Dia Mundial da Liberdade de Imprensa – Caso prático

O caso de Manuel Pinho, divulgado esta semana, em que o antigo ministro da Economia foi acusado de receber avultados pagamentos do BES através de offshores enquanto estava no Governo não podia ser mais oportuno para os justiceiros – e a prova de que tinham razão [...]

Vicente Jorge Silva

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Como regista o Vicente, a publicação de informações sobre Manuel Pinho no auge do protesto contra os crimes cometidos pela SIC e CM ao passarem vídeos de interrogatórios teve um duplo objectivo: abafar o escândalo e validar a violência e o crime cometidos pelos jornalistas e empresas que representam. Essas informações não foram descobertas por coincidência nesta altura, alguém as tinha guardadas e achou que esta era uma situação em que seriam valiosas para a sua agenda política.

Há uma história por contar que talvez nunca venha a ser contada, a começar por não haver quem para tal. É a história da estratégia de comunicação da Procuradoria-Geral da República ao gerir as informações que possui, as suspeitas que se podem construir com elas e o calendário do vazamento das calúnias (que é a sua tipologia final na imprensa, se é que não é logo na fonte da Justiça que as prepara) de forma a fazer do espaço público um palco de batalha decisivo para o condicionamento político e judicial do processo da condenação de Sócrates e quem mais conseguirem apanhar de forma a agravar a sua pena. Para os órgãos de comunicação social cúmplices, as vantagens são variadas e óbvias.

Se ao menos tivéssemos um poderoso grupo de comunicação social como propriedade do militante número 1 do PS, ou um grupo de comunicação social especialista em tabloidismo e perseguição ao PSD, ou um jornal de um empresário em modo de vingança contra um político de direita ou algum magistrado, entre outros notáveis exemplos que preenchem a paisagem mediática. Mas népias. Talvez se convença uns putos do Secundário a fazer um trabalho sobre o assunto onde eles mostrem se a liberdade de imprensa deve servir para destruir as liberdades individuais.

12 thoughts on “Dia Mundial da Liberdade de Imprensa – Caso prático”

  1. O caso de Manuel Pinho é mais um episódio de um dos desposrtos favoritos da sociedade portuguesa: o tiro ao politico. Se o gajo vem das j’s e nunca fez nada na vida profissional além da politica, é um oportunista; se vem do mundo empresarial, é um ponta de lança de interesses obscuros. E andamos nisto. Curioso que certas categorias de politicos, como os professores ( segundo grupo profissional na AR ) passe sempre entre os pingos desta barragem mediática. Por exemplo: não vejo ninguém nos média questionar qual terá sido o papel dos parlamentares -professores na aprovação das novas regras para os concursos/ mobilidade docente. Um ministro decidir sobre matérias ligadas ao sector onde trabalhou ou vai trabalhar, é suspeito; os professores fazerem-no em causa própria, não. Interessante!

  2. Estava mesmo a acabar uma interpelação ao Valupi sobre o tema. Posto que aqui fica. Desde já com os meus agradecimentos.

    Valupi,

    Não nos queres dizer nada sobre este ataque súbito de vergonha do PS? Sim, porque afinal não foi só do almoço do César. Com dois protagonistas podemos pensar numa acção concertada. Com o patrão fora, no Canadá. E que é antes de mais um grande acto de hipocrisia. Se se vier a provar?! Então se ainda não se provou nada – como ontem ou no mês passado – para quê tanta vergonha agora. Para amanhã, caso nunca se prove nada virem lembrar o se? Então porque não continuar a deixar a Justiça trabalhar? Independentemente até de todos os ataques à margem da lei contra os arguidos.

    Foi por causa do caso mais recente a envolver outro ex-Ministro da Republica? Até há pouco tempo alguém com um enorme prestígio internacional e a quem o país devia uma grande obra na área da energia. Também é desta forma que se devem tratar ou investigar os cidadãos? Ou estaremos perante mais um caso claro de abuso de autoridade com cúmplices nos media?

    Da minha parte mais uma vez não faço a mínima ideia sobre inocentes ou culpados. Nada. Mas a partir do momento em que sempre soube que muitos membros de vários governos – que nunca se sabe quanto tempo duram – por uma razão ou outra, sempre continuaram a receber da última entidade patronal, lá voltamos nós aos juízos morais. Se calhar são menos susceptíveis de ser corrompidos aqueles Deputados da Nação que nunca tiveram onde cair mortos fora da política. Cheios de esquemas de despesas para deslocações. E almoços.

  3. Li agora aqui ao lado no “Da Literatura” que o Galamba se referiu a Sócrates dizendo que “Sócrates envergonha qualquer socialista”.
    Pita não se refere onde e como ele se pronunciou desta maneira e ainda quero crer que terá sido algo treslido, truncado ou descontextualizado por algum pasquim para forçar aquela manchete. Não sei.
    Contudo, depois do caso Pinho, nota-se o afrouxamento, sim afrrouxamento de “frouxo” no sentido mesmo como se dizia daqueles que se iam abaixo e “cantavam” tudo o que os pides queriam saber.
    Parece que a táctica do MP mais os seus cúmplices nos media estão levando a melhor sobre a estratégia a longo prazo de Costa. O medo dos frouxos internos já leva a que os vingativos, estilo Ana Gomes que se faz velha e não consegue ser ministra, proponham uma retractação pública do partido apenas com base na opinião publicada e sem ainda haver qualquer julgamento.
    O frouxo, o que não aguenta o menor aperto dos carrascos-acusadores é do piorio pois “cantam” o que sabem e o que não sabem destruindo tudo e todos das suas relações pessoais e sociais.
    Costa escolheu a estratégia de deixar o MP enredado longo tempo sem provas que por fim não levaria a qualquer acusação ou a um julgamento tão dilatado que ficaria fora do tempo. Mas o MP conta com os aliados de toda a imprensa e vai lançando selectivamente casos à volta de Sócrates que alimentam periodicamente e em tempo útil a ideia de um PS de corruptos enquanto arquivam os casos gritantes do PSD como no caso Tecnoforma levantado pela UE e que Vidal disse ir abrir inquérito e esqueceu-se.
    Não sei se Costa vai dar um soco na mesa e atacar esta “justiça” e isso, parece-me, é o que o MP quer para logo de seguida o jornalismo tratante amigo teorizar sobre a não razão do PS por rebelar-se contra a justiça e o “Estado de Direito”, ou vai aguardando o julgamento e alguma oportunidade para mexer na dita justiça.
    Sei bem é da falta que Mário Soares faz ao PS neste momento. A velha raposa bem se apercebeu imediatamente que deixar arrastar o caso e não o atacar no ovo era deixar crescer a serpente venenosa que mais tarde ou mais cedo iria atacar, morder e envenenar o partido.

  4. Neves,

    As declarações do Galamba ( tal como do Cesar, de resto ) estão descontextualizadas e marteladas pela edição. Vá ouvir o original e percebe logo isso. A manha é antiga: lança-se uma pergunta hipotética e interpreta-se a resposta condicional como taxativa. Truque básico. E mais um bom exemplo prático da “liberdade de imprensa” que temos.

  5. É inegável que o PS deixou cair a presunção de inocência, que era uma questão estrutural do discurso de qualquer dirigente ou secretário geral do partido. É uma questão da cultura do PS e tem a ver com a coragem civica de quem o fundou, servia para defender o estado de direito não interessando a cor politica ou ideologia de quem sofresse esse ataque. Triste.

  6. O objectivo da campanha é ligar o PS à corrupção. Vêm aí eleições. Há que correr com a esquerda! Mas desta vez não se safam.
    Aposto que o julgamento do Sócrates, vai ser marcado para dois ou três meses antes das eleições.

  7. Pinho já está a arder em lume brando mas o Mexia ainda mexe.
    Sócrates já foi preso, Macedo aguarda em liberdade, Universidade Moderna, Submarinos e Tecnoforma arquivados, o Oliveira do BPN pode dar azeitona ao ar livre.
    A justiça pode até ser cega mas daltónica é que não é.
    Conhece bem as cores de cada qual.

  8. Mais um caso prático da liberdade de imprensa:

    Declarações de António Costa:

    “Se essas ilegalidades se vierem a confirmar, serão certamente uma desonra para a nossa democracia. Mas se não se vierem a confirmar é a demonstração que o nosso sistema de justiça funciona”, respondeu António Costa.

    Tradução da LUSA:

    O primeiro-ministro afirmou esta quinta-feira que em Portugal ninguém está acima da lei e que, “a confirmarem-se” as suspeitas de corrupção nas políticas de energia por membros do Governo de José Sócrates, será “uma desonra para a democracia”.

    Descubra as diferenças.

  9. Ainda não li nem ouvi que nenhum responsável socialista tenha dado como certo que Sócrates ou Pinho são culpados…
    Nem o podiam ter feito,visto que o caso do primeiro está em Tribunal e o caso do ex-ministro Pinho nem em Tribunal está!
    Seria de um priapismo fulminante saber já a sentença dos dois casos. Sempre haveria uma vontade enorme de os vêr condenados.
    Deixemos o condicional para os especuladores, tentemos ser terra a terra e não emprenhemos pelos ouvidos. Os machos e as fêmeas reprodutoras das supostas más notícias que continuem a fornicar e a parir e gozemos com os abortos que geram…

  10. O silogismo da recente declaração do Yogi Costa significa que deve andar numa de Cowboy Junkies. Eheh

  11. Edward John Smith, melodias de sempre.

    «Pouco tempo depois Valupi começou a compreender a enormidade do que estava prestes a ocorrer, já que não havia botes para todos abordo e a tripulação não tinha a menor experiência em evacuações de emergência. Ele aparentemente ficou paralisado pela indecisão. O capitão não deu nenhuma ordem para evacuação, não disse para seus oficiais preencherem os botes, não organizou a tripulação e negligenciou informações cruciais, algumas vezes dando ordens ambíguas ou impraticáveis.», porra!

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