Nos anos 80, numa escola secundária, convidaram-me para fazer parte de uma lista para a associação de estudantes. Era a lista M, porque o activista dela pertencia à Juventude Monárquica. Para mim, e para o meu colega parceiro de estróina também convidado, a ligação ao PPM aparecia como um acidente folclórico completamente irrelevante. Aceitámos porque éramos putos e aquilo prometia cegada da boa. Tínhamos uma palavra de ordem nos materiais de campanha: “Mudar”, pois claro. Depois, quando entrei na faculdade, fui de novo convidado para pertencer a uma lista para a associação de estudantes. Já não era a lista M nem o activista tinha qualquer relação com reis e barões, mas a palavra de ordem foi a mesma: “Mudar”, pois eram outros que ocupavam o poleiro. Alguns anos depois, nessa mesma faculdade, um professor (o qual viria ter uma frustrada passagem pela política partidária) explicou-me que isto do “mudar”, da “mudança”, não era coisa boa. E dava como exemplo a Modernidade, período que ele lamentava dolorosamente tantas as mudanças impostas, quase sempre para pior no que mais lhe importava. Sim, este professor era um conservador ilustrado.
Mudar pode ser um apelo que faça todo o sentido. Mas quando o faz não é pelo lado da mudança, é por fazer sentido. Pelo sentido os conhecereis, pelo sentido é que vamos.
baldou-se ao congresso do chega por causa das bocas, mas mandou telegrama de parabéns.
https://www.presidencia.pt/atualidade/toda-a-atualidade/2024/03/mensagem-do-presidente-da-republica-ao-congresso-do-ministerio-publico/
Valupi
A propósito da sigla “M-Mudar” das listas que foi convidado a integrar para a associação de estudantes e faculdade, vá lá saber-se porquê lembrei-me dos idos anos de 1974-1975, em que Durão Barroso, então líder do MRPP na Faculdade de Direito de Lisboa carregou os móveis da direcção da Faculdade para uma carrinha e os levou em nome do proletariado para a sede do MRPP, onde acabou por ser devidamente censurado pelo furto por Arnaldo de Matos que o mandou devolver à sua proveniência.
A partir daí, DB sempre manifestou uma dedicação contínua ao ramo das mudanças, não já do mobiliário, mas da política, em que se mudou da militância maoísta a primeiro-ministro de um governo PSD/CDS, fugindo deste para, cúmplice da invasão do Iraque na triste cimeira dos Açores, assumir a presidência da Comissão Europeia e saltando desta directamente, sem período de nojo e sem vergonha, para chairman da Goldman Sachs.
Enfim, é este mesmo DB reconvertido há muitos anos às virtudes da alta finança, que agora tem a lata de afirmar que “Pedro Nuno é o socialista mais esquerdista de sempre em Portugal e de ser imaturo”!
Mas não foi este DB que foi passado a lobista pelo presidente seguinte da UE ( J C Juncker) ?
Isto sim, é que é fazer de “indecente e á figura”
https://zap.aeiou.pt/durao-passou-lobista-na-ce-pensao-vitalicia-18-mil-euros-129553
Se Mudar é permanente, então, é uma Permanência.
Logo, permanecer e mudar são iguais.
Essa discussão remonta a Heraclito e Parménides.
Mudar de AntónioCosta para PedroNunoSantos é mudar de cavalo para burro.
Alguns dos que beneficiaram da mudança do regime em Portugal e cantaram na rua a “Grandola Vila Morena”, passaram pouco tempo depois a esconjurar as mudanças/ ruturas políticas, de 1789 até aos nossos dias. Os neoconservadores passaram a ser piores que os verdadeiros conservadores. Fugir deles, na Universidade ou das páginas dos jornais onde fazem política sob a capa de “independentes”.