Dominguice

Governar, numa democracia, será a mais complexa tarefa ao alcance da experiência humana — assumindo que os governantes procurem tomar as melhores decisões de acordo com a sua honestidade intelectual. Não é que seja mais intenso, ou desgastante, ser primeiro-ministro do que ser neurocirurgião, general ou astronauta. Até um vendedor de tremoços e pevides poderá dar por si exausto no final do dia (especialmente se não lhe compraram nada). O que confere esse grau superlativo de complexidade à actividade dos políticos é a consciência que eles têm da falta de controlo sobre quase tudo o que lhes é confiado em nome do Estado. O clima, um vírus, a guerra, um taralhouco incendiário, um partido que resolve chumbar o Orçamento, há quintiliões de possibilidades para as coisas irem de mal a pior. À volta desse pré-desespero, as oposições e seus meios de comunicação apelam sem descanso à estupidez da populaça e à pulsão de condenação política, moral e (com sorte) judicial dos cidadãos que se oferecem para governar. A imagem de “sete cães a um osso” é a metáfora perfeita para a violência latente e explícita que as oposições alimentam de forma maníaca.

Num Estado de direito democrático, a fragilidade dos governantes é muito mais perigosa do que a sua força.

15 thoughts on “Dominguice”

  1. adorei, adorei, adorei este pensamento direitinho sobre a determinância das variáveis parasitas naquilo que é governar em uma democracia e no estado de direito da minha Dominguice, lailailai, mas tenho uma pequeninha observação a fazer na linha seis: consciência de que. falta o de.

  2. têm bom remédio : não se ofereçam para governar. eu agradeço imenso que nos deixem fazer em paz , sem favorecer a ou b , desequilibrando tudo e construindo uma sociedade impossível de se viver , sujeita à vontade dos ogres. a crise que estamos a atravessar e que vai piorar é agendada e planeada.
    se a democracia é o governo do povo pelo povo e para o povo , como é que chagámos a esta situação em que perdemos tudo? vão enganar outra , eu tenho olhos de ver. e a confrontação da teoria com o resultado é um exercício desolador.

  3. Val aproveita para escrever as tuas tretas agora antes de ser aprovado o internamento compulsivo. Depois é que vais ver o que é que é governar numa democracia.

  4. Ri-te ri-te quando te obrigarem, à força, a fazer uma coisa que não queres, depois eu quero ver se ainda tens vontade de rir.
    Não abram os olhos que não vale a pena.

  5. numa democracia , estas empresas seriam proibidas de vender roupa em 2ª mão …a hipocrisia capitalista , a vontade de lucro disfarçada de preocupações ambientais..
    estes sacanas viram o sucesso de sites de compra e venda de artigos em 2º mão entre particulares , como o vinted e já querem participação no negócio. abutres. ogres.

    https://www.dn.pt/dinheiro/grandes-cadeias-aderem-ao-negocio-florescente-da-roupa-em-segunda-mao-15346366.html?fbclid=IwAR1wM04IXHZqHqI9MW8iVUB4I0YTwC1m6OO8lqgRXyy1Sk8PRuhuyZwwO2Q

  6. mas claro , o que poderá suceder é o estado proibir a venda entre particulares nesses sites alegando qualquer coisa relativo a higiene e segurança dos consumidores…e deixando o negócio todinho para para os seus donos ogres

  7. Do post: “À volta desse pré-desespero, as oposições e seus meios de comunicação apelam sem descanso à estupidez da populaça e à pulsão de condenação política, moral e (com sorte) judicial dos cidadãos que se oferecem para governar. A imagem de “sete cães a um osso” é a metáfora perfeita para a violência latente e explícita que as oposições alimentam de forma maníaca.”

    No presente, “as oposições” que por cá temos são realmente uma merda, sim senhor. Mas quando falas em “governar, numa democracia (…), assumindo que os governantes procurem tomar as melhores decisões de acordo com a sua honestidade intelectual”, e te referes, em seguida, ao “grau superlativo de complexidade à actividade dos políticos”, estás a generalizar o modo de funcionamento das democracias (e das oposições), e não apenas no presente. Assumes “os governantes” tomando sempre “as melhores decisões de acordo com a sua honestidade intelectual”, por um lado, e nas oposições vês apenas “sete cães a um osso” que “apelam sem descanso à estupidez da populaça e à pulsão de condenação política, moral e (com sorte) judicial”, alimentando a “violência latente e explícita (…) de forma maníaca”. Meu, se a democracia é sempre assim, se é essa coisa congenitamente defeituosa que nela vês (e não é a primeira vez), em que governantes bem-intencionados se vêem sistematicamente impedidos de trabalhar pelo bem do povo pelos “cães” da oposição, o que sugeres? Devemos aboli-la? O gajo do Creme Lin pegou-te a sarna, pá? Estás armado em putinista?

  8. Joaquim Camacho, a função da oposição deverá ser acrescentar valor para a melhoria contínua e não tentar aniquilar governantes propagando o ódio para chegar ao poder. esteja caladinho ou leva no focinho. !ai! que riso

  9. olinda , a função da oposição na democracia instrumentalizada pelos políticos profissionais é tentar chegar ao poder e enriquecer. a menina tem de olhar para o que acontece …o seu imaginário não corresponde nadinha à realidade. alimentaram-na com mitos tipo “os políticos oferecem-se para governar porque amam o povo e querem o seu melhor” , mas o que acontece é que os políticos ,quase todos, têm um projecto de poder e enriquecimento pessoal , o que se prova facilmente com factos reais.
    a avaliação tem de se fazer na realidade , não na teoria.

  10. Exatissimamente

    https://estatuadesal.com/2022/11/12/do-perigo-de-pensar-e-de-ler-os-tempos/

    “Vivemos no Ocidente tempos de censores, de impostores e de impositores de pensamento único. Pensar voltou a ser um perigo também na Europa e nas Américas, tanto ou quase quanto em África ou na Ásia, uma ameaça à ordem, uma heresia mesmo nas sociedades com regimes ditos democráticos. A atitude mais benigna da nova censura surge nas empresas que gerem as grandes redes sociais: “o seu pensar ofende os padrões da nossa comunidade”. É o início: censura.”

  11. yo, generalizar não é mesmo preciso na teoria – por fulanizar fica a cheirar a calúnia

    jp: !viva! Musk, esse fulano carregado de cultura organizacional que ofende os padrões quadrados da nossa comunidade

  12. Pobre Valupi, estás entregue aos bichos! Com advogados de defesa como a bimba burra, quem precisa de causídico para argumentar pela acusação? E nada podes fazer para lho explicar, pá, o QI de amiba não dá para mais.

  13. socorro, o Joaquim Camacho não gosta de bichos, bato três vezes com o martelo na mesa: vá-se encher de moscas imediatamente e está encerrada a sessão. !ai! que riso

  14. o pensamento colectivo ou consciência colectiva só existiu enquanto as pessoas foram muito “iguais” , os indivíduos pouco variavam entre si em questões de valores ou até de hábitos. sendo que a religião nisso tinha um papel importante. tudo isso mudou com a diferenciação das pessoas a partir da divisão social do trabalho. passamos de uma solidariedade mecânica a uma orgânica. durkheim explica. praticamente já não há consciência colectiva , como é óbvio , na sociedade do individualismo. aqui é melhor pegar no boudon para explicar a acção humana : individualismo metodológico.

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