Desvendando um dos maiores enigmas da política portuguesa

Então, parece que foi assim. Algures em finais de 2008, ou princípios de 2009, Sócrates decidiu que ia levar o País à bancarrota através do aumento da dívida pública. Enquanto pudesse, tudo faria e deixaria de fazer só para aumentá-la. Entretanto, de forma a garantir que esse processo fosse imparável e fulminante, já tinha tomado de assalto o BCP, nacionalizado o BPN só para sacar os ficheiros das negociatas de Cavaco com os seus vizinhos, e preparava-se para obrigar a PT a comprar a TVI de modo a conseguir despedir o casal Moniz e varrer para sempre o Freeport da memória dos portugueses. Sim, também trataria de meter no bolso a Ongoing (aliás, o que é a Ongoing?…) para que esta minasse por dentro o império Balsemão e ainda teria tempo para abarbatar o grupo Oliveira (DN, TSF, Jornal de Notícias). Estando a RTP totalmente dominada pelo tal Gabinete cheio de agentes secretos, se este plano vingasse teríamos mil anos de socratismo. Pelo menos.

Foram muitos e valentes os que denunciaram o golpe. Alguns são hoje ministros, outros secretários de Estado, muitos mais assessores e consultores do competentíssimo e honestíssimo Governo que nos está a salvar. Gente séria, mas daquela da melhor qualidade, como se comprova pelo facto de serem atentos e disciplinados leitores do Correio da Manhã. Contudo, nunca falaram dos swaps no passado. Ora, é sabido que Sócrates utilizou os swaps para esconder, enganar e perverter. Isso é sabido, está demonstrado pelo cheiro a enxofre que emana dos socráticos. Mas como explicar o silêncio da gente séria, tendo em conta que os socialistas começaram logo em 2005 a roubar e a destruir à swapada o belo Portugal e ninguém nos avisou mais cedo? É um dos maiores enigmas dos últimos cem ou duzentos anos.

A chave pode estar em Joaquim Pais Jorge, a confirmar-se a notícia de que este nosso amigo tentou, ingloriamente, vender swaps manhosos a Sócrates. Fica evidente que este nosso amigo, actual secretário de Estado do Tesouro, não tem culpa nenhuma. De nada. Pois se ele nem conseguiu vender a coisa ao outro, de que pode ser acusado? Não. O que este episódio comprova é a tomada de conhecimento por parte de Sócrates da existência destas trafulhices, e isto logo em Julho de 2005. É muito fácil agora reconstruir o trajecto de mais esta vilania. Sócrates ouviu o competentíssimo e honestíssimo Joaquim, deixou-o de mãos a abanar, despediu-se com os seus modos arrogantes e tratou logo de reunir os agentes secretos no Gabinete. Aquilo era uma mina! Juntando-se às PPP, às linhas de TGV e aos aeroportos em cada freguesia, a dívida pública em Portugal nem com todo o dinheiro da China por cima do ouro da África do Sul e do petróleo da Arábia Saudita conseguiria ser paga. Faltava só o quê? Uma máquina do tempo, claro. Óbvio. Porque a ideia era tão boa que começá-la em 2005 era já começar tarde. O que dava jeito era conseguir recuar dois ou três anos e dar fogo à peça a partir daí. E, se bem o pensaram, melhor o fizeram. Como, eis um segredo a que apenas os socráticos e o Pacheco Pereira têm acesso.

Conclusão: a gente séria que andou a vender e celebrar contratos swap nos últimos 10 anos não tinha qualquer possibilidade de denunciar o escândalo porque estava sob ameaça da máquina do tempo construída no Gabinete – quem abrisse a boca, corria o risco de ser enviado para o Cretáceo Inferior sem telemóvel nem ajudas de custo. Calaram-se, é humano. Até que chegou Abril deste ano. Porque só agora foi possível desligar a terrível engenhoca. Eis o que explica a demora de Maria Luís Albuquerque em ter vindo a público revelar o que o anterior Governo fez a este pobre país, ela que é uma das vítimas que teve de contratar swaps à força a partir de 2003.

11 thoughts on “Desvendando um dos maiores enigmas da política portuguesa”

  1. Finalmente, percebi! Muito obrigada Val.
    Os malandros dos socráticos!
    Mas então, afinal, quando o outro competentíssimo e honestíssimo político disse que a família devia ter vergonha de Sócrates, era a isto que se estava a referir… tão bondoso! a tentar proteger os familiares daquele vilão. Bem hajam todos os que praticam o bem

  2. Cuidado que a ironia não é para todos… Há muito boa gente que pode acreditar no que aqui ficou escrito…

  3. edie.cadilhe é um despeitado!queria o bpn de borla! foi oferecido mais tarde a angolanos com a benção de mirra amaral “o sempre em pé,” diga o que disser e faça o que fizer! quanto ao post,nada a dizer,é a verdade que continua escondida como prova a sondagem!

  4. se era para ornamentar as propostas, tinha saído mais barato e menos problemático ao citi contratar umas gajas da passerelle do que ter este jarrão na folha da previdência. tamém não era má ideia arranjar um varão inox e uma caracterização swap erotic para o alombador dos briefs.

    “Não posso evidenciar que tenha estado sequer nessa apresentação. (…) Não me lembro se estive. (…) Não posso confirmar [se a apresentação aconteceu], se eu não estive lá. (…) Admito que de facto a apresentação existiu, uma vez que consta dos ficheiros do IGCP, mas não tenho responsabilidade na elaboração dessa proposta, nem na sua negociação”

    http://www.jn.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=3355298

  5. Cristalino como só uma verdade absoluta pode ser.
    Obrigado Val.
    Agora já tenho razões para ir ao calçadão da Quarteira.

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