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O Público tem um director capaz de escrever um editorial onde declara que Vítor Constâncio deve ser alvo de investigação policial por ter feito parte de “uma operação criminosa que visava o controlo do poder financeiro“, por ser o “mais incompetente servidor público das últimas gerações” e, em cúmulo jurídico, por ficar como “um dos principais cúmplices da trapaça financeira que tanto nos custa a pagar“. Garante ter a prova irrefutável que lhe permite “desde já estabelecer a sua responsabilidade e a sua culpa profissional e ética.” O Carvalho investigou, concluiu, lavrou a sentença, publicou o édito. Está aqui: A falta de memória é a falta de vergonha de Constâncio
Ora, a tal prova na posse do Carvalho consiste no título de um artigo saído, por maravilhosa coincidência, no mesmo jornal onde é director: “Constâncio deu aval a crédito ruinoso da CGD a Berardo e omitiu ao Parlamento“. Não se sabe a que horas o Carvalho tropeçou nesta parangona, posto que ela foi publicada logo pelas 6 da matina e o seu fuzilamento do Constâncio ocorre 12 horas depois, mas podemos ter a certeza de que o implacável escriba não chegou a ler o conteúdo da notícia. É que o material exposto na montra não corresponde ao que está no armazém. Como a emoção tomou conta dele ao imaginar o bandido do Constâncio a dar o aval ao bandido do Berardo, abraçados à gargalhada e com os Cohibas em frenética combustão num luxuoso compartimento secreto do Banco de Portugal, teve primeiro de se sentar afectado pela tontura do ódio que o assaltou. Nunca mais lhe ocorreu que talvez fizesse sentido perceber o que se estava a passar, falha que se compreende e aceita tendo em conta que ficaria muito mal a um director duvidar dos títulos que aparecem no seu jornal. Se ele não pudesse confiar no que o Público publica então isso queria dizer que ele era um mau director, péssimo, daqueles que se despedem com justa causa. Só que, foda-se, se há coisa que o Carvalho sabe, e de ginjeira, é que ele é não só um excelente director como também é, antes e acima de tudo, um dos mais valentes directores na categoria “empenhado na defesa do interesse público“. Donde, não havia tempo a perder. Assim que recuperou do estado catatónico causado pela súbita revelação do que o Constâncio tinha feito, agarrou-se a um teclado e deu tudo o que tinha na alma e nos dedos para que “nos seja possível viver de cabeça levantada por termos sido capazes de ajustar as contas com esse passado trágico e vergonhoso.“
Acontece que Constâncio não deu aval ao empréstimo da CGD obtido por Berardo porque tal não era sequer uma possibilidade ao seu dispor de acordo com a lei, primeiro, e porque esse empréstimo já tinha sido contratado à data que o Público alega que o mesmo foi discutido como possibilidade no Banco de Portugal, para final de conversa. Na verdade inquestionável e literal, o que realmente se discutiu nesse reunião foi outra coisa, isso sim da competência do Banco de Portugal: o legítimo pedido de Berardo para reforçar legitimamente a sua posição no BCP e a correspondente avaliação da sua idoneidade. A notícia do Público, portanto, é falsa. Uma falsidade que se espalhou incendiária ao longo do dia na comunicação social. Os comentários acima, retirados do Observador, ilustram o efeito pretendido e o nível cognitivo dos seus autores. Convido qualquer um a esquecer-se do estilo e comparar o que as alimárias revelam da sua percepção e entendimento da realidade com o que o grande Carvalho expõe de si próprio quando trata Constâncio de criminoso para baixo. Irá demitir-se? Irá pedir desculpa? Irá sequer reconhecer que enganou os leitores? Era só o que faltava, a culpa é do Sócrates.
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E aqui temos um delicioso exercício ad hominem e calunioso de um futuro líder do PSD (por favor, ó deuses, metam este pândego a mandar na barraca!) que nos convida a ouvir o Pedro Silva Pereira. De facto, a não perder. Como sempre.
Como é de prever, os desmentidos deste Carvalho e de outros como ele, se vierem, virão em letra pequenina nas páginas interiores. Infelizmente, alguns dos comentadores, não sendo carvalhos, bem devem ter vergonha das suas apressadas opiniões.
“COISAS DO CARVALHO”
Acompanhado pelo boçal e obnóxio Duarte Marques, e da direita portuguesa, em que a sua argumentação e pensamento politico está ao nível dos tempos de D. Miguel. Mas os tempos hoje são outros, desde que se acabou com o mito de não poder haver alianças de governo à esquerda. Nem com a ajuda do Prof. comentarista Marcelo e a sua preocupação com o caos em quem a direita se encontra, irão abocanhar como sempre o têm feito o governo da Nação. Ah! escusam de mandar pegar fogo às matas que isso também já não dá votos…
Infelizmente, não são só as coisas do carvalho são de toda a comunicação social!
Ontem foi confrangedor ver o pivot da RTP1 entrevistando o ex Governador do
BdP, num estilo tipo escritor a metro jrs, parecia não perceber as explicações bem
claras dadas por Vitor Constâncio e, insistia na autorização dada para o emprés-
timo da CGD à Fundação Berardo no passado ano de 2007 pouco antes de ter
rebentado a crise financeira internacional que levou muitas bolsas e banco para
o “galheiro” por esse mundo afora!
Estes direitolas estão cada vez mais mentecaptos e, lamentávelmente, são seguidos
por alguma esquerdalha que ainda não se apercebeu do que aconteceu ao Podemos
de nuestros hermanos … e talvez se possa repetir nas nossas próximas legislativas!!!
J. Madeira, também vi esse espectaculo pouco digno, parecia que era preciso fazer um desenho para compreender o que estava a ouvir.
O car(v)alho que os foda a todos. Facínoras!