Entretanto, na RTP socrática – II

“A honra é uma coisa que o Presidente da República tem de defender, mesmo que seja com custos pessoais”, acrescentou, lembrando que o texto da sua comunicação de 29 de setembro está no ‘site’ da Presidência da República e que “quem quiser voltar a ler de forma calma e ponderada” basta consultá-lo.

De cada vez que Cavaco fala da inventona de Belém, um novo máximo de perplexidade é atingido. Desta vez, ninguém percebeu patavina do que disse. A que se refere quando fala em invenção? É que as notícias existiram, o silêncio e ambiguidade cúmplice do Presidente da República também. E nesse estado de gravíssima perversão política iríamos para as eleições, não fosse o DN.

Contudo, não se pode negar a perturbação emocional causada no entrevistado pela problemática. O que levanta a questão: estará Cavaco intelectual ou psicologicamente incapacitado, seja pelo que for, para assumir responsabilidades pessoais na situação? Pois mandar reler o discurso proferido a 29 de Setembro, essa peça trágico-cómica que nem o mais ferrenho cavaquista apareceu a defender, mostra que a sua noção de ridículo já conheceu melhores dias. Para todos os efeitos, estamos perante obstinada recusa em esclarecer uma situação que envolve a Casa Civil e o jornal Público numa conspiração cujo objectivo era o de influenciar o resultado das Legislativas. Se Cavaco não quer responsabilizar-se pelo episódio, como lhe exige a Constituição, qual a sua credibilidade para continuar no cargo?

Compare-se com o que tem acontecido a Sócrates. Já lhe viraram a vida do avesso, da licenciatura à profissão, fizeram-lhe escutas ilegais e criaram um caso, que se arrasta há 5 ou 6 anos, onde é atingido pessoal e politicamente através de exploração mediática sensacionalista, caluniosa e golpista.

Resultado? Se tivermos de avaliar estas duas figuras quanto aos custos pessoais na defesa da honra, há uma que dá uma cabazada à outra.

32 thoughts on “Entretanto, na RTP socrática – II”

  1. E, além disso,
    não achou por bem esclarecer um conjunto de coisas mui importantes
    que o indiciam,
    ao menos, num plano moral e politico…
    caso da transparencia do BPN
    da sistematica violaçãodo segredo de justiça
    que
    naquele caso do BPN
    impede se faça mesmo escrutinio aos “boys” cavaquistas
    e que assim, parece-me
    balança os vestais magistardos e procuradores
    todos, mas todos mesmo, at same side…
    o que no mar,
    daria voltar-se o barco e naufragio…
    eu nao acredito
    que
    PR não deseje ver esclarecidos todas estas duvidas
    eu acho-o um homem de palavra
    e acha
    geneticamente
    que ninguem se pode considerar acima da lei…
    so…
    Judith não o questionou destas questões
    e como tal asfixiou-o
    nas respostas abrangentes q ele decerto quereria dar SE ela lhe perguntasse…
    abraço

  2. Bom dia Val,
    Pois !
    Se em Portugal houvesse jornalismo de investigação a inventiona de Belém seria investigada assim como a compra das famosas acções da SLN/BPN ao amigo Oliveira e Costa.
    E como não há ninguém disponível para escrver uma crata anónima que envolva Cavco e Silva num qualquer processo judicial nada acontece jornalisticamente.
    Bom fim de semana.

  3. bem, isso das sondagens normalmente dá empolamento artificial dos partidos grandes e correlativo emagrecimento dos pequenos,

  4. É admirável a tua tentativa de encontrar uma razão apolítica para o comportamento do Cavaco. Mas não cola, como sabes. Estamos aqui é na presença de um PR que violou as suas funções constitucionais e que, de forma ridícula, utiliza a Constituição para legitimar o seu comportamento. Monty Silva, obviamente.

  5. e ainda tentaram convencer-nos que o sócrates tinha um (delirante) plano para tomar conta da comunicação social, e em particular da tvi. ora se nem a rtp, sob sua tutela, consegue controlar….

  6. Que diabo! Alguém se esqueceu de avisar o Sr. Presidente da República de que a compra de uma TV não tem que ser noticiada préviamente a quem quer que se seja.

    Vejamos, o Sr. Presidente da República, na entrevista, diz-nos com o ar de anacoreta conhecido:

    “numa sociedade democrática a compra de uma televisão não pode deixar de ser transparente. Não só não pode acontecer sem o conhecimento do governo, como sem o conhecimento da opinião pública. Deve ser uma operação muito transparente”.

    Pois é, enquanto isso, um fundo norte-americano, o Liberty Acquisition, adquiriu a maioria do capital da Prisa e, em consequência, adqueriu a TVI.

    Meu Deus, que país! Que vai o Cavaco fazer? Mais, que vai o Parlamento fazer? Não seria de chamar o Obama para nos dizer se tinha conhcimento do negócio e se por via disso faz também parte da estratégia do Sócrates. Afinal, convém recordar, o Sócrates utilizou segundo dizem estrategas do Obama nas eleições de Setembro.

  7. &,

    E quem foi durante este período vice presidente do Lehman, quem foi ????

    O ilustre Dr. António Borges, um dos vices do PSD. Nada acontece por acaso.

    Como também não terá sido por acaso que o ex ministro da economia, Manuel Pinho recusou os serviços de consultoria daquele banco, atitude que determinou o principio do fim da sua prestação no governo em questão.

  8. Amigos, algo de muito grave se passa na nossa comunicação social, toda! De facto, existe um condicionamento terrível que trespassa de uma ponta à outra os mídia, envolvendo: jornais, rádios, tv’s e demais quejandos. Não temos como fugir dos factos. Porquê?

    Então, o facto mais relevante do dia não são as recentes sondagens que dão quase maioria absoluta ao PS desse Sr. chamado Sócrates, culpado, sempre culpado ainda que sem qualquer acusação?

    Alguém por um momento, só um, e de forma completamente honesta, pode dizer que as manchetes, os discursos dos opiniativos, as entrevistas rápidas à boca de cena, no caso, no mero caso, de o PS estar cair nas sondagens, seriam as mesmas do dia de hoje? Sejamos honestos por uma vez! É então assim. Temos de um lado um governo e um PM com o povo e, do outro, temos partidarites e a mais filha-da-puta da imprensa livre a falar em nome do povo!

  9. Perversões

    “Contudo, não se pode negar a perturbação emocional causada no entrevistado pela problemática. O que levanta a questão: estará Cavaco intelectual ou psicologicamente incapacitado, seja pelo que for, para assumir responsabilidades pessoais na situação?”
    Mas és tu mesmo Val que respondes à pergunta: “E nesse estado de gravíssima perversão política iríamos para as eleições, não fosse o DN.”
    Sim gravíssima perversão. E o que me é legitimamente lógico deduzir é que a perversão além de gravíssima foi deliberadamente intencional, com propósito de desvirtuar o resultado eleitoral por influência ilegítima da Presidência da República.
    A verdade em Cavaco confunde-se com conveniências: sobre o negócio da compra de capital por parte da PT ao accionista da TVI acredita que o governo sabia.
    Sobre o negócio das suas acções e de seus familiares com o BPN ou SLN quer-nos fazer crer que nada sabia.
    A ética não se apregoa, pratica-se. Neste sentido, é necessário apurar quem mais, para além de Cavaco Silva e família, naquele restrito espaço temporal, obteve dividendos similares.
    Desde logo pela sua estreita ligação afectiva e política aos administradores das instituições em questão, por tal remuneração ser sido paga, à posteriori, com dinheiro dos contribuintes, e especialmente porque, estando em curso uma campanha investigatória ao 1º ministro e família sobre ética, verdade e honra, entre outras virtudes, tal exigência, em casos fundados, se estenda a todos os titulares de cargos públicos.
    A pergunta correcta parece-me mais esta: qual a razão para se tentar assassinar politicamente um primeiro-ministro eleito democraticamente por sufrágio universal, e no qual a maioria dos seus concidadãos continua a confiar para governar o país?
    Estes acasos não sucedem por culpa de um vendedor de carros, mesmo que sejam da marca Citroen.
    Termino como comecei, citando o Val : “E nesse estado de gravíssima perversão política iríamos para as eleições, não fosse o DN.”
    Quando um Presidente da República pactua com gravíssimas perversões, não é expectável que delas dê esclarecimentos.

  10. Compare-se com o que tem acontecido a Sócrates. Já lhe viraram a vida do avesso, da licenciatura à profissão, fizeram-lhe escutas ilegais e criaram um caso, que se arrasta há 5 ou 6 anos, onde é atingido pessoal e politicamente através de exploração mediática sensacionalista, caluniosa e golpista.
    Que é isto?
    A vida privada de Sócrates só interessa as revistas de fofocas que gostam de saber a cor das cuecas (e onde as compra e com que dinheiro) do político mais bem vestido da Europa!
    Mas Sócrates só tem vida privada enquanto cidadão comum e ai é igual a todos constitucionalmente e pode ser escutado com autorização de um juiz, que foi o que aconteceu!
    Mas no PS há quem teime confundir a Olívia patroa com a empregada por conveniência!
    Quanto à criação do caso Freeport toda a gente sabe que foram os ingleses que o criaram!
    Dos casos pessoais o Sócrates tem o bastonário da Ordem dos advogados para o defenderem em tribunal comum!
    Politicamente através de exploração mediática sensacionalista, caluniosa e golpista…nada a fazer porque a liberdade de expressão não pode ser constitucionalmente limitada por qualquer forma de censura e a soberania reside no público que dita as audiências e não no governo!
    Quanto ao golpismo, a história da tentativa de controlo da TVI ainda vai no adro!

  11. Carlos Pedro, se seguires http://diario.iol.pt/economia/portugal-joao-talone-talone-economia/1022175-4058.html, chegas ao que João Talone disse em 2008 a respeito dos casos BPN e BPP, disse: «Há risco de destruição das elites como no 25 de Abril»

    Os casos BCP, BPN ou até a Operação Furacão passaram a ser percepcionados publicamente. Vaí daí a blague, já lá vão dois anos “pode levar à destruição das elites como aconteceu no 25 de Abril». Palavras do presidente da Magnum Capital, João Talone.
    Se não conseguires aceder deixo-te mais alguma coisa:

    «A imagem que vai passar é a de que as elites são um conjunto de ladrões e que não estão à altura de resolver os problemas», disse durante um almoço promovido pela Associação Cristã de Empresários e Gestores de Empresas (ACEGE).

    Ora, nada como aparecerem escutas a bélem, freeports assanhados, faces ocultas. Pois é. Dorme no posto.

  12. E é mentira que “as elites são um conjunto de ladrões e que não estão à altura de resolver os problemas”? Não, não durmo nem deixo dormir as eleites descançadas!
    Ando por aí “de face oculta” como muitos a por pausinhos na engrenagem até que pare ou dispare! Qualquer solução será sempre melhor do que a actual.
    E em boa verdade, as elites há muito que deixaram de estar no governo e muito menos no aparelho neo-estalinista do PS!
    Mas onde elas nunca estiveram seguramente foi nos bancos e na alta finança!
    O dinheiro permite comprar canudos mas não compra saber nem humanidade!

    O Fim da corrupção colocaria Portugal ao nível da Finlândia.
    http://diario.iol.pt/noticia.html?id=577074&div_id=4071
    Portugal é um País propenso a um tipo de corrupção que não assenta necessariamente no suborno e na troca directa dinheiro/decisões, mas que é construída socialmente ao longo do tempo, através da troca de favores, de simpatia, de prendas e hospitalidade”. É o “País da cunha” e do “mexer de cordelinhos”, perante “um aparelho de Estado lento e insensível aos problemas dos cidadãos, de difícil acesso e inibidor da iniciativa privada”.
    http://quiosque.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ae.stories/12269
    Portugal está na 26.ª posição dos países menos corruptos a nível mundial, de acordo com o ranking elaborado pela organização Transparency International. O estudo, que se baseia na percepção que os agentes económicos têm sobre os níveis de corrupção existentes nos países onde trabalham, posiciona Portugal como o 14.º país da União Europeia onde existe menos corrupção.

    Apesar de manter a mesma posição em relação a 2005, Portugal é ultrapassado por países como a Espanha (23.º), os Estados Unidos (20.º), a França (18.º) e a Alemanha (16.º), considerados mais fiáveis.
    Saldanha Sanches, fiscalista e professor de Direito, define, no entanto, esta posição como “péssima”, dizendo que, “como sempre, somos os piores da Europa e os melhores do mundo”. Para o fiscalista, nem a manutenção da posição em relação ao ano anterior nem o facto de Portugal ficar à frente de países como a Eslovénia (28.º), Itália (45.º) e Grécia (54.º) apaga as “consequências nefastas” da corrupção.
    http://dn.sapo.pt/inicio/interior.aspx?content_id=648414

  13. Nota: As eleites com que começei são pseudo-elites e não são as mesmas com que acabei o meu comentário, como é óbvio!

  14. Carmen, eu à noite não dou uma para a caixa, quero dizer estas caixas aqui de comentos, noutras ainda vá, mas agora ando mais treinado em voar…

    Mas um dia destes queria falar contigo por aqui, estou preocupado.

    Mas isso do Borges ele não era do Barclay’s?

    O Lehman foi um dos gloriosos vitoriosos da Depressão de 29-33, umas décadas depois tufa! Mas como sabes a história desta crise lê-se muito bem a olhar para o Dow Jones fazendo foco em 2003: a invasão do Iraque.

  15. Enquanto o PS reduzir a coisa pública a um jogo de pilha galinhas, tipo pataca a mim pataca a ti, com o PSD ou até com o CDS (excluindo acintosamente o PC e o BE) não consegue levar a melhor a direita que anda nisto dos negócios desde o princípio do mundo! Capitalismo por capitalismo antes o da direita liberal e democrática que o capitalismo de estado de esquerda neo-estalinista! As crises do capitalismo liberal só não fazem a justiça pelas próprias mãos das leis do mercado quando o poder usa as receitas de esquerda socializando os riscos dos bancos e nacionalizando os bancos falidos em vez de os deixar falir. A lógica do risco sistémico foi uma desculpa de mau pagador porque o resultado final foi tão mau em teoria antes como depois na prática! Mas é obvio que nisto o PC tem razão: o PS dá ossos (e migalhas em medidas de apoios sociais) a roer aos pobres para poder sentar-se à mesa com os ricos de quem é chefe de gabinete e secretaria na esperança de apanhar o patrão distraído e meter a mão na maça, ou dar o golpe no baú com a filha do patrão, ou na pior das hipóteses ajudar o patrão a fugir ao fisco e à fiscalização do estado e das autoridades. Metáfora sem fundamento? Claro, como todas as que a esquerda faz da direita quando se zanga com ela ou não consegue o que quer dela quando os boys ladram de fome à volta da gamela do orçamento! As análises políticas reducionistas são sempre mitos e metáforas tramadas como o diabo e apenas inefáveis quando nos convêm! O que mais me faz sorrir é quando o PS tenta mostrar as nódoas das toalhas dos banquetes onde comeu com os patrões! Como se ele não estivesse estado lá precisamente a convite de patrões uns mais amistosos que outros é claro! Sucateiros e trolhas é coisa de classe baixa onde o PS tem amigos em barda, quando há dinheiros públicos a distribuir e até vilanagem se fartar. Quando se trata de alta finança e do alto capital, o PS sonha conhecer as nódoas mas acho que nem chega a ver a toalha! Por isso pede jornalismo de investigação aos outros! Porque não o faz ele com a ajuda do DN, da RTP1 ou seja com o pouco que tem e sobretudo com a polícia de investigação que tem a ao ser dispor e a quem deve dar meios?

  16. há aí um problema sistémico mas é com os paises mediterrânicos e os bancos, Grécia à cabeça, governados por partidos socialistas, o cabo dos trabalhos de um oxímoro,

    hum!

  17. Aproveito para mandar este texto escrito por Ferreira Fernandes no notícias sábado 218.

    “Falar de pressões no país da panela de pressão”

    “Diz-se que somos um povo sem gosto pela discussão científica. Pura calúnia. Basta frequentar qualquer bar (ou, ficando ao mesmo nível, as manchetes de jornais e aberturas de telejornais) para confirmar do que, quase exclusivamente, se fala: p=F/A. Fórmula em que F é força, A a área da pressão atmosférica e finalmente, indo ao que interessa, p é a tensão mecânica. Ou, dito de outra forma: pressão. Eis do que se fala, pressão. Nas suas duas variantes lusas muito badaladas: a pressão nas costas do avançado (foi ou não penálti?) ou nas palavras de Manuela Moura Guedes e tutti quanti (foi ou não censura?). Passei a minha juventude (geração 68) à volta de um valor unitemático – on ne pense qu’à ça, só pensamos nisso, sendo o isso (ça) sexo – para um tema duplo, mas bem mais desinteressante, embora sempre à volta do mesmo símbolo: p, pressão.
    Não sem consequências, esta tão nossa querida questão, o p, além de ser discutida em bares é medida em bar. 1 bar=10 bárias elevado a 6, sendo bária a unidade de pressão no sistema c.g.s. e vale um dyn/cm2. Não me perguntem o sentido disso, não a mínima, assinalo é o seu carácter copofónico. Turvo, portanto. É triste que, por uma vez que nos dedicamos às ciências exactas, as abordemos de forma difusa.
    Conhecendo os portugueses, é natural que mesmo as fórmulas científicas nos levem a leves ideias, às vezes até contraditórias, e não a resultados certos e inevitáveis. Assim, a mesmíssima pressão exercida sobre as costas de Hulk, se for sobre a Di Maria, tem em Guilherme Aguiar ou Sílvio Cervan (dois portugueses-padrão) conclusões antagónicas.
    Da mesma forma, telefonemas diários de Marques Mendes para Moniz, patrão da RTP («Oh, Zé Eduardo, abre-me o telejornal com o professor a sorrir, a visitar a escola de Alcáçovas»), é conselho de amigo, enquanto telefonema de António Costa para Moniz, patrão da TVI («Sei que vão passar uma reportagem sobre mim, não acha que me podiam ouvir?»), é insustentável pressão. Se Moniz o diz, é. Primeiro, ninguém melhor do que o pressionado para definir pressão, ele é que a sente. Segundo, trata-se de um açoriano, índice internacionalmente aceite na matéria, até a BBC fala quase todos os dias de «Azores high-presure» nos seus noticiários.
    Tenho estado a falar em pressão atmosférica, como certamente notaram se respiraram fundo (cheira-se à distância). Mas, apesar de ser tudo isto mais conversa de bar, metamos um pouco de água no assunto. Hidrostática, pois. E vem à memória um princípio: «Um corpo sólido imerso num fluido sofre a acção de uma força dirigida para cima igual ao peso do fluido deslocado», Arquimedes. E de grego passo para Sócrates e vejo Ana Leal, a abanar um papel em noticiário de Manuela Moura Guedes, na TVI, e dizer que a polícia inglesa acusa Sócrates: «Está aqui escrito preto no branco…» Quando o papel abanado se conheceu, verificou-se que era mentira que estivesse ali escrito preto no branco (ou escolhendo qualquer outra cor) o que ela disse. Confesso que prefiro Arquimedes saltando da banheira, «Eureka! Eureka!», a Ana Leal abanando a mentira.
    Pressões, pois, há muitas. Embora, nos depoimentos na Comissão de Ética da Assembleia da República me tenha parecido que se devia ter falado, em vez de pressão, mais em panela de pressão. De pressão falou, e demonstrou-o, Henrique Granadeiro, que se demitiu quando sentiu a tal pressão. Um dia, era Granadeiro administrador da Lusomundo, um governante ordenou-lhe que demitisse três directores de jornais. Não o fez, demitiu-se ele próprio. Eis um caso, esse bem medido (não sei quantos bares, mas bem medido) de alguém que falou do que sabia. A pressão fez-se sentir e ele provou que a sentiu reagindo.
    Nos restantes depoimentos pareceu-me que todos estavam armados era de panela de pressão. Um instrumento bem português, embora inventado pelo francês Denis Papin. A panela de pressão, com válvula de escape (oh, quão portuguesa!) e borracha na tampa (oh, tão portuguesa precaução!). Acontece a pressão, fazemos de conta que a aguentamos um bocadito e, logo que ela exagera, libertamos um assobio. Parece que assim é que tudo fica bem cozido. E fica. Tudo bem cozido.”

  18. M.M.G nunca foi acusada de difamação mas e um facto indesmentível que o seu jornal não foi suspenso “a mal” logo a seguir ao congresso do PS em Aveiro onde foi sujeita a um julgamento público à revelia mas foi depois “a bem” por uma estranha decisão da administração que assim acaba com o programa com mais audiências na TVI por haraquiri económico e não por influências subtis dos donos espanhóis que têm ligações com o PSOE e este com o PS luso. Depois apareceu um DVD em que um tal Sócrates era muito mal tratado! Mas o PM inglês é trabalhista, camarada da internacional socialista e lá terá feito tudo para arquivar o processo tanto mais que o tal DVD já tinha sido rejeitado pelo Ministério Público luso por uma magistrada conhecida por ser muito amiga do PS (à revelia do Determina o artigo 157º do CPP, que o juiz formará a sua convicção pela livre apreciação da prova), tudo coincidências canhotas que por não serem contra a jornalista às direitas M.M.G nada contêm de sinistro! Enfim, dislexias e outras dispraxias políticas que por serem formais carecem do conveniente conteúdo!

  19. pode ser que eu tenha trocado, eu dantes trocava esses nomes, só a fiquei a saber do Lehman com a queda, também. Obrigado Carmen, vou tentar fixar.

  20. &,

    Cometi um lapso. O António Borges foi vice presidente do Goldman Sachs, não do Lehman. Peço desculpa pelo erro cometido (ainda por cima repetido). Contudo o Goldman foi um dos que também foi ao ar.

  21. &,

    Cometi repetidamente um erro. O António Borges foi vice presidente do Goldman Sachs (também falido) e não do Lehman, conforme afirmei. Peço desculpa pelo erro.

  22. Goldman Sachs, agora também lembrei. Não sabia que tinha ido na borrasca. É possível saber-se a que bancos é que os países devem ou isso é segredo de Estado?

    Imagina agora no que fomos parar: os bancos mandam mais que os Estados!

  23. Exactamente &. A soberania dos Estados parece estar condicionada à alta finança. As consequências deste facto são incógnitas que teremos de resolver.

    É como se estivéssemos no olho do furacão, que de tanta agitação impossibilitam o aparecimento de pensadores intelectuais que reflictam acerca do que estamos a viver para que nova ordem possa ser estabelecida.

    Creio que não deva ser segredo de estado o que questionas. Agora, não faço a menor ideia onde possa residir essa informação.

  24. reflectimos nós: a questão é, qual é, ou qual deve ser, o valor soberano? A palavra do Estado ou o bem do Povo? Talvez o Valupi queira discorrer sobre o tema ajudando a enxergar o caminho. Entretanto vou esticar patas,

  25. a questão não é, qual é, ou qual deve ser, o valor soberano? A palavra do Estado ou o bem do Povo? Que raio de puta de questão é esta? Toda a gente sabe que numa democracia a soberania resido no povo, pelo povo e para o povo e que o estado e um meio instrumental para o exercício constitucional desta soberania! Responder à questão qual é, ou qual deve ser, o valor soberano nem é questão ética nem política porque não são valores em conflito a não ser na cabeça dos teóricos ou dos falsos democratas neo-estalinistas para quem o poder do estado se confunde com o do povo por meio duma maior ou menos ditadura, intervencionismo, paternalismo, populismo, demagogia, etc. de aparelhismo partidário. O maquiavelismo dos fins justificarem os meios nunca teve sustentação ética nem por mero pragmatismo político porque maus meios atingem sempre maus fins! A impossibilidade de a pluralidade do todo formular de forma eficaz a sua vontade levou os povos desde o princípio do mundo a inventarem meios de mediação de poder de que o estado moderno é apenas a forma mais recente de concretização. No entanto todos sabem que a mediação negocial seja a que nível for exige boa fé, credibilidade na palavra de honra, ou seja, a verdade e transparência da palavra do Estado instrumental é condição sine qua non do bem do Povo soberano!

  26. Carlos Pedro,

    Dizer que as ideias dos outros são inadequadas sem reflectir um pouco, é uma atitude incorrecta, creio.

    A questão deixada pelo & faz todo o sentido quando falamos em Estados; quando falamos em dividas que esses Estados soberanos têm para com entidades financeiras que são transnacionais.

    Quanto vale (dinheiro) a soberania de um estado, sendo certo que não estamos a falar de fronteiras. Este é sem dúvida, para mim, claro, um bom ponto de partida para reflexão sobre este tema.

    É inquietante verificar o papel de servidão aos números com que “todos” encaram esta matéria.

    Ainda dentro do tema, mas noutro registo vou deixar uma informação que surripiei ao denys na caixa de comentários do Jornal de Negócios em 05-03-10.

    Diz denys:

    “Para quem possa estar interessado. Como toda a gente fala em CDS, alguns comentários indiciam que os seus autores não fazem a mínima ideia do que estão a falar e a única preocupação é o catastrofismo .:

    1.- Um CDS (Credit Default Swap) é um seguro de incumprimento emitido por uma Seguradora. Exemplo: Um Estado ou uma Empresa emitem Dívida, (através de Obrigações, por exemplo). Na maturidade (fim do prazo da Dívida), o Emitente (Estado ou Empresa) não consegue reembolsar o comprador. A Seguradora paga o Capital investido ao Investidor.

    2.- O número de CDS emitidos é, no máximo, igual ao número de títulos de Dívida emitidos.

    3.- Se o preço dos CDS sobe e desce, é sinal de que alguns compradores da Dívida, NÃO ESTANDO PREOCUPADOS COM O INCUMPRIMENTO DO EMITENTE, venderam os seguros (CDS) que haviam comprado (Como se um de nós vendesse o seguro do automóvel pois não estava preocupado em ter um acidente).

    4.- Os CDS são um instrumento altamente especulativo: o Comprador de Obrigações que comprou o seguro (CDS) vende-o numa expectativa de o recomprar mais barato (mais tarde) e assim diminuir ou anular o custo inicial do seguro, isto é, corre o risco de enquanto anda a vender e a comprar os seus próprios CDS, o Emitente falir e ele ficar com Capital zero.

    5.- Como os verdadeiros interessados nos CDS (os compradores de Dívida) os vendem, outros (que não precisam do seguro pois não compraram Dívida), vão comprando e vendendo, tipo daytrading, aumentando a especulação.

    6.- Para aumentar ainda mais a especulação e consequente volatidade, os CDS não são transaccionados à vista e em contínuo (como as acções do BCP, PT, EDP, etc, que aparecem nos vossos streamers a mudarem de preço a cada segundo que passa), mas em Mercado OTC (grosso modo: Por Debaixo da Mesa ).

    7.- Quando se diz que um CDS está nos 150 pontos, isso significa que o seguro (CDS) custa 150 EUR por cada 10,000 EUR, ou seja, o seguro (CDS) custa 1,50% do preço da Obrigação. Se a Taxa de Juro da Obrigação for de 4%, o Investidor só ganha 2,5% (4% – 1,5%).

    8.- Ao contrário do que tenho visto escrito, o valor máximo histórico de um CDS da República Portuguesa foi atingido em 16 de Fevereiro de 2009 nos 161 pontos.

    9.- Nessa altura, ninguém falava dos CDS: alguns deveriam pensar que se tratava de simpatizantes do partido do Dr Paulo Portas.

    10.- A Taxa de Juro das Obrigações sobe, porque o preço das mesmas, transaccionadas em Bolsa, desce.

    11.- As razões que levam as Obrigações a descerem de preço (e consequentemente as Taxas de Juro a SUBIR), poucas vezes têm a ver com os riscos de incumprimento: sempre que os Investidores pretendem aumentar o risco das suas carteiras, vendem activos de menor risco (Obrigações) para poderem comprar activos de maior risco (acções). E sempre que há pressão vendedora, o preço desce.

    12.- Sendo a Dívida da República Portuguesa emitida a taxa fixa, e ao contrário do que tenho visto escrito, as actuais variações das Taxas de Juro e dos CDS, não representam qualquer aumento de custo para Portugal, em toda a Dívida já emitida. Irão sim representar aumentos de custo via Taxas de Juro, na Dívida Pública que o Estado Português VIER A EMITIR. 13.- Compete ao Emitente, neste caso ao Estado Português, escolher o momento conveniente para emitir Dívida. Exemplo: Ontem, o Estado Português tinha como valor indicativo de emissão 500 M de EUR. Havia compradores para 1,95 mil milhões ou seja 3,9 VEZES MAIS. O Estado Português entendeu que as Taxas Juro pretendidas pelos Investidores eram elevadas, mandou-os passear, e dos 1,95 mil milhões de Dívida que os Investidores pretendiam comprar, só lhes vendeu 300 M ou seja 6,5 VEZES MENOS a uma taxa média ponderada de 1,379%.

    14.- Em resumo: Sem pretender esconder debaixo do tapete os graves problemas financeiros do País, É UM FACTO, que mais do que a gravidade desses problemas, o que nos está a matar nos Mercados Financeiros e a arruinar o nosso futuro, é a especulação à volta dos CDS e das Taxas de Juro, os Contractos de Futuros sobre Taxas de Juro, os derivados dos CDS, etc. Nada de novo: Em 2007, morreram milhares de pessoas à fome em África (e não só), pois a especulação feita através de derivados sobre os produtos alimentares (trigo, soja, milho, etc), levou-os a preços tão elevados que os mais pobres não os podiam comprar. O mesmo se passou com o petróleo, que chegou aos USD 137 em Julho 2007. Como escreveu Warren Buffet, duas semanas depois do 11 de Setembro 2001: As verdadeiras armas de destruição massiva não são as armas nucleares, quimicas, etc. São os Derivados Financeiros . É o mundo que temos e que todos construímos.

    15.- Finalmente: Os CDS e quejandos não merecem a atenção que lhes tem sido dispensada: quando a estupidez e a irracionalidade dos jogadores de Bolsa diminuir, tudo isto irá melhorar.”

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