Preparemo-nos, então. Vêm aí muitas palavras grandiloquentes, muitas intervenções inflamadas, muitas denúncias, muitas indignações sinceras ou nem tanto, mas quando todo o processo acabar, o sistema que se apropriou da Caixa terá ganho tempo para deixar tudo na mesma. Escrevia esta segunda-feira João Miguel Tavares que um dos maiores problemas do país é “a incapacidade de aprender com os erros cometidos”, o que sendo uma absoluta verdade merece o devido contexto: o país não aprende porque não há grande coisa a aprender.
Depois das palavras e das palavras e das palavras, os gestores que usaram a Caixa com negligência e dolo para satisfazer projectos políticos e pessoais nesses tempos nefastos da era Sócrates e os que se serviram dessa farra hão-de continuar por aí como se nada tivessem feito, como se nada devessem à justiça e ao bem-comum.
Sem que se ponha em causa o mérito da CPI e a boa vontade dos deputados e dos partidos que a propõem, a verdade é que acabará por repetir nomes concretos, dívidas precisas e manobras conhecidas sem que nada mais aconteça. A Caixa de hoje nada tem a ver com a desse passado obscuro, como o país de hoje se libertou da corte de políticos, banqueiros e ditos empresários que deram ao pobre capitalismo português um toque de nepotismo e cleptocracia.
Mas, não nos iludamos. Feridas como a da Caixa não se curam com discursos. Mas, com a alçada da lei para lá dos prazos da prescrição, pouco nos resta. Para lá da memória, da indignação e de uma CPI fora de prazo.
Muito mais do que um ajuste de contas, exigiam-se conclusões que nos permitissem fazer um juízo ético sobre esses anos conspícuos e sobre os personagens que os protagonizaram. A exigência que os deputados colocaram nos trabalhos, com destaque para a inevitável Mariana Mortágua, mas sem colocar o mérito de todos os outros em questão, obriga a uma óbvia conclusão: ainda bem que a CPI existiu.
A utilidade de inquéritos destes é a de munir a opinião pública com ferramentas de pressão suficientes para se evitar no futuro a repetição do festim de dinheiro fácil e da complacência das entidades que deviam zelar pelo interesse colectivo – o Governo como dono da Caixa e o Banco de Portugal como regulador do sistema financeiro.
É expectável que a matéria apurada na CPI reforce agora a viabilidade de processos judiciais aos autores dessa história ruinosa. A CPI ajudou-nos a perceber esses mecanismos e a revelar a facilidade com que o deslumbramento provinciano da corte lisboeta transforma personagens de opereta, como Joe Berardo, em investidores encartados e doutores em finanças. Prestou um bom serviço ao país.
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Manuel Carvalho, um dos maiores craques em ética e deontologia jornalística que este rectângulo à beira-mar abandonado já pôde observar em acção, não é só alguém que tem direito a mudar de opinião a cada seis meses. Ele é muito mais do que apenas um especialista em política manifestamente baralhado, muitíssimo mais. Acontece estarmos perante o director de um “jornal de referência” que cita um caluniador profissional para nos ajudar a perceber como as coisas é. Veja-se a profundidade, a originalidade, o alcance do pensamento convocado: «Escrevia esta segunda-feira João Miguel Tavares que um dos maiores problemas do país é “a incapacidade de aprender com os erros cometidos“». Tomem e embrulhem, seus trastes da política e das elites. Aqui está quem vos topa e não perdoa.
O magnífico Carvalho é também um fulano que se entusiasma facilmente com “uma era dominada pela irresponsabilidade, pela negligência e pelo amiguismo das relações cortesãs alimentado pelo poder do dinheiro, esses anos conspícuos do festim de dinheiro fácil e da complacência das entidades que deviam zelar pelo interesse colectivo, onde o formalismo da lei serviu para ocultar a falta de probidade, de devoção ao interesse público ou de determinação para lutar contra a corrente desses dias insensatos em que uma oligarquia política e financeira tentou tomar de assalto o país com o dinheiro fácil que saía da Caixa para encher de deslumbramento a corte lisboeta“. É isto que ele conclui quando se põe a matutar no assunto. Infelizmente, não teve tempo para deixar uma qualquer informação factual, objectiva, à prova de dúvida, para sustentar o cenário de falência do Estado e saque onde a sua retórica do Bolhão se sente em casa.
Se há algo que podemos concluir a partir das suas conclusões é que este senhor desconhece o que foi dito na II Comissão Parlamentar de Inquérito à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à Gestão do Banco pelos auditados. Desconhece intencionalmente, daí recusar-se a fazer referências onde seja possível haver contraditório. Basta-lhe a versão preliminar onde a politização dos trabalhos é o único critério que fica consensualmente transparente. Daí os alvos no final do inquérito serem exactamente os mesmos que eram agitados no início: Santos Ferreira, Vara e Constâncio [portanto, Sócrates]. Tudo o resto, todos os testemunhos que pulverizaram essa chicana obsessiva, foi apagado por quem agora utiliza mais um exercício onde se provou a normalidade e licitude dos processos na CGD para fazer a propaganda exactamente do contrário.
Inventar notícias falsas, atacar a honra de ex-governadores do BdP e ex-administradores bancários, e ainda de actuais colaboradores do jornal de que se é director, ser rancorosamente sectário e festejar a possibilidade de ver alvos políticos a serem constituídos arguidos, isto é obscenamente do Carvalho.
São mesmo coisas do Cara….valho, nem mais nem menos.
nem de propósito…
https://www.jornaltornado.pt/poligrafo/
Só dizem mentiras, estes jornaleiros como o Caralho.
M E N T I R A S!
Mas a populaça papa tudo, é o que lhes vale…
Ouvi hoje, na TSF: segundo o Relatório da CPI, em 2 010 ainda havia só dois (2) grandes devedores à CGD. Em 2 017, esse número já ascendia a mais de dezasseis (16)!
O que terá acontecido? Quem (des)governou Portugal entre 2 010 e 2 017? Pois em pelo menos 4,5 desses sete anos foi a páfia, dos famigerados cavacos, portas, coelhos e gaspares!
Estamos assim entregues à mais desavergonhada das propagandas e, ao mesmo tempo, somos ignorantes de tudo aquilo que nos deveria ser dito. Mas que não agrada nada à merdaleja que empesta a comenicassão çussial que nos COMANDA.
FORA COM O ÇÓCRATES! ABAIXO A CORRUPESSÃO!
Pois, pois…