És tão bronco, Monteiro

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Recapitulemos: desapareceu uma quantidade apreciável de material. Foram demitidos temporariamente (cito, porque não sei que figura é esta) seis comandantes, aliás de forma canhestra. O ministro duvidou que fosse um roubo. Diversos conhecedores destes meandros colocaram a hipótese de o material ir desaparecendo aos poucos, até chegar o momento do inventário, perante o qual se ‘inventava’ um roubo. Mais tarde, o material aparece, não muito longe, na Chamusca, e entre ele está uma caixa a mais. Uma pessoa com alguma responsabilidade ou um sentido próximo de responsabilidade, neste ponto já acharia que andavam – literalmente – a gozar com a tropa. Mas manteve-se tudo sereno. Até que há semanas este mesmo jornal noticiou que continua a faltar material. Perante isto, o Parlamento quis, de novo, ouvir o Chefe do Estado Maior do Exército (CEME) que lá foi mostrar a sua perplexidade. Nada tem a acrescentar ao que já tinha dito há meses, disse.

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O nosso Comandante Supremo, o Presidente da República, tem, de quando em vez, dito que quer tudo esclarecido. Talvez seja altura de dar um murro na mesa. Ou, em alternativa, deixar passar mais um ano. Pode ser que apareçam outras caixas de que ninguém estava à espera. Pode bem acontecer que, antes de um inventário qualquer lá ponham o que falta ou outra coisa qualquer inesperada. E, se assim, for, tudo pode ficar na mesma. Afinal para que queremos material militar? Agora andamos preocupados com outras coisas. Com o turismo e o calor, por exemplo…


Tancos: uma história de impunidade

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É o pacote completo. Sensacionalismo, mentira, chicana. O Monteiro também tem de preencher a página. Então, prefere teclar para os seus amigos de jantas e almoçaradas. Raios, estamos no Expresso, o jornalismo pode esperar e as opiniões fluem melhor com sabor a laranja.

Tal como Pedro Mexia no “Governo Sombra”, no que reforça a candidatura a bronco ilustrado, este infeliz não resiste a martelar na pulhice de que o ministro da Defesa teria duvidado que se estivesse perante um roubo. É ainda, e para sempre, a exploração da deturpação feito pelo DN na famosa entrevista onde Azeredo Lopes se esforçou com zelo cirúrgico para explicar que não era ele quem estava a investigar o caso – donde, por inerência, e por absurdo, admitir qualquer desfecho da investigação, inclusive esse de se concluir por outra explicação para o desaparecimento do armamento que não implicasse furto.

O Monteiro abomina a serenidade, prefere a algazarra, o enforcamento de um bode expiatório qualquer, murros na mesa. A culpa não é de Marcelo nem da Joana, coitados, a culpa é dos socialistas que se limitam a deixar a Justiça agir sem qualquer interferência do poder político. Que pena o bondoso Passos já não estar no Governo para o bronco do Monteiro nos poder ensinar as virtudes da separação de poderes e da santa paciência perante um caso tão complexo como este.

6 thoughts on “És tão bronco, Monteiro”

  1. Este monteiro não passa de um diletante que, nada tem de jornalista é um
    fazedor de fretes nascido nas correntes maoistas muito em voga nos anos
    setenta do século passado! Ficou célebre a sua prestação na famosa comis-
    são de inquérito ao negócio PT/TVI, onde declarou ter sido torturado por
    José Sócrates via telefone … claro, perdeu a pouca credibilidade que tinha
    como diretor do “espresso” passados meses foi corrido para outra prate-
    leira dourada onde vai fazendo pela vida com arrazoados como aquele
    cuja amostra nos serve … que peca pela falta de um pingo de inteligência!!!

  2. «Tal como Pedro Mexia no “Governo Sombra”, no que reforça a candidatura a bronco ilustrado,»

    O caso Pedro Mexia vem na sequência de um procedimento de corrupção intelectual perante a TV tal como já havia acontecido com o fedorento-mor e Pacheco Pereira ainda antes.
    Estamos perante uma espécie de “atracção fatal” exercida pelo poder de “persuação” económica das TV. Estas convidam o intelectual da moda com credibilidade para comentador oficial a quem pagam principescamente e de mansinho vão criando uma dependência financeira de tipo pensionista, certinha, metódica, temporal e crescente que vai criando uma necessidade viciosa que se vai tornando indispensável mês após mês e cada vez mais forte se torna ao fim de cada mês.
    A relação do que era o intelectual com a TV torna-se um jogo e a “pensão” um vício incontrolável. Neste ponto de dependência inescapável as TV viciam totalmente o jogo a seu favor. Inventam um programa estilo “governo sombra” , “má-língua”, “eixo do mal” ou de comentário em grupo chefiado por um fretista moderador da casa que dá os tópicos no jeito, tom e significado político que o plutocratazeco à portuguesa dono da TV quer e pretende vender ao povão.
    O fedorento-mor inicialmente ainda ensaiava umas tentativas de defesa das posições bloquistas mas, lenta e progressivamente, começou a alinhar o Tavares que estava lá precisamente para os domar. Este também já havia enriquecido como vendedor de engraçadismos acerca da PT e outras empresas bem-pagantes de graçolas fedorentas.
    O Pacheco não resistiu e fez o frete de “pensionista” da “Sábado” com a apologia do “cm”, o tal que “procurava e dava as notícias que interessavam aos leitores” e lhes eram mais “‘uteis”. Uma visão utilitarista com elevada utilidade para o próprio e não à S.Mill.
    O Mexia é um caso semelhante talvez com contornos algo diferentes. Ele tenda dar explicações lógicas fundamentadas mas, como intelectual de direita letrado, tais fundamentações vais buscá-las sempre ao arquivo filosófico que propõe a total precedência do individualismo sobre a comunidade. E desse modo encaixa-se sempre, com ligeiras variações, em conformidade com os pensamentos emitidos pelos seus camaradas “críticos” humoristas, moralistas ou piadistas mas sempre fretistas.
    E um rio vai engrossando sempre a corrente de corruptos intelectuais.
    O Monteiro, esse, como dezenas e dezenas deles, já há muitos muitos anos andam aos trambolhões na corrente poluidora desse rio.

  3. Arre !
    Ainda não aprendeu a diferença entre roubo e furto !
    O que ocorreu em Tancos foi um furto . Já tinham ocorrido furtos de armas antes, primeiro, na Carregueira, nos Comandos, depois nos Fuzileiros, em Alcochete . O que é grave .Estes dois factos ocorreram na vigência de governo(s) anteriores(s) .
    Que eu saiba, na vigência deste regime, o primeiro furto de armas que alguma vez ocorreu em Portugal, foi o da Carregueira .
    E não consta que tenha sido divulgado publicamente que as armas furtadas nos Comandos e nos Fuzileiros tenham sido recuperadas.
    Quanto ao ministro da defesa, é simplesmente, ridículo.
    Um cromo especializado em direito, completamente à deriva, inepto para o cargo .

  4. “A culpa não é de Marcelo nem da Joana, coitados, a culpa é dos socialistas que se limitam a deixar a Justiça (…) nos poder ensinar as virtudes da separação de poderes e da santa paciência perante um caso tão complexo como este.”

    Eis um bom exemplo da desresponsabilização dos detentores de cargos públicos e da angolanização da política portuguesa .

  5. O Monteiro é bronco mas o Monteiro é fixe, isento, acima de qualquer suspeita, se lhe der para foder o Bruno de Carvalho, um ódio de estimação do grande Valupi.
    Ó Valupi parece que certas partes da tua vida intelectual andam em más companhias, olá se andam.

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