«A austeridade aplicada em Portugal na crise do euro foi cega, excessiva e causou traumas na memória dos cidadãos e destruição desnecessária no tecido económico. Mas vale a pena recordar que essa política não resultou de uma deliberação consciente do Governo de Passos Coelho; foi imposta por agentes externos como condição para resgatarem as finanças públicas – mesmo que se possa sublinhar que Passos e os seus ministros a aceitaram com excesso de condescendência e, em alguns momentos, até com simpatia por acreditarem no seu poder para regenerar o país.»
Como é que pensa um fanático? Exactamente como um não fanático, a única diferença estando na amplitude, detalhe, ângulo da visão mental. Como neste paradigmático trecho sectário acima citado. Aparentemente, o Carvalho do pasquim acha que a austeridade entre 2011-2015 foi uma coisa assim a modos que milagrosa porque conseguiu destruir a economia sem ter causado danos sociais. É ele quem o diz – ou melhor, é ele que o não diz, quem recusa a visão sobre as consequência sociais e individuais de tanto erro junto.
Porquê? Que leva o fanático a ser obsessivamente selectivo na análise? Algo muito importante para todo e qualquer fanático, a moral. No caso, ele está preocupado em limpar moralmente os agentes dessa cegueira excessiva, traumática, destruidora e, afinal – como agora até um fanático tem de dizer depois do próprio FMI ter reconhecido o mesmo – desnecessária. Daí o “vale a pena recordar que” o pobre coitado do Passos, tão bom rapaz, não foi o culpado. Uns terríveis “agentes externos” obrigaram a gente séria a fazer umas coisas desagradáveis. E essa gente séria, inocente e ingénua, acreditou nos senhores estrangeiros e ficou com o coração cheio de simpatia e esperança. Eles só queriam “regenerar o país”, tem isso algum mal? Nenhum, devemos é ficar agradecidos.
«É por isso importante e interessante para o país pegar na experiência real de Passos Coelho e reproduzi-la no sistema de ensino. Só não entende isto quem for incapaz de separar Passos Coelho da sua condição social ou do seu passado político. Ser um outsider das oligarquias, não é pecado. Ser defensor (mais nas palavras do que nos actos) de uma ida “além da troika” para chegar a um neoliberalismo feroz não é um crime. [...]
[...] Passos prestou um serviço público ao gerir o país nos anos de chumbo da troika, ou ao ter coragem para afrontar os donos disto tudo. [...] há em Passos Coelho uma aura de coragem cívica e uma imagem de dignidade na forma como resistiu à troika que não justificam o quase ódio ou o ostracismo a que tantos o querem votar.»
Passos fez-nos um favor, afirma o fanático. Passos não só deve ensinar como deve ser ensinado, reclama o fanático. Passos é um outsider das oligarquias, debocha o fanático. Passos é a estátua viva da resistência à troika, delira o fanático. O fanático não é apenas fanático, portanto mentiroso e bronco; antes e depois da sua monomania o fanático é um lírico descompensado a ladrar a quem passa.
«O seu tempo [de Passos Coelho] esgota-se. Talvez cedo de mais. Talvez injustamente. Talvez um dia volte a ser reconhecido pelo que fez por deliberação e teve de fazer por imposição da troika. Para o conseguir, terá de recuperar o capital político que perdeu este ano. Um período de pousio talvez lhe faça bem.»
Os editoriais deste fanático, actual director de um pasquim onde não só se calunia de boca cheia como se fazem manchetes com notícias falsas sem disso haver qualquer responsabilização ou arrependimento, um pasquim que foi o braço público de um dos maiores e mais abafados escândalos do regime, não têm qualquer influência sobre algum átomo com importância para a política e a sociedade. Se os seus patrões gostam da forma e do conteúdo, que sejam todos muito felizes até o Inferno gelar.
Acho é piada que o Público me peça dinheiro para sustentar o comité de apoio ao regresso de Passos Coelho à arena política. Só mesmo um fanático para ter essa lata.
Eles não desarmam ao querer reescrever a história recente e, recuada desde a era
do fascismo desmoronado no 25 de Abril … mas, a tentativa tosca de reabilitar um
dos “coveiros” do país no mínimo, é grotesca! Só podem merecer é desprezo!!!
«um pasquim que foi o braço público de um dos maiores e mais abafados escândalos do regime,»
Exactissimamente.
Como pode um tal jornal como jornal de jornalismo e especialmente J.M.Fernandes, seu director de então, e os seus jornalistas cúmplices dessa provada tentativa de golpe de Estado, por enquanto, mantido na sombra mas não esquecido, continuar na frente informativa do país como opinadores sabe-tudo num país democrático sem que os democratas rejeitem e repudiem tal género de gente sem direito a qualquer resquício de credibilidade.
O Cavaco, como político, pelo mesmo facto perdeu toda a credibilidade na memória do povo. Povo esse que hoje em dia não liga chavo ao que tal desconfiado bronco diz ou faz porque já tomou consciência do que é e vale tal mesquinha figura.
Os jornalistas, contudo, são gente de corporação de grupo que remete para o artigo de f. que foi fundamento do post anterior. Estes protegem-se entre si corporativamente e têm na “liberdade de imprensa” o álibi universal democrático sempre à mão para defesa das golpadas políticas pessoais.
O Carvalho do “público” é, sobretudo, por falta de integridade intelectual uma voz do dono que tenta esconder outra golpada de saque sobre o Estado de ordem económica-financeira na “opa” sobre a PT que o deixou ressabiado contra os socialistas.
A vida posterior já demonstrou que o patrão do jornal “público”, com este meio de pressão à cabeça quis chantagiar o governo de então. Não tendo conseguido inverteu a realidade dos factos e desde então não desistiu da sua vingança pessoal que deixou em herança aos filhos.
Passos foi o salvo-conduto de cobertura à tese invertida dos factos inventada pelo “público” e o Carvalho, voz do dono, obrigado, outra coisa não faz que retribuir com desculpabilizações toscas e mentirosas a gentileza de Passos naqueles tempos.
Carvalho e Passos a mesma luta.
O Passos fez-se passear várias vezes em assuntos de estado com um livro do Salazar debaixo do braço. Pelo menos umas duas vezes e haverá filmagens disso. Só em Portugal é que é possível um governante desprezar tão descaradamente os seus cidadãos e o sistema político que diz governar. Um gajo que admira Salazar, é livre de o fazer, mas não pode NUNCA, JAMAIS, governar sob a nossa constituição e o seu preâmbulo. Eu conheço três governantes que tinham verdadeiro asco por este país e nunca o esconderam, pelo contrário vangloriavam-se, ainda que veladamente, disso: Salazar, Cavaco e Passos. No entanto, são reconhecidos por muitos meus concidadãos como grandes estadistas. Isto deixa-me muito triste pelo meu país, pelo significado que isto tem. Muito triste.