É a democracia, estúpido

Foi contigo que me mandou o velho cavaleiro Peleu
naquele dia em que da Ftia te mandou a Agamémnon,
criança que nada sabias da guerra maligna
nem das assembleias, onde os homens se engrandecem.
Por isso ele me mandou, para que eu te ensinasse tudo,
como ser orador de discursos e fazedor de façanhas.

Fala de Fénix a Aquiles, Ilíada, Canto IX, 438-43, Cotovia

*

Marx ainda gastou umas pestanas com o vanguardista Demócrito, o que mui bom proveito lhe fez, mas os seus trinetos não querem nada com a cultura clássica. Cheira-lhes a imperialismo, e imperialismo é obra de americano. Maneiras que se auto-excluem do convívio com os criadores das primeiras formas de democracia que este planeta viu nascer. Quão melhores as disputas bizantinas acerca da teologia marxista, isto para maiores de 60 anos, ou a calhauzada à montra burguesa e as provocações à bófia fascista, isto para menores de 30 anos. Entre os 30 e os 60, há muito restaurante para descobrir, muito vinho para beber, a revolução pode esperar.

Talvez esteja nessa actual aversão à paideia a explicação para um dos maiores enigmas eleitorais em Portugal e não só: porque não conseguem os partidos que prometem o céu na terra para os trabalhadores e miseráveis obter maiorias parlamentares? Que estará a falhar? Será apenas uma questão de tempo, estando nós cada vez mais perto de ter um primeiro-ministro do PCP ou do BE? Será que a mensagem ainda não chegou a todos os votantes? Será que anda alguém a boicotar a correcta recepção e entendimento das propostas nos neurónios dos cidadãos? Que se passa, afinal, que está a atrasar o fim da exploração do homem pelo homem, e da mulher pela mulher, ou qualquer outra das variantes exploratórias possíveis?

O episódio de Relvas no ISCTE permite a elaboração de uma nova hipótese. Para lá chegarmos, vamos começar por ouvir o João Semedo, pois nestas declarações se condensa o essencial do argumentário que tem sido repetido por tanta gente inteligente e bem-intencionada: uma voz da esquerda pura e verdadeira a educar o povo. E agora ponhamos em letra o seu remate:

A democracia é uma dinâmica que tem várias expressões. Tem a expressão eleitoral através do voto. Tem a expressão através das opiniões e da construção da opinião. Mas tem também uma componente de protesto, de revolta, de insubmissão. É isso que ontem vimos no ISCTE e eu julgo que isso faz parte da pluralidade das formas como a democracia se constrói e desenvolve.

Segundo a metade que mija de pé na liderança do Bloco, a democracia constrói-se e desenvolve-se sempre que a turbamulta consegue impedir com o seu berreiro que um dado alvo da sua antipatia não consiga usar da palavra. Estando assim estabelecido o princípio, Semedo está a convidar a malta do PNR, ou uma delegação do Aurora Dourada em trânsito para umas fériazitas no Algarve, a aplicar a receita em iniciativas do BE. É que razões não faltarão a essa rapaziada atlética para se entregarem ao protesto, à revolta e à insubmissão em nome da construção e desenvolvimento da sua peculiar concepção de democracia. Boa sorte, Semedo, e não te esqueças de levar o Betadine.

Mas o que me intriga é este recente monopólio do hooliganismo de plateia no que toca ao formato do protesto, tal como Semedo estipula e consagra. Seria de esperar – ingenuamente, sei bem – que os estudantes do ensino superior até começassem por agradecer a Relvas a extraordinária oportunidade que ele lhes estava a oferecer. Eis uma figura especialmente detestável de um detestável Governo que se presta a deslocar-se a uma instituição académica, a qual ainda por cima sempre foi conotada com ideais ou perfume de esquerda, para se expor ao interrogatório e comentário de uma audiência livre. Foda-se, senhores ouvintes. Para mais, essa figura vinha de um evento no dia anterior onde se tinha afundado num poço sem fundo de ridicularia e achincalho pela sua própria iniciativa. Seria de pensar – ingenuamente, sei bem – que algum estudante de Economia, Ciência Política, Sociologia, Gestão, Finanças e Contabilidade, Gestão de Marketing, História Moderna e Contemporânea, Gestão de Recursos Humanos, Informática e Gestão de Empresas, Arquitectura, Gestão e Engenharia Industrial, Engenharia de Telecomunicações e Informática, Psicologia ou Antropologia pegasse no seu telemóvel e marcasse uma reunião no bar para elaborarem à volta de umas minis um brilharete que desse boa fama ao ISCTE e a cada um deles. Que poderia ser? Deixa cá ver… hum… mostrar o rabo?… bom, dependeria do rabo em causa, claro, mas já foi feito… hum… cantar a Grândola?… divertido mas já cliché… hum… pedir a demissão e vaiar o senhor?… justíssimo, embora pobre face ao potencial da situação… Ah, heureca! Que tal ter um, dois ou três estudantes a pedir a palavra e a demonstrar perante Relvas e o País que eles são muito melhores do que o seu Governo? Ó Semedo, não seria este um protesto, uma revolta e uma insubmissão muito mais proveitosos para a construção e desenvolvimento da democracia? Espera, não te irrites. Perguntar não ofende. Se achares que não é, prontos, não é. Tu é que sabes, tu é que tens os livros lá em casa.

Relvas escapou de boa. Podia ter ido meter-se na cova dos leões e sair de lá debaixo de uma monumental gargalhada. Em vez disso, deu por si no curral dos burros. Muito zurraram e escoicearam esses asnos. E lá conseguiram o que queriam: fugir do confronto democrático. No final, sentiram-se vitoriosos. A sua inferioridade intelectual, política e moral perante Relvas tinha ficado escondida. Estavam prontos para outra. Quem será o próximo adversário que vão silenciar? É só escolher, alvos não faltam.

Estamos finalmente em condições de apresentar a hipótese explicativa dos sucessivos desaires eleitorais do PCP, BE e restantes corajosos revolucionários: ainda há um número demasiado grande de portugueses que prefere o ruído dos crápulas ao silêncio dos tiranetes – quando nos conseguirem calar a todos, só aí ganharão.

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Oferta do nosso amigo David Crisóstomo:

Não, não me peçam para aplaudir

31 thoughts on “É a democracia, estúpido”

  1. Ola,

    Texto sensato, bem visto e bem escrito, embora um pouco injusto. Não estou convencido que “heureca” reclame o “h” (“euréka” ?). Em contrapartida gostei muito do agostiniano “foda-se senhores ouvintes”…

    Boas

  2. Dei comigo a pensar que estava em vias de perder uma certa admiração pelo pensamento e atitude do nosso Valupi da Aspirina, pelo Santos Silva ou pelo Francisco Assis. Vou continuar a considerá-los, mas vou dizer-lhes que estão equivocados na apreciação de acontecimentos como aqueles que envolveram os ministros do anterior governo e agora se sucedem sobre os actuais governantes.
    Segundo o nosso Valupi (e os que pensam do mesmo jeito) qualquer tipo de manifestação dos cidadãos que não respeite a integridade absoluta da cidadania é antidemocracia. Tremendo equívoco! Não existe integridade absoluta em nenhuma polis humana, tanto da parte dos que governam, como da parte dos eleitos para a governação. Como não existe a justiça perfeita, mas a possivel. Ou como não existe a verdade toda, mas a possivel. Ora, quem não aceitar estas verdades de princípio, nunca poderá emitir um juizo razoável sobre os acontecimentos na “polis”. As revoluções, como a do de Abril, por exemplo, não foi a revolução perfeita. Longe disso. Foi, no seu desenvolvimento, quase sempre, um movimento de revolta cega e crassa ignorância, de reformas atabalhoadas e atropelos à mais elementar cidadania. Diz-se (eu não estava em Portugal) que o democrata Saramago pintou a manta no DN. Trago Saramago à colação, só para fazer reflectir mais um pouco os “puristas” da cidadania, como o nosso Valupi, o Santos Silva e o Assis.
    Só não entende o que move os “revoltosos” em democracia, quem tem o cu comodamente sentado numa boa pensão de reforma, num bom e garantido emprego ou numa herança dos papás. Ou quem não sofre na carne os atropelos da justiça possivel e as chicotadas do poder democrático aproveitado pelos donos do poder adquirido, seja pela força de um golpe militar, seja por um golpe de mentiras bem orquestradas de uma campanha eleitoral. Tudo pago com todo o dinheiro necessario para manipular a ignorância e a boa-fé de tantos eleitores. Claro que os mais avisados e atraiçoados por uma democracia imperfeita afastaram-se das urnas. E da politica. E da cidadania.
    Todos verificamos que a esmagadora maioria dos desiludidos da democracia imperfeita decidiram “ficar em casa” e ir vivendo no “desenrasca”. Porém, um punhado de inconformados, desesperados e os que ainda acreditam em revoluções como a de Abril -exactamente como a de Abril, cheiinha de atropelos à cidadania e ao bom senso -insultam governantes e, por uns minutos apenas, suspendem-lhe a palavra dos Relvas. “Uns minutos apenas”, disse eu, mas o Valupi e os seus amigos “puristas da cidadania”, falam e escrevem como se o Relvas tivesse sido sequestrado e isolado para sempre dos microfones da sua propaganda. Não esperava ver tão ilustres cidadãos confundir protesto de rua dos indefesos, com repressão fascista montada no cavalo do poder absoluto, eleito (em que condições!) ou não.
    E o Valupi vem falar-nos da paideia, quando é contra os atropelos da paideia que se canta a “Grândola Vila Morena” na cara de governantes que fizeram o exacto oposto do que prometeram em discurso para ir ao pote.

  3. Ignorando a parte inicial do texto (o seu autor parece desconhecer que se possa ser, ao mesmo tempo, não comunista e não anti-comunista, como o foram Jean-Paul Sartre, Melo Antunes, e mesmo o papa João XXIII e John Maynard Keynes (uma tal pessoa julgará tais profissões de fé essencialmente absurdas)) passo a desmontar a argumentação principal.

    O texto pressupõe a faculdade do uso instantâneo da razão por parte de uma multidão acossada pela violência de um executivo narcisista e enlouquecido. Isso, convenhamos, é uma impossibilidade. O sujeito da ciência — para dar um exemplo — que é o sujeito epistémico (o que significa sujeito colectivo mais a boa ordem que lhe confere o método científico) consegue ser uma multidão e pensar racionalmente; isto apesar de o processo racional do sujeito epistémico ser longo e penoso. A democracia representativa é o elemento de boa ordenação da soberania exercida pelo povo; mas, se se quebra o primordial propósito do método representativo, então o que é que acontece? O que aconteceria à ciência, se se substituísse o método científico pela sofística? Porque pode haver revoluções contra a democracia?

    Uma boa referência para se entender os processos de colapso de uma democracia em funcionamento disfuncional é o livro de Tucídides, “A Guerra do Peloponeso”. Descreve a democracia directa ateniense, e como ela se corrompe e afunda quando, cavalgando populisticamente a onda do sucesso militar contra os persas, se torna a parte agressora de uma guerra fratricida. É um livro de leitura obrigatória.

    Nota (citação de Keynes): “We entirely repudiated a personal liability on us to obey general rules. We claimed the right to judge every individual case on its merits, and the wisdom to do so successfully. This was a very important part of our faith, violently and aggressively held, and for the outer world it was our most obvious and dangerous characteristic. We repudiated entirely customary morals, conventions and traditional wisdom.”

  4. Ola,

    Vejo também méritos nos argumentos do Pedro, mas julgo que eles são exagerados e que falham no essencial. Não ha duvida que as regras são para respeitar na medida em que se enquadram numa legitimidade que não devemos aferir unicamente à luz da sua conformidade formal com a constituição e com a lei. Ha espaço para o protesto inconformista e inconformado quando ele obedece a razões solidas, etc.

    Mas também é certo que ha muito exagero, e temo que haja um erro politico grave, quando se aponta a violação das liberdades politicas como o mal principal deste governo…

    Com grande pena minha, o governo actual foi eleito democraticamente. Com grande pena minha, não é possivel dizer que a situação actual de grave crise em Portugal se deve principalmente à deficiência do nosso regime politico ou ao atropelo das nossas liberdades politicas. O governo actual não é fascista, nem chegou ao poder, ou nele se manteve, por métodos fascistas… A melhor prova disso é que o segundo partido mais votado, e o partido que hoje aparenta ter maior probabilidade de constituir alternativa, não apresenta de maneira claramente visivel (pelo menos para mim, mas sei que o Valupi concorda comigo) soluções que se distingam obviamente daquelas que estão a ser postas em pratica hoje.

    Não estou em posição de excluir que a situação seja tão desesperada como a pintam, e por isso não acho inteiramente justo que se critique o protesto. Mas também julgo que não nos faz mal nenhum ouvirmos as vozes que dizem que protestar não chega,e que ha que fazê-lo de forma inteligente, quanto mais não seja para fazê-lo de forma eficaz.

    Não sou do ISCTE, mas não vejo insulto nenhum no facto de lembrar aos alunos dessa prestigiada instituição as considerações do post, que me parecem entreter relações evidentes com o mais elementar bom senso.

    Boas

  5. Valupi continuas o paspalho do costume, escreves um textos giros e redondos que nada dizem, escreve-los ou não, tal como este meu cometário, seria a mesma coisa :(

  6. “O precesso de uma escolha”
    Primeiro escolhe-se o lugar que se pretende – e nem sequer me refiro aos interesses ou caprichos associados -, seguidamente, identificam-se os companheiros de viagem, ao que se segue, não podia ser de outro modo, aqueles que têm outras preferências de destino. Para dar um formato mais convincente, rotulam-se uns inimigos, receita útil e oportuna. Depois, depois é tudo simples. Vejamos: no tempo da “Civilização do Petróleo”, nem parece bem buscar argumentos milenares, do tempo em que os homens livres se passeavam acompanhados de um ou vários escravos. Para quê o recurso a tal expediente? Não, agora há conhecimento cientifico que podem ter as utilidades que se quiser, mesmo para se cair na esparrela da contradição. Quem por democracia entende uma regra de civilidade, deve perceber e aceitar que esta tem o dom de ser una e plural ao mesmo tempo. Se calahr estou enganado e digo estas coisas para meu contentamento!

    José Luís Moreira dos Santos
    Estarreja

  7. para o folhetim relvas nada mais posso dar para tão fraco defunto.quanto ao não crescimento dos que oferecem “o melhor dos mundos”,só tenho a dizer que os europeus e parte dos asiaticos se cansaram de “viver bem”,e por isso procuram uma vida mais simples, recatada, e que o respeito pela liberdade seja uma realidade.

  8. joão viegas

    Embora haja condicionantes às liberdades de expressão — é um assunto sério, no jornalismo — não é esse o principal problema.

    Este governo corrompe, de forma clara e confessa (Passos Coelho está-se “a lixar para as eleições”) o princípio da representação democrática. Não é por incompetência que o governo não comunica bem: é por opção. O chefe do governo de facto, Vítor Gaspar, comunga de todo um conjunto de crenças, originárias do clássico modus operandi das elites portuguesas. Esse modus operandi vem dos tempos do absolutismo e foi ficando por defeitos alheios, não por virtudes próprias.

  9. “Quem por democracia entende uma regra de civilidade, deve perceber e aceitar que esta tem o dom de ser una e plural ao mesmo tempo.”

    Exactamente, José Luís. Esse é o segredo para a sociedade se ir revolucionando sem precisar de se auto-aniquilar; não há verdade absoluta, mas pode e deve ir havendo consenso. Um verdadeiro consenso, filho da dúvida sistemática, da discussão aberta, de nunca varrer a discórdia para o sanatório dos leprosos, como se de uma epidemia incurável se tratasse.

  10. Medo, muito medo neste escriba.

    Tambem acho que estamos a dar pérolas a porcos. Não gostam da Grandola? passemos a formas “superiores de luta”. Tachos, panelas, ovos e tomates com êxito garantido em outros povos. Povos estes desordeiros de acordo com o raciocínio mirrado do autor ou autora desta gosta.

    Medo , miufa tem esta gente do povo. Para estas criaturas o povinho tem de estar domesticado, entretido e não aborrecer. Deve apenas votar de quatro em quatro anos e bico calado.

    http://www.youtube.com/watch?v=UduuOHdOw5M&sns=em

    É o povo, néscio!

  11. Antes o PCP e o BE que o Relvas, apesar de alguns PS preferirem o Relvas…gostos.

    Quanto ao Semedo, porque é que o Valupi não transcreve , o que este leu num debate com o António Capucho e a Maria de Lurdes Rodrigues?

    A famosa declaração do então deputado Miguel Relvas sobre a contestação ao então ministro Augusto Santos Silva, NÂO CONVÉM …POIS.

    No dia 2 de Março o povo dará a resposta.

  12. Caro joaopft,

    Sim, v. tem inteiramente razão, não mandemos ja os alunos do ISCTE para o Tarrafal, medida claramente desproporcionada…

    Mas o que eu digo é que ha no texto do post considerações pertinentes sobre a forma eficaz de protestar. Ora neste particular, v. consegue uma proeza rara, que eu até teria reputado impossivel antes de ler os seus comentarios : ser injusto com o governo de Passos Coelho.

    1. Quando Passos Coelho diz estar a lixar-se para as eleições, julgo que ele se refere às proximas eleições, defendendo que vai implementar o programa que ele acredita ser bom para o pais, ainda que isso provoque a sua impopularidade e que ele pague um preço elevado nas eleições futuras. Esta atitude não me choca. E são tantas as atitudes e medidas que me chocam em Passos Coelho, e tão graves, que faço questão de as distinguir cautelosamente das poucas atitudes razoaveis que ele excepcionalmente tem…

    2. Diz v. que “Não é por incompetência que o governo não comunica bem: é por opção”. Seja. Então saibamos reconhecer que os estudantes do ISCTE deram ao governo, nesta ocasião, uma valente ajuda…

    3. “Esse modus operandi vem dos tempos do absolutismo e foi ficando por defeitos alheios, não por virtudes próprias.” Totalmente de acordo. Mas, correndo o risco de cair em heresia, pergunto eu : pensar que os problemas se vão resolver com o simples entoar de um cântico, seja ele o Grândola Vila Morena, não fara parte dos defeitos que v. menciona ?

    Boas

  13. joão viegas,

    1. Passos Coelho está a implementar um programa em que não foi sufragado. Não só se está a lixar para as próximas eleições, como se esteve a lixar para as anteriores:

    «o presidente do PSD foi abordado por duas estudantes que lhe perguntaram: “Vai tirar os subsídios de férias aos nossos pais?”.

    “Eu nunca ouvi falar disso no PSD. Eu já ouvi o primeiro-ministro dizer, infelizmente, que o PSD quer acabar com muitas coisas e também com o 13.º mês, mas nós nunca falámos disso e isso é um disparate”, respondeu Pedro Passos Coelho.

    As duas jovens concordaram: “Pois, também nós achamos”.

    “Isso é um disparate”, reforçou Passos Coelho.»

    (Diário de Notícias, 1 de Abril de 2011)

    Ao vivo e a cores:

    http://www.youtube.com/watch?v=94Zm2GM5Lj8

    2. e 3. Leia o meu primeiro post desta thread. Quando o regular processo democrático é interrompido, quando o povo descrê da representação, isso dá origem ao descontentamento expresso de forma “inorgânica”, como por aí se diz.

  14. Caro joaopft,

    OK. Não contesto que seja legitimo protestar quando esta em causa o respeito das regras fundamentais da democracia. O meu reparo é apenas sobre a forma e a eficacia do protesto e sobre as considerações de um texto que, tanto quanto consigo perceber, não diz que o governo deve continuar por mais dois anos, mas apenas que, admitindo que seja questionavel que o governo deva continuar, é duvidoso que a forma utilizada pelos estudantes seja a maneira mais eficaz de levantar a questão…

    Boas

    PS : Acrescento que, pessoalmente, não estou convencido que estejamos perante uma violação grave das regras fundamentais da democracia. Estamos com um problema sério, não digo que não. Mas não me parece que seja um problema desta natureza. Quando encontrar argumentos que me façam mudar de ideias a este respeito, não hesitarei em cantar o Grândola…

  15. Portanto, João Viegas, “por mais dois anos”, caladinhos, quietinhos e virados pra frente. Foi assim durante 48 anos de Salazar. Mas tu não deves ser desse tempo. Quanto ao Valupi, aprendeu direitinho “como deve ser”. Pois, mas agora estamos em democracia! E desde quando a pouca vergonha, a prepotência, a manipulação grosseira, a calúnia, o roubo, a vigarice ou a trafulhice são exclusivo das ditaduras? E como ficamos quando um PR descaradamente, em duscurso solene, se decide representar os seus interesses e os interesses do partido em vez de representar os portugueses? Para que uma democracia seja considerada como tal, formalmente, há limites que não devem ser ultrapassados. Ora, esses limites foram violados pelo actual PR, promulgando OE inconstitucionais, por exemplo e pela maioria governamental que os propõe. Isto já é uma galhofada democrática onde vale tudo; até um ministro licenciado sem ter de ir à universidade. Atacar os que protestam contra esta democracia abandalhada pelos governantes é demonstrar desprezo pela promessa de uma democracia melhor. Isto é que é mesmo grave e desmoralizante.

  16. por muito menos sampaio demitiu o santana lopes por incompetência, estes são incompetentes, mentirosos e ladrões e há uma enorme tolerância e compaixão por esta canalha. que o santos silva seja cínico por via do episódio de chaves ainda percebo, agora que o cobardolas do assis se queira vingar de felgueiras já é mediocridade demais para o meu paladar.

  17. joão viegas, tanto se pode escrever com o h como sem. Prefiro o arcaísmo.
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    Pedro, partes de um erro de raciocínio que inutiliza o teu argumentário. Este:

    “Segundo o nosso Valupi (e os que pensam do mesmo jeito) qualquer tipo de manifestação dos cidadãos que não respeite a integridade absoluta da cidadania é antidemocracia.”

    O erro consiste na fórmula “integridade absoluta da cidadania”, a qual eu não usei nem sei o que signifique. Eu elaboro é a respeito da essência absoluta da democracia, isso sim. Falo do direito à palavra e à acção política.

    Repara: no ISCTE, os estudantes poderiam ter escolhido mil e uma formas diferentes de protesto que não colidissem com o direito fundamental de Relvas a conseguir fazer-se ouvir. Podiam ter cantado, e apupado e berrado antes dele discursar, e durante, e depois. Podiam ter ficado em silêncio sepulcral ou rir às gargalhadas fazendo caretas. Podiam ter aparecido com máscaras da Merkel ou terem todos mostrado o cu ao ministro. Se tivesse sido essa a história, outra história teria sido e talvez até estivéssemos agora aqui a recordar com gosto o episódio e a dar ideias para os seguintes.

    O banzé que aconteceu, porém, tinha um outro e óbvio propósito: mostrar que Relvas era ali a parte fraca e que seria ostracizado por isso mesmo. Nojento.
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    joãopft, estás a precisar de reler, mas para o perceber, esse naco de Keynes que trazes colado nos fundilhos.
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    Ibn Erriq, larga o tintol.
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    Augusto, estás um bocadinho confuso, né?

  18. é isso. mas ainda faltou a opção de encherem a sala e depois a deixarem vazia – isso criaria uma espécie de dilema da garrafa. e os dilemas servem para fazer pensar.

  19. “Maneiras que se auto-excluem do convívio com os criadores das primeiras formas de democracia que este planeta viu nascer”

    ???? Estará a referir/se ao esclavagismo , à proibição das mulheres votarem, ao voto so para quem tinha rendimentos a partir de um certo montante? estranho conceito este de democracia .

  20. Constato com agrado a disponibilidade de tanta gente para morrer pela liberdade de expressão, não só de amordaçados individuais, mas até de ministérios da propaganda em exercício de funções. Uma tal devoção, corajosa e desinteressada, a todos fica bem.

    Pena é que quase ninguém tenha ouvido falar no caso bem recente (foi capa apenas no Jornal de Notícias) do cidadão alemão deportado de Portugal para a Alemanha estritamente pelo crime de negar o «Holocausto» e suas mágicas câmaras de gás homicidas. Se tivessem, certamente que uma onda de protestos contra as leis euro-liberticidas que Portugal incorporou na sua legislação, sem obrigação alguma de o fazer, se teria feito ouvir…

    Mas, é claro, é sempre mais confortável a concentração na anedota.

  21. Ignátzio, continuas a não perceber nada. Isto de nazis e holocaustos de judeus é como Sócrates e Correio da Manha, ou pedófilos e lendas da Casa Pia: não se trata sequer de prós e contras. Trata-se de verdadeiro ou falso, sim ou sopas, to be or not to be. Não posso perder muito tempo contigo, mas aqui fica, para tua edificação, um notável artigo da autoria de um justo entre os judeus que bem merece uma árvore em sua homenagem:

    Why I Call Myself a Holocaust Denier by Paul Eisen

    My family were ordinary folk – ‘twice-a-year Jews’ we used to call them. But like most of us second and third generation, upwardly mobile, North London Jews, our Jewishness filled our lives. And, at that time, that meant Zionism and the Holocaust. For me, my family and our friends, a post-Holocaust Israel meant quite simply ‘never again’.

    […]

    Deny the Holocaust!

    For my money, a child of six can see that something’s not right about the Holocaust narrative, and the science simply confirms what I already suspect. But I differ from the Holocaust Revisionists. They are scholars – historians and scientists who apply ‘truth and exactitude’ to determine the truth or otherwise of the Holocaust narrative. I’m no scholar. I care nothing for the chemical traces in brickwork or the topological evidence for mass graves. But I’ve read the literature, and it just doesn’t add up.

    That Jews suffered greatly from 1933-1945 is not in question, but the notion of a premeditated, planned and industrial extermination of Europe’s Jews with its iconic gas-chambers and magical six million are all used to make the Holocaust not only special but also sacred. We are faced with a new, secular religion, a false god with astonishing power to command worship. And, like the Crucifixion with its Cross, Resurrection etc, the Holocaust has key and sacred elements – the exterminationist imperative, the gas chambers and the sacred six million. It is these that comprise the holy Holocaust which Jews, Zionists and others worship and which the revisionists refuse.

    Nor is this a small matter. If it was, why the fuss, why the witch-hunt, why the imprisonment of David Irving, Ernst Zündel and Germar Rudolf? And it’s not just them. What may be a massive lie is being used to oppress pretty much all of humankind. The German and Austrian peoples who, we are told, conceived and perpetrated the slaughter; the Russian, Polish, Ukrainian, Lithuanian, Latvian, Estonian, Rumanian, Hungarian, peoples etc. who supposedly hosted, assisted in and cheered on the slaughter; the Americans, the British, the French, the Dutch, the Belgians, the Italians (but not the Danes and the Bulgarians) etc. who apparently didn’t do enough to stop the slaughter; the Swiss who earned out of the slaughter, and the entire Christian world who, it seems, created the faith-traditions and ideologies in which the slaughter could take place, and now the Palestinian, Arab and Muslim peoples who seemingly want to perpetrate a new slaughter – in fact, the Holocaust oppresses the entire non-Jewish world and indeed much of the Jewish world as well. Stand up and have done with it.

    So here’s something else. The Holocaust revisionist scholars and researchers are dedicated and skilled students of historical evidence, and for them ‘Holocaust denier’ is but a term of abuse to be hurled as ‘witch’ might have been hurled in the Middle Ages. But for me, ‘Holocaust Denier’ is a label I accept. This is not because I don’t think anything bad happened to Jews at the hands of the National Socialists – for what it’s worth the real story of brutal ethnic cleansing moves me far more than any ‘Holocaust’ – and it’s certainly not because I think any such assault is right and proper. No, I deny the Holocaust because, as constituted, exploited and enforced, the Holocaust narrative is a false and abusive god, and I wish to put as much moral distance between it and myself as I can.

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