Dominguice

O populismo pode ser tudo mais o proverbial par de botas. Inclusive, pode ser algo bom, realizador da democracia (é estudar). Ou ser algo inevitável, inerente à democracia (é pensar). Mas na versão em que actualmente está associado à direita radical, dita nacionalista e autoritária, xenófoba e racista, antissistema (seja lá o que isto queira dizer), o populismo é essencialmente um tipo de estupidez. Vive de impressões imediatistas (leia-se, alarmismos e sensacionalismos). É incapaz de lidar com a complexidade, alimentado-se de reducionismos e simplismos, basicidades, (maus) instintos. Daí implicar fatalmente uma identidade tribal maximizada, um maniqueísmo. Aí chegado, o populismo consuma-se na pura alucinação. Pode ser a vitória de Trump em 2020 ou os nazis na Ucrânia, a ideia de que os deputados portugueses (todos juntos!) fazem leis para proteger os corruptos ou que estamos a ser invadidos por fulanos estrangeiros, escurinhos e de telemóvel (último modelo) na mão ao arribarem às praias dos Algarves.

O populista é um poço sem fundo de palavras dos outros, de propaganda. Tem alergia à inteligência (isto é, à incerteza).

17 thoughts on “Dominguice”

  1. “Pode ser a vitória de Trump em 2020 ou os nazis na Ucrânia, a ideia de que os deputados portugueses (todos juntos!) fazem leis para proteger os corruptos ou que estamos a ser invadidos por fulanos estrangeiros, escurinhos e de telemóvel (último modelo) na mão ao arribarem às praias dos Algarves.”

    ou que os meios de comunicação estão todos controlados pelos nossos adversários ou que o socrates recebeu uma herança
    ou
    ou
    ou

  2. ” A ameaça e o adubo

    Escutado há bocadinho, em viagem: “Os perigos do populismo como ameaça à democracia”. Enfim, o grande mantra do extremo-centro da corda. Traduzindo: “O populismo como ameaça ao Populismo”, isto é, o populismo artesanal, de feira, como ameaça ao Populismo industrial, ultra-pasteurizado. Já oligarquias, oligopólios, cartéis, monopólios, trusts, irmandades do gardanho e outras finuras que tais, essas, não ameaçam… Pois claro que não: adubam. ”

    com os cumprimentos do Dragão.

  3. https://www.publico.pt/2023/06/04/economia/noticia/bancos-vao-vender-certificados-aforro-2052161?fbclid=IwAR0WpMqBrxrym-4nnvg1qisAvjZ9m3vOgkOxaJRuibx0FnaxcbMBFERCPzE

    claro que governo não cedeu às pressões da banca, do mais puro populismo , tais insinuações…claro que não andaram com negociações :
    tomem lá umas comissõezecas , à troca queremos que acabem com os atrativos CA , por este andar ainda ficamos a descoberto e temos de subir as taxas e não queremos. queremos que os papalvos continuem a meter dinheiro em “carteiras”…sobretudo nas que têm acções de bancos.
    ok , acaba-se com os CA , vocês dão as comissões , mas também têm de passar a vender os CA. e prontos .

    lá fomos fxxxs pelas costas. só quem tem empréstimos , os devedores , é que beneficia com as cenas das comissões. como sempre , os poupados são lixados.

  4. “o populismo é essencialmente um tipo de estupidez”.

    Errado, pá! O populismo é uma esperteza, saloia, que se aproveita da estupidez de outros, e por isso é também um oportunismo.

    “É incapaz de lidar com a complexidade, alimentando-se de reducionismos e simplismos, basicidades, (maus) instintos.”

    Certo, pá! Exactamente como fazes na questão da Ucrânia, em que arrumas todos os que pensam diferente na prateleira dos maluquinhos putinistas e cavalgas os maus instintos do anticomunismo primário e da componente serôdia do catolicismo, o salazarismo, sem os quais não teriam sido possíveis 48 anos de fascismo.

    “o populismo consuma-se na pura alucinação. Pode ser a vitória de Trump em 2020 ou os nazis na Ucrânia”

    Mais ou menos certo, pá! É um oportunismo espertalhão dos populistas, eventualmente mas não obrigatoriamente alucinado, que fomenta e se alimenta da alucinação de outros, como por exemplo na negação do problema dos nazis na Ucrânia. Mais do que estupidez, é uma estupidez suicidária.

  5. A palavra populismo tem sido contestada, mal traduziada e usada em referência a uma diversa variedade de movimentos e crenças. O cientista político Will Brett caracterizou-a com o um classico exemplo de um conceito elástico, deformado da forma original pelo uso e abuso, e mau uso, enquanto que o cientista político Paul Taggart disse sobre o populismo que é um dos mais usados em geral mas pobremente politicamente entendidos conceitos do nosso tempo. O termo tem origem como designação própria usado pelos membros do Partido do Povo, activo nos Estados Unidos durente o século 19. No imperio russo, durante o mesmo período, um grupo completamente diferente referiu-se ao populismo, como os narodniki, o que tem sido frequentemente mal traduzido para inglês como populistas, adicionando mais confusão sobre a palavra . O movimento russo e o americano diferiam em varios aspectos e o facto de partilharem o nome, é coincidência (o movimento russo visava transferir o poder político às comunas camponesas por meio de uma reforma agrária e o americano, para além de outras coisas, propunha o incentivo à pequena agricultura através da prática de uma política monetária e de crédito expansionistasz). Nos anos 20, a palavra entrou na língua francesa, onde foi usada para descrever um grupo de escritores que expressavam simpatia pelo povo comum. Mas há quem recue até à Grécia e Atenas, e a Roma, com o movimento Populares, activos durante a república .
    Quanto ao uso actual da palavra, geralmente tem uma carga pejorativa e serve como arma de arremesso . Existem, como se sabe, movimentos de todo o espectro politico, acusados de extremismo. Dum modo geral, não vejo o populismo como uma ideologia partidária, mas antes como uma maneira de reagir, na falta de melhor argumento.

  6. O que une o presidente eleito dos EUA Donald Trump, que quer construir um muro com o México, e Beppe Grillo o líder do movimento que pôs os italianos a escolher os deputados pela internet?

    Ou o que têm em comum a candidata presidencial Marine Le Pen, defensora do fim de educação gratuita para os imigrantes em França, e o presidente Evo Morales que alargou direitos aos indígenas na Bolívia?
    São todos populistas. A palavra tornou-se um chavão nos últimos meses. Surge diariamente nos media para definir figuras da direita à de esquerda. Mas o seu conceito não é simples. Há mais de 60 anos que divide teóricos e analistas políticos que o definem como uma estratégia de líderes carismáticos para apelar às massas, demagogia ou uma reacção nacionalista.
    O professor da Universidade da Georgia, EUA, Cas Mudde ajudou a clarificar a discussão, apontando uma definição mais consensual. “O populismo considera que a sociedade está fundamentalmente separada em dois grupos homogéneos e antagónicos: a ‘população pura’ e a ‘elite corrupta’”, escreve num artigo da Revista XXI de Junho passado, que pode ser lido na íntegra aqui.
    A essa divisão social moralista o investigador acrescenta outra característica: “a política tem de ser sempre uma expressão da vontade popular”. O líder populista assume-se como a voz do povo, representando os interesses dos cidadãos contra a “elite corrupta”.
    As campanhas das presidenciais norte-americanas e do referendo ao Brexit são bons exemplos de populismo em acção. Trump não se cansou de repetir que os norte-americanos se sentem traídos por décadas de administração “ruinosa” e “querem o seu país de volta”. E na campanha do Brexit, Nigel Farage, o ex-líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), fez do referendo uma “luta do povo contra o establishment”.
    Para Takis Pappas, professor na Universidade da Macedonia, na Grécia, qualquer partido populista tem dois outros traços obrigatórios: é “sempre democrático e nunca liberal”. Ou seja, apoia a “soberania popular e a regra da maioria, mas rejeita o pluralismo e os direitos das minorias”, explica na edição de Outubro do Journal of Democracy.Os populistas são por isso a favor de eleições, mas combatem a divisão de poderes, a autonomia judicial ou a liberdade de imprensa.

    Uma ideologia “contagiosa”

    É sobretudo na escolha daqueles que “excluem e atacam” que se distinguem os populistas de esquerda e de direita, adianta Margaret MacMillan, directora do St. Antony’s College, da Universidade de Oxford.
    À esquerda os inimigos da vontade popular são geralmente as grandes empresas e oligarcas, enquanto a direita aponta o dedo às minorias étnicas e religiosas. “Uma vez identificados os inimigos, estes podem ser culpados quando é frustrada a vontade do povo”, defende a historiadora num texto publicado este mês no Diário de Notícias. “Assim como Trump tem como alvo mexicanos e muçulmanos, o presidente venezuelano Nicolás Maduro culpa uma maligna potência estrangeira, os EUA, pela crise cada vez mais profunda no seu país”, resume.
    Na Europa, as crises económica e social têm impulsionado o crescimento de partidos populistas e antiglobalização como o Syriza, na Grécia, o Podemos, em Espanha, ou a Frente Nacional, em França.
    E as suas políticas ameaçam tornar-se “um perigo” para a Europa liberal, alertam analistas políticos, investigadores e responsáveis pelas instituições comunitárias, como o antigo presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, ou o ex-presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz.
    “O populismo é tão ameaçador porque é contagioso”, justifica Pappas, adiantando que “o aparecimento e crescimento de um partido populista vai previsivelmente arrastar os outros partidos desse país numa direcção populista”.
    Mas nem todos os académicos têm uma visão negativa do fenómeno. “Há necessidade de populismo na política democrática”, defende Chantal Mouffe, professora de Teoria Política da Universidade de Westminster e viúva de Ernesto Laclau, um dos pais ideológicos do Podemos.
    Numa longa entrevista à revista The European, em Janeiro de 2014, a investigadora defende que “o populismo em si mesmo não é algo mau” e que a democracia precisa de saber responder “às necessidades do povo e de construir uma vontade colectiva”.
    Mouffe vai mais longe, dizendo que o populismo de esquerda pode ser um importante contrapeso ao populismo xenófobo. “Para os populistas de esquerda o adversários do povo não são os imigrantes, mas as grandes corporações e as forças da globalização neoliberal”, salienta. E por isso defende “que o desenvolvimento de um populismo de esquerda é a única forma de combater o crescente sucesso do populismo de direita”.
    Esta visão benigna do fenómeno é contestada pelo politólogo Jan-Werner Müller, que lançou este ano o livro What is populism?. Para este professor de política na Universidade de Princeton, nos EUA, os populistas são sempre “perigosos” para a democracia independentemente de serem de esquerda ou de direita. Por um lado, porque se proclamam como a única voz do povo, atacando e excluindo todos aqueles que contestam as suas posições ou legitimidade, explica num artigo no The Guardian. Por outro, porque ao chegar ao poder os populistas acabam por cometer exactamente “os mesmos pecados políticos” das elites contra as quais se batem. “Os populistas são apenas elites diferentes que tentam agarrar o poder através da fantasia colectiva de uma política pura”, acusa.

  7. Todos os bombardeamentos são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros. Of course! Incluem-se nesta categoria (a dos mais iguais) os bombardeamentos humanitários da nação excepcional, sempre feitos com a melhor e mais nobre das intenções de proteger a humanidade e a civilização. Os pernetas e manetas laocianos que o digam. Bem como os vietnamitas, os cambojanos, os afegãos, os líbios, os iraquianos, os panamianos, os sérvios e mais uma carrada de felizes contemplados mal-agradecidos, que não reconhecem o privilégio com que foram agraciados.

    https://zap.aeiou.pt/medo-reina-pais-mais-bombardeado-538737

    Mas não deixam de ser comoventes informações como esta:

    “Em 2022, o governo dos Estados Unidos destinou 45 milhões de dólares aos trabalhos de deteção e eliminação de explosivos não detonados no Laos.”
    (explosivos por eles próprios, Estados Unidos, “oferecidos”, ou seja, a generosidade é dupla)

    Que os mesmos Estados Unidos, só em apoio militar, já tenham gasto com a Ucrânia, num só ano, 1000 a 1400 vezes mais do que isso (45 a 65 MIL MILHÕES de dólares, conforme as estimativas) não passa de pormenor sem importância, uma daquelas picuinhices a que apenas os maluquinhos do costume dão importância. E claro que também só os maluquinhos acham que, do ponto de vista do império, a coisa não passa de investimento, com ambicionado e gordo retorno a longo prazo, quando a diabólica Moscóvia estiver finalmente reduzida a duas ou três dúzias de obedientes bantustões. E que Portugal faça empalidecer a generosidade americana para com o Laos com 350 milhões de euros para a Ucrânia em 2022/2023, só em apoios financeiros (sem contar com a oferta dos 14 Leopard, mais os seis Kamov e muito mais) também é pormenor que não incomoda ponta de corno os entusiastas da generosa e altruísta missão civilizadora do império do bem.

    https://www.dinheirovivo.pt/economia/nacional/portugal-com-ajuda-prometida-de-350-milhoes-a-ucrania-defende-reflexao-sobre-apoio-futuro-16270863.html

    Enfim, tudo vai acabar bem, no meio de um belíssimo jardim de cogumelos. Há por aí alguém interessado num contador Geiger em segunda mão, mas em bom estado?

  8. Acho que não foram 14 leopardos, mas sim 3, dos 3 ou quatro a que referia, já na qualidade de ministro dos negócios estrangeiros, cravinho, assim se intrometendo na área da colega detentora do cargo de ministra da defesa, enfim feitios e/desejo de protagonismo. Ao todo, teremos uns 17. Li que foram comprados em segunda-mão à Holanda, no âmbito de uma compra total de 34 . Quanto a leopardos, o jardim zoológico de Lisboa é referencia mundial em leopardos da neve, e tratou de um que foi para a Rússia. Putin ficou muito contente e agradecido e uma secretária telefonou mesmo para referir isso e para inquirir qual o nome que sugeriamos para o notável animal. Por mim, pode chamar-se, populistsky ou coisa do género. Sem desprimor para os russos, que, exceptuando o período CCCP, em português, Caras de Caralho Contra Portugal, até têm amizade por nós.

  9. Isso deve ser má informação da imprensa, a SICN também disse que a banca estava a dar 3,5 % pelos depósitos e nenhum banco chega sequer perto disso a minha irmã que trabalhou na banca e disse-me logo que era treta, e confirma-se que não dão. É o marketing bancário que manda essas notícias para atrair papalvos . O observador não sabe o que é um leopard 2 A6, muito menos sabe quantos temos . Tem a certeza que mandou alguém conferir e contá-los ?

  10. LEOPARD 2 A6 EM PANORÂMICA
    Por Miguel Machado • 22 Abr , 2010 • Categoria: 07. TECNOLOGIA Print Print
    Depois de em meados de Janeiro termos passado um Dia no Grupo de Carros de Combate da Brigada Mecanizada, apresentamos hoje com mais algum detalhe, sobretudo visual, o Leopard 2A6, que equipa o Exército Português e damos conta dos últimos desenvolvimentos deste processo.Escolhemos esta ocasião porque hoje, 22 de Abril de 2010, assinala-se o inicio de mais uma fase importante deste processo: a utilização da peça L55 de 120mm, talvez o principal “argumento” do Leopard numa situação de emprego real.
    Adquiridos ao Exército Holandês em “2ª mão”, em estado reconhecidamente muito bom, os blindados Leopard 2A6 foram transferidos para Portugal entre Outubro de 2008 e Dezembro de 2009. Para além de 37 Carros de Combate foi também adquirido um 38º, apelidado de “buggy”, adaptado à instrução de condução, e um “39º em peças”. Ou seja, espera-se com este fornecimento e bem assim como algum outro material diverso (um lote de sobressalentes, ferramentas especiais para casco e torre e manuais técnicos em suporte digital e convencional) manter a operacionalidade das viaturas durante algum tempo sem necessidade de recorrer ao “mercado”.

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