"Sou sincero, no sábado, desliguei para descansar. Portanto, não ouvi diretamente as palavras [do Presidente da República]", começou por responder António Costa, provocando alguns risos aos jornalistas. "Sim, sim, não riam, lá porque sou primeiro-ministro também tenho direito ao descanso", reagiu logo a seguir o líder do executivo.
"Comecei as funções com o anterior Presidente da República [Cavaco Silva], mas tenho uma longa experiência com o atual. Cada um tem o seu estilo, cada um tem a sua forma de agir, cada um tem a sua forma de interpretar os poderes constitucionais, visto que a nossa Constituição é bastante clara, embora ajustável à personalidade de cada um que exerce essas funções", disse.
Na perspetiva de António Costa, "todos os portugueses têm apreciado a forma como o Presidente da República tem exercido as suas funções, que tem momentos de maior criatividade". "Mas acho que isso é normal, ninguém leva a mal. A senhora ministra [Ana Abrunhosa], aliás, disse que não tinha levado a mal, estava lá e compreendeu perfeitamente a intervenção no quadro da informalidade com que tudo decorria", acrescentou.
Ignoro se a resposta do Governo à afronta de Marcelo foi coordenada, embora apostasse os 10 euros que tenho no bolso como a displicência comunicacional de Costa favorece antes a hipótese de residir na Ana Abrunhosa o acerto da postura. Foi ela que começou por se negar no local a comentar as palavras indignas do Presidente da República a seu respeito. E veio dela o golpe de judo perfeito, ao mostrar um sentido de Estado exímio que, simultaneamente, reduzia Marcelo à figura daquele tio bronco que nos jantares de Natal só diz merda, para embaraço e suplício dos convivas.
Na dimensão institucional das suas declarações, o que temos é uma ministra a explicar que o Presidente da República decidiu diminuir-se, abandonando o estatuto de Chefe de Estado para se comportar como um outro qualquer ministro. Daí tê-la interpelado directamente, sem passar pelo primeiro-ministro. São intimidades próprias de colegas de Executivo, ou então de um líder da oposição.
Depois aparece Costa, e o subtexto das suas palavras é letal para o prestígio do actual Presidente da República. Começou por exibir desprezo, frisando que não estava sequer a prestar atenção ao que acontecia na Trofa. De caminho, aludiu à necessidade de descanso, indicando que ele trabalha que se farta enquanto há outros que se limitam a passear e a abrir a boca. De seguida, espetou fundo o ferro ao frisar que Marcelo estava a abusar dos poderes concedidos pela Constituição ao seu papel – a este respeito, Vital Moreira anda há anos a denunciar o mesmo. Concluiu dizendo que o povo gosta de Marcelo como ele é, um palhaço dado a venetas.
Pode-se achar poucochinha esta pose de nacional-porreirismo de Costa mas abrir um conflito seria inútil para qualquer agenda do Governo e uma irresponsabilidade para o interesse nacional. Donde, é a única estratégia possível para lidar com um Presidente da República que gosta de mostrar a pilinha a ministras socialistas.
Costa é apenas coerente: um tipo que borrifa vezes sem conta para protocolos e coisas dessas só pode relativizar quem também o faz. ~Costa é um trapalhão , marcelo é um palhaço , una dupla porreira.
OK. Esta bem.
Mas com os broncos que tens na caixa de comentarios, devias começar por explicar o obvio : responder à provocação de Marcelo dando brados de indignação seria criar um conflito escusado – o que é que o homem pode fazer institucionalmente que dê corpo às palavras que proferiu ? Rigorosamente nada – dando não so a impressão que, afinal, as palavras dele têm consequências relevantes, mas ainda aceitando coloca-lo, de facto, na missão de controlar a utilização das verbas. Noutras palavras, seria investi-lo no papel de fiscalizador-mor da politica do governo, papel que ele não tem, por mais que se ponha em bicos de pé. Não estamos num governo de iniciativa presidencial.
Portanto tivemos um PM e uma ministra à altura. So isso.
Boas
O Viegas já esqueceu o discurso de Pedrogão e a forma como o Comandante Supremo das Forças Armadas se pós ao fresco no caso de Tancos, além da deselegância com que puxou a tapete à ex ministra da saúde. Quando temos uma agenda é sempre util ter memória selectiva ( como faz o Viegas ) ou ser sonso ( como o Costa ). É da vida!
Artigo 191.º
Responsabilidade dos membros do Governo
“1. O Primeiro-Ministro é responsável perante o Presidente da República e, no âmbito da responsabilidade política do Governo, perante a Assembleia da República.
2. Os Vice-Primeiros-Ministros e os Ministros são responsáveis perante o Primeiro-Ministro e, no âmbito da responsabilidade política do Governo, perante a Assembleia da República.
3. Os Secretários e Subsecretários de Estado são responsáveis perante o Primeiro-Ministro e o respetivo Ministro.”
Diante disto, achar que António Costa ou um dos seus Ministros pode condescender com Marcelo no abuso dos poderes concedidos pela Constituição ao seu papel de PR, em nome do interesse nacional, parece-me que é ir longe demais na condescendência perante as diatribes de MRS.
Como bem acentua o Prof. Vital Moreira, no citado post do seu blog “Causa Nossa” «Perante este reiterado desrespeito do Presidente pelas normas constitucionais que regem as suas relações com o Governo, penso que o Primeiro-Ministro deveria tomar duas medidas elementares de defesa da autonomia política e institucional do Governo:
(i) vedar aos ministros qualquer contacto bilateral com Belém;
(ii) deixar de envolver o Presidente em inaugurações ou eventos governamentais em que não esteja o Primeiro-Ministro.»
Isso,
Ou então, ja agora, convocar uma gigantesca manifestação na Fonte Luminosa de apoio ao governo em protesto contra o facto do presidente ter afirmado numa inauguraçãozeca de que ninguém teria ouvido falar de outra forma, que se pode vir a “zangar” com uma ministra se não sei quê…
Mas esta tudo doido, ou quê ? O direito constitucional é muito bonito, mas o sentido do ridiculo também merece respeito, e o sentido politico mais elementar idem. E o sentido da medida. Fazer desta anedota perfeitamente inofensiva e futil um incidente institucional é apenas servir a Marcelo numa bandeja o que ele quer : uma hipotese de fazer show armando em contrapoder que não larga as canelas do governo a bem do necessario cumprimento dos prazos (que ninguém contesta, por sinal). Ou seja, ajuda-lo a fazer oposição (como ele tem continuamente a tentação de fazer, o que é logico, lembram-se que ele foi eleito pela direita, ou ja se esqueceram ?) Em nome de quê ? O que é que esta em perigo, ao certo ? A liberdade constitucional de ser o 1° ministro a sancionar o cumprimento dos prazos ? O direito soberano de não os cumprir, sob pena de responder perante a AR ? Muito me contam… So mais uma coisa, e no dia em que Marcelo usar mesmo um dos poderes que a constituição lhe da para paralisar a acção governativa, por exemplo usando do seu direito de veto, o que é que v. sugerirão que se faça, uma ameaça nuclear ?
Tenham juizo, pa !
Boas
sim, mas a questão que importa é que continua por explicar – agora pelos três. até parece uma palhaçada.
https://eco.sapo.pt/2022/03/23/marcelo-irritado-com-divulgacao-da-lista-de-ministros-dispensa-reuniao-com-costa/
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse esta quarta-feira que ficou a saber da composição do XXIII Governo pela comunicação social.
estão lembrados?
se um pode , o outro também -:)
tava a ver que a yo não metia a pata na poça…
gosto de chapinhar , que é que se há.de fazer? -:)
Não morro de amores nem por Marcelo nem por Aníbal, nem por Passes de Coelho & Portas nem por Costa. Mas ao contrário de Pedro, António apoiou a (re)eleição de Marcelo, sabendo ao que vinha este alegado “constitucionalista”, que reiteradamente tripudia sobre a Constituição da República que jurou defender, respeitar, cumprir e fazer cumprir. Marcelo de Sousa, na senda de Aníbal, Pedro & Paulo, manda ás malvas a CRP, como se fosse o Presidente-Rei duma monarquia absoluta, um Deus na Terra, ungido pela graça do Espírito Santo, omnipotente, omnisciente e omnipresente. Marcelo e Aníbal nunca esconderam a sua agenda: no centrão PS/PSD defendem, apadrinham e puxam as brasas para o PSD. Que António e outros altos dirigentes do PS, após Sampaio, tenham sempre criado condições para que o PR seja do PSD – Aníbal e Marcelo – seria um caso que Holmes ou Poirot talvez gostassem de desvendar, Que António “ignore” a malevolência do PR e que o PS não desmonte a “agenda” de Marcelo é um mistério que talvez nem a Senhora da Cova da Iria ousasse ou conseguisse desvendar ao rebanho guardado e vigiado pelos três pastorinhos! Mas com estas embrulhadas e águas nada límpidas, que benefícios advêm para a democracia?
Mas afinal a ministra tinha ovo ou não tinha ovo?
Costa esteve muito bem no peso e na medida, como se costuma dizer, na apreciação que fez da cena ridícula do presidente.
O que este episódio volta a revelar é o modelo de governo que Costa tem, tudo recai sobre ele. Ele é o governo . Logo os ministros são fracos.
Este episódio mostra também uma coisa que convém lembrar:a cobardia de Marcelo. Marcelo só teve esta “coragem ” por se tratar de uma ministra fraca e sem “garra” para lhe responder. Eu queria era ouvir Marcelo a falar assim para o Augusto Santos Silva; Pedro Nuno santos; o ministro da economia; idem.
Fez à ministra por reconhecer que ela seria “inofensiva ” e nada truculenta.
Porra! De que planeta é este gajo?
https://youtu.be/PE_8TvW6D4M
aposto que os dignatários aqui do sitio não vão responder a nenhuma das perguntas do victor nogueira porque lhes estragava a narrativa