. Com que então, estávamos na bancarrota em 2011, com menos 40% de dívida e mais 6% de riqueza.
Puxa lá, pela cabecinha.
Memofante para indecisos…
http://marchadovapor.blogspot.pt/2015/10/haja-memoria.html
António Cristóvão…ainda não lhe apanhei o perfil, mas que me faz rir, isso faz.
Cumprimentos
E olhe – eu não o acho mentiroso….acho-o oportuno e adequado.