Começa a semana com isto

Robert Sutton on Good Leaders vs. Bad Leaders

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– É pacóvio achar que só em Portugal há maus patrões, chefes incompetentes. Eles estão distribuídos por todo o Planeta. Mas é estúpido, e perigoso, ignorar que há razões endémicas, seculares, para o tecido empresarial português gerar tantos patrões broncos e tantos chefes canalhas.

– Robert Sutton é um divertido, animado e muito nosso amigo especialista em lidar com as disfunções relacionais que existem em todas as organizações. Todas. Porque sim. Porque humanos.

– Talvez o mais valioso conselho que ele deixa, muito pouco atraente para a dificuldade de ser português num país igual a Portugal, seja o de irmos embora de uma empresa quando nos estão a fazer mal. Esta sabedoria não se aplicará necessariamente a quem tenha protecção de um sindicato, regra geral, sendo mais apropriada para os outros tantos e tantos não sindicalizados que, de repente, se podem ver isolados a lidar com chefias e colegas em quem não podem confiar e que estão organizados para prejudicar e expulsar os alvos. Isto chama-se assédio moral e, depois do triunfo do movimento contra o assédio sexual, devia merecer a atenção das forças políticas pois há muitos votos para ganhar neste território de ubíqua e diária violência – cuja dinâmica tem várias relações com a violência doméstica. É também um fenómeno que está ligado à baixa produtividade ao castigar o mérito e premiar a cumplicidade na discriminação e seus graves danos para as vítimas.

– O nosso Bob usa com mestria os clichés, pois eles transmitem experiência prática e científica acumulada, de que deixo dois exemplos iluminativos: “My shit is stuff, your stuff is shit” + “That was great until it wasn’t” – o primeiro descreve o egocentrismo fatal que boicota a colaboração num grupo e destrói a geração da inteligência colectiva; o segundo aponta à cristalização das fórmulas e soluções, impedindo a adaptação a novos problemas (que são na maior parte dos casos os antigos mas numa versão alterada).

– Finalmente, o seu convite para deixarmos de nos avaliar como estando a fracassar ou a ter sucesso, a errar ou a acertar, e antes começarmos a procurar o que estaremos a aprender numa dada situação, concebendo-nos em permanente crescimento, é uma verdadeira – e tão salubre, alegre – filosofia de vida.

6 thoughts on “Começa a semana com isto”

  1. podíamos fazer um estudo , várias hipóteses a testar : 1-terá a bronquice uma correlação positiva forte com o espírito de iniciativa e coragem para correr riscos? 2. estará a inteligência e a finura ligada a ao espírito servil e ao medo da vida ? 3-haverá alguma ligação entre a atitude dos patrões e visão do trabalho como um sacrifício por parte dos empregados ?

    tenho um sobrinho que aos 19 resolveu que de momento escola naaa e abriu um estaminé. 19 anos e é o patrão dele próprio .
    quem não está bem , muda-se. ninguém os obriga a trabalhar para broncos. mas no entanto sou obrigada a suportar ser governada por broncos , isso é que é o problema principal do país.

  2. ” tenho um sobrinho que aos 19 resolveu que de momento escola naaa e abriu um estaminé. 19 anos e é o patrão dele próprio .”

    1 – recebeu uma herança e resolveu gastá-la
    2 – o pai emprestou-lhe a massa e é patrão dele
    3 – pediu ao banco, os pais avalizaram, o banco ficou sócio e ele trabalha para a família

    “mas no entanto sou obrigada a suportar ser governada por broncos”

    não, podes emigrar. afinal “quem não está bem , muda-se.”

  3. Os raciocínios e juízos de valor trazidos para aqui pela comentadeira yo são verdadeiros “caso-estudo” do pensamento do cidadão comum português.
    Repare-se nestes nacos de raciocínios-proposições:
    1) “terá a bronquice uma correlação positiva forte com o espírito de iniciativa e coragem para correr riscos?”
    2) “estará a inteligência e a finura ligada ao espírito servil e ao medo da vida?”
    Para destas premissas concluir:
    3) “tenho um sobrinho que aos 19 resolveu que de momento escola naaa e abriu um estaminé. 19 anos e é o patrão dele ”
    4) “quem não está bem , muda-se. ninguém os obriga a trabalhar para broncos. mas no entanto sou obrigada a suportar ser governada por broncos , isso é que é o problema principal do país.”

    Correlaciona o bronco com o “espírito de iniciativa e coragem face à mudança e riscos” e o inteligente ao “espírito servil e medo face à vida”.
    Ora, depois destas premissas dá o exemplo da “iniciativa corajosa” do sobrinho e da “inteligente” não iniciativa sua de se mudar e manter servil dos broncos.
    Desta contorcida, paradoxal e incompreensível sua lógica de pensamentos a única conclusão possível dela retirar é que:
    – O seu sobrinho é um bronco; o facto de aos 19 anos se cagar na escola é já indício disso.
    – a yo é uma bronca em duplicado; pois, por um lado faz a apologia do sobrinho como bronco e, por outro lado fazendo a apologia da mudança do sobrinho, ela própria, atura os políticos broncos e não se muda.

  4. A não perder:
    Resposta de Carmen Garcia a Raquel Valera, no “Público”
    Até que enfim alguém desmascara uma presunçosa ignorante.

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