Com a algazarra do Processo da Roubalheira Em Curso, nem sequer houve cabeça para dar atenção a estas palavritas sem qualquer importância para a responsabilização política, a salubridade do espaço público e a defesa do Estado de direito:
Fernando Pinto Monteiro afirmou que, nos seis anos de mandato como procurador-geral da República (PGR), “nunca nenhum governante sugeriu o que quer que fosse” à Procuradoria, garantindo que “nunca houve pressão”.
“Desafio qualquer pessoa que diga o contrário. Nunca houve pressão”, assegurou Pinto Monteiro, em entrevista ao jornal “Advocatus” cuja próxima edição sai na segunda-feira.
Quanto ao facto de as pessoas falarem frequentemente da existência de pressões, o PGR justificou esses “rumores” com o facto de, em Portugal, se pretender “resolver problemas políticos através de processos judiciais”.
“Ações tão discutidas como a do Freeport, por exemplo, são processos políticos. Foi um processo que começou a partir de uma carta anónima fabricada, mas foi sempre político. Eu nunca mexi no processo e a única vez que falei com os investigadores foi para lhes dizer ‘investiguem tudo'”.
Segundo Pinto Monteiro, basta um órgão de comunicação social dizer que “este ministro é culpado” e “não adianta nada ir aos tribunais”, porque se os tribunais entenderem que o ministro não é culpado, é “porque houve pressão”, e se “a investigação não descobriu qualquer ilícito, é porque o Ministério Público [MP] é ineficiente”.~
“A conclusão tem de ser da comunicação social, mesmo que não tenha pés, nem cabeça. É tão simples como isto”, criticou Pinto Monteiro, observando que, se mandasse investigar todos os políticos sobre os quais recebeu queixas, “muito pouca gente em Portugal escapava”.
Pinto Monteiro frisa porém que “todo aquele que comete ilícito, seja governante ou não, deve ser responsabilizado”, mas o que não se pode é responsabilizar por decisões políticas, porque “senão é o fim da democracia”.
Depois de a ministra da Justiça ter dito à agência Lusa que o próximo PGR deve ser alguém que “ame o MP”, Pinto Monteiro disse à “Advocatus”: “Será que se pede ao PGR que ame o MP como se ama um filho ou uma mulher, que desculpe ao MP as asneiras como se desculpam a um filho ou a uma mulher? Se é assim, é mau”.
Na entrevista, Pinto Monteiro lamentou ainda que não haja respeito pelo segredo de justiça, enfatizando que, “enquanto os intervenientes da justiça telefonarem para os jornalistas e os jornalistas para eles, não há lei que valha”.
Poderia ter falado o mesmo mais cedo, pois talvez se evitassem muitas coisas, agora +e tarde e a substitura ja está na calha.
Caro Teofilo, falou antes, daí «a tal raiva que desperta…
E se o PGR apresentasse serviço, em vez deste paleio para boi dormir? Ah, já me esquecia, os políticos portugueses não são corruptos!
dédé tu és um corrputo.agora prova que não és..prova é facilimo!se fores para tribunal estás 10 anos à espera da sentença.há corruptos em todo lado, nomeadamente no psd.os do bpn não foi só levar o dinheiro tambem alguem foi comprado para se calar, e não eram politicos.
Caro jv,
Pinto Monteiro é criticado pelo governo e o que faz? Diz que nunca fez “comentários políticos sobre governos”! – 18.06.2011
Pinto Monteiro diz a propósito da lentidão do processo dos submarinos, que “É muito difícil quando mete perícias. São caríssimas e temos estado à espera que o Ministério da Justiça disponibilize a verba”, disse Pinto Monteiro, a propósito do inquérito sobre a compra de submarinos que está a ser investigado há anos pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (17.04.2012) e a ministra da Justiça afirma que nunca chegou ao seu ministério qualquer pedido de verbas da PGR, desmentindo assim formalmente o PGR. (18.04.2012).Pinto Monteiro cala-se!
Pinto Monteiro acorda em 2012, e informa a AR que a lei de política criminal aprovada em 2009 não funciona – 27.02.2012
Muito mais disse Pinto Monteiro, mas que fez para acabar com as fugas de informação, com as escutas ilegais, com as quebras do segredo de justiça ou com a indisciplia na PGR?
Isso é que interessa, não apenas o discurso de fim de mandato de um homem cansado que diz que não sofreu pressões!
Então o que é que lhes chamará?
Algum combatente escapa à morte se estiver rodeado de minas e armadilhas e não tiver um único especialista em desminagem por perto?
Teófilo M., é isso mesmo. Essa coisa das meias-tintas, uma no cravo e outra na ferradura, navegar no meio de gregos e troianos sem borrifar uns ou outros, sempre teve os “méritos” que implicitamente apontas e acaba por desagradar a todos.
Sem contestar a honestidade de Pinto Monteiro e o facto de ser rico naquelas coisas de que o Inferno está cheio, a realidade nua e crua é que, navegando em mar infestado de tubarões e alforrecas, o senhor procurador se limitou a orientar o seu humilde barquito por entre uns e outras, evitando choques frontais com as alimárias. Conseguiu o glorioso feito de chegar ao fim da gincana com poucos buracos no (seu) casco, mas isso é coisa que não serve de consolação aos inúmeros banhistas que, obrigados a frequentar as águas que o senhor PGR devia manter limpas e seguras, foram amputados de braços ou pernas, levados pela voracidade dos esqualos, ou ficaram com a pele em carne viva depois dos carinhosos abraços das urtigas marinhas.