Dominguice

Se fosse possível identificar a pessoa mais inteligente, mais culta e mais informada no mundo do século XV (quiçá do XVIII), e se fosse possível ir ter com ela ao seu tempo para lhe explicar os princípios da mecânica quântica, ela seria incapaz de entender o conceito mais simples dessa teoria. Já se fosse possível conversar com um romano, grego ou egípcio nascido há mais de dois mil anos, todos da ralé, qualquer deles entenderia à primeira a nossa actual concepção do que é o direito.

Poderão surgir, nos séculos e milénios afora, teorias científicas impensáveis para as nossas actuais capacidades intelectuais. Mas jamais aceitaremos viver sem direitos.

23 thoughts on “Dominguice”

  1. hehehehehehhe sendo que o direito naquele tempo estava limitado por mandamentos religiosos e agora não consta que deus justifique nenhuma da nossas obrigações legais

  2. Nem só limitado por mandamentos religiosos, o princípio romano honestere vivere (viver honestamente) em que preceito religioso se baseia ???

  3. bem, em vista da ignorância histórica que por aqui grassa, e apesar de em lado algum ter afirmado que SÓ em preceitos religiosos era o direito romano baseado, vejo-me forçado a fazer as seguintes perguntas para esclarecimento geral:

    1- quem definia o significado legal de “honestere”?
    2- os imperadores romanos eram divinizados?

    fogo à vontade!

  4. Quer conversa mas não vai ter.
    Apenas a titulo gracioso, insiro aqui um texto que não é meu, nem sei se o Bataglia, que não é o alfaiate que faz fatos de tecido de azulejo para o sr. Gocha, está correcto, pois que Zenao e Epicuro seriam também gregos .
    Cá vai, é do José Adelino Maltez

    “ Praecepta iuris Aquele núcleo equivalente aos três preceitos do direito, os tria praecepta iuris dos romanos: o honeste vivere, o alterum non laedere e o suum cuique tribuere. O primeiro, que tem a ver com os conceitos de justiça geral ou social, vai além da tradução literal de um mero viver honestamente, dado que esste preceito, pertencendo ao mundo do direito, e não da moral, significa, de forma substancial, que ninguém deve abusar dos seus poderes, dos seus direitos, levando à proibição tanto do abuso do direito como do abuso da liberdade. Porque o abuso do direito deixa de ser direito e o abuso da liberdade deixa de ser liberdade, dado que a própria virtude tem necessidade de ter limites, como referia Montesquieu. O segundo, o não prejudicar ninguém, prende-se com as categorias de justiça comutativa ou sinalagmática, implicando tanto uma ideia de troca como o princípio geral de que quem lesa, quem daniza o outro tem que apagar os danos que provocou nesse outro, tem que in-danizar ou indemnizar. O terceiro, o atribuir a cada um o que lhe pertence, tem a ver com as categorias da justiça distributiva, implicando o dar a cada um conforme as suas necessidades. Aliás, o terceiro preceito compensa a exigência do primeiro, impondo que cada um também dê ao todo conforme as suas possibilidades. Segundo Felice Battaglia (1902-1977), só o suum cuique tribuere tem origens gregas, na senda de Pitágoras, Sócrates e Platão. E são os romanos que acrescentam os outros dois, acentuando o aspecto volitivo da justiça, como virtude essencialmente prática, onde o honeste vivere vem de Zenão e o alterum non laedere, de Epicuro .

    © José Adelino Maltez “

  5. Só sei de uma coisa, e está escrita à muito tempo, “para o final dos tempos, os homens serão (…) sem lei “.
    Numa sociedade sem restrições algumas, nem morais nem legais, qualquer litígio seria resolvido de forma radical com o assassinato do outro, ponto final. O que resultaria em problemas, com ressentimentos e vinganças sem fim, basta ver o que se passa na Sicilia . Talvez por motivos de sobrevivência prática , sei lá, estabeleceu-se que, quem tem o poder de decidir, e de fazer justiça, não são os litigantes. Mas o elemento “ religioso “ está presente, por exemplo, na própria máfia e os traficantes sul americanos, os sicários de Escobar e outros, antes de matarem alguém, iam à N. Senhora dos Sicários, divindade que criaram, a quem pediam proteção contra a polícia e sucesso na “ missão “, justificando-se que faziam aquilo para dar o dinheiro à mãe, que era pobre .

  6. o pior do post é achar que nos séculos XV ou até XVIII não haveria cabeças capazes de compreender os princípios da física quântica. cá está a prova que a inteligência humana está em decadência , neste “achado”.

  7. Com essa deixas-me de queixo caído, pá! Qualquer Giordado Bruno, Leonardo da Vinci ou Bartolomeu de Gusmão, entre muitos outros, a quem um cientista de hoje resumisse, numa tarde de discussão, libação e entusiasmo, as bases fundamentais da física de partículas e outros conhecimentos científicos que temos como adquiridos entenderia no dia seguinte, depois de uma noite em claro de neurónios a ferver com o que ouvira na véspera, os princípios da mecânica quântica melhor do que tu. E melhor do que eu, já agora. E o mesmo aconteceria se o interlocutor fosse um Pitágoras ou um Arquimedes. Já quanto ao direito, a maioria dos romanos e gregos nascidos há mais de dois mil anos teria dele uma concepção, comparada com as dos Sócrates, Aristóteles e Platões da época, certamente equivalente à de 95% dos nossos contemporâneos, se comparada com a/s dos membros do nosso Tribunal Constitucional. Onde entram os egípcios na concepção de direito dos romanos ou dos gregos é que fico por saber. Já com 95% ou mais dos terráqueos de hoje, no que toca à compreensão dos princípios da mecânica quântica, aposto o tomatinho direito e metade do esquerdo em como, aí sim, obterias o resultado que arrogantemente generalizas para os Pitágoras, Arquimedes e Leonardos que nos precederam em séculos, mas cuja curiosidade insaciável, igual à “nossa”, nos trouxe aonde estamos hoje. A curiosidade e abertura ao conhecimento, por uma minoria, é hoje a mesma de há dois ou três mil anos, e o mesmo vale para a massificação da ignorância. A única diferença será, talvez, a existência, hoje, de instituições, instrumentos e políticas deliberada e militantemente dedicadas ao cultivo e perpetuação dessa massificação da ignorância, reservando o conhecimento, cada vez mais, para as elites das elites. A prova? Elementar, meu caro Valupi: entre outras coisas, continua a haver, entre nós, quem acredite que, quando as galinhas têm dentes, saem os pintos carecas. Eu, por exemplo, julgo saber que o parapente foi inventado nos anos 70 do século passado, mas há milhões que acreditam que foi invenção de uma garina um pouco excêntrica que tinha a mania de fazer rapadas a umas oliveiras raquíticas no concelho de Ourém, para maravilhamento de uns pastorinhos que por lá andavam com seus borreguinhos. E há até quem acredite que a NATO é uma organização defensiva, vê lá tu!

  8. “significa, de forma substancial, que ninguém deve abusar dos seus poderes, dos seus direitos, levando à proibição tanto do abuso do direito como do abuso da liberdade.”

    enquadre por favor a “travessia do rubicão” no preceito de “viver honestamente” que acima descreve.
    desde já obrigado!

  9. a olinda tem nos tanto respeitinho que já nem os insultos completos escreve
    linda menina
    senta
    rebola

  10. Não domino, nem sequer como aleatório leitor de alguma literatura acerca dos quanta, qualquer ideia precisa ou de dificuldade em entender com certezas tal teoria.
    Contudo terei alguma dúvida que alguns portentosos pensadores da antiguidade como Leucipo ou Demócrito, os dois materialistas que consideravam que toda a matéria e até o corpo humano era uma composição de átomos, não fossem capazes, ao fim dum certo tempo de explicações, de chegar lá. Igualmente para as escolas de Platão, Aristóteles ou mais antigas como a de Pitágoras nelas, os Mestres e seus discípulos, também não fossem capazes de lá chegar. Ou um Anaxágoras que já se baseava na experiência para determinar conclusões e resultados poderia ser mais um a entender os quanta. Ou, até, os “cabeças” eleatas Parménides e Zenão, os contestadores do movimento (paradoxos de Zenão) pudessem, a partir da ideia de que não existe movimento, também demonstrar e espantar-nos , pelo puro pensamento dedutivo, a impassividade no interior átomos.
    Talvez, mas não se pode ter a certeza de tal, dado, o grande salto científico que medeia entre a a idade clássica e a teoria dos quanta atual e que era preciso apreender e seria até difícil para essas inteligências consideradas das maiores de sempre. Valupi tenta especular para ver a nossa reação.
    Contudo, acerca de justiça e leis todos eles poderiam discutir de igual para igual com os atuais legisladores, ou entenderiam perfeitamente qualquer discussão atual sobre tal assunto como quer dar a tender o Valupi. Não esquecer que ainda mesmo perante os deuses do Olimpo, que tem Zeus como reformador da justiça, ainda as Erínias exigiam a aplicação da justiça pelo sangue e Marte afirmava que era imparcial, pois, matava os que matavam (ler Esquilo).
    E, mesmo Platão, em sua vida, evoluiu de uma justiça do Rei-Filósofo e dos guardiões para uma justiça pelo império da Lei e sua aplicação. Este, por muitos considerado a maior cabeça de todos os tempos, levou a primeira parte de sua vida debruçado arduamente no estudo da justiça devido à injustiça da sentença de morte aplicada ao seu Mestre Sócrates.
    Temas especulativos como este requerem algum saber e conhecimento histórico e não basta ir ao google saber a resposta, fazem-nos bem à memória.

  11. Pois, tal como imaginei, de explicações acerca de uma das mais famosas ilegalidades romanas: nada.
    Mas um nada com M.

    Be-réu-béu-béu

  12. que é a resposta que merece .
    O idiota de merda faz uma pergunta ridícula, que não nada a ver com com nada do que se trata neste tópico e muito menos com o que escrevi, e perante o resultado esperado, que apenas podia ser o silêncio e o desprezo, dá a atitude como fraqueza e sei lá até como resposta e impante, como antecipadamente calculei, afirma, ganhei . Então enfia o louro pelo rabo acima, canastrão de merda .

  13. Nem de propósito; fui aos sacos de livros que comprei na feira do livro recente para escolher um deles para ler e decidi-me, impelido por este post, pelo “Albert Einstein – Max Born, Correspondência 1916-1955”. E, logo na “introdução” dei com este parágrafo:
    “Nada demonstra mais claramente as dificuldades excepcionais que se colocavam à compreensão dos fenómenos atómicos – apesar da quantidade considerável de dados experimentais já obtidos – do que estes dois cientistas, tão próximos entre si do ponto de vista humano, não se conseguirem pôr de acordo em relação à interpretação definitiva da teoria quântica.”
    Se a ideia imaginada pelo Valupi fosse possível realizar-se quão grande não teria sido o salto triplo, quádruplo ou quíntuplo ou mais da teoria quântica com todas aquelas geniais cabeças a pensar e querer ultrapassar-se uns aos outros.

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