É escolher

"É o regresso ao tempo do dr. Pinto Monteiro e das decisões secretas e inexplicáveis", acusa António Ventinhas, presidente do sindicato, que considera o parecer "gravíssimo". Porquê? "Porque de futuro não se saberá se quem assina as peças processuais é efetivamente o autor ou se um superior hierárquico na sombra a dar ordens no processo, sem qualquer conhecimento dos juízes ou dos advogados. É gravíssimo", reforça.


Fonte

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O pedido de esclarecimento que fez sobre a divulgação daquelas ordens só serve para agravar o que está em causa. Ou a senhora PGR não sabia o que estava a fazer ou, sabendo, foi “apanhada” e está a tentar corrigir o tiro. Qualquer das duas faz-nos regressar a um passado não tão distante em que a justiça estava ao serviço da política, dos políticos, de um político. E faz-nos dar razão aos que, perante a sua nomeação, questionaram os objetivos de António Costa (e de Marcelo) com a substituição de Marques Vidal. E isso já é uma nódoa que Lucília Gago não poderá apagar, qualquer que seja o desfecho deste caso.


António Costa

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Este António Costa é o outro, o jornalista. Assina com a categoria de publisher, uma parolada que significa o mesmo que editor-mor e que, no essencial, consiste em definir o posicionamento da publicação em causa. Desde a escolha dos jornalistas e comentadores à escrita dos editoriais, a folha de couve chamada ECO não engana ninguém. Trata-se de mais um veículo da direita decadente. Prova em apreço, a citação acima onde o valente publisher nos diz que concorda com aqueles que viram na substituição de Joana Marques Vidal um plano de Costa e Marcelo para deixar os políticos cometerem crimes impunemente. Fica difícil encontrar algo para dizer depois de se ler algo tão desmiolado vindo do magnífico publisher mas uma pergunta, pelo menos, somos obrigados a fazer só para mostrarmos módico respeito pela nossa inteligência: se ainda não foste despedido à pala destas bacoradas, quem é que te paga o serviço?

Alguém paga. Alguém para quem os custos do empreendimento são amendoins, tremoços ou pevides comparados com a real ou fantasiada influência que se obtém recorrendo à baixa política, ao sectarismo e à calúnia. A paisagem mediática está saturada destes “investimentos” direitolas, não sendo possível identificar um único órgão onde se faça algo análogo em favor do PS. Até o PCP tem o “Avante”, os socialistas (diz a gente séria) têm de recorrer a um blogue defunto chamado “Câmara Corporativa” para terem uma fotografia da realidade tirada a partir do seu ponto de vista. No entretanto, neste ecossistema do ECO, Cofina, Impresa, Sonae, Renascença, Observador, Newsplex, mas também na TVI, TSF e na RTP, corre solta, imparável, a repetição de uma mentira alucinante. A mentira da suspensão do Estado de direito entre 9 de Outubro de 2006 e 12 de Outubro de 2012.

Pinto Monteiro foi a terceira escolha para procurador-geral da República, depois de Cavaco ter chumbado as duas primeiras apresentadas pelo Governo socialista. Pinto Monteiro, portanto, só ocupou o cargo porque o então Presidente da República e o PSD o quiseram. Acabado o mandato de 6 anos, Cavaco condecorou-o com a Grã Cruz da Ordem Militar de Cristo, dizendo:

«[destacou-se] pela sua entrega à causa pública e ao serviço de Portugal, quantas vezes com prejuízo da sua vida pessoal, com grande dedicação e reconhecido mérito»

«notável carreira dedicada à magistratura, em particular o exercício das exigentes funções de PGR num tempo particularmente delicado da justiça portuguesa»

Se, como garante o honestíssimo e decentíssimo publisher, durante o período de Pinto Monteiro como PGR “a justiça estava ao serviço da política, dos políticos, de um político“, das duas uma: ou esse político era Cavaco Silva ou Cavaco Silva também estava ao serviço de Sócrates.

2 thoughts on “É escolher”

  1. Cavaco ao serviço de Sócrates?
    Como dizia muitas vezes o eng. Belmiro sobre a outra pequena “jóia” Marques Mendes,também o cota nem para porteiro !!!

  2. Estes bacanos são os verdadeiros “põe e tira nódoas” nacionais aos quais se pode juntar o Pacheco Pereiraque é mais dado a “põe e tira manchas”.
    São uma espécie de engenheiros de Salazar que quando rejeitavam materiais nas obras públicas as assinalavam com uma determinada mancha de tinta.
    Contudo, estes bacanos rejeitadores, vão mais longe pois assinalam “nódoas” para a vida e após morte das pessoas, inapagáveis e insubstituíveis.
    Estes bacanos que passam a vida a sujar os outros, eles sim, já cheiram mal de tanto manusear e chafurdar no esterco.

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