Claude, o maestro

Nesta entrevista vemos um homem de 90 anos cansado da vida. Uma vida de excepção, tanto pelo que nela realizou, como pelos protagonistas da História com quem privou, como pelo longo e largo trajecto existencial que lhe deu inumeráveis e tão díspares descobertas num século feérico e em constante aceleração civilizacional.

Mas mais do que estar cansado, ou talvez por isso, o que nos atinge com maior força é a sua derrelicção. Ele chega ao fim do trajecto sem saber para onde leva o caminho, sequer acreditando que valha a pena caminhar. Olhou para a escuridão com uma lupa, a escuridão pareceu-lhe ainda mais densa.

E, súbito, faz uma revelação:

Imagine que podia começar tudo de novo. Repetia tudo o que fez ao longo da sua vida?
Nem por sombras. Gostaria de fazer coisas completamente diferentes do que fiz.

O quê?
Gostaria imenso de ser compositor e maestro. Sobre isso, não tenho quaisquer dúvidas!

Ah, a música… Estamos num universo onde, dando tempo ao tempo, os átomos transformam-se em compositores. Os sons espalham-se pelo espaço levando mamíferos seleccionados para dimensões fora desse espaço, fora de todo o tempo. E enquanto tocar a música, o nosso barco não vai ao fundo.

Cantemos, pois. Espantemos o mal.

6 thoughts on “Claude, o maestro”

  1. So três comentarios ?

    Quanto a mim, o que diz Levi-Strauss é aquilo que imaginamos todos que pode dizer quem foi até ao fim da sua arte e da sua vida, levando-as à sua perfeição.

    Não fosse a musica a mãe de todas as artes…

    O Luis Lavoura (e o Freud) estam errados. O Viandante vê mais claro quando canta, nem que seja um bocadinho. Experimente, vai ver…

  2. Levi-Strauss foi um dos mais brilhantes intelectuais do século XX. E chegou ao fim dele, e dele, a nem por isso ver mais claro, para glosar a citação que o Luís trouxe. Acresce a ironia, ou a tragédia, de ter sido antropólogo.

    Talvez um dia apareça um seu caderno perdido onde tenha registado as angústias existenciais ou uma mui discreta mística.

  3. chegou ao fim, Valupi? E se nesse dia, nessa hora, nascesse um compositor de música das estrelas? Além de que o antropólogo revive. Mudou de dimensão, talvez,

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