Exactissimamente

A vítima perfeita

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NOTA

O Ministério Público que levou à queda de um Governo de maioria absoluta por causa de um parágrafo num comunicado, e que deu azo a que o Presidente da República dissolvesse a Assembleia, é o mesmo que conseguiu reunir 4000 páginas de despacho acusatório, 53 000 de investigação, 77 000 de documentação anexa, 8 000 de transcrições de escutas telefónicas, 13,5 milhões de ficheiros informáticos, 103 horas de vídeos de interrogatórios e 322 horas de depoimentos áudio de testemunhas, sem que daí resultasse a evidência de existir uma singular prova de corrupção cometida por José Sócrates.

Prender um ex-primeiro-ministro foi inaudito e, durante 9 anos, a operação Marquês criou o mais importante processo judicial na história da democracia portuguesa. Sócrates foi detido espectacularmente no aeroporto, ao regressar a Portugal com a intenção de prestar declarações às autoridades, para se fazer um auto-de-fé que instantaneamente executasse a condenação suprema: a 21 de Novembro de 2014, pela televisão, um cidadão perdia a presunção de inocência sem ter direito a defender-se. A comunicação social, o sistema político e a comunidade tornaram-se cúmplices dos abusos e violências que se seguiram. Abusos e violências contra Sócrates, restantes arguidos, familiares e amigos dos mesmos, e qualquer outro indivíduo que desse para relacionar difamatória e caluniosamente com os alvos do linchamento.

Desde 7 de Novembro de 2023, o mais importante processo judicial na história da democracia portuguesa passou a ser o que resulta da operação Influencer. Mas para todos os que criticam esta operação e continuam calados em relação àquela, há a dizer que o combate pelo Estado de direito constitucional não se alimenta da hipocrisia.

20 thoughts on “Exactissimamente”

  1. https://eco.sapo.pt/2023/11/29/ministerio-publico-iliba-siza-vieira-medina-e-duarte-cordeiro-nas-suspeitas-de-ajustes-diretos/?utm_source=SAPO_HP&utm_medium=web&utm_campaign=destaques

    …. …..O DIAP de Lisboa estava desde 2016 com este dossiê em mãos, que envolvia o atual ministro das Finanças, Fernando Medina; o ex-ministro da Economia, Pedro Siza Vieira; a antiga ministra da Cultura, Graça Fonseca; e o atual ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro. Foram precisos sete anos para que o MP percebesse que não havia fundamento criminal nesta investigação.

  2. Tenho a firme convicção que o verdadeiro alvo da operação Influencer era o Rui Costa e o Benfica. Acho suspeito a PJ ter sido afastada. Eles já sabiam o caminho para a Luz e tudo: sai á esquerda da garagem descer o Conde redondo em ponto morto (à Salazar) para não gastar gasóleo e depois e só cortar à direita na Av. da liberdade.

    Acho que o Cavaco , o Eanes e o Balsemão já morreram. Os que vemos são figuras de cera do museu Madame Tussaud. Nota-se o ódio de classe do operário que fez o Balsemão.

    Ao contrário da maior parte das pessoas eu acho q Portugal existiu, acredito nas gravuras do Côa.

    O mais espantoso é ver pessoas que acreditam que escolhem o voto, não, vocês só escolhem aquilo que vos dizem para escolherem. Nem o vosso nome escolheram, carajo.

  3. Se soubessem o que fiz e escrevi ao A.Costa, nesse fim de 2014, por não ter apoiado de imediato o José Sócrates. E ter ido com muita relutância visitá-lo à prisão (pressionado por querer ganhar as eleições dentro do PS, e haver uma grande maioria que nessa altura no PS apoiava o Sócrates). ,
    Fiz questão de deixar escrito, para que o vento do esquecimento não levasse as palavras.
    Afinal ao fim de 9 anos, tinha razão.

  4. PARA ONDE VAMOS?
    E se construíssemos uma nova Nação e uma nova Mátria-Pátria?
    1 – Só haverá futuro depois de prendermos todos estes e estas que fizeram isto na dita “Justiça”, e os puséssemos num tarrafal qualquer. Estou de acordo.
    2 – Desde que fossemos capazes de construir, aqui, outro «HÁ-DE VIR», por enquanto impronunciável, com um nome que ainda não sabemos agora pronunciar. E também lhe chamássemos «a nossa nova Pátria e Mátria» (vulgo País e Nação).
    3 – Desde que «O QUE HÁ-DE VIR» não se continuasse a chamar «Portugal». Nem se reclamasse dessa herança tão recente, de apenas 880 anos (2023-1143), construída pelos galegos e franceses-borgonheses do Condado Portucalense. Desde que deixássemos de reivindicar a identidade da mátria D. Teresa, amante do galego Peres de Trava, e mãe do estrangeiro Afonso Henriques.

    A PROVA?
    4 – A prova está no que nos ficou (na maioria dos que agora ocupam este território dito «Portugal») codificado no ADN. De que somos descendentes tanto dos iberos, como dos celtas, como dos ucranianos e russos, como dos judeus, como dos muçulmanos e bérberes, e de muitos outros mais.
    5 – Basta ler o que está escrito nos três mais recentes estudos científicos, das mais prestigiadas universidades do mundo, sobre as populações humanas que ocuparam este território:
    5.1 – Iñigo OLALDE, et alli., 2019, “The genomic history of the iberian peninsula over the past 8000 years”, Science, 15 mar 2019, vol 363, pp.1230-1234).
    5.2 – Jonathan A. HAWS, et alli., 2020, “The early aurignacian dispersal of modern humans into westernmost eurasia”, The Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), September 28, vol. 117(41).
    5.3 – Ludovic Orlando, 2023, “Ancient genomes show how humans escaped europe’s deep freeze”, Nature, 1 march 2023).

    A SOLUÇÃO?
    6 – Só com «O QUE HÁ-DE VIR» – o impronunciável – é que haverá salvação.
    E assim sucessivamente, desde a próxima ilusão até ao próximo conspurco. E a todos os outros conspurcos e ilusões que se lhes seguirão.
    7 – É talvez por isso que, após nascermos, defrontamos o paradoxo de termos de morrer.
    De sermos obrigados a matar isto tudo, desde os ministérios públicos até às nossas próprias ideologias, convicções e mentalidades. Por só deste modo ser possível conseguirmos a evolução, assim, sempre condenados «ao que que há-de vir» e ao Impronunciável.
    8 – Logo, há muita verdade naquilo que Joe Strummer afirma. Basta olhar para essa sucessão de ilusões e conspurcos que ocorreram aqui, neste território, desde o povoamento do Foz Coa pela espécie homo sapiens.
    9 – Porém, aqui, neste território, não foi apenas desde Foz Coa, nem sequer desde o cruzamento dos «sapiens sapiens» com os «sapiens neandertais», testemunhada na Lapa do Picareiro perto de Minde. Foi desde há mais tempo, nesta sucessão de identidades, ilusões e conspurcos que fazem o limite intransponível do que a espécie humana é.

  5. IMPRONUNCIÁVEL,
    (Sobre as origens do nosso Portugal)
    Um pedido que não passa de mera brincadeira.
    Fale-nos de Esteltano. E por aí fora. E, do antes, das invasões ditas “bárbaras”. Tinha mais perguntas do género para lhe fazer, mas fiquemos por aqui. De resto estou a sugerir-lhe que fale da Europa toda até à Ucrânia. Ucrânia que devia reivindicar a Rússia para si, e não o contrário – na minha modesta maneira de ver….
    (Estou a pedir-lhe isto porque já vi que tem uma pedalada do caraças)

  6. Simplesmente curioso.
    Depois da demissão de António Costa, são já três os processos em que estavam envolvidos políticos socialistas, arquivados pelo MP ou absolvidos pelos tribunais:
    https://www.jn.pt/3125400615/arquivado-caso-contra-presidente-da-camara-de-matosinhos/
    https://observador.pt/2015/12/01/tribunal-da-relacao-de-lisboa-absolve-ex-ministra-maria-de-lurdes-rodrigues/
    https://sicnoticias.pt/pais/2023-11-29-Ministerio-Publico-arquiva-suspeitas-de-ajustes-diretos-sobre-Medina-Cordeiro-e-Siza-Vieira-6fcd36b2
    O MP qual Pôncio Pilatos a tentar “lavar as mãos da golpada” com que atingiu o objectivo principal, o da demissão de António Costa!

  7. A Solução
    Ciclicamente, temos a divulgação de suspeitas de corrupção no Governo de Portugal, sobretudo com ligações aos socialistas.
    Para acabar com isto, a solução era os governantes das regiões autónomas da Madeira e Açores formarem um governo para dirigir os destinos dos portugueses. Nunca constou que naquelas regiões houvesse suspeitas de crimes graves, como corrupção, prevaricação, tráfego de influências, etc.
    Basta ir há Madeira e ver a quantidade de Vias Rápidas, Viadutos, Túneis, etc. Tudo executado com a maior lisura sem a mínima suspeita de infração legal. O Tribunal de Contas também não tem dúvidas sobre os gastos daquelas empreitadas. É Obra.

  8. Fonte: https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/situacao-inedita-em-franca-ministro-da-justica-ilibado-de-abuso-de-poder?utm_source=SAPO_HP&utm_medium=web&utm_campaign=destaques

    Um tribunal especial ilibou o Ministro da Justiça francês, acusado de conflito de interesses e abuso de poder, declarando-o inocente de usar o seu cargo para disputas privadas, numa situação inédita em França.
    Situação inédita em França: Ministro da Justiça ilibado de abuso de poder
    Eric Dupond-Moretti, em tempos um advogado de renome, foi acusado de abusar do seu cargo para abrir investigações contra magistrados que o investigavam a ele, aos seus amigos e antigos clientes.

    O veredito marcou uma vitória política para Dupond-Moretti, que negou ter cometido qualquer ato ilícito, recusando-se a apresentar demissão antes e durante o julgamento, que durou duas semanas.

    O Ministro foi julgado pelo Tribunal de Justiça da República, responsável por julgar irregularidades cometidas pelo Governo.

    O caso foi apreciado por três magistrados de carreira, acompanhados por 12 deputados, seis da Câmara dos Deputados e seis do Senado, sendo necessário uma maioria de oito votos para decidir o resultado do julgamento.

    É a primeira vez que um ministro é julgado em França durante o exercício das suas funções por ações praticadas na qualidade de ministro, segundo historiadores de Direito.

    Dupond-Moretti retirou-se do tribunal sem comentar, minutos após ter ouvido o veredicto.

    A advogada de defesa, Jacqueline Laffont, expressou estar “satisfeita” e uma “enorme emoção” com a decisão, que disse mostrar que o seu cliente “foi acusado injustamente durante três anos”.

    “Para nós é, antes de mais, a consagração de uma cruzada judicial. É a vitória do Direito e a vitória da separação de poderes”, disse Laffont. “O Direito e a Justiça triunfaram”, acrescentou.

    Interessante a composição do “Juri”. Aqui já não estão em roda livre…….

  9. Sócrates tem razão.
    Mas a «razão» não é sinónimo de «vitória» nas eleições de 10março2024.
    A vitimização não ganha votos suficientes para derrotar o opositor.

  10. Como será?
    Uma disputa entre PedroNuno e Ventura? Ou uma disputa entre Carneiro e Montenegro?
    Uma disputa entre a «FARSA DOS JARRETAS» ou a «FARSA DO JUVENIS»?
    Uma disputa entre a «FARSA DOS JARRETAS» (Cavaco, ManuelaFerreiraLeite, Passos, Rangel, Moedas, Portas, AugustoSantosSilva, VieiradaSilva, MariadeBelém, etc.) ou a «FARSA DO JUVENIS» (PedroNuno, DuarteCordeiro, Ventura, etc).
    De um lado a «FARSA dos instalados há décadas no poleiro, que fingem opor-se». Do outro lado a «FARSA dos que acreditam serem mesmo opostos».

    Para tirar o pó e o mofo à República Abrilista (49 anos), não era mais engraçado ser uma disputa entre o PedroNuno e o Ventura?

    Haja alegria e música no circo. Ao menos isso, que é o que resta desta tristeza republicana.

    Coitados dos 4 tipos de eleitores: os «eleitores que votam», os «eleitores que se abstêem», os «eleitores nulos e brancos», e os «eleitores que hão-de ser, por ainda não terem idade para votar».

  11. É abismal o número de processos crime que o mp tem e mantém sobre inúmeros governantes e ex-governantes do PS. É doentio e nojento. Os direitolas anónimos continuam a utilizar a esmo e com sucesso o método da denúncia anónima, para eles anódina, pois só assim conseguem combater a mágoa que a mingua de votos lhes provoca.
    Os processos que se conhecem devem ser a ponta do iceberg, devem existir mais, muitos mais.
    Ainda a semana vai a meio e já ficámos a saber que o mp resolveu arquivar um processo que incluía nada mais nada menos que 2 ex-governantes do PS e dois ministros do atual governo e proceder a buscas que envolvem outro ex-governante, no caso Secretário de Estado do Desporto. Ora toma! Cinco Xuxas ao barulho com o mp e ainda hoje é 4ª feira!
    O excelso mp concluiu após sete (!!!) anos de investigações que não havia matéria criminal nos factos investigados. Muito bem… vale mais tarde que nunca. Mas o que andaram os bezerros do mp a fazer durante aqueles sete (!!!) anos?
    Não é difícil de imaginar, escutas e mais escutas. Escutar A e B, para ouvir C e D. Investigar C e D para envolver E e F. No fim esquecer A e B e, ainda que imbecilmente, acusar E e F de algo que nada tem que ver com a assunto original. É assim que funcionam.
    Neste estado de coisas é fácil de antever que ao arquivamento do processo contra os 4 ex-governantes e governantes socialistas, deverá ter correspondido a abertura de um ou mais processos contra outras figuras do PS. Processos dos quais teremos notícias por volta de 10 de Março ou posteriormente se o resultado das eleições assim o obrigar.
    E deste modo se vai mantendo vivo um stock de processos, que serão utilizados pelo mp em conluio com os direitolas, como quem usa munições numa guerra.
    Pode ser que o 10 de Março os obrigue a gastar muitas mais munições. Aguardemos…

  12. o bolo em cima da cereja, destas acusações anónimas e inquirições oficiais, é o acto do seu cancelamento ou arquivamento servirem, tal como no “polígrafo”, para reavivar a memória pública, voltando a contar em detalhe o enredo e protagonistas envolvidos na ficção agora arquivada, sob pretextos vagos, curtos e pouco esclarecedores, prescrição por falta de tempo ao fim de 10 anos, indícios fortes que não se verificaram, provas não obtidas e outras desculpas de merda depois dos aparatos policiais das buscas, detenções, revelações dos supostos crimes e publicidade quase diária, senão diária, com resumos dos capítulos anteriores + descoberta do dia + cardápio das acusações.
    isto serve para desculpabilizar a investigação e permitir pôr o investigado em banho-maria até ao fim da vida, quando morrer será lembrado pelo gajo da operação casa pia, freeport, marquês, etc.

  13. Do artigo da Professora Maria de Lurdes Rodrigues, com o título em epígrafe, hoje publicado no Jornal de Notícias:

    “O inquérito instaurado à procuradora-geral-adjunta é um passo mais no caminho da intimidação que tem sido percorrido por alguns procuradores e pelo seu sindicato. Inquérito aberto para averiguar da possibilidade de existência de delito disciplinar num texto de opinião. Repito, num texto de opinião. Entretanto, onde não há necessidade de inquérito para saber se existe ou não delito, neste caso criminal, a procuradora-geral da República mantém-se em estado de total letargia. Crime comprovado, à vista de todos, com total impunidade, regularmente praticado: a violação seletiva do segredo de justiça numa fase em que o processo apenas é conhecido por procuradores.
    Ora, este crime reiterado não é simplesmente processual. Tem consequências substantivas, substituindo a justiça pelo linchamento moral, profissional e político. É acusação sem processo, castigo sem julgamento, estigma sem defesa. No entanto, e pelos vistos, tudo isto vale menos para a senhora procuradora-geral da República do que a imposição do silêncio e a anulação do espírito crítico dentro da organização que tutela. Ou seja, a imposição do medo também entre os membros da corporação.”

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