7 thoughts on “Começa a semana com isto”

  1. Uma académica inglesa que desconhece as séries do Morse/Endeavour e nos quer convencer da importância e actualidade de Platão e Virgílio? Para começo, acho pouco convincente. O pior é que a senhora fala um inglês mais fechado do que o do apresentador, o que me dificulta muito a compreensão do que diz. As ditas séries ao menos têm legendas…
    Quanto aos chineses que querem ler os clássicos greco-romanos para perceber a civilização ocidental, acho bem. O saber não ocupa lugar e chinês prevenido vale por dois. Mas parece-me que a China há muito assimilou perfeitamente essa civilização. Eles querem é reler essas fontes com novos olhos, para saberem como nos ultrapassar.

  2. Júlio, a tese dela, ou se calhar a descrição objectiva do que se passa, é a de que alguns académicos chineses acham que Platão os ajuda a entender o mundo ocidental. Donde, lhe darem uma importância que o discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles não tem para nós, ocidentais. Dá que pensar.

  3. bem , bem , se o ponto da situação é esse , entender para vencer , o melhor é a malta dedicar-se afincadamente a estudar o “legalismo” chinês. god ,estamos fritos.

  4. Não sei o que se diz Sean Carroll’s mas pela ideia que faço do assunto em questão, assumo dar uma opinião acerca da vontade chinesa de estudar os Mestres Gregos.
    Claro que Platão ou mais propriamente o socratismo dos primeiros diálogos dão para satisfazer muitos refinados gostos; não esquecer que todas as filosofias posteriores como o estoicismo, o epicurismo e também o cinismo e até os sofistas se reclamaram da prática ou das ideias ou doutrina socrática ensinada e veiculada por Platão e doutrinadores da Academia.
    A própria “República” como idealista e defensora de o “Rei-filósofo” e um estado aristocrático-despótico algo à imitação do estado espartano não será nada muito diferente do que Jim Ping já pratica hoje e sonha para uma práxis futura para o seu PCC.
    Também Confúcio foi um dos literatos, não profetas, que andaram a aconselhar príncipes e ensinar uma forma de vida e organização social, tal como fizeram todos e fazem ainda hoje os nossos filósofos; teve os seus seguidores que desenvolveram e acrescentaram novas ideias atribuídas ao mestre; talvez o grande líder Jim Ping, que já tem o poder absoluto vitalício, se queira promover a novo doutrinário de uma orgânica social para o futuro e pense tornar-se um novo ícone adorado que substitua o vellho Confúcio.

  5. jose neves, a ideia de que a “República” propõe um regime despótico tem muita popularidade mas não será para mim a melhor interpretação do que lá se defende. E a razão principal, reduzindo o assunto ao essencial do essencial, está na própria definição do que seja um filósofo: um ser para sempre inacabado como projecto de saber. Logo, a própria República platónica assume-se como um modelo de comunidade impossível de realizar colectivamente, socialmente, apenas pode existir individualmente, como procura subjectiva e epistémica das melhores decisões junto dos que continuam “agrilhoados na caverna” – ou seja, o filósofo volta sempre à “democracia” e é nela que se cumpre tragicamente (pois nunca será “rei”, a não ser dele próprio, se o for).

    Este é o filão, diria, que explica as correntes que citas e que se assumem como legados socráticos e platónicos.

  6. Valupi, entendo a racionalidade do teu argumento e penso que seja uma interpretação plausível dado que a “República” é também uma analogia entre o equilíbrio e harmonia entre os vários aspectos do estado e o equilíbrio e harmonia da alma e do corpo de cada indivíduo.
    Contudo diz-se que a tese principal do sistema social proposto é que a sociedade ideal seria aquela que fosse governada pelo “filósofo-rei” escolhidos e educados para tal desde crianças dadas as suas capacidades e inteligência superior que lhes daria a qualidade de sábios.
    Assim o estado ideal de Platão seria uma “aristocracia” ou o governo dos melhores, uma “meritocracia”; pensava certamente que só o “rei-filósofo” detinha o conhecimento e saber capazes de explicar e fazer compreender aos “agrilhoados na caverna” de que a “realidade” da vida deles eram apenas observações de sombras e aparências da qual extraíam opiniões enquanto a verdadeira realidade só a compreendia o filósofo sábio.
    Embora se perceba a lógica da ideia de que “o filósofo volta sempre à “democracia” e é nela que se cumpre tragicamente (pois nunca será “rei”, a não ser dele próprio, se o for)”, é difícil conciliar isso com a vontade de Platão aceitar por três vezes a ideia de ir para a Sicília, a pedido dos Dionísios, implementar a sua “Répública” ou algo parecido em Siracusa onde foi sempre mal querido e teve de fugir para não ser liquidado.
    Esta vontade de ser politicamente útil pela aplicação prática do seu sistema não denota que para além de toda a idealização e imaterialização de tal sistema social Platão ainda acreditava na bondade política do seu método e sua aplicação?

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