Dominguice

Deus gosta de futebol, porque Ele gosta de toda a criação (está escrito, não há como duvidar). Para este Mundial, Deus tinha um plano evidentemente divinal, com as meias-finais consistindo no Brasil-Argentina e no Portugal-França, a que se seguiria a final perfeita: Argentina-Portugal. A quantidade de narrativas histriónicas para esta sequência de jogos e seus protagonistas superaria o número de átomos no Universo. E ainda teria o supremo encanto da merenda, Ronaldo e Messi a trocarem galhardetes e bacalhaus no desafio que iria decidir qual dos dois seria consagrado como o rival de Deus em chuteiras. O Planeta ficaria unido na maior audiência alguma vez registada e Deus seria louvado por ter criado um Mundial celestial. Assim pensou e fez com que acontecesse até ao minuto 117 do Croácia-Brasil. Foi nessa altura, a 3 minutos de se cumprir o divinal plano, que uma bola chutada por Bruno Petkovik em direcção à baliza do Brasil encontra antes de lá chegar a perna de Marquinhos, ganhando assim um efeito que enganou o guarda-redes por poucos centímetros. Deus ficou tão atarantado com esse golo como os 214 milhões de habitantes de um país onde o futebol é a paixão suprema. E já não teve cabeça para ajudar os de camisola amarela a marcarem as grandes penalidades. Zangado com os deuses que realmente decidem estas coisas da bola, Ele abandonou pouco depois o Qatar em silêncio, invisível.

Moral da história: a omnipotência de Deus não dá para tudo.

7 thoughts on “Dominguice”

  1. !ai! que riso, quer dizer, até eu que não gosto de Deus fiquei a gostar do futebol dos deuses pelas palavras de Reus. isto tudo enquanto acabei de experimentar, pela primeira vez na vida, medronhos no meio da soja com cereais e nozes e canela – essa fruta bonita e gostosa com piquinhos macios, que a minha vizinha Rosinha me trouxe ontem da sua aldeia, uma bacia deles, que entra na boca e se desfaz. adorei, adorei, adorei.

    moral da minha história: Reus é omnipresente e até me faz rir valentemente, em tempos de balões cheiíssimos de água que pesam e cansam enquanto o sangue não desce, com o futebol insuportável. :-)

  2. Aqueles cujo lugar na hierarquia humana é inferior, adoram deuses cujo lugar na hierarquia corresponde à deles.
    a.huxley

  3. aqueles que adoram o Deus da bíblia, e outras invenções literárias, correspondem ao lugar de superior mediocridade humana que vê inferioridade nos deuses que a escreveram.

    Olinda de F.

  4. curioso , o huxley referia-se aos artista contemporâneos dele -sem génio , dizia ele , como fontes donde não brota água ,-adorados quase como deuses. nem sonhava ele com o que se passaria com o desporto profissional.

  5. vá , olinda , medite. o huxley é sábio.

    Porque somos livres nos é possível responder bem ou mal às perguntas da vida. Se
    as respondermos mal, provocaremos nosso próprio desalento. A maior parte das vezes este
    atordoamento tomará formas sutis e não imediatamente discerníveis, como quando nosso
    fracasso na resposta faz impossível que advirtamos as potencialidades superiores de nosso ser.
    Às vezes, pelo contrário, o atordoamento se manifesta no plano físico, e pode envolver não só à
    indivíduos enquanto indivíduos, mas, sociedades inteiras, que se derrubam catastroficamente ou
    se afundam, mais lentamente, na decadência. O dar respostas corretas é recompensado em
    primeiro termo com o desenvolvimento espiritual e o progressivo ensinamento de potencialidades
    latentes e, em segundo lugar (quando as circunstâncias fazem-nas possíveis), com a adição de
    todo o resto ao advertido reino de Deus. O carma existe; mas sua equivalência ao ato e
    adjudicação não é sempre óbvia e material, como ingenuamente imaginavam que devia ser os

  6. O costumeiro sonho português, fala-se muito e não acontece. O presidente da república poupou-nos mais uma ida ao Catar e aos nossos bolsos.
    E isso ninguém nos tira! Haja deus mais o menino jesus nas palhinhas deitado.
    Amen

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