Excluindo deste argumento fenómenos à escala nacional e estatal como o da Alemanha nazi ou da África do Sul em apartheid, onde os contextos político-sociais e históricos originam respostas únicas no tempo e no espaço, a problemática da actual luta contra o racismo precisa de menos emoção e mais inteligência em ordem a finalmente chegarmos ao sentimento da sua repulsa à escala universal. Presentemente, são as emoções que dominam a cognição nos três grupos inorgânicos em inter-relação: o dos assumidamente racistas, o dos manifestamente anti-racistas e o dos nem-nem (nem pensam que são racistas nem actuam contra o racismo ideológico, estrutural ou ocasional).
Os que se dizem racistas ou são broncos e psicóticos isolados ou correspondem a grupelhos onde o racismo não é o resultado de uma opção intelectual pois não existe sequer actividade intelectual nesses meios, antes nasce como elemento identitário e folclórico. As violências que estes indivíduos cometem, algumas chegando aos crimes de homicídio e de assassinato, decorrem não de uma teoria assimilada criticamente sobre o que seja conceptualmente uma raça, e da importância de estabelecer uma qualquer hierarquia de “raças”, mas tão-só da afirmação interna dos seus membros adentro de uma dinâmica tribal tão frágil que depende do constante apelo à pulsão de sobrevivência. Eles atacam os seus alvos porque sem “inimigos” tudo o resto – os rituais, a simbólica, a retórica e o culto do medo – deixa-se ver como absurdo e doentio.
Os que participam activamente na luta contra o racismo nas suas múltiplas formas – seja indo para a rua, usando a comunicação social ou partilhando conteúdos com mensagens desse teor – canalizam as energias para a procura de uma alteração imediata ou conforme à motivação que os guie nas suas atitudes e comportamento. Na sua enormíssima parte, são incapazes de usar instrumentos intelectuais, ao dispor nas ciências sociais e humanidades, para analisar os casos avulsos que convocam a sua atenção. Mesmo nos que os possuam ou que a eles pudessem aceder, como é o caso dos líderes políticos e dos jornalistas, a retórica usual é de intento emocional e aceita ficar-se por um protesto superficial que dê para ocupar fugazmente a agenda mediática. Obviamente, há excepções a este “poucochinho” e, felizmente, também temos figuras públicas que fazem do combate ao racismo uma postura contínua em trajectos de muitos anos ou décadas. Dá é para serem contados apenas com uma mão, e talvez não seja preciso percorrer os cinco dedos.
Os que sabem que não são racistas enquanto não sabem que são cúmplices do racismo constituem o grupo maior, colossal e estupidamente maior. Compreender esta duplicidade aparenta ser o factor crucial na luta contra o racismo, diria armado em politólogo de praia e antropólogo de esplanada. Ela origina-se na dupla confluência em cada um de nós das forças biológicas e das forças civilizacionais. Na dimensão biológica somos racistas geneticamente, impulsivamente, inevitavelmente. Na dimensão civilizacional somos anti-racistas educadamente, socialmente, psicologicamente. Isto quer dizer que as pessoas neste grupo responderão convictamente “Não” à pergunta se são racistas ou se aprovam o racismo, e minutos depois poderão dar por si incomodadas, ou até assustadas, porque alguém com um fenótipo distinto do seu – com muito maior probabilidade se tiver sinais associados a um estatuto social inferior ou ao comportamento marginal – está na sua proximidade física. Que se passa, então?
O que primeiro há a dizer é que se passa algo absolutamente natural. Ninguém se lembra de ter pedido para nascer por uma excelente razão, não aconteceu assim. Quando damos por nós na nossa subjectividade, algures aos três ou quatro anos, não sabemos onde estamos, nem porquê, nem para quê. Seguramente, se nos tivessem pedido a opinião, o processo da gestação e do desenvolvimento até à plena posse das competências psicossociais poderia ter sido bem diferente. Tal como as coisas se passam desde que há Homo sapiens a calcorrear o Planeta, no entanto, todos sem excepção somos especialistas em discriminação ainda antes de tomarmos consciência da nossa individualidade. Os bebés e as crianças, e ainda os jovens e os adultos de todas as idades, dependem da sua capacidade para discriminar outros seres humanos caso queiram viver melhor, mais tempo, e, em diversas ocasiões, salvar a sua vida ou a dos seus. Preferimos os nossos e tememos, no mínimo desconfiamos, dos estranhos. Sentimo-nos em segurança junto daqueles que se parecem connosco corporal, cultural e economicamente. Preferimos quem nos pode beneficiar e excluímos quem nos pretende prejudicar ou não pode ou não quer beneficiar. Cultivamos o romantismo da “alma gémea”. Aceitamos a sentença aristotélica de que “os iguais procuram os iguais”. Isto constata-se em termos evolutivos pois é logo ao nível celular o que acontece na organização e explosão biológica, vindo daí a capacidade de discriminação em múltiplos níveis e funções para cada organismo a aumentar de complexidade em formas e ritmos imparáveis no reino animal. A gazela que se lembrou de ir brincar com os leões para mostrar que não era racista não teve tempo para nos deixar a sua história como exemplo edificador das futuras gerações de gazelas.
Assim, preferimos a família, o clã, a tribo, o reino, a nação, o país, o clube e o parceiro amoroso que calhe considerarmos os nossos. Seria possível escapar a este preconceito discriminatório dos parceiros amorosos, clubes, países, nações, reinos, tribos, clãs e famílias que não são os nossos? Sim – mas só no caso improvável, miraculoso à escala cósmica dentro dos actuais conhecimentos, de criarmos a civilização. Há várias civilizações, tomadas na sua dimensão etnográfica e histórica, mas só há uma civilização se entendermos o conceito na sua ambição universalista filha do Iluminismo e das Revoluções Americana e Francesa, neta do cristianismo e do mundo árabe, e bisneta da cultura greco-romana. Por aqui, consagramos o princípio da igualdade entre todos os seres humanos logo a partir do seu nascimento como a inspiração suprema de todas as subsequentes alterações legais, sociais e culturais que se vieram a estabelecer ao longo dos últimos dois ou três séculos na maior parte dos países do Mundo, um piscar de olhos nos trezentos mil anos da nossa espécie. Acreditar que somos todos iguais no plano dos direitos, dignidade e oportunidades é um lindo ideal que funda e molda a nossa moralidade. Daí, porque acreditamos na sua bondade e nos identificamos com os restantes que também o defendem e promovem, é-nos muito difícil dar conta da dissonância cognitiva inerente à diferença entre o ideal e o real. Na realidade, continuamos a viver aceitando discriminações de tipologia “racista” sem que isso nos tire o sono. Será que somos fatal e desesperadamente hipócritas?
Compreender que a discriminação é um mecanismo evolutivo estruturante e sistémico, sem o qual não haveria qualquer forma de vida, deve levar a luta contra o racismo para a inscrição do óbvio: há “racismo” contra mulheres, homossexuais, velhos, pobres, feios, doentes, baixos, gordos, carecas. Há “racismo” na perseguição inter-religiosa, na violência doméstica, nas empresas através do assédio moral, nas zaragatas entre adeptos de futebol, no tratamento a adversários políticos. As circunstâncias que podem gerar um comportamento discriminatório são ilimitadas, pelo que estar a tratar essa específica discriminação relativa ao tom de pele, traços faciais e tipologia capilar que se pode detectar transversalmente na sociedade portuguesa, e em todas em todos os continentes, como manifestação de racismo provinda de racistas encartados é ineficaz pois gera respostas defensivas nesse grupo maior que não consegue desconstruir o seu preconceito enterrado nos seus automatismos inconscientes.
Desistir de lutar contra o racismo? Nada disso, pá, exactamente ao contrário. O argumento que aqui deixo tão pauperrimamente amanhado apenas pretende chamar a atenção para um naco de sabedoria popular: não se apanham moscas com vinagre. Do que precisamos, logo a seguir à tolerância zero para o fenómeno no plano legal e cívico, é de trazer à tona a vítima de discriminação que todos fomos, somos ou viremos a ser se tivermos a sorte de lá chegar. Afinal, o que acaba definitivamente com o racismo é o sentimento de partilha de um bem comum.
“Afinal, o que acaba definitivamente com o racismo é o sentimento de partilha de um bem comum.”
Assim é, mas confesso que tenho cepticismo quanto à evolução em geral no sentido de mais fraternidade nesta fase da Humanidade, o materialismo está no zénite ( já esteve até mais nas três ultimas décadas e só não está agora assim tanto porque muitos dos que acumularam acumularam tanto que agora só podem começar a repartir ) porém os tempos que aí vêm não são animadores muita gente vai tentar recuperar aquilo que perdeu e mesmo aquilo que simplesmente deixou de ganhar, ergo, mais egocentrismo, no mais pessimista cenário, as portas que se abrem nas lojas de alto luxo da Avenida da Liberdade para os cleptomaníacos africanos numa atitude não racista, são para partilhar um bem comum, que é precisamente o dinheiro proveniente do saque dos respectivos povos, melhor dizendo, da riqueza daquelas nações .
Portanto, o dinheiro e o poder económico como factor igualizador, e não um sentimento de fraternidade, produto de uma evolução antropológica.
OK. Admitindo que, com este texto, aspiras a dizer um bocadito mais do que os “politólogos de praia e antropólogos de esplanada”, então deves felicitar-te de que os novos movimentos anti-racistas procurem colocar o debate no plano do racismo “sistémico”, ou seja que tentem fazer compreender que o racismo não se combate procurando “os racistas”, ou “as pessoas racistas”, que são caricaturas contraproducentes, mas antes tentando identificar “comportamentos racistas” (ou, mais propriamente, “discriminatorios”) e convencer as pessoas que devem modifica-los (tal e qual devemos modificar os nossos comportamentos sexistas se queremos alcançar uma verdadeira igualdade entre os homens e as mulheres).
Mas o problema é que as reacções irracionais a que assistimos prendem-se a 120 % com a relutância em aceitar que esta é a forma inteligente de lidar com o problema, ou seja com a retorica idiota : se dizes que a sociedade produz racismo e discriminações contra alguns grupos, estas tu proprio a ser racista.
Mas passemos à pratica : como é obvio, os comportamentos parvos que se reclamam do anti-racismo não deixam por isso de ser parvos, logo contraproducentes. Quais são eles e em que medida são parvos ? Ha a discutivel, e muito discutida, agressão às estatuas, e mais ?
Boas
“Da Burricracia na América”, de Camaxis de Tocqueville, brevemente numa livraria perto de si. Material de apoio:
https://www.rt.com/usa/492960-fireworks-violence-attack-baltimore/
https://www.rt.com/usa/492645-fireworks-sleeping-homeless-person/
https://youtu.be/5Pm2QxXuTZ4
“Os que se dizem racistas ou são broncos e psicóticos isolados ou correspondem a grupelhos onde o racismo não é o resultado de uma opção intelectual pois não existe sequer actividade intelectual nesses meios, antes nasce como elemento identitário e folclórico.”
é exactamente o contrário do que afirmas. esses broncos são gerados pelos gurus racistas e ninguém lhes pede para pensar, só rachar. nem sequer sabes o nome dos ideólogos activos do racismo português, os únicos palhaços que dão a cara para explorar o nicho de mercado são o ventura e o pinto coelho, mas não se metem em embrulhadas que deem prisa. depois tamém não tou a ver como é que compatibilizas partir cabeças com actividade intelectual. mais uma coisa, o antónio ferro foi o grande dinamizador do “elemento identitário e folclórico” do regime salazarista e as suas acções de propaganda foram de tal modo entranhadas pela nação que ainda hoje são tempero das evangelizações populistas.
Caro Faustino,
“tenho cepticismo quanto à evolução em geral no sentido de mais fraternidade nesta fase da Humanidade, o materialismo está no zénite”
Olhe que o materialismo também leva a considerar que, apesar do Valupi afirmar que “preferimos a família, o clã, a tribo, o reino, a nação, o país, o clube e o parceiro amoroso que calhe considerarmos os nossos”, o que esta materialmente mais proximo dele, e com certeza muito mais proximo dele do que a tia-avo que ele tem la para Tras-os-Montes, que viu duas vezes na vida sem prestar atenção quando ela se queixava de que agricultura hoje deixou de render, é a tee-shirt (de gosto discutivel) que traz vestida, que pôde comprar por tuta e meia porque foi cosida por uma indo-paquistanesa la para as faldas do himalaia…
Portanto o materialismo é compativel com alguma luz (feita de particulas) ao fundo do tunel.
Boas
alguma vez os intelectuais esquerdistas apoiantes do capitalismo se irão confrontar com a similitude entre a discriminação por raça e a discriminação classista e perceber que derivam do mesmo fenómeno, se é que não são o mesmo fenómeno.
diz o escriba, as pessoas dizem que são anti racistas e participam em acções anti-racistas mas no segundo seguinte estão a comprar as t-shirts da zara feitas pelas criancinhas do bangladesh porque somos fatalmente hipócritas?
parece-me uma análise tão pobre e limitada das dinâmicas de poder “civilizacionais” que só pode resultar de algum bloqueio mental do género complexo de culpa pela lavagem que fazem ao sistema discriminatório e predatório que oprime a cidade, a humanidade, e a própria civilização
“… intelectuais esquerdistas apoiantes do capitalismo…”
o pacheco pereira e o durão barroso já deixaram de ser intelectuais, portanto só podes tar a falar do mestre andré.
Muitos esforços teem sido desenvolvidos recentemente para combater o racismo de cor e outros foram-no há pouco para combater a discriminação de género. Ainda bem, mesmo que tenham sido cometidos erros. Mas a discriminação por propridade de bens materiais vai de vento em popa, há muito que o seu vigor não era tão pujante. E não se faz nada. Estaremos à espera da próxima convulsão?
Essa treta das vírgulas deve ser para mim, não sou o autor do teste, se era para armar zaragata, não passou de zaragatoa, para mim, Durão Barroso nunca foi intelectual, apodaram-no de um dos homens mais inteligentes do Planeta, devem ser gajos da laia dos que apelidavam Ary dos Santos de génio, um pouco à semelhança dos que aqui mesmo ( também não sou o eu mesmo ) apelidam a esmo, Valupi, de o maior cronista contemporâneo, Durão Barroso apenas fazia parte do grupo dos 4 canalhas, – os do inner-circle e que iam redigindo os programas do partido, – os outros três são Nuno Rogeiro, JM Júdice e Santana Lopes, estão todos bem na vida, o Povo na sua maioria continua sem paz nem pão nem queijo nem marmelada, outem ví um fedelho espevitadito que porventura será o próximo Poença de Carvalho ( ui que medo ) insolente e manteigueiro, atacou o juiz Alexandre e tentou lisonjear o juiz Rosa, com mais um ataque ao Alexandre e a outros Alexandres, aquele por lhe ter deixado um embrulho chato nas mãos e os vários Alexandres, por lhe terem revogado decisões ( salvo erro já nove Alexandres ), Ivo Rosa nada terá dito, sempre que o vejo a sentar-se na cadeira deixa-me a sensação de que os pés não lhe chegam ao chão, sei lá, não estará à altura .
Quanto ao tema : então a bio-diversidade é a chave da evolução, e mesmo da sobrevivência e até do sucesso, e é bom, mesmo sendo uma forma de discriminação, que por reducão, se solve, por abrangência, em “racismo”, e o mesmo tempo é mau ?
Ou só é bom porque serve para formar uma pseudo-elite ou clique intelectual que aspira a guiar os demais brutos e broncos ?
Von Humboldt, prolixo como és, não terás tempo para os passeios do teu famoso homónimo alemão e pena será…
Em vez de descobrires uma corrente fria no largo Oceano, trazes à baila as contorções do Grande Alexandre, este sem o estatuto do Macedónio,até por não poder morrer jovem e deixar um cadáver bonito.
As acções mostram quem as pessoas são,não adiantam comentadores com capas e muletas para esconder as intenções do animal: bicho que marre enviesado tem que ser atacado pelo lado da alcatra!
Tratemos com seriedade o assunto que for: de pulhas,nunca !!!
Ó calhorda Samuélcio, eu não sou o explorador, sou o irmão, o Wilhelm. O gajo do modelo alemão da educação e da mania da universidade como geradora das futuras elites governantes que iriam conduzir os povos e as nações, conceito muito querido e manifestamente abraçado pelo Marcelo Caetano – e pelos elitistas do elenco administrativo editor deste sítio – que de calça de cavalaria alemã assistiu a várias paradas da MP, na qualidade de secretário geral, não conheces o modelo de calça de cavalaria alemã de montar (pleonasmo popositado) ó aprendiz de forcado e militante pró-toiro só te falta a purdey para pareceres o outro, que batalha travaste e ganhaste, a de Macho Grande ???
O PS nem organização revolucionária armada tinha, eram os gajos e os tipos do PC e os do PRP que davam o corpo às balas, o PS nem sequer panfletos distribuia, os advogados pró-embrião sonhavam era vir a ler o livro de cheques .
Humboldt da treta:
Aponta a Purdey aos teus miolos,para ouvirmos o eco da detonação no vazio.
Quanto a batalhas, andei numa Guerra e perdi-a, dizem. Eu sei que os democratas ganharam a Guerra Colonial.
Coisas antigas,dirás. Os princípios fundamentais são imutáveis, cedo ou tarde darás por tal.
Concordo no essencial com o post.
Quando se fala de racismo ou racistas, deveriam definir-se os termos, porque a tendência para a amálgama mistificadora é hoje quase a regra, sem benefício algum para a compreensão dos fenómenos assim rotulados, muito pelo contrário. O mesmo se aplica a outros rótulos hiper-banalizados, como fascismo ou sexismo.
Até já apareceu nesta caixa um zarolho mental a acusar o Aspirina de “racismo estrutural”. Para que fique registado, aqui vai o que eu penso sobre o uso e abuso dos ditos termos.
No mínimo, é necessário considerar três fenómenos distintos, que vejo quotidianamente confundidos sob o rótulo único de racismo, especialmente por certos “anti-racistas” mais vociferadores.
1 – Os preconceitos raciais (como os preconceitos sociais, tribais, culturais, políticos, religiosos, sexuais, etc.) estão sempre muito disseminados nas sociedades. Fazem parte da subjectividade de quem os tem, quer sejam conscientes quer não. Desde que o preconceito racial (ou qualquer outro) não passe a servir de guia ou justificação a uma prática que atinja outros na sua liberdade, nos seus direitos e na sua dignidade, e desde que não seja objecto de uma propagação activa, esse preconceito é mais ou menos inofensivo. Geralmente não passa de formas pouco elaboradas e pouco conscientes. Na prática, muitas pessoas ultrapassam ou combatem os seus próprios preconceitos, raciais ou outros. Está no seu pleno direito um indivíduo que faz escolhas pessoais baseadas em certos preconceitos étnico-raciais (por exemplo, não casar com pessoa de outra cor, não conviver com pessoa de outra etnia, etc.), desde que essas escolhas não atinjam as liberdades e os direitos de outrem. Nenhuma lei proíbe o preconceito racial enquanto tal, e seria estúpida, inútil e contraproducente a lei que pretendesse proibi-lo.
2- Outra coisa é a discriminação racial, que é um tratamento desigual e injusto dado a uma pessoa ou grupo com base na sua etnia ou cor da pele. A discriminação racial pode assumir formas muito diversas, mais ou menos graves, mais ou menos conscientes, mais ou menos nítidas. Em Portugal e em muitos outros países, a discriminação racial é proibida e sancionada por leis genéricas e/ou específicas. Como qualquer crime, precisa de ser provado para poder ser punido.
3 – O racismo propriamente dito é, para mim e para os dicionários que consultei, algo com uma caracterização bem diferente do preconceito racial e até das formas mais correntes de discriminação racial, embora estas lhe estejam geralmente associadas.
3a – Como teoria, ideologia ou doutrina, o racismo é caracterizado por uma ou mais das seguintes posições: a) defende a superioridade de um grupo étnico ou a inferioridade de outros grupos étnicos, b) propõe activamente a discriminação racial (o que é diferente de a praticar mais ou menos espontaneamente ou inconscientemente), c) preconiza a segregação racial, que é a separação de grupos étnicos numa mesma localidade, região ou país, d) preconiza, no limite, o exercício da violência contra um grupo ou etnia e até o seu extermínio.
3b – Como prática ou comportamento (geralmente fundado numa teoria, ideologia ou doutrina racista), o racismo é sistematicamente hostil, discriminatório, ofensivo ou opressivo em relação a pessoas ou grupos com base na sua origem ou etnia. Alguns dicionários referem as minorias étnicas como alvos, esquecendo que o racismo e a segregação racial se podem exercer contra uma maioria, como foi o caso flagrante do apartheid. A propagação activa de preconceitos raciais e a promoção do ódio racial, incluindo o apelo à violência, cabem no conceito de comportamento sistematicamente hostil acima referido.
Ó Samuel, tu não coisa com coisa e não vale a pena perder muito tempo contigo, não vou entrar em diálogo com um tolo porque senão já somos dois .
Mas seja como fôr, e só porque tu insistes em comportar-te de modo patético, aqui vai :
Quem é que diz que perdeste ?
Os direitolos ou os esquerdolos ?
Ambos ?
Querias ganhá-la ?
Que democratas ganharam a guerra ?
Os “democratas” do PAIGC, do MPLA, e da FRELIMO ?
Que fizeram eles pela democracia ?
Eu respondo : estados falhados .
Os militares democratas da revolução do 25 de Abril ?
Estão todos amargamente desiludidos e frustados com o rumo que os políticos emergentes deram ao sistema democrático em Portugal, almejavam muito mais e melhor para o Povo .
Coisas antigas, direi ?
Farto de ser acusado de ser um saudosista e um bafiento, portanto um altiflante de coisas antigas, é do que eu mais costumo ser acusado aqui .
Mesmo quando falo de coisas recentes e modernas, tais como desmandos de pessoas de diteita .
“Os princípios fundamentais são imutáveis .”
É verdade mas afirmação mais vaga e igualmente verdadeira que essa só a alegação de que o vento sopra aqui e ali e ninguém sabe de onde vem e para onde vai .
A que princípios se refere em concreto, aplicados ao caso ?
Não use fora de contexto proclamações, à laia de muleta, para se defender, isso só denota fraqueza de argumentação da sua parte . E soam como verdadeiros “tiros de pólvora seca”.
“Cedo ou tarde darás por tal”
Mais cedo ou mais tarde, todos nos sentaremos numa cadeira à mesa, para um banquete de consequências.
Entretanto, uma vez que nada tenho para lhe ensinar, nem nada a aprender consigo, sugiro-lhe que mantenhamos um saudável distanciamento de confinamento, compete ao proprietário deste site decidir quem deve estar e quem não deve, não se arme em segurança.
“Da Burrocracia na América”, de Asterixis de Tocqueville, brevemente numa livraria perto de si, novos capítulos:
John Wayne airport renamed https://www.rt.com/usa/493139-john-wayne-airport-rename/
Woodrow Wilson removed
https://www.rt.com/usa/493135-princeton-woodrow-wilson-removed/
“Ó Samuel, tu não coisa com coisa e não vale a pena perder muito tempo contigo, não vou entrar em diálogo com um tolo porque senão já somos dois .”
e depois afinfa-lhe com um lençol de justificações patéticas e relambório de queixas. espero que não peça regulação do poder maternal e pensão de alimentos. tadinha da senhora, só por ter um nome alemão atiram-lhe pacotes de bolor e chamam-lhe facha.
“Entretanto, uma vez que nada tenho para lhe ensinar, nem nada a aprender consigo, sugiro-lhe que mantenhamos um saudável distanciamento de confinamento, compete ao proprietário deste site decidir quem deve estar e quem não deve, não se arme em segurança.”
e quando cruzar comigo no blog não se atreva a olhar para mim ou ler as baboseiras nazófachas que aqui escrevo, mude de passeio e feche os olhos enquanto atravessa a rua, se não faço queixa de si ao senhor valupi e ele chama um supremacista duma agência de segurança para correr consigo. aqui quem manda é ele e acima dele só meritíssimo caralhex, que o bolor o guarde.
Júlio,
Essas chamadas de atenção têm talvez o seu mérito em discussões académicas, mas são extemporâneas e cansativas quando falamos de política, pelo menos quando, como neste caso, erram completamente o alvo. Os protestos de que falamos são totalmente claros e desprovidos de ambiguidade, tanto em relação ao que combatem como em relação às razões porque o fazem. Se seguíssemos a tua lógica, também poderíamos dizer que “fascismo” propriamente dito só houve em Italia depois de 1922, e por conseguinte criticar o preâmbulo da nossa constituição na ausência de uma ameaça séria de invasão italiana. Mas isso seria estúpido. Todos sabemos ao que alude o preâmbulo…
Em história, as analogias são sempre limitadas e apresentam um risco de simplificação, mas se deixarmos de fazer analogias históricas, então de que nos serve estudarmos a história ?
No nosso caso, ninguém pretende que, hoje em dia, a luta contra o racismo é um combate académico contra as teorias racistas de Gobineau ou uma proposta política procrando impedir a institucionalização dessa forma de racismo por lei, com medidas de tipo apartheid ou piores… Os movimentos anti-racistas de hoje combatem a discriminação, nomeadamente a discriminação em razão da pertença verdadeira ou suposta, a uma “raça” ou a uma comunidade (ou várias) que é socialmente estigmatizada, por ser de origem africana, ou “cigana”, ou outra qualquer, sem que ninguém ignore que essas percepções são construções sociais.
O que interessa é que estamos a falar de um fenómeno comparavel ao que, nos finais do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, procurava apoio na antropologia científica que, de acordo com os cânones da época, era racista, ou racialista no sentido que vem nos tais dicionários a que te referes. Hoje, a discriminação já não procura apoiar-se na biologia, nem mesmo na ciência, mas em realidades “culturais” que servem para justificar aos nossos olhos as desigualdades, como se fossem “naturais” ou inevitáveis”.
Porque as mentalidades evoluíram, muito felizmente (e todos sabemos em que contexto), é hoje pacífico que não existe desigualdade natural entre os homens consoante a sua origem, cor da pele, etc. Ninguém se queixa disso. O que acontece é que isso não basta e que quem quer combater mesmo as desigualdades tenta hoje atacar-se, não ao boçal racista (ou machista, etc.) que é hoje, felzmente, uma realidade residual, mas aos factores sociais, económicos, culturais, que produzem desigualdades, ou que fazem com que elas persistam. Isso é que é novo nos movimentos anti-racistas. Se o Valupi penssasse mesmo o que ele defende no post, deveria por conseguinte aplaudir esta evolução…
Mas, em todo o caso, ninguém anda confuso acerca do que se deve combater. As confusões apenas existem nas cabeças daqueles que pretendem que não se deve mudar nada, e algumas delas encontram apoio em considerações pseudo-científicas como as do teu comentário. Da mesma maneira que, ontem, encontravam um apoio providencial e “científico” nas hipóteses desajeitadas da antropolgia de cariz lumbroseano.
Boas
Viegas, não vale a pena. O relativismo é tal que não vale a pena dizer o óbvio.
Tudo o que resta dizer sobre o assunto está espelhado aqui: https://www.publico.pt/2020/06/27/sociedade/noticia/european-social-survey-62-portugueses-manifesta-racismo-1921713
Diz o “Público”:
European Social Survey: 62% dos portugueses manifestam racismo
Nestes 62% também estão incluídos o “pretos” e “ciganos” que são portugueses?
Nestes se calhar a percentagem subiria para 97%.
” finalmente chegarmos ao sentimento da sua repulsa à escala universal”. : tendo em conta o objectivo é melhor traduzir o texto para chinês , hindi e indonésio e publicar lá para esses lados que concentram metade da população mundial . os racistas brancos , representam quanto do universo populacional ? 12 %? , 14% ? falando para aqui não se vai a lado nenhum em termos universais . ou temos , os brancos , um desígnio especial porque somos os melhores, os escolhidos, e temos de evangelizar o próximo?
Vejo que o meu comentário agitou alguns galináceos, que são a aurea mediocritas e os aleijados mentais do costume .
As melhoras .
Qual o país, onde o PM afirmou ser discriminado pela sua cor de pele, em pleno debate parlamentar?
Uma ajuda;
https://www.jn.pt/nacional/deve-ser-pela-cor-da-minha-pele-que-me-pergunta-se-condeno-ou-nao-atos-de-vandalismo-10487340.html
Tens razão Joe Strummer,
Nem tinha reparado bem no detalhe das lições de “historia” do nosso Julio :
“Está no seu pleno direito um indivíduo que faz escolhas pessoais baseadas em certos preconceitos étnico-raciais (por exemplo, não casar com pessoa de outra cor, não conviver com pessoa de outra etnia, etc.), desde que essas escolhas não atinjam as liberdades e os direitos de outrem.”
Portanto, não contratar ciganos, ou excluir negros de restaurantes, ou ainda dos lugares sentados nos autocarros, até esta bem… Isto so visto. E estamos a falar de malta que se reclama do 25 de Abril, afirmando votar num partido que se diz socialista.
Boas
O Florêncio esqueceu-se de dizer que o spin doctor pega no assunto pelo ângulo que dá mais jeito .
Ó Júlio efectivamente não pode existir nem racismo, nem discriminação em função de género, mas isso é na lei, na prática, o Jardim Gonçalves por exemplo, não admitia mulheres casadas por as mesmas “não terem disponibilidade” .
Tinham que exercer a função natural de darem à luz e acompanharem os recém-nascidos nos primeiros tempos de vida . Um crime anti-disponibilidade total .
Sabes quem lhe deu a licença de banqueiro ?
Foi o Medina Carreira .
E já consegues adivinhar quem era então o PM.
Mas pode-se sempre dizer, à maneira do padre Melícias, alto aí, que eu só abençoei a carroça, não abençoei o burro .
Von Humboldt :
Antes ser um Estado Falhado por uma hora que colónia toda a vida !
Então vai pra lá viver, é menos um a cheirar a chulé.
Somos especialistas em avaliar o sexo do seu computador. Não importa a cor.
Enviamos orçamentos gratis.
Chamar a este palco a grande Dona Luísa de Gusmão,ainda que numa ” charge” , é um destempero de que me penitencio.