Descarrilhado

Manuel Maria Carrilho escreveu um texto para responder ao desafio que Sócrates lhe fez: sobe ao ringue. São 7.185 caracteres (sem espaços) em 22 parágrafos que se resumem a isto:

i) Em 2004, em 2007, em 2008 e em 2009 escreveu coisas abundantes, maravilhosas e proféticas que podem ser agora consultadas com toda a facilidade num livro lançado em 2010 pela Editora Sextante.

ii) Sócrates não presta para nada e está cercado de imprestáveis, a crise foi causada pelo Governo, os tipos que dirigem o PS conseguiram escravizar o partido e o País e Sócrates é um entusiasmado apoiante, e cúmplice, da tirania egípcia.

iii) Ainda existem alguns militantes livres no PS, embora sejam raros e estejam impedidos de exercer as suas liberdades, os quais devem neste momento acordar da sua letargia ou hipnose e começar a pensar no que Carrilho lhes acabou de dizer que devia ser pensado.

O Manuel Maria é uma placa de Petri onde podemos observar a cultura da impotência a crescer. A facilidade com que se passeia na comunicação social expõe o seu drama em gente com omnipresente densidade. Mas só para acabarmos a ver um figurão da academia e da política a responder de forma primária e ressabiada à frontalidade de um desafio para o debate de ideias. Onde estão elas? Temos de ir a correr comprar o livro para as descobrir ou bastam as vulgaridades deste embrulho cheio de nódoas de gorduroso narcisismo? E que está ele a fazer no PS, um partido onde apenas encontra lobos e carneiros?

O que se passa com a desasada personagem é em tudo igual ao que acontece com os Crespos, Cintras Torres e Pachecos que utilizam o poder mediático – onde são pagos, nalguns casos sumptuosamente pagos, pelo que a culpa maior nem é deles – para nos imporem o espectáculo da sua decadência. A soberba da mediocridade há muito que defenestrou a inteligência nestes castelos de vaidades arruinadas. E o prejuízo maior é algo que está completamente fora da sua capacidade de entendimento: eles prejudicam a oposição.

22 thoughts on “Descarrilhado”

  1. É o M.M.Carrilho, é o João Cravinho, é o Henrique Neto, é o Campos e Cunha (a este o Nicolau Santos na sua pág.de economia do “Expresso” até já lhe chamou apropriadamente “o ressabiado turbo-ministro”)…
    São “as estrelas” que a c.s. gosta de exibir para mostrar ao povo como o PS tem gente que sabe o que é bom para o país e que – claro – se opõe a tudo o que Sócrates e o Governo fazem…!
    Eles são tão ridiculos como a Sara (?) Palin, mas não tão perigosos como ela! É que o povo português não é tão parvo como o julgam…!

  2. Excelente síntese, Val.
    Para os Media, rei morto, rei posto, está visto. Exit Alegre, entra Carrilho. Com a desvantagem de este último trazer atrelado à cintura o fiasco da candidatura kitsch à Câmara de Lisboa, que levou muitos dos seus potenciais eleitores a darem meia volta, arrepiados. Para já não falar da recente sessão fotográfica no terraço do último andar de um prédio parisiense com vista sobre a cidade… “Pour épater”? Poupa-nos, ó Carrilho! Alguém percebeu que ideias tem este crânio para pôr o país a crescer e a modernizar-se, combatendo a crise e o ataque dos mercados, para além da teoria do debate? E na educação, faria o quê exactamente?
    Atente-se nesta pérola, no artigo que lincas: «Em 2009, chamei a atenção para o erro de ignorar o significado das urnas e apostar num governo minoritário, bem como para os impasses a que esse erro conduziria.»
    Não só parece o Paulo Portas, com o seu intróito habitual de «Como o CDS sempre disse», como também … sei lá, será tonto? Então Sócrates «ignorou o significado das urnas»? Quer dizer o quê exactamente? E «apostou num governo minoritário»? Que alternativa havia, ó faxavor?

  3. Lá está, se a malta percebesse mais de placas de Petri, talvez analisasse melhor as cores da política.

  4. Descarrilhado ou destrambelhdo. De pois dpo relatório Pisa sobre a nossa educação, esta especie de politico disse, numa entrevista ao DN que foram “seis anos ruinosos para educação”. Aproveita para dizer que é um mlitante de base.
    Sao estes caralhos que me fazem ter nojo da politica. E não devia ser assim.

  5. Ah, o artigo está descarrilhado? Não tenho paciência para tudo, a introdução e a conclusão são dispensáveis, mas o ponto principal tem potencial. Eu dou uma ajuda:

    A crise catástrofe Grega a que o País vive escapou deve-se em boa parte às opções do Governo nos últimos dois anos e meio. Reconhecê-lo é, por mais desconfortável que seja, um acto de responsabilidade política elementar. Essas opções não foram nunca realmente discutidas no âmbito do Partido Socialista, que tem sido dirigido numa lógica de facto consumado, por um pequeno grupo de profissionais do poder, cuja eficácia – ainda que “danosa” não faça milagres- não se deve desvalorizar, a julgar não só pelo modo como subjugaram lideraram o partido mas também pela maneira como fizeram do País seu refém a sua prioridade.

    A crise é por isso, antes do mais, de ideias e do seu debate na oposição. Dos modos de deliberar, de participar e de decidir. Andar agora a “desafiar os críticos a avançar” para a liderança do partido é não compreender que cobiçar o poder e desejar o debate aparecer são coisas distintas. É recusar aos militantes o direito a pensarem por si próprios e a exprimirem-se livremente, a não ser que aceitem disputar o poder apresentar ideias que se vejam. O “desafio” traduz uma visão da liberdade e do pluralismo que é inaceitavelmente condicional à inteligência- “só podes ser livre dentro da minha gaiola de limites mínimos de boa-fé” -, própria de quem vê no debate livre e aberto de ideias uma ameaça oportunidade para contribuir, e não uma porta para as soluções de que o País precisa para a notoriedade a qualquer custo.

    Pronto. Muito melhor.

  6. eu cá , shark , acho que esta entrevista só confirma que por detrás de um grande homem está uma grande mulher…e o manel melhorou bastante desde que emparelhou com a bárbara. eu não dava um chavo por ele , e não é que achei que esteve mesmo bem ? é o efeito bárbara , só pode.

  7. Bom, agora que a claque do costume já se cançou de lapidar o Carralho, crítico, profeta e social-burguesóide sem defeitos, é tempo da malta do contra ir a São Bento com muitos placards e vozeria informar o Sócrates que tem exactamente uma semana para fazer as malas e viver uma reforma descansada na Côte d A-zurre. Dali, quando lhe der na mona ou no desejo, é só pegar num bote a remos cruzar o Med e está logo no seu país preferido. Not bad Ahmed.

  8. É pázes e pázas, há aqui alguém que me possa confirmar se os deputados do PS e do PSD se uniram finalmente num enorme abraço não-cascavélico para “rejeitar um voto de saudação à luta pela libertação do povo egípcio”?

    Fosga-se, Democracínica, então já não há vergonha neste país? Ok, tá bem, o comandante é o mesmo e ordens são ordens. Calo-me, por isso, muito caladinho e espero que as anti-cavacadas e anti-socratadas desapareçam durante uns dias e as invectivas recíprocas não passem dum ou outro incidente muito isolado à volta de pequenas diferenças, como, por exemplo, a de um ter levantado a mãozinha mais alto que o outro na votação assemblória.

    Fim de Newsflash.

  9. O Manel Maria conseguiu o resultado mais baixo de sempre para o PS em Lisboa.

    Ele gostava agora de tentar o mesmo feito a nível nacional, se lhe deixassem.

    Só a Barbie é fan dele, por razão que seria misteriosa se ela não fosse tão burra.

  10. acho que algures falaste em meteres os pés pelas mãos ou escreveres com os pés, o que eu achei estranho na altura. Mas disseste qualquer coisa sobre ser temporário ou assim…Suponho que é um fenómeno relacionado com os teus estados emocionais ;)

  11. Tão jovem, tão culto e tão clarividente,

    Admira como não se candidatou à Presidência

    – Talvez como independente!…

    Realmente, ele há torres de marfim tão altas, redomas de cristal tão baças, que não deixam enxergar nada à sua volta. Um gajo que nem o “pobre de Cristo” do Carmona Rodrigues derrotou, será que pensa que ganhava alguma eleição ao L. Filipe Menezes, ao Macário Correia, ao Morais Sarmento, ou ao Moita Flores? Então comece já a pensar, por exemplo, em Bruxelas, a ver se ao menos tem unhas para derrotar o Rangel. Sempre é melhor do que apenas estar para aqui a engrossar as listas de espera para a consulta do cotovelo dorido…

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