A objectividade é a qualidade da relação com uma qualquer realidade que se mantenha conceptual ou observavelmente idêntica a si própria independentemente da subjectividade dos agentes. Assim, temos um objecto quando o reconhecemos distinto do sujeito gnoseológico, de todos os sujeitos cognoscentes individuais. “1+1=2” é um exemplo iniciático do modelo da objectividade porque se reconhece imediata e universalmente que essa operação aritmética conduz sempre ao mesmo resultado seja qual for a idade, sexo, local de nascimento, cor da pele, estado emocional, adesão ideológica, crença religiosa, escolaridade, orientação sexual, condições financeiras, estatuto social, clube desportivo, estilista favorito ou preferências gastronómicas do sujeito que fizer o cálculo. A ciência é a procura incessante da objectividade, a política não.
Façamos o exercício de procurar a objectividade na relação com o excerto acima, recolhido no programa Quadratura do Círculo de 10 de Julho de 2014. Objectivamente, o que é que ele nos mostra além e aquém de qualquer dúvida, aquém e além de qualquer idiossincrasia do ocasional espectador?
Isto:
– António Costa a discorrer sobre o “alinhamento estratégico” dos Governos com algumas entidades empresariais, o que considera legítimo, e a diferença desta prática face à “promiscuidade de interesses“, que considera inaceitável e gravíssima, apresentando exemplos concretos de ambos os casos.
– Lobo Xavier a desafiar António Costa para falar da “comunicação social“, ficando entendido que já antecipa o que vai ser dito ou, a nada ser dito, que esse silêncio confirmará o que o próprio Lobo Xavier teria a dizer sobre o assunto.
– António Costa a dar como exemplo concreto de uma promiscuidade de interesses a tentativa de um Governo levar um grupo económico a comprar ou vender um órgão de comunicação social só para determinar a sua linha editorial. De seguida, faz equivaler essa situação com a da imprensa económica na mão de grupos económicos que por essa via espalham uma doutrina económica do seu interesse.
– Pacheco Pereira a declarar que António Costa está a falar de Sócrates quando refere a tentativa de compra ou venda de órgãos de comunicação social só para lhes mudar a linha editorial, o que não é desmentido.
– Lobo Xavier a elogiar enfaticamente a referência à comunicação social feita por António Costa, cujo subtexto confirma que entende o primeiro exemplo como sendo relativo a Sócrates e ao caso “Face Oculta”, e nada dizendo a respeito do segundo exemplo relativo à imprensa económica e sua agenda.
– António Costa a teorizar sobre a diferença entre o tratamento que a direita dá aos seus no meio empresarial e o que reserva para quem venha da área do PS para as empresas. Aqui, Armando Vara é atacado por Lobo Xavier e Pacheco Pereira e António Costa não o defende.
– Lobo Xavier a voltar ao assunto da “promiscuidade de interesses” para o agravar e expandir. Diz que Seguro faz as mesmas acusações que António Costa acabou de fazer, tendo como alvo exclusivo os Governos do PS entre 2005 e 2011. Diz que “boa parte” dos apoiantes de Costa são cúmplices, ou autores, de múltiplas e constantes operações que visavam controlar a banca, a PT e os jornais, pelo menos, no tempo em que Sócrates foi primeiro-ministro. Perante estas acusações, António Costa fica calado.
Programa terminado, dir-se-ia que um furação estava a poucas horas de entrar pela barra do Tejo. António Costa, dito socrático ou testa-de-ferro dos socráticos, tinha confirmado tudo o que a direita havia dito que Sócrates fizera ou mandara fazer a respeito da eventual compra da TVI pela PT – portanto, tinha dado como fundada em factos indesmentíveis a tese do procurador e do juiz de Aveiro, os quais alegaram ter descoberto um atentado ao Estado de direito graças à espionagem feita a Sócrates, Vara e outros. Se até este figurão socialista o admitia, ainda para mais sendo o novo íman dos “socráticos”, então era a prova provada da culpa de Sócrates. Bomba antónia!
Só que, para espanto dos ingénuos, apenas uma levíssima e efémera brisa agitou o espaço público, com o i a ser a única voz da imprensa (que eu saiba) a ter dado atenção ao episódio: António Costa demarca-se de Sócrates, desta vez no Face Oculta. Na entrevista feita pelo Público a Costa, saída neste domingo, não se toca nele. E no regresso de Sócrates à RTP, nele não se tocou. Para a surpresa, já perplexidade, ser ainda maior, o circuito do ranho (Correio da Manhã, Blasfémias, 31 da Armada, Insurgente e tutti quanti) não explorou esta oportunidade de ouro para voltar a crucificar Sócrates e o PS. Nunca se viu no Entroncamento fenómeno parecido. Que se está a passar?
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Para o explicarmos nas suas múltiplas e fascinantes questões, temos de abandonar a objectividade e entrar na selva da subjectividade. Temos de escolher um qualquer ponto de vista inicial, depois escolher um caminho entre muitos possíveis e dar largas à criatividade para decidirmos onde está o destino final da argumentação. Temos de fazer política, ora pois.
Começando pelo fim, indo do mais óbvio ao mais críptico, a última coisa que interessa à direita é ver António Costa a liderar o PS. Nessa lógica, ajudar Seguro e atacar Costa tornou-se uma actividade diária dos direitolas. Como os direitolas não são particularmente dotados de imaginação, tendem a agarrar-se às velhas fórmulas que os levaram para o poder. A colagem de Costa a Sócrates foi a solitária difamação que arranjaram, e isto apesar do banho que levaram nas europeias depois de terem seguido a mesmíssima estratégia à conta de Francisco Assis e Pedro Silva Pereira. Ora, ver Costa a criticar Sócrates não fica bem na fotografia que colaram nos cartazes. E é especialmente perturbador ver um “socrático” a espetar uma faca com tamanho comprimento no lombo do mafarrico. Calaram-se, pois. O que está em jogo é algo muito mais importante do que o ódio a Sócrates, pelo que tiveram de deixar passar esta benesse maravilhosa oferecida por Costa.
Num segundo nível da análise, há que reconhecer que a actual direita triunfante é constituída por uma mixórdia que junta a escória do aparelhismo rapace com o fanatismo dos neófitos pseudo-liberais. Isto leva a que o combate político para este grupo se reduza à estrita luta pelo poder por todos os meios destrutivos que encontrarem à disposição. Campanhas negras, golpadas judiciais e mediáticas e promoção do populismo foram o novo normal da direita portuguesa desde 2008, no combate mais feroz pela sua sobrevivência desde o 25 de Abril – e que teve no Presidente da República um dos seus mais activos, influentes e ousados generais. Mas a unir a heterogeneidade política e social destes vencedores está uma característica que se mantém imutável desde o começo dos tempos: a cultura oligárquica. A oligarquia, o comando de poucos sobre muitos com vista à apropriação dos recursos, sempre foi a solução inevitável desde a pré-história por ser inteiramente animal. Na Natureza, os mais fortes, por deterem mais força física ou mais informação, ou ambas, dominam os restantes. Com os humanos não é diferente. Cada um de nós é, portanto, biologicamente oligarca. Qual de nós é que, excluindo factores anómalos, não favorece a família? Qual de nós é que prefere o convívio e partilha de bens com os estranhos em vez do convívio e da partilha de bens com aqueles com quem nos identificamos e com quem já estabelecemos laços sociais? Trata-se do instinto de sobrevivência a funcionar com vista a dar-nos o máximo de segurança alcançável num dado espaço e tempo, e é uma pulsão que será tão mais forte quão menos saudáveis sejamos. É igualmente o que leva a que cada um de nós, ou quase, tenha um preço. Os oligarcas sabem isso melhor do que ninguém, resistir à corrupção é intrinsecamente heróico.
A cultura oligárquica não tem apenas uma inscrição genética, tem também um corpo intelectual com dois mil e trezentos anos de ininterrupta produção. Trata-se da Ciência Política, a qual deve ser entendida como a primeira resposta teórica da oligarquia ao advento da democracia. Podendo ser vista como tendo início em Platão, mas indiscutivelmente estabelecida a partir de Aristóteles, a ciência política constitui-se como uma escola da “boa governação” e um manual para evitar o caos na cidade. A democracia, conceptual como empiricamente, ameaçava instaurar a desordem tanto por via da origem social dos decisores como pelo processo de decisão onde o critério da quantidade supera o da qualidade. O exercício filosófico, o qual desde o seu nascimento implica um estatuto de privilégio social dada a sua tipologia ociosa, ao aumentar a racionalidade da acção política leva a promover versões melhoradas, e até optimizadas, da oligarquia, não da democracia. É esse o sentido da reflexão aristotélica, ao descrever as diferentes variações da oligarquia, como sejam a monarquia, a aristocracia e a tirania. A sua preferida era a aristocracia, o “governo dos melhores”, necessariamente poucos. A partir daqui, as elites irão incorporar o estudo da ciência política no currículo dos seus infantes. E este caldo cultural irá igualmente reforçar a tendência para o cinismo e o pessimismo que se tornarão características psicológicas típicas da “direita”. Entende-se facilmente porquê: quem está no topo da pirâmide não tem mais por onde subir, só lhe resta passar a defender obsessivamente o lugar cimeiro e as vantagens que ele proporciona.
O binómio oligarquia-democracia, e sem precisarmos de grande cuidado com a historicidade dos termos, é muito mais útil para o diagnóstico político do presente do que o binómio esquerda-direita. Enquanto este último já foi estraçalhado em extrema-esquerda, extrema-direita, centro, centro-esquerda, centro direita, pelo menos, e já ninguém se consegue orientar com clareza quanto ao que cada retalho representa tantas as misturas e variações axiológicas e programáticas, o primeiro permanece cristalino quanto à sua dinâmica. De facto, e para todo o sempre, a posse e gestão dos recursos indispensáveis à sobrevivência, à dignidade e à realização estará invariavelmente numa qualquer posição que favorece mais o grupo dos “poucos” ou o grupo dos “muitos”. O binómio oligarquia-democracia permite até identificar como absolutamente oligárquico o modelo de inúmeras entidades e contextos ligados com a esquerda. Por exemplo, o PCP é tão oligárquico como uma qualquer religião ou monarquia. As tiranias dos países ditos socialistas, e o próprio processo socialista, correspondem a oligarquias na sua expressão mais pura. Tal como oligárquicos são os apetites dos liberais de pacotilha que defendem liberalizações financeiras e económicas extremistas que sabem irem ser aproveitadas apenas por quem detém na actualidade as condições para tal, o que só conduzirá ao aumento do poder de cada vez menos indivíduos posto que os recursos são finitos.
Altura de regressarmos à Quadratura, palco para a exibição semanal de um dos mais importantes representantes da oligarquia portuguesa, António Lobo Xavier. Tal como Marcelo Rebelo de Sousa, mas sem a sua popularidade mediática, este passarão rege-se por uma agenda que tem a beleza da simplicidade: tudo o que prejudique a oligarquia é atacado sem dó nem piedade. A técnica é básica, consistindo no conjunto de artifícios retóricos que qualquer advogado mediano tem de dominar. Foi assim que o vimos, e vemos, empolgado e a babar-se nos ataques caluniosos a Sócrates e ao PS. Dir-se-ia que esse tal Sócrates, e o PS de outrora, não deve ser assim lá muito do agrado da oligarquia nacional. E é exactamente assim que devemos interpretar a sua radiante felicidade ao ver que António Costa lhe fez a vontade e disse o que ele queria que dissesse acerca do caso PT-TVI. A inversa nunca acontecerá, Costa não verá Lobo Xavier a ferir a oligarquia. No máximo, dará uns beliscões caso veja algum ganho de oportunidade, mas jamais irá morder na mão que o alimenta e afaga.
De António para António, finalmente chegamos àquele que nos desafia com a sua conduta peculiar, imprevisível. Porquê tornar público em Julho de 2014 algo que remete para 2009 e que até agora era um segredo só partilhado, deixa cá pensar, com os seus amigos Lobo Xavier e Pacheco Pereira fora de emissão? Em particular, há que perguntar, e rezar para que algum jornalista lhe pergunte, se está Costa ciente das inferências incontornáveis das suas declarações. É que dar como verosímil que existiu um Governo português que se preparava para usar um grupo económico para conseguir alterar a linha editorial de um qualquer órgão de comunicação social é, tal como ele próprio rotulou, inaceitável. Sendo inaceitável, pede a responsabilização de muita gente. Ou a ideia é só a de espalhar a notícia, porque lhe deu na mona, e o resto que se foda? Foi um acto planeado, ao serviço da sua campanha para as primárias? Ou trata-se de um favor ao seu grande amigo do CDS, famigerado cavalheiro de indústria, pela enorme estima que ele lhe merece? O cidadão quer saber (eu, se mais ninguém).
Acontece que a hipótese de ter existido um tal plano tinha e tem pernas para andar, como qualquer outra teoria da conspiração num pais em crise e onde a decência não é apanágio da prática partidária e jornalística, acrescido da gigantesca operação de diabolização de Sócrates logo a partir de 2004 com o Freeport. A direita dominava os grupos de comunicação social e o PS não tinha quem o defendesse nessa arena, o bombardeamento era constante e impiedoso. Sócrates era alvo de uma furiosa campanha de calúnias na TVI, nada mais aceitável para a percepção pública que essa fosse a motivação suficiente para mover montanhas, ou administrações da PT, para conseguir destruir quem o atacava. Pelo que o caso andou a crepitar em gigantescas labaredas até à altura em que o Pacheco Pereira conseguiu fechar-se numa saleta da Assembleia da República, em meados de 2010, para esse supino prazer solitário de chafurdar nas escutas a Sócrates. Saiu de lá a dizer que o mundo devia acabar caso não empalassem o seu odiado inimigo, enquanto ao seu lado o deputado de PCP que o imitou ia dizendo que não havia nada de novo para contar nem nada para fazer com esse inútil material. O que se seguiu foi o esquecimento do caso, posto que se tinha esgotado o seu potencial judicial para avançar e estando o mal que havia a fazer já feito. Para Noronha do Nascimento e Pinto Monteiro, enfrentando um clima verdadeiramente golpista, tratava-se tão-só de luta política com recurso a polícias e tribunais; isto é, não passava de uma tentativa de judicialização da política. Agora, 5 anos depois, aparece Costa a dar razão à tentacular capa do Sol. Ainda mais bizarro, Costa equivale esse episódio e suas contradições com a factual situação em que o nosso jornalismo económico serve uma agenda desenhada pelos grupos económicos proprietários. Algo que não se realizou, algo que para várias autoridades independentes com pleno conhecimento das provas nem sequer foi planeado, algo que a ter acontecido seria uma das operações mais estúpidas da política portuguesa por descambar de imediato em prejuízo irreparável para os seus autores, é levado para o mesmo patamar de repúdio e gravidade que a asfixia ideológica da imprensa económica ao serviço de um Governo apostado em enterrar o projecto social nascido do 25 de Abril. Que se vai seguir? Será que num dia destes Costa também vai revelar, a pedido do Lobo Xavier, quanto é que os envelopes do Freeport levavam cada um e se eram mesmo castanhos?
Como é óbvio, como é óbvio apesar da farsa circundante, se existiu um Governo que tentou tal avaria, então esses responsáveis deixam, acto contínuo, de ter lugar na actividade política. E ainda mais rapidamente caso pertençam ao PS. Quem estivesse disposto a maquinar tal desvairado plano, só para acabar com uma linha editorial incómoda, a que mais poderia entregar a sua falta de respeito pela democracia? Pelo que é absolutamente incrível não que Costa pense o que achar por bem pensar, quiçá por ter conhecimento de informações que escapam a terceiros, mas por ninguém o questionar. Como é que é possível as suas declarações não darem origem a um rigoroso exercício de justificações? O meu espanto nesta ocasião é igual ao espanto de ver um Presidente da República conivente com um plano para deturpar actos eleitorais e nada acontecer de seguida, ele não só ficar impune como até conseguir ser reeleito. Eis um sentimento vexante para além da minha capacidade verbal para o transmitir.
António Costa é um político no auge das suas capacidades e com um percurso que permite concluir ser ele, neste momento, a melhor escolha para governar Portugal. Isso é cristalino, tanto que a direita pensa exactamente o mesmo, e daí o seu pânico. De socrático, se mais sinais fosse preciso dar, não tem nada. É uma figura com uma dimensão igual à de Sócrates quanto à cultura política e autoridade embora não quanto ao carisma, sendo que o seu carisma poderá ou não crescer consoante as decisões e as circunstâncias. É também um político cínico, mas não no sentido filosófico ou moral. É cínico à maneira de Maquiavel, concebendo a actividade política como ocorrendo num estado de imperfeição e constantes adversidades e ameaças, o que leva o “príncipe” de sucesso a ter de adoptar uma postura profissional, técnica, por contraposição com disposições idealistas, românticas e afectivas. Cinismo pragmático. Daí ser crítico dos “voluntarismos”, com isso querendo publicitar a sua apetência pelo calculismo e pela negociação. Nada há de mal ou errado nesta composição, pelo contrário. Trata-se de um talher, o que se fizer com ele é que ficará na História.
Nunca votarei em António Costa, seja em primárias ou legislativas, mas tenho votado nele para Lisboa. Tal como não votei Sócrates em 2005 e 2009, só em 2011 e por razões de força maior – votei no actual grupo de deputados. Não votarei porque o meu voto não pode ir para quem se cala quando a oligarquia, na sua cara, ataca caluniosamente “boa parte” daqueles camaradas que o apoiam. Não votarei porque o meu voto não pode ir para quem se cala quando a oligarquia e a pulhice, na sua cara, difamam um camarada seu. Não votarei porque o meu voto não pode ir para alguém tão cínico que diz querer nas suas futuras listas de deputados o fulano patético e alucinado que revela estar disposto a destruir o PS só porque se julga um anjo.
A democracia com que a minha ingenuidade sonha ainda não tem representação partidária. Sei é que será feita de uma aversão visceral à cultura oligárquica, essa herança biológica que a selecção natural tarda em expulsar da cidade.
Ó Val,
Até que enfim… e para só escreveres isto agora é porque não deves ter o hábito de ver a quadratura nos ultimos anos.
Ou talvez visses, mas tivesses esperança….Infundada, claro.
A verdade é que o Costa não só corresponde ao perfil que dele traças, como, nas capacidades que não analisas, não será mais que um saco de vento.
Ora…então o que faremos nas eleições primarias e legislativas?
Ao contrário de ti, tenciono inscrever-me nas famigerdas primárias e votar no Costa. E se ele for o secretário geral ao tempo das eleições legislativas…dar (novamente) o meu voto ao PS.
É isto uma contradição minha, por oposição á tua idealista posição de principio? Acho que não.
No fim do dia eu sou um pragmático ligeiramente cinico. Assumo o custo de votar num saco de velhas flatulencias oportunistas, para evitar ser governado por uma grande coligação de dois sacos e meio de merda.
Ainda assim as flatulências cheiram menos mal.
Sem te querer chatear muito…essa tua longa reflexão que se conclui com a tomada de uma posição de principio pura e imaculada, faz-me lembrar o PCP. O resultado foi o governo de 1 saco e meio de merda que temos.
ab,
Miguel
miguel, estou contigo quanto ao principal. Quero que o Costa ganhe, primárias e legislativas. Mas dá-se o caso de eu não ser o PCP. Isto é, embora me pareça que fazes uma boa analogia, vejo-a como uma falácia porque esse PCP a que fazes referência é um partido com representação parlamentar, enquanto eu sou um cidadão – ou seja, eu sou parte do soberano, enquanto o PCP é representação de parte do soberano. Assim, não há para mim o dilema que se põe ao PCP quando detém o poder para derrubar Governos ou abrir crises políticas. Eu, como cidadão, estou é a contribuir para uma qualquer situação de representatividade original (dado que se inicia uma nova legislatura a partir dela) aonde os protagonistas políticos eleitos irão actuar de formas imprevistas para o eleitorado. É este o sistema em que escolhemos ser uma comunidade política.
Parece-me é que te esqueces de abordar, ou sequer de registar, que o ponto principal deste lençol está na novidade que a posição de Costa a respeito do caso PT-TVI configura. É essa gravidade inaudita que pretendo analisar e levar a uma conclusão política. No meu caso, juntando ainda outros elementos, não votar António Costa.
Por acaso não foi a primeira vez que Costa se procura
desmarcar de José Sócrates! Será lamentável se for na
onda da lenga lenga da direita e, das patranhas postas
a correr à falta de verdadeiros argumentos políticos!
Para já o grande mérito de Costa foi por a nú a incipiên-
cia do Tozé que, ao soltar-se da gaiola mostra toda a sua
debilidade mesmo face ao actual p. ministro!
Sem uma ruptura do regime a partidocracia acabará por
destruir o sonho da Democracia, pelas mãos dos arrivis-
tas que se apoderaram dos partidos!!!
Caro Val,
Começando pelo teu fim e recuperando o meu principio… Não tens acompanhado o Costa nos últimos anos. Caso contrário, não encontrarias essa novidade. Com silêncios mais ou menos sonoros, Costa demarca-se de Sócrates com frequência.
No entanto, interessa-me mais o caso da minha suposta falácia.
Na verdade, gostaria de argumentar que a falácia será tua, ao criares uma diferença entre a responsabilidade do PCP e a tua.
São certamente diferentes no tempo, no modo e, ainda mais, na natureza das matérias que requerem a sua assunção . Mas são responsabilidades equivalentes na sua natureza mais fundamental de contribuir para o bem da comunidade sempre que o seu detentor é convocado.
O PCP sabia que derrubar o governo de Sócrates se traduziria num afastamento radical das politicas que eles próprios defendem. Acima do interesse que eles próprios defendem, colocaram a obediência a principios de pureza que seriam, de qualquer forma, inatingiveis.
È uma escolha…
Hoje declaraste que tambem é a tua. Não dás o teu contributo para viabilizar a escolha que consideras melhor para a comunidade, porque descobriste que não era perfeita.
Miguel
Miguel, mas a questão não é a do afastamento de Sócrates, algo que nem sequer nos meus escritos aqui no blogue tinha passado sem ser assinalado, quanto mais. E algo que, em si mesmo, é completamente normal e até benévolo. A novidade está numa declaração que levou Lobo Xavier a tecer-lhe um rasgado elogio pela sua “coragem”. A coragem de reproduzir uma das mais venenosas e espectaculares acusações contra Sócrates vindas da direita. Aliás, contra todo um Governo, pois todos teriam de ser cúmplices desse engenharia extraordinária que consistia em levar a PT a comprar a TVI só para calar a Moura Guedes. Como se fosse possível executar esse plano sem que se descobrisse a sua intenção ou como se fosse possível calar mesmo a Moura Guedes depois de se tentar a sua censura. É tudo absurdo (mas possível, porque tudo é igualmente possível).
Quanto ao PCP, não partilho da tua indiferença perante o acto instaurador do poder legislativo, as eleições. Quando tu votas não podes saber qual é o resultado das eleições, por um lado, e qualquer resultado das eleições permite todo o tipo de desenvolvimentos políticos – posto que estes dependem dos agentes políticos, os quais são livres.
Assim, a decisão do PCP ao se aliar ao PSD e CDS para inviabilizar uma solução sem a qual o Governo teria de pedir a demissão, num contexto onde era altamente previsível que aquela direita chegasse ao poder, não compara com a decisão em que cada eleitor apenas tem de responder perante a sua consciência.
De facto, não darei o contributo na forma de voto para a vitória de Costa. Contudo, como sabes posto que perdes parte do teu rico tempo com este blogue, não será por mim que o Costa perderá 2 votos, somente 1, ou até nenhum, pois quem adira ao que escrevo não vai a correr votar Seguro ou nalgum pulha. Diria, portanto, que não há razões para alarme.
Dito isto, e como me aconteceu em 2011 com o PS, razões extraordinárias poderia levar-me a votar em Costa fora do âmbito autárquico. Porém, tal não se avista no horizonte.
Quanto a ti, fazes muito bem em ter esse sentido de voto útil que não se atrapalha com o que me incomoda. Que haja muitos como tu, são os meus mais sinceros votos não depositáveis na urna.
Mais uma análise patética de Val sobre A.Costa para retirar efeitos perversos acerca do seu voto. Voto que tem por um preciosismo moral que só entrega a quem o convencer que é o tal rei-filósofo platónico que convive tu-cá tu-lá com os valores absolutos.
Eu tinha visto parte dessa quadratura e lembrava-me que AC se tinha contido mas jamais tinha aprovado o ataque soez do lobo-xavier. E é isso mesmo que as imagens acima mostram, um AC a olhar incrédulo para o que ouvia e quase a morder a língua para não responder à letra e à bruta.
Tal como Sócrates aceitou, no domingo, talvez AC tenha mais paciência e qualidades para estabelecer diálogo, construirentendimentos e compromissos e por essa razão evite, estrategicamente, o confronto violento, que depois se revela contraproducente, mas sobretudo actuar como água mole em pedra dura; afinal tem sido essa estratégia que me parece ele utilizou na CM de Lisboa onde hoje é quase incontestado e utiliza na quadratura, ou talvez seja assim porque faz parte de sua natureza própria.
É claro que AC não saltou, nessa ocasião como noutra várias, em cima de lobo e pacheco nem se insurgiu contra os insultos ao Vara( já tinha falado acerca dos que têm lama nas botas para aceder a banqueiros ao contrários dos inatos mota pintos ) mas isso não significa que esteja de acordo com eles. Aliás AC tem dado imensas provas de defesa de Sócrates e suas políticas e demonstrado que seu pensamento é muito próximo daquele. Evidentemente, não tem o mesmo carisma e o mesmo estilo para levar a água ao seu moinho, contudo, como se diz na tropa ou no cinismo político, todas as tácticas são boas quando se conquista o objectivo.
O purismo de Val levado à divagação idealista à procura do inexistente Bem absoluto platónico é, no mundo maquiavelista político actual, uma fuga à responsabilidade de eleitor.
adenda,
leia-se: -uma fuga à responsabilidade de eleitor esclarecido-.
jose neves, o teu entendimento do que seja a responsabilidade do eleitor é estreito de mais para o gasto que lhe dou. Contudo, vejo que tu trocas o platonismo pelo iluminismo, e consideras-te já esclarecido. Que sorte a tua, não sofreres a tortura da dúvida.
Costa é cínico e frouxo, em todos os sentidos, moral e político, filosófico e ético, como qualquer um que se detenha no seu discurso redondinho de eloquentes odes ao populismo esquerdista, inchado de banais e esgotados chavões, insustentáveis, vai revelar-se um Bluf que vos vai finalmente levar à cristalina e óbvia conclusão: O PS actual tenta copiar de forma Amadora e infantil,, para ver se ninguém percebe, aquilo que o PSD e a direita sabem melhor fazer.
Para que serve então o PS?
não há candidatos bons, todos perdem para o menos mau.
costa não é sócrates e por isso saiu do governo para a cml.
neste momento costa é o melhor candidato a pm para a esquerda e pôr isso em causa tem sido o trabalho de quem colaborou na eleição dos incompetentes que nos governam.
todos os votos no costa são úteis, na direita prejudicam e na extrema esquerda inúteis.
quanto a lençóis moralistas, o costa precisa de votos para ser eleito e se quer ter maioria terá de ir buscá-los aos táxistas-leninistas, peixeiras-trotskistas, merceeiros-salazaristas, leitores do correio da manhã e por aí a fora.
este poste deve ter sido a coisa mais idiota que escreveste aqui no aspirinas, o penúltimo parágrafo é ordinário demais e o último resume a imbecilidade do que foi escrito.
E’, realmente, ele não saiu em defesa dos amiguinhos, não passa de um traidor covardolas em quem não podemos confiar, como ja dizia o tonecas no outro dia, sabes, aquele dia em que o homem se cortou quando se tratava de pregar uma boa partida à sôtoura.
Foda-se, eu até estou convencido da inanidade das acusações feitas a Socrates sob o ponto de vista criminal, mas mais importante do que isso é perceber que a politica não pode ser feita exclusivamente de vitimização e de fulanização. Não estou a par do detalhe dos subentendidos dos ilustres que aparecem na peça (e estou muito pouco interessado nisso, alias) mas vejo no discurso de Antonio Costa um atitude muito simples : procurar elevar o debate e dizer : que se lixe a questão de saber quem fez, e quem não fez (questão para os tribunais). O importante é saber que não se deve fazer e, para isso, ha que esclarecer onde passa exatamente a linha de demarcação. Objectividade é isso : dar prioridade à questão que interessa, a unica : mostrar que o limite entre promiscuidade e convergência não é tão facil de traçar para quem quer construir, e tentar ser claro a este respeito.
Mas como sempre, descambas la para as tuas guerras. Isto é completamente desesperante. Olha, encontrei o que tu serias se em vez de escrever pintasses. Serias o
Henri Darger
http://en.wikipedia.org/wiki/Henry_Darger
Boas
Val, acredito que se esteja nas tintas para a minha opinião, mas não resisto a dar-lha.: O seu post é de uma extrema infelicidade. Porquê tanta raiva contra António Costa? Estou certo que Sócrates, se o leu, não concordou com ele.
Que senti algum estranhamento na situação descrita, senti.
Não percebo é como é que o António Costa oferece, desde já, um lugar elegível para que o seu amigo Seguro se vá sentar lá na última fila da próxima legislatura.
antonio costa foi inteligente.se ele reage à acusaçao a socrates tinhamos a direita unida na quadratura do circulo a sacar da pistola.o que passou no governo de socrates quanto à comunicaçao social,os portugueses conhecem a historia,pois viram pela tv o funcionamento democratico da comissaõ de inquerito parlamentar e todos os dias, viam as gordas do jn, jornal de noticias e correio da manha.a direita para controlar os jornais,não precisa fazer nada,basta estar calada.quando virem algum jornalista numa comissao de inquerito a mostrar uma camisola onde se lê: “eu não fui processado por passos coelho”. ou ver o correio da manhã a perseguir passos coelho,depois de ter saido do governo há mais de 3 anos,digam-me que eu pago um grande jantar.
Manojas, tenho todo o interesse em que desenvolvas a tua opinião. Explica lá isso melhor, estou muito curioso.
pacheco pereira,não gosta de socrates,porque foi por causa dele, que nem sequer foi candidato a deputado.eu explico: no parlamento durante seis anos, PP leu na ultima fila o jornal com um olho, e o outro a ver o seu partido, a ser enrabado por socrates,sem mexer sequer uma palha.este comportamento fez recordar um tóto´que eu conheço, que fez o mesmo,só que socrates até agradeceu o seu silencio,para não ter que ouvir banalidades!
Não sou pelos tabus, mas francamente não entendo a utilidade, agora, duma tal controvérsia, e insisto na utilidade. Porque toda ela, no fundo, anda à volta de António Costa e do que ele, supostamente, defendeu ou não, principalmente, sobre Sócrates. Mas para quê? Eu não endeuso Costa, nem ninguém. Ninguém é perfeito, e ele não é. Mas desejo que ele ganhe as primárias, porque se não ganhar, e receio que tal possa acontecer, perante a actual situação, nas próximas legislativas só possa votar branco ou nulo. Abster-me é que nunca, porque isso não é nada, é apenas ficar em casa a ver TV.
Val, tenho acompanhado os teus textos há já algum tempo e este é aquele com o qual discordo mais. Uma enorme desilusão (a seguir ao teu elogio a Her, um filme de merda, e às tuas ridículas e infundadas críticas ao Pinto da Costa).
A tua posição é patética e um contra-senso face aos teus escritos sobre responsabilidade democrática . Fazia-te bem (a ti que gostas de escrever que temos um povo pouco inteligente) reler os teus textos mais antigos e reflectir um pouco.
E, se calhar, ler um pouco de história. Por exemplo o Postwar do Tony Judt, que descreve como a Europa se reconstruiu após a 2ª Guerra Mundial e iniciou o período de maior desenvolvimento civilizacional, económico e social da história da humanidade. Não foi com idealismos absurdos, com buscas incessantes sobre a verdade histórica (a tua obsessão!) ou a punição/confissão dos culpados, mas através do esquecimento do passado e uma orientação pragmática para o futuro.
Se todos aqueles que partilham contigo o diagnóstico sobre o que se passou desde 2008, agirem como tu propões, estamos a condenar o País ao fracasso.
Mas o que parece claro é que o teu idealismo não está disposto a fazer qualquer concessão, mesmo quando, como tu próprio reconheces, as consequências são claramente benéficas. Nesse sentido és semelhante à extrema esquerda que muito condenas. Wake up, Val!
Saudações.
Manojas, nesse caso estamos de acordo: ambos queremos que António Costa ganhe, porque ambos antecipamos que ele será o melhor candidato a 1º ministro em 2015. No que não estamos de acordo é quanto ao destino a dar ao voto. Tu vais entregá-lo a Costa nas primárias, eventualmente, e nas legislativas, se ele lá chegar ou quando chegar. Eu não.
Quanto à utilidade das controvérsias, é essa a mesmíssima pergunta que faço. Qual é para ti, já agora, a utilidade de vir dizer em 2014 que um seu camarada de partido chamado Sócrates tentou mesmo usar a PT para calar a Moura Guedes?
É que, não sei se tens a noção, há assim a modos que uma pequeníssima diferença entre o que se escreve neste blogue, lido por meia dúzia de gatos pingados, e o que António Costa diz para todo o Portugal ouvir.
“Qual é para ti, já agora, a utilidade de vir dizer em 2014 que um seu camarada de partido chamado Sócrates tentou mesmo usar a PT para calar a Moura Guedes?”
não ouvi o costa dizer nada disso quando falou da comunicação social. essa pergunta podes fazê-la ao pacheco pereira ou ao lobo xavier que foram os gajos que falaram nisso e passam a vida nessas bocas para o costa gastar o tempo a defender o sócras e não falar daquilo que lhes faz comichão. técnica idêntica é praticada no novo formato da opinião do socras, cada vez que faz mossa no regime vigente leva uns fripós no tótiço. chama-se: baralhar e dar de novo, técnica para iludir nabos como tu.
soberbo isto de limpar o sebo da objectividade à política e meter-lhe sonhos selvagens de democracia. e chega.
Deixa-me ca experimentar :
O ignatz tem toda a razão.
Bolas, eu sabia que não devia ter feito isso. Sinto calafrios na espinha, a minha vista esta turva. Estou a suar. Não ha por ai um médico ?
Boas
ò biegás, ficaste quilhado por não teres sido tu a escrever o poste. aproveita a oportunidade do relógio avariado, mas não abuses.
Costa poderá não ser mais que o nosso Hollande. “Isto”, quero dizer a democracia saída de Abril/74 e chegada a Abril 2011, está praticamente destruída ou minada nos seus pilares. Basta ver com que facilidade PCP e BE entronizaram este governo e apearam outro que lutava desesperadamente para defender a saúde pública, escola pública e a segurança na velhice. É demasiado tarde para levantar o edifício do Estado Social destruído em três anos. Costa não me parece com estofo para enfrentar as feras da esquerda e da direita, que empreenderam deliberadamente a destruição do Estado Social: a PCP à espera de fazer engordar a sua representação parlamentar (já só existe para a manter) e a direita para entregar o país à mafia que medrou à sombra do cavaquismo. Estamos lixados.
Valupi, escrevo este comentário debaixo de uma perplexidade que ainda sinto, após ter relido o seu “lençol”!
É que ele, lençol, é de uma brancura, tão transparente tão transparente, que, no fim, nos deixa “destapados”!
Claro que o A.Costa não é perfeito…E o Val sabe isso muito bem!
Então, para quê este seu “exercicio narcísico” sobre a filosofia politica, para terminar com a declaração expressa de que não vai votar num candidato que afinal não tem a pureza (!?!) de principios que considera essenciais e que passam pela falta de coragem de defender Sócrates nessa infâme “intentona da TVI/PT”!
Pois eu acho que faz muito mal e como o Miguel já o disse, vou votar nas primárias em António Costa, porque quero participar com o meu voto – activamente – na eleição do que temos actuaçlmente à escolha. E como o Val sabe muito bem, por um voto se ganha e por um voto se perde.
Para mentes influenciáveis – e para a direita e “esquerda verdadeira” o seu “lençol” vai servir que nem ginjas…
Obrigado, Val, pelas suas reflexões. (E, já agora, obrigado por dezenas de outras ao longo dos últimos anos.)
Por mim, prefiro votar António Costa – e vou fazê-lo – depois de elas terem sido escritas e depois de eu as ter lido e ter concordado com elas.
Parece que não são oportunas. Parece que. Dizem.
Mas entre os que agora o dizem – aposto -, estão alguns dos juízes carlos alexandres que, daqui a uns tempos, se vão atirar a António Costa.
Mais uma vez, obrigado, Val, «porque os outros se calam», «porque os outros são hábeis», «porque os outros calculam», «mas tu não».
Daniel, gabo-te a paciência por me acompanhares há tanto tempo, e desconfio que não estás a usar da melhor maneira o teu tempo livre. Mas agradeço-te a generosidade de vires discordar do que escrevi, pois poderei vir a aprenderalguma coisa contigo, talvez muito. Bute lá.
– Aposto que não vais sequer tentar demonstrar onde está a putativa contradição entre este texto e outro textos meus passados. Tendo em conta que tenho mais de 5 000 publicações no Aspirina, e que isto é um blogue e não um instituto académico, a probabilidade de este teu primeiro ponto ser irrelevante aproxima-se dos 357%.
– Trazes Tony Judt em teu apoio. Fazes muito bem. E mais bem fazes quando sintetizas a tese com a tripla negativa “não foi com idealismos absurdos” que isto e aquilo, mas sim com o “esquecimento do passado”. Mais bem fazes porque mostras que já não estás a falar do Judt mas de outro ser qualquer, o ser que tecla. Ora, talvez aqui haja ocasião para aplicares a ti próprio o conselho que bondosamente me deste e releres devagarinho o que escreveste. Primeiro, não consta que alguém no Ocidente, a seguir à Segunda Guerra, tenha defendido idealismos absurdos, esse desporto sendo antes praticado para lá da Cortina de Ferro. Depois, o que aconteceu na Europa durante o processo de reconstrução é uma das mais historicamente importantes realizações do idealismo não absurdo, que no caso se chamava social-democracia. Foi isso que levou ao desenvolvimento do famoso Estado social, concepção nascida não da amnésia mas do seu oposto: a lembrança constante, e lancinante, das causas que levaram à Guerra e sua destruição incomensurável. Daí se reconhecer que as décadas de paz, e o próprio processo de união europeia, são a consequência directa do que aconteceu entre 39 e 45.
– Claro, às tantas, para ti todos os idealismos são absurdos ou, vai na volta, para ti as ideologias não são idealismos (serão o quê, nesse caso, realismos?). Talvez possas esclarecer.
– A introdução do diagnóstico acerca de 2008 na relação com a minha acção aparecer misturada com acções de terceiros e um texto que fala de António Costa e o que ele acaba de dizer publicamente em 2014 é um salto quântico que os meus neurónios não têm a mínima capacidade de acompanhar.
– Terminas agarrado ao “idealismo”, e sem dizeres uma palavras sobre o conteúdo do que escrevi, apenas com o seu resultado final em termos eleitorais. Diria que não sou eu quem está a imitar o PCP, ó companheiro amigo do Pinto da Costa.
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ignatz, és estúpido ou comes merda às colheres? Se estiveres na primeira condição, é aguentar. Se estiveres na segunda, então há algo que podes fazer: ou deixar de comer ou comer menos.
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M.G.P.Mendes, não me leste a escrever que Costa deveria ter defendido Sócrates. Leste foi a questionar porque é que Costa vem neste momento publicar uma opinião desta gravidade, algo que já pensará desde o início e nunca revelou, e por que razão declarações desta gravidade ficam sem ser questionadas pela comunicação social. Raios, até os ranhosos se calaram! Não achas extraordinário?
E, já agora, calhando Sócrates ter mesmo tentado calar a Moura Guedes através da PT, não gostarias que isso fosse provado e os responsáveis sofressem as consequências? Por outro lado, se tal nunca aconteceu, achas que podes confiar em quem garante que aconteceu? Esta é a situação, para a qual a técnica de meter a cabeça debaixo da areia não me parece ser a que conduz a melhores resultados.
Quanto a ires votar no António Costa, fazes muito e muito bem.
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dsm, espero que tenhas essa oportunidade de ajudares o António Costa com o teu voto. É assim mesmo, pensa pela tua cabeça e faz o que quiseres.
Val, não ouvi António Costa dizer tal coisa. Mas ouvi Pacheco Pereira dizer a António Costa, a respeito de Sócrates, que ele não era capaz de o convencer. E tal tirada foi significativa. Sim tenho noção da diferença sobre o que aqui se escreve e o que diz António Costa ao longo da sua campanha. Será isso razão para deixar de comentar, por vezes, o que aqui se escreve? Ou não valerá mesmo a pena ler este blog?
Manojas, quanto à tua última pergunta, não esperes de mim a mínima ajuda para encontrares a resposta. Quanto a dizeres que não ouviste Costa a falar do caso PT-TVI, aconselho-te a pensares um bocadinho no que se está a passar na tua cabeça.
o serviço de bar está a melhorar, antigamente era só tintol a copo ou pelo gargalo, agora já aviam merda com talher e para acompanhamento umas cenas gourmet em cama de treta. para acabar com este festival de idiotice, bota aí, preto no branco, onde é que o costa afirmou que o sócas tenha dado ordens para a pt comprar a tvi com a finalidade de calar a guedes? tanto quanto ouvi na códratura, costa falou de alinhamento estratégico e promiscuidade de interesses, tendo afirmado ” é inaceitável quer a motivação por parte de um governo para determinado grupo económico comprar ou vender aquele órgão de comunicação social, para determinar a sua linha editorial”, associar isto a bocas do pacheco e xavier é interpretação enviezada duma cena que não aconteceu e para afastar suspeitas das negociatas dos angolanos, pretensões da cofina e interesses do balsemão. afinal quem é que manda no alinhamento da comunicação social portuguesa? quem é que despediu a maria josé do público, foi o patrão do lobo xavier ou o relvas? investiga o relvado e vais entender do que falava o costa.
“Quanto a dizeres que não ouviste Costa a falar do caso PT-TVI”
aonde? meu, bota lá o minuto em que isso foi dito para ir ver. se for verdade compro uma colher de pau para comer a merda que serves.
ignatz, pronto, está esclarecido: vais ter de aguentar.
Para Val o voto não é um meio que deva ser utilizado para fazer uma escolha racional entre uma escala de valores humanos: é uma graça ou dádiva só passível de conceder aos puros sem mácula.
Como tal só deve ser entregue a quem provar participar do divino.
Esta actitude, que ele tem como um conceito puro e eu acho um preconceito burro, leva-o a tomadas de posição patéticas e paradoxais como:
– Não votar em Mário Soares por, sendo velho e gasto, ter a desfaçatez de querer voltar a ser presidente. Votou Alegre, auto-candidato contra Sócrates, e ajudou a eleger cavaco.
– Votou Alegre, que fora derrotado por Sócrates no PS e ressentido, aliara-se ao bloco e andara a comandar manifestações conta Sócrates na questão da incineração.
E tudo isto enquanto se manifestava neste blog um irredutível socrático.
– Confessa neste post que não votou em Sócrates quer em 2005 quer em 2009 e só em 2001 mas por apoio ao conjunto de deputados que, afinal, até incluía o seguro.
Entretanto continuou sendo, ininterruptamente até hoje, um indefectível socrático.
– Agora confessa que Costa é o mais competente e melhor preparado para liderar o PS e o país e até acha que fazemos bem votar e quase nos aconselha a votar Costa.
Contudo, ele, Val, nunca dará o seu voto a esse tal Costa, político contaminado e promíscuo, impuro bastante para receber a sua dádiva.
Vocês percebem a lógica de Val?
Entendem a subtileza político-moral irracional e trancendental de Val?
Eu não entendo e se entendem digam-me onde pára a loucura.
jose neves, isso de andares tão ocupado com os meus escritos não será sinal de precisares de sair mais vezes de casa, dar uns passeios ao ar livre, almoçar com os amigos?
Se nada disso te agradar, até porque há gostos para tudo, tenta largar o vinho antes de teclares.
Obrigado pela tua resposta, Val.
Acusas-me, primeiro, de irrelevância. Eu explico. Como li uma fatia grande desses 5000 textos que escreveste nos últimos anos, criei uma imagem de ti e das tuas opiniões/posições políticas, imagem essa com a qual me identificava e que, em certa medida, moldou as minhas. É essa imagem que, na minha opinião, este teu último texto traiu.
Este blogue, em grande parte graças aos teus textos, fez um trabalho muito importante de descrição (apoiada em factos) das condições em que a direita alcançou o poder. Nesse sentido contribuiu para o processo de esclarecimento da situação a que o País chegou (os protagonistas, os seus métodos etc). Enquanto teu leitor, julgava que a tua tentativa (parcial e instrumental, julgava eu) de repor uma verdade histórica diferente da propalada pela direita servia o objectivo de mudar as opiniões das pessoas, e com isso contribuir para pôr em marcha uma mudança política concreta, e retirar o País do curso destrutivo em que se encontra. O que este teu texto sugere é que, para ti, essa mudança política só é legítima se ancorada na defesa, a qualquer custo, de uma visão (necessariamente incompleta e subjectiva) dos acontecimentos dos últimos anos. É com esta posição que eu estou em desacordo.
Quanto ao Postwar, só posso reforçar a recomendação que o leias, em particular o capítulo II (Retribution) que fala do falhanço do processo de desnazificação na Alemanha do pós-guerra. Deixo-te aqui o último parágrafo desse capítulo a título ilustrativo.
‘Without such collective amnesia, Europe’s astonishing postwar recovery would not have been possible. To be sure, much was put out of mind that would subsequently return in discomforting ways. But only much later would it become clear just how much postwar Europe rested on foundation myths that would fracture and shift with the passage of years. In the circumstances of 1945, in a continent covered with rubble, there was much to be gained by behaving was though the past was indeed dead and buried and a new age about to begin. The price payed was a certain amount of selective, collective forgetting, notably in Germany. But then, in Germany above all, there was much to forget.’
Na minha opinião, a tua posição é errada e justificada por uma lógica completamente radical. Tu que te clamas moderado, um dos do centro, estás a agir nos extremos. Agir politicamente (isto é, no acto do voto) como tu propões não leva a lado nenhum. Chamei à tua posição/atitude idealismo, mas podes chamar-lhe o que quiseres. O meu ponto é o seguinte. A tua declaração de voto implica o sacrifício de consequências que vês como boas em prol de um modo de acção que não tem aplicação possível no Portugal concreto de 2014. No meio dos escombros, para ti o mais importante é obrigar a direita a assumir que enganou o povo e o povo a admitir que foi enganado. Tens passatempo para uma vida inteira, se é isso que procuras.
Nos comentários ao texto pareces defender a tua declaração de voto dizendo que o teu voto só a ti (ou à tua suprema consciência) diz respeito. Bullshit. Escreves no espaço público, as tuas posições têm o potencial de influenciar a de outros. O que é que não percebeste da minha proposição? Se a tua declaração de voto for seguida por todos aqueles que partilham a tua visão do passado (uma grande parte do eleitorado) apenas por que se sentem traídos pelo Costa, ficamos com a direita ou com o Seguro. Ou não?
Para concluir. O meu primeiro comentário foi talvez uma crítica mais profunda à tua atitude. Estou convencido que, chegados a este ponto (em que a sociedade portuguesa está profundamente dividida sobre o que se passou entre 2008-2011) a defesa intransigente de uma verdade histórica é contra-producente. É preciso esquecer isso e olhar prà frente. O Costa, que é bem mais esperto que o Sócrates, parece perceber isso.
A propósito de oligarquia e de Quadratura, penso que não há no panorama doméstico outro espaço televisivo tão oligárquico quanto esse. Raramente vejo, pouco me prende por ali. A pose sobranceira do pseudo-senador Pacheco irrita-me. Como me irritam a desfaçatez natural do Xavier e a subserviência disfarçada do menino Costa, este a fazer tirocínio pra PM com licença do Pacheco e do Xavier.
Para quadrilátero falta pelo menos um lado àquela coisa, não é? Para círculo falta-lhe curvatura. Dois terços do público nunca se devem ter identificado com ninguém naquele club de VIPs que se apinham muito juntinhos entre as fronteiras do centro-esquerda e do centro-direita. Metam lá alguém que vire a mesa mental daqueles lepidópteros e que aguente a pedalada. Mas não. Isso é que seria a verdadeira quadratura do círculo. Ora aquilo é mesmo só para gente quadrada.
Daniel, começando pelo Judt, a citação que trazes não se relaciona com nenhuma questão que diga respeito à situação política portuguesa. Apenas elabora sobre a situação na Alemanha no pós-nazismo e seu contexto europeu. Ora, se é possível reconhecer uma “amnésia” para a recuperação colectiva e em paz da Europa, tal não passa de uma metáfora para o “perdão” face à monstruosidade inqualificável do nazismo e a destruição que causou. Também hás-de convir que não estás a tratar com justiça o Judt reduzindo-o a citações avulsas e mínimas, certo?
A irrelevância confirmou-se, pois não fazes alusão a nenhum outro texto meu para o comparares com este e assim justificares o teu remoque. Aposto que não saberias que texto escolher, nem nenhum te ocorreu, o que querias era fazer uso de um argumento de autoridade – tal como tentaste com o Judt, no meu caso usando-me a mim próprio contra mim. Falhaste, companheiro.
Dizes que agir politicamente, no voto, como eu proponho não leva a lado nenhum. Não? Então, escolher livremente em quem se vai votar não leva a lado nenhum? Estou banzo. O que é que, nesse caso, levará a algum lado? Passar a votar no que tu quiseres?
O meu voto tem valor absoluto para mim. O valor que corresponde à entrega do poder soberano a alguém que o vai representar. Pretendo, pois, ser responsável por essa doação de autoridade que tantas consequências terá para mim e para os meus. Mas és tu quem está a confundir essa constituição da comunidade política, sem a qual não há um regime representativo, com as escolhas dos representantes depois de empossados nos seus cargos.
Para mim, Costa não tem condições para me representar, embora possa ser a melhor escolha para a governação. Não há contradição nesta consciência porque a essência da eleição é a constituição de um novo parlamento. O meu voto, seja ele qual for, vai ser parte dessa constituição. O voto dos restantes, igualmente. A liberdade do todo é a essência mesma do regime democrático. Logo, o que cada um deve fazer é cumprir-se livre. As consequências disso são sempre imprevisíveis.
Repara que quando o PCP e o BE chumbaram o PEC IV não estavam a fazer algo que tivessem prometido aos eleitores. Quem votou nesses partidos não podia saber o que iria acontecer no futuro nem os programas eleitorais respectivos diziam fosse o que fosse a respeito de uma situação que ninguém conseguiria prever. É nesse sentido que podemos dizer que apenas o sectarismo e o fanatismo é que explicam a sua aliança à direita, pois caso seguissem uma lógica de defesa do mal menor teriam segurado o Governo do PS. Nesta situação, as circunstâncias concretas das decisões políticas são conhecidas, quando se vota está-se a entregar um poder a uma liberdade terceira.
Também considero que falhas o alvo quando explicas a minha posição de recusa em votar no Costa com a defesa de uma verdade histórica relativa a 2008-2011. No texto não faço alusão a nada que te permita ir por aí, estarás a misturas as tuas percepções a meu respeito vindas de outras ocasiões. Nem sequer acho que a sociedade esteja dividida a esse respeito. Pura e simplesmente, a narrativa vencedora é a da direita, quem tente explicar a crise de outra forma não é sequer ouvido. Repara como ninguém liga ao que Sócrates diz sobre esse tempo e essas circunstâncias.
O que está na origem da minha decisão a respeito de Costa é precisamente aquilo sobre o qual te recusas a discorrer. Afinal, para ti é indiferente que Sócrates tenha tentado censurar a Moura Guedes através da PT? Não ligas a esses assuntos? Se ligas, qual é a tua posição e como é que ela fica após as declarações de Costa? E como é que explicas as declarações de Costa? Foi sobre isso que escrevi. E foi a partir dessa reflexão que cheguei a uma conclusão.
As minhas posições só tem a possibilidade de influenciar quem se disponha a ser influenciado pela sua inteligência. Este blogue não tem qualquer influência nos acontecimentos políticos, e eu ainda menos. Como vês pelos comentários, não terei influenciado nem uma singular alma. E ainda bem.
mas que rabulice, Val! não te cures, não!
“Afinal, para ti é indiferente que Sócrates tenha tentado censurar a Moura Guedes através da PT? Não ligas a esses assuntos? Se ligas, qual é a tua posição e como é que ela fica após as declarações de Costa? E como é que explicas as declarações de Costa? ”
o costa não disse nada disso. isso são efabulações da salopes* baseadas em bocas pacheco & xavier, já te pedi para pores aí o minuto a que isso foi dito, mas ficas-te por masturbações interpretativas e esotéricas do que o costa não disse. quando muito o costa avisou que com ele o belmiro tamém não comprava a pt, o que provocou comichões no xavier.
* http://www.ionline.pt/artigos/portugal/antonio-costa-demarca-se-socrates-desta-vez-no-face-oculta-0
Val, não concordo com a tua acusão de que uso argumentos de autoridade. Referi os teus textos antigos e o Judt porque estava convencido que eles ilustram os meus pontos de vista. Mas vamos por partes. Queres que eu reconheça que a referência aos teus textos é irrelevante? OK, dou-ta. Tens razão, não me vou dar ao trabalho de vasculhar os teus textos antigos. Procurei explicar no meu segundo comentário o que queria dizer quando te acusei de traíres os teus próprios escritos. Se não colou, se foi incorrecta, paciência.
Agora quanto ao Judt, pareces estás a fingir não perceber. Comecemos pelo Portugal de hoje, e vamos depois à Europa do pós-guerra. O Portugal de 2014 está dividido quanto à leitura do passado, nomeadamente quanto ao comportamento de vários actores durante os últimos anos de governação do Sócrates, including o caso da TVI, Freeport etc. (Excluamos deste passado as origens económicas da crise finaceira portuguesa, porque elas são menos importantes para esta analogia e colocam-nos à margem do teu post inicial). Dizes que Portugal não está dividido, que a narrativa difundida pelo jornalismo português sobre esses eventos é maioritária. Julgo que estás enganado. Mas mesmo que tenhas razão quanto isto, a questão mantém-se. A meu ver, as leituras (erradas e certas) dos factos passados são insanáveis e, por isso, irrelevantes para a construção do Portugal futuro. As pessoas fizeram um investimento na sua leitura das circunstâncias passadas e não estão interessadas em revê-la.
A descrição da Alemanha do pós-guerra feita pelo Judt, por ser um caso extremo, ilustra bem as dificuldades da resolução da actual situação política portuguesa. Vejamos porquê. Para surpresa de quem não tenha vivido estes acontecimentos, a derrota, destruição e completa humilhação do povo alemão não mudaram as suas convicções/leituras do passado (as fundações mentirosas e imorais do nazismo, para simplificar muito). Os esforços de desnazificação dos alemães forem um completo insucesso. Para a construção de uma solução política para a Alemanha do pós-guerra foi necessário esquecer essa discussão e trabalhar politicamente com todos os recursos humanos disponíveis (e.g. pôr ex-nazis em altos cargos da administração pública). Na minha opinião, este exemplo ilustra bem o insucesso ao qual está votada a tua estratégia de purificação do passado.
Se me interessa conhecer a verdade sobre os o caso PT e muitos outros? Claro que sim. Mas isso não me impede de reconhecer que essa busca não tem lugar (é inútil e contra-producente) no debate político actual. Que se façam mais investigações, que se escrevam livros, que aqueles que se consideram condenados injustamente se socorram dos meios adequados e das vias formais disponíveis para provar que os tribunais decidiram mal. Sou a favor disto tudo, mas não concordo que o melhor candidato a primeiro-ministro corra o risco de perder votantes na tentativa inglória de defender algo que é indefensável, visto que aqueles que acreditam que o Sócrates e o Vara são culpados não estão interessados em ser convencidos do contrário. Ir por aí seria estúpido em face dos objectivos maiores de resolver a crise política em que o País se encontra, e o Costa é demasiado esperto para incorrer nessa estupidez. Comer sapos gordos e viscosos como ele parece ter comido no vídeo que aí puseste é prova da sua determinação e sagacidade. A minha convicção de que o Costa é o homem certo para esta tarefa que o País tem pela frente saiu reforçada.
Tu viste nesse acto uma traição, e daí retiraste consequências para o teu voto. O que os comentários ao teu texto parecem indicar é que a maior parte dos teus leitores discorda da tua visão e conclusãoo , e que a considera radical e desligada da realidade. Se calhar farias bem em perder cinco minutos a pensar se haverá alguma ponta de razão e bom senso nesses textos (eu acho que sim).
Quanto ao que escreves sobre o que é a democracia representativa, o papel de que cada cidadão tem nela, o valor do voto e o seu significado etc, não vou tentar discuti-los. As nossas descrições sobre o que é a democracia parecem ser demasiado opostas para que faça sentido tentar convencer-te do meu ponto de vista. Que não sejas capaz de reconhecer que, na decisão individual sobre em quem votar seja importante considerar as decisões possíveis dos restantes eleitores, e o seu efeito conjunto na produção de um resultado político, revela uma capacidade extraordinária de alienação.
Oh Val, guarda as pistolas pá!
ignatz, já esclarecemos que és estúpido, escusas de te esforçar mais para o comprovar. Agora, volto a lembrar-to, trata-se de aguentares.
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Daniel, a comparação com a Alemanha do pós-guerra e sua herança nazi não é legítima, por todas as razões e mais algumas. Tal como não é legítimo estares a fazer depender de um solitário historiador, primeiro, de um solitário livro, depois, e de uma mínima citação, por fim, o arcaboiço, ou um dos pilares, da tua argumentação. Isso não passa do recurso ao argumento de autoridade.
Vejamos o problema com os instrumentos adequados. Dizes que Portugal está dividido quanto ao passado recente nesse aspecto de haver duas narrativas sobre a crise. A ser como dizes, essa divisão terá de ser necessariamente observável, posto que divide o País ao meio. Pois bem, onde estão essas evidências ou meros sinais? Tens notícia de já se ter feito, seja em que parte do território for, alguma manifestação a favor ou contra alguma dessas narrativas? Não tens porque a divisão não existe. Existem é variadas explicações em disputa, resultado das diferentes responsabilidades e estratégias em jogo.
Na comunicação social não encontras nenhum órgão que possas identificar com a versão socrática dos acontecimentos, nem sequer um único jornalista que a represente, é ao contrário. Do lado do PCP e do BE, e de toda essa esquerda, não se fala do passado para dar razão a Sócrates e ao seu Governo de então, porque isso implicaria terem de assumir o seu papel na entrega do poder à direita. E até no PS o que existe é uma colagem à narrativa da direita. Sobram umas vozes isoladas, como Sócrates, Pedro Silva Pereira, João Galamba, a nossa Isabel, e poucos mais. Estas figuras não conseguiram criar um movimento de apoio à sua versão dos acontecimento precisamente porque não há uma dicotomia na sociedade a respeito da questão, há é um estado geral de confusão e apatia.
Sócrates como bode expiatório da crise, figura odiada a que qualquer calúnia se podia colar, foi um sucesso completo – também porque a sua força a isso incitava e tornava credível. Ora, tens absoluta razão quando realças a importância do passado para a construção das nossas posições presentes e decisões futuras. Mas erras quando levaste, por reacção impulsiva e defensiva, a interpretação do texto acima para essa lógica. O que está em causa na declaração de Costa não é uma qualquer disputa sobre as origens da crise, é antes uma questão de Estado e que remete para as temáticas da Justiça, eventualmente, e da democracia, seguramente. Tudo isto diz respeito ao presente e ao futuro, daí o meu corolário quanto ao voto em Costa.
Quando te pões a querer justificar as declarações de Costa perdes por completo o pé e a água começa a entrar. Repara que Costa não estava obrigado a dizer nada de nada acerca do assunto, pois o assunto estava morto. Bastava-lhe ter continuado a fazer o mesmo que fez nos últimos 5 anos, manter-se calado. Mas neste episódio aquilo que se vê é uma autónoma vontade para se declarar de um dos lados da barricada. É incrível, face à sua postura passada e à ausência de qualquer vantagem para o esclarecimento da questão . Dá-se o caso de esse lado, uma vez assumido, implicar tremendas consequências. Foi sobre elas que discorri, e são elas que tu varres para debaixo do tapete.
Precisamente porque se reconhece a Costa sagacidade é que este episódio é extraordinariamente significativo.
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Alcoólico Anónimo, de que falas?
“ignatz, já esclarecemos que és estúpido, escusas de te esforçar mais para o comprovar. Agora, volto a lembrar-to, trata-se de aguentares.”
em vez de perderes tempo a lembrar-me da minha estupidez e a escrever lençois de nhanha masturbativa, bota mazé aí evidência daquilo que pões na boca do costa, aquilo que os direitolos dizem tamos fartos de saber. repito, caso não tenhas entendido, em que momento da códratura o costa reconheceu a paternidade do negócio pt/tvi ao sócras. se fizeres isso ficamos todos esclarecidos e acaba a discussão.
António Costa tem uma prática política, foi ministro, é presidente da câmara da maior cidade de Portugal. Estranho que, mesmo entre os que o apoiam, poucos se detenham nesta prática para defender a obra feita, que existe. Mas à direita e à esquerda, todos procuram os buraquinhos que a Câmara ainda não tapou, para atacar ou menorizar o Costa.
Espero bem, Valupi, que António Costa tenha consciência que o PS é o partido mais contestado, ou mesmo mais odiado, da política portuguesa. E que saiba afastar-se de declarações a favor ou contra Sócrates. Isso é o que os outros querem que ele faça. Também querem que ele fale da dívida aos mercados e da crise, e querem que ele apoie, como quem não quer da coisa, os banqueiros corruptos e restante corja que os serve.
Não é preciso “pôr as mãos no lume” pelo Costa, mas é urgente fazer escolhas. A tua escolha publicada parece-me desastrosa.
ignatz, estás com sérias dificuldades em perceber a língua portuguesa. Mas isso, lá está, faz parte. Tens de aguentar.
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xisto, quando Costa resolveu avançar para a liderança do PS – sendo que para muitos já partiu com 1 ano de atraso – sabia ao que ia. Naturalmente, será tão mais atacado quão mais forte for. Direita e esquerda começaram de imediato a atacá-lo e não irão parar. Tudo isso é o normal.
O que não é normal, ou não o deveria ser, é ver apoiantes de Costa a repetir o sectarismo e fanatismo típicos dos direitolas e comunas. Repara que tu não vieste até esta catacumba para discutir qualquer argumento relativo ao que eu tenha escrito, estás é a repreender-me por ter tomado uma posição em liberdade. Diria, então, que não gostaria de pertencer ao teu partido.
Agora, que Costa tem experiência política onde deu boas provas, e que é o melhor candidato, até à data, para o cargo de 1º ministro, lá isso parece indiscutível.
val, começaste a pensar como eles e agora reages como eles. o costa teorizava sobre promiscuidade entre política e negócios, o pacheco, pai das campanhas de carácter e conhecedor profundo dos telefonemas da face oculta e o lobinho, empregado do frustrado opador da pt, mandaram umas bocas e apanharam-te. agora esperneias porque nem a direita ligou ao assumpto e tentas manter vivo este concurso de punhetas artísticas a ver quem desiste primeiro. por mim, já levaste a taça.
Olha Val, li o teu texto de fio a pavio. E é notável sobre vários pontos de vista. Mas neste momento em que as facas se afiam contra o Costa , também ou sobretudo entre fraticidas do PS, se expões uma opinião publicada que em grande parte lhe é desfavorável, ainda que ela seja legítima, então estás sujeito a “levar nas orelhas”.
Por mim, estou farto deste PS do Seguro. E tu também, não é? O que não devemos é dar por adquirido que o Costa vai ganhar as primárias, muito menos que venha a ser o próximo PM. Mas um bocadinho de esperança neste Portugal amedrontado e manipulado não faz mal a ninguém.
ignatz, vou fazer uma confissão: começo a acreditar que tu acreditas mesmo na estupidez que por aqui vais espalhando.
Portanto, tu não viste o Costa a calar-se perante o que os outros dois diziam que ele tinha dito. E não viste o Costa a concordar com o Lobo Xavier quando aceitou os seus elogios pela denúncia acabadinha de fazer.
É esse um dos grandes problemas da estupidez, impede um visionamento claro dos programas televisivos.
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xisto, continuas sem querer discutir seja o que for do que escrevi. E nada há de errado nisso, apenas o registo para te dar uma oportunidade para perceberes o que estás aqui a fazer. Estás aqui para me dizer que te estás a cagar para as questões da Justiça e da democracia, só a vitória do Costa te interessa.
Nesse sentido, não és diferente de todos os outros que fazem da política uma interminável guerra civil.
“Portanto, tu não viste o Costa a calar-se perante o que os outros dois diziam que ele tinha dito. E não viste o Costa a concordar com o Lobo Xavier quando aceitou os seus elogios pela denúncia acabadinha de fazer.”
já tá melhorzinho. afinal não afirmou, só inalou quem cala consente. olha que alinhar nesse peditório é pensar como eles e valorizar a treta, não há pugrama que aguente desmentidos constantes e repetidos, além de não sobrar tempo para atacar e bater onde dói. quanto a mim, o costa já deveria alegado incompatibilidade e deixar os gajos a falar sózinhos, mas ele lá sabe o que faz e não se tem saído mal. tens razão, sou mesmo estúpido, dou troco a teorias de 1/2 tijela.
ignatz, parabéns. Conseguiste que te descrevesse o que está à vista de todos no cabeçalho do texto desde quarta-feira. Pois é, o tal problema que te aflige…
Mas vou concordar contigo num ponto, porque já escrevi sobre ele na devida altura: isto do Costa validar com a sua presença as pulhices daqueles dois caluniadores não será algo de que se possa vir a orgulhar durante a eternidade.