Dominguice

Nos anos 70, numa aldeia do Ribatejo, vi um familiar a preparar-se para sair à noite. Teria vinte e poucos anos e ia com uns amigos para os cafés da região, talvez para alguma festa popular. Eu ia para a cama cedo, criança que era. Mas nunca mais me esqueci de vê-lo prender uma faca de mato a uma perna, ficando coberta pela calça. A naturalidade e descontracção do episódio, a que se juntava a normalidade da pessoa em questão (emigrante de férias em Portugal), levaram-me a concluir, muitos anos mais tarde, que aquele procedimento era usual — naquele tempo, naqueles lugares. Se viajarmos para o passado, não encontraremos menos facas e facadas na noite portuguesa. Quão mais se for nessa direcção, mais cresce a insegurança nas ruas e locais de consumo de álcool ou meros ajuntamentos.

Hoje, todos temos câmaras de fotografar e filmar prontas a disparar. É uma poderosa arma contra as facadas e demais violências físicas, embora crie a impressão contrária.

9 thoughts on “Dominguice”

  1. o filho mais velho da minha chefe, a chefe que cada vez mais é menos má, talvez tenha de fingir, entrou na faculdade e começou a sair de noite. decidiu ir com um amigo a pé, infringindo as regras dos pais que lhe ordenaram sempre uber, de um bar a outro que ficava na periferia da invicta. foram assaltados. ele levou uma coça e caçaram-lhe o relógio caro mas o amigo, depois passaram para o amigo, fez-lhe sinais com os olhos e fingiu estar a ter um ataque enquanto ele começou a filmar com o telemóvel. assustados, os assaltantes fugiram.

  2. este faz o pino para dar a entender que os emigrantes não representam perigo algum. e talvez não , apesar de desmembrarem tipos e deixarem os bocados poer aí,

    histórias da vida pessoal dizem nada , as taxas de criminalidade e homicídios é que dizem,

  3. porque a história pode ser interpretada assim : coitado do V. , está tudo explicado , provem de uma família de homicidas e bandidos.

  4. O Ribatejo profundo e a sua tradição em facadas! Foi sempre o pão nosso de cada dia. A cutelaria esteve para ser proibida, tal era o numero de vitimas de alegadas armas brancas.

  5. achas ? eu também li o Aquilino e o Torga . adorei o “senhor Ventura “. e também sei o que é um marialva e bulhas de feira.
    é mais , quando ia ao green hill não havia fim de semana em que os meus amigos não se metessem em porrada.. a rivalidade com os de santarém era histórica. típico de miúdos. e isto nada tem a ver com violência criminal , marialvice e nada mais.

  6. eu também conheci o torga e o aquilino no green hill e nunca te vi por lá. deves ter frequentado aquilo numa fase posterior, depois da morte do torga, quando começaram a vender pão com xóriço e branca de neve sem fermento.

  7. no meu tempo o senhor beja que era o porteiro e a dona filomena, a patroa, fiscalizava quem entrava quem podia entrar.

  8. a mena está nos states , o ex marido , o luís romão , morreu. o beja já não sei dele.
    de qualquer maneira , eu passava mais tempo no café Tabaco , na vila , do jorge e da cila , que depois se passaram para o solar da paz . mas o Tabaco é que era , green hill só depois das 4 da manhã. -:) -:)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *