Dominguice

Uma chave da interpretação e compreensão do que preenche o bestunto de Marcelo Rebelo de Sousa está na sua relação pública com a Igreja Católica. Dele se diz que, antes de ser Presidente da República, ia à missa várias vezes ao longo da semana. Em 1996, logo após ter sido eleito presidente do PSD, foi apresentar cumprimentos ao cardeal-patriarca de Lisboa. Semanas depois, estava a fazer coro com o bispo Maurílio Gouveia na condenação de Herman José por ter criado uma rábula humorística da “última ceia de Cristo”. Acabado de entrar no Palácio de Belém, a sua primeira visita oficial foi ao Vaticano. Em 2019, no Panamá, para onde tinha ido participar na Jornada Mundial da Juventude, gravou-se em vídeo a celebrar a escolha de Lisboa para o encontro seguinte das juventudes católicas de todo o mundo. O episódio, por causa do seu desvario emocional, foi simultaneamente aberrante e patético. Em Outubro de 2022, em cima da descoberta do que tinha sido encoberto pela Igreja Católica em Portugal relativamente aos abusos sexuais, teve a inacreditável estultícia de dizer que 424 casos não parecia “um número particularmente elevado”. Para além disto, na sua presença mediática de décadas como o mais popular comentador político da terrinha, não se lhe conhece qualquer laivo de exemplo ético ou misericordioso, de espiritualidade ou sapiência, que possamos relacionar com o legado histórico, intelectual ou meramente cultural da tradição cristã. Bem ao contrário.

Totalmente ao contrário. O seu sucesso como actor da política mediática, da política partidária e da política-espectáculo teve sempre na hipocrisia, no cinismo e na mentira a fórmula e a energia. Hipocrisia, cinismo e mentiras que a sociedade acolheu, acarinhou e celebrou. Era o nosso Marcelo, pilhéria sofisticada com bronzeado de Cascais, engraçadíssimo e cheio de graça. Da TV aos domingos para a TV todo o santo dia, Marcelo continuou a ser igual a si próprio. Populismo em versão popular e degradação institucional foi o que se seguiu, levando um primeiro-ministro exasperado a denunciá-lo como violador do sigilo protocolar a que estava obrigado pelo seu juramento e pela mera decência. E pior, a verbosidade incontinente e o presidencialismo irracionalizante a consumirem o segundo mandato. O que nos leva à seguinte inferência: às tantas, o catolicismo de Marcelo reduz-se à pulsão para o abuso.

23 thoughts on “Dominguice”

  1. Mas nesses mesmos claustros da igreja católica (nas famosas “Reuniões do Rato”, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, situada no Largo do Rato em Lisboa, ali paredes-meias com a sede do PS) não foi o sítio onde Marcelo e Guterres fervilharam a sua militância convicta?
    Não são os mesmos claustros onde Ventura aprendeu?
    E nos claustros da Univ.Católica, não foi onde Cavaco, Durão, Moedas, e outros também aprenderam o que sabem e fazem?

    Mas no outro lado, no lado profano da Vida – nos ‘parques mayer’, nas ‘revistas populares’, e nos ‘elefantes brancos’ da Vida – não foram também os claustros onde os outros aprenderam o que sabem e fazem?

    Por mais que queiramos, todas as coisas nesta condição a que chamamos “Humanidade”, são sempre a mesma prisão e o mesmo limite de sermos e fazermos.
    Só aquilo Que Há-Vir, quando morrermos e deixarmos de estar cá a empedernir a Natureza, poderá ser outra coisa.
    A única coisa que resta, para nos deleitar, são os resultados das (sempre) próximas eleições. Como de uma cenoura em frente aos olhos da ilusão. Como se fossemos diferentes umas dos outros. E o dia de amanhã, do de ontem, e do de hoje.
    A flores que se abrem em botão são diferentes todos os anos, mas a semente é a mesma de sempre. Por mais nascimentos que ocorram, e réplicas que se propaguem, é sempre a mesma humanidade-em-coisa.

    O mais engraçado da questão é, nesse mesmo Largo do Rato, estarem também a Sinagoga e a Procuradoria da República.

  2. Valupi, Marcelo será recordado por uma frase de Tino de Rans (sim, é mesmo este que faz toda a cararcterização de Marcelo): “Marcelo apalhaçou o cargo de presidente”. Portanto, Marcelo merece e é só digno de uma frase de Tino de Rans. O caso da cunha é a coisa mais grave e nojenta que já assisti. O filho do Marcelo devia ir preso (digo-o no sentido literal) por instrumentalizar os votos dos portugueses de modo que ele se posso apresentar como “filho do presidente”. Ninguém votou no Marcelo para que o filho pudesse apresentar-se assim. No entanto ele desvirtua a ação dos portugueses para beneficio próprio e acho sinceramente isso criminoso. Acho sinceramente que há matéria para processar esse imbecil. Marcelo é um grandíssimo nojento

  3. Valupi: Ainda dentro dos preceitos católicos, dormirá mais ou menos tranquilo, pois a confissão tudo lava e ele irá para o céu.

  4. Presidentes de papelão, Reis quixotes e Rainhas carpideiras.

    Votar para quê?
    Isto não passou a ser uma região europeia?
    Quem manda na economia (dinheiro, taxas de juro, orçamentos, etc.) e na estratégia é o pequeno grupo que comanda a “União Europeia”.
    Aqui passou-se a votar apenas nos Administradores dessa região europeia. A estratégia, a economia, as ideologias, e as ideias são decididas fora daqui.
    Aqui são só súbditos e súbditas desse Poder unionista, desse pequeno grupo que manda na “UniãoEuropeia”.
    Aqui deixou-se de votar numa soberania, numa nação, ou numa ideia singular de mundo e de futuro. Aqui, agora, são só paus-mandados e galinhas-de-cacarejo.
    Votar em Administradores da nossa própria submissão, em vez de Decisores de Portugal e da nossa liberdade? Para quê?
    Para fazerem uma nova Gerigonça, agora, de sinal contrário?
    Outra vez?

  5. Penélope, é isso, a confissão lava mais branco. Mas desconfio que ele nem aos padres confessa. Suspeito que a motivação principal que o puxa para as missas é o espectáculo da liturgia. Ele deve ficar encantado com o que aqueles tipos conseguem continuar a repetir após 2000 mil anos de escândalos e crimes, como se não fosse nada com eles.

  6. não se esqueçam de trabalhar afincadamente para a eleição do Dr. Pedro Nuno Santos para que venha a ser 1º Ministro de Portugal com uma maioria ABSOLUTISSIMA com o Costa ou o Guterres em presidente ( verdade, verdade Eu preferia o único engenheiro na eleição de alcochete a aerio) para o bem de Portugal e o mal dos direitortos que andam que nem tóinos perdidos, nem as pipis e as bétinhas os podem salvar. abaixo a ABSTENÇÃO que eles tanto anseiam porque só com uma grande ABSTENÇÃO tem alguma hipótese. são os reis do vácuo, estão irremerdiavelmente F…improglugluglunungluglugluciágluglugluvel e viva o primeiro pai do aerio de alcochete, os direitortos tão a ter alguma dificuldade em deixar penetrar a ponteira da raboscopia.

  7. O Marcelo é um fascistóide, nunca deixou de o ser. Volto a insistir. O PPD foi o seu esconderijo, dele e de muitos, muitos. O CDS é que era para ser o partido democrático da direita, mas foi barricado por Sá Carneiro. O Freitas do Amaral, Amaro da Costa, Basílio Horta, entre outros, é que quiseram fundar o partido de direita para a democracia portuguesa. Ninguém aprofunda este tema. O PSD, se abocanha o poder com o chega é para 50 anos.
    ——
    Já viram a coragem do Sindicato dos jornalistas? Marcou uma greve de UMA (1) HORA para o dia 6 de Janeiro. E com que objetivo?!

    “Uma forma de assinalar esta luta [no JN] e demonstrar que os jornalistas estão atentos aos grandes desafios do setor.”

    Participaram no golpe de Estado. Hipócritas. Malandros. Cobardes.
    (Refiro-me aos membros do Sindicato. Para já)

  8. O PS ganha, e a Esquerda perde.
    Vai ser este o resultado em 10 março 2024.
    Falta saber, ao nível de Deputados/as, quantos ficam para cada lado.
    Está escrito nas estrelas.
    Não há geringonça humana que altere esta decisão antecipada da Natureza.
    É o determinismo das coisas como são.

  9. E umas propostas para o assador da Política?
    Cá vai uma:
    – O Político que conseguisse convencer o eleitorado de que o protegia das «minorias» ganhava as eleições com «maioria absoluta».

  10. E esta hem?!
    “Quando um país não tem a sua própria base, não tem a sua própria ideologia, não tem a sua própria indústria, não tem o seu próprio dinheiro, não tem nada próprio, então, esse país não tem futuro. E nós temos” (V. Putin, 10/12/2023).
    E se isto fosse dito por um qualquer candidato a Presidente aqui?
    E se esta fosse a situação de Portugal?

  11. “Quando um país não tem a sua própria base, não tem a sua própria ideologia, não tem a sua própria indústria, não tem o seu próprio dinheiro, não tem nada próprio, então, esse país não tem futuro. E nós temos”

    só asneiras. a rússia é o que sobra duma federação de bases que faliu, teve uma ideologia imposta que se converteu ao oposto daquilo que defendia, não tem indústria, vive da exportação de inertes e combustíveis fosseis, tem rublos que não valem um caralho e pagam em dollars ou euros o que importam. tudo o que tem de próprio não presta e o que tem de bom é importado do ocidente.

  12. “O Político que conseguisse convencer o eleitorado de que o protegia das «minorias» ganhava as eleições com «maioria absoluta».”

    já existe há bués, é aquilo que acontece quando um político ou partido ganham por maioria absoluta. as coisas que tu inventas já o avô do do zéluisrenault patenteou à séculos.

  13. pelo menos uma indústria tem, a do armamento….e de extração de metais, carvão e gás. e de metais acabados. e de veículos , como tanques -:) e são mesmo dela.

  14. “Tudo ao contrário” és grande néscio!!! A Rússia já derrotou o império. África já foi!A Venezuela já começou na América do Sul. Auto-suficiente, maior poder militar, maior riqueza em matérias primas, 250 mil engenheiros por ano. Em plena guerra com todo o ocidente vai crescer 3,5%, este vai entrar em recessão. Acordai néscios!!!

  15. ainda bem que não lhe emprestam mais, impedimentos ao endividamento são muito bem vindos. a liberdade da Rússia não depende do humor do “mercado” e investidores narigudos. abençoado rating.

  16. “Em plena guerra com todo o ocidente vai crescer 3,5%, este vai entrar em recessão.”

    o putin anúncia 3,5%, a tass propagandeia 3,0% sobre previsão de 2,8% do ministro economia russa.
    o fmi prevê 2,1% e o observador traduz a coisa para 0,3%.

    Russian Finance Minister Anton Siluanov said in early November that the Russian economy would grow by 2.8% in 2023
    https://tass.com/economy/1704397?utm_source=google.com&utm_medium=organic&utm_campaign=google.com&utm_referrer=google.com

  17. a assessora espiritual do mula russa entrou de turno enquanto o mestre prepara mais uns lençóis místicos sobre a problemática do há-de-se-vir.

  18. Estamos no Inverno, e a casa está gelada. O forno não tem combustível para produzir aço. Um médico sabe como há-de operar um doente. Estamos no deserto, e não temos água para beber.

    Eu tenho um barril de dinheiro (euros, dollars, ou ouro), tu tens o carvão que me aquece. Eu tenho um barril de dinheiro, tu tens o petróleo e gás que me acende o forno. Eu tenho um barril de dinheiro, tu sabes operar um doente. Eu tenho um barril de dinheiro, tu tens a água que eu necessito de beber…

    Quem estabelece o valor (eu ou tu)? Quem faz o rating (eu ou tu)?

    A decisão do ‘rating’ das coisas, a decisão abstracta de ‘aquilo que vale o quê em dinheiro’, a hierarquização do valor das coisas do mundo, etc.. é um acto político de violência sobre os outros com quem necessitamos de trocar e cooperar. É Política (no sentido de que é, sempre, um exercício de Poder).

    Não é por acaso que, para haver os ‘ratings’ (a decisão do valor das trocas e do dinheiro), durante toda a história humana, os impérios colocavam os seus exércitos nos lugares de troca, e os seus barcos de guerra na enseada dos portos dos outros com queriam trocar.

    O único verdadeiro Desenvolvimento (aquele que de facto nos conduz à Liberdade) é conquistar a auto-suficiência (a soberania, a independência). E não aquele que é feito pela conquista e exploração daquilo que não é nosso. Ou pela ilusão de alianças Unionistas com os outros, na esperança de que nos vêm salvar quando necessitarmos.

    Putin tem razão.
    Se não tivesse, a Nato e os EUA já tinham a esta hora fragmentado a Rússia e entrado na Ucrânia.

    O ‘resultado’ de quem não é capaz de ser auto-suficiente (livre, soberano e independente) é a destruição que lhe cai em cima, como vemos na Ucrânia e em Gaza.

    Eu tenho um barril de dinheiro (em euros, dollars ou ouro). Tu tens aquilo de que eu necessito para viver.
    Quem faz o rating, tu ou eu?
    O que falta aqui, para Presidente, não será um Putin?

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