Resposta ao quinto fundamento da inconstância. E prova-se aqui como são mui firmes na virtude e no bem as mulheres
Quanto ao quinto fundamento contrário, em se dizer que as mulheres são inconstantes e mudáveis, digo que esta fama lançaram delas os namorados, dos quais elas, mui importunadas e combatidas, porque lhes querem lançar a perder a honra e a vida, lhes prometem muitas coisas que não cumprem; e não têm culpa, porque assim lhes fazem eles quando as requerem, que lhes prometem montes e mar de ouro e depois tudo fica no ar e com nenhuma coisa cumprem. Pois, logo, não é muito elas também serem mudáveis e não cumprirem, porque o fazem por conservar seu direito. E a quem quebra a fé, não é muito quebrarem-lha, e antes haviam de ter nisso mais rigor. E elas andam para se guardar e eles para as enganar; e por isso elas lhes fazem estes enganos e estas variedades, de que os homens comummente se queixam, e portanto lhes não devemos poer culpa.
Em as outras coisas, assim se mudam os homens como as mulheres. Quantos há que o que prometem pela manhã negam à noite, e ora querem ora negam! Algumas vezes é bom o variar, porque do sabedor é mudar em melhor o conselho, porque o que hoje parece bem, depois, por outra nova razão, não parece assim, e cada hora temos novos pareceres e não havemos de haver vergonha de corrigir nossos erros. O variar é natural aos homens e às mulheres, porque nosso estado consiste em perpétuo movimento. E não é de repreender se, segundo a variedade dos tempos, se variem os estatutos humanos; e por isso os doutores dão diversos conselhos, e as leis cada dia corrigem umas as outras, e em um reino se guarda um costume e em outro mui diferente, e uma ordem reza um costume e outra reza outro; e tudo procede da mudança que fazem os homens, aos quais naturalmente toda mudança e coisa nova apraz. E não pode menos ser na mudança das leis e estatutos, porque é tanta a malícia humana, que, para defraudar uma lei, cuidam e fazem mil malícias, donde veio o provérbio «Feita a lei, cuidada a malícia». E por isso em coisas é necessária cada ano uma lei e um corregimento. Assim que todas as coisas se mudam, homens, mulheres e tempos; e por isso não nos devemos espantar das mulheres, as quais, por se guardarem de nossos enganos, não é muito que nos enganem, como a que dependurou a Virgílio no cesto. Onde vem que dizem os juristas que a mulher casada que for doutrem requerida pode dizê-lo ao marido e dar hora ao amigo para que venha e o espanque sem ter, por isso, pena. E portanto esta inconstância em toda parte se acha, e muitas houve que foram mui firmes.
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Espelho de casados – Dr. João de Barros – 1540
O ser pós-humano não tem género.
No próximo século será um cyborg sem corpo hominídeo.
Amará um robot.
O robot retribuirá, com sentimentos, inteligência e emoções mais profundas e genuínas do que os actuais “humanos”.
A discussão sobre o género, a cor-de-pele e outros atributos do actual corpo anatómico hominídeo é perder tempo.
Andas com o Nietzsche de braço dado . Boas passeatas disfarçado de “a lá XXI”.
Não.
Jamais um depois, como se desejássemos alcançar um “super-homem”.
Numa acepção totalmente diferente da de Nietzsche, ou de qualquer vestígio de “supremacia”.
Não caio nesse erro de Ícaro.
Apenas «SAP2ii», no acrónimo que isso significa.
Ouço Valupi, ouço Mjp, ouço Penélope… E ouço um desesperado desejo de partir. Para um «Ser Que Há-de Vir». Como se estivessem no mesmo apeadeiro, todos zangados, à espera que chegue o comboio para esse Futuro.
E não é a neve que bate, leve, levemente, como que a chamar por vós. É mais o “Morrer de Amar” do Aznavour:
“As paredes da minha vida são lisas
Agarro-me a elas, mas escorrego
Lentamente até ao meu destino
Ainda que o mundo me julgue
Não vejo para mim um refúgio
Todas as saídas estão sentenciadas
Deixaremos o mundo nos seus problemas
As pessoas cheias de ódio frente a si mesmas
Com os seus pensamentos pequenos
Perdemo-nos pela noite, de boa vontade
Pagaremos o amor, nem que seja com o custo da nossa vida”