Carlito’s way

Como não sei, admito as duas possibilidades: o Carlos Santos tanto pode ser uma vítima de perturbação psíquica grave como ser um debochado que enche a pança de riso com a confusão que provoca à sua volta. O certo é que ele se refugia num lugar inexpugnável, o delírio. A partir daí, cola com cuspo uma narrativa cada vez mais desconexa, maníaca e sem apresentação das fontes. Ele não apresenta fontes porque já as apagou ou não aguenta o confronto com o que lá escreveu. No que a mim diz respeito, mas imagino que será caso similar com outros, bastaria que se lessem os emails trocados em 23 e 24 de Janeiro – poucos dias antes da sua estreia nos métodos e aparelho mediático da Política de Verdade – para que não estivéssemos agora a falar do bufo.

Mesmo com pessoas insuspeitas de afinidades pessoais ou políticas comigo a tentarem chamá-lo à razão, como o Nuno Ramos de Almeida, e perante factos imediatamente comprováveis que tornam absurda a suspeita de eu ter publicado em meu nome (sim, Valupi é um nome e é meu) algum texto escrito pelo Rogério, a viatura desta alforreca há muito se despistou e cai pelo abismo sem que ele deixe de acelerar a fundo. Na versão benigna, estamos perante um pândego superior que levou a dimensão circense da vida social ao seu extremo, tendo a duvidosa originalidade de escolher a política para palco da sua apetência pelo burlesco. Na versão maligna, haja alguém que tome conta dele.

A história do Aspirina B está contada diversas vezes, por diferentes mãos e em diferentes locais. Tropeça-se num link e salta uma versão do nascimento. Trata-se de um blogue de segunda geração, apareceu quando a primeira vaga de bloggers já estava cansada, finais de 2005, e foi uma consequência do fim do BdE. Tinham sido dois anos intensos, deslumbrantes, com o novo brinquedo a servir de estimulador intelectual e social para um grupo de brilhantes escribas. Alguns saltaram para outras arenas, mediáticas e políticas, outros desapareceram, outros reciclaram-se, outros resistiram. Entretanto, iam chegando novos entusiastas. Como eu. Mas os blogues, enquanto plataformas de interacção dialógica, não eram nada de nadinha de novo. Paulo Querido, uma das pessoas que mais e melhor conhece o universo digital português desde os seus primórdios, está por aí ao dispor dos curiosos. Basta referir que as BBS apareceram em Portugal nos anos 80. No universo da Internet, o anonimato real sempre foi condição de liberdade. E no mundo dos primeiros blogues, os pseudónimos eram acarinhados e promovidos; muitas vezes segredos de polichinelo, noutras fascinantes enigmas. Depois, chegaram os bárbaros que não conheciam ninguém nem as regras da casa.

Relembro estes aspectos para embrulhar a conclusão: o Carlos Santos, para além de tudo o resto, é um parolo.

15 thoughts on “Carlito’s way”

  1. Val,

    Desde ontem que leio com alguma curiosidade os textos que tens escrito acerca da criatura em questão.

    Para mim está claro (provavelmente para ti também) que o ser em questão é detentor dum perfil psicológico amoral. Assim sendo, uma questão deve ser colocada: qual a finalidade de semelhantes atitudes??? Este tipo de actuação tem um objectivo!

    Estes indivíduos são idiotas, não têm categoria para parir uma ideia residualmente aproveitável, mas são perigosos se nos descuidarmos. Mais, como só conseguem viver de expedientes manhosos, procuram incessantemente o som do vil metal (a cair no chão).

    Agora, desculpa, mas penso que não merecem tantos textos.

  2. tinha deixado um comentário ao carlos santos, mas este não foi publicado, só o segundo. não o copiei, mas aqui fica mais ou menos a coisa:

    “carlos santos, garanto que conheço o valupi e o rogério e que eles nem sequer são parecidos.
    o carlos santos sempre se cobriu de ridículo e só a simpatia que o valupi nutria por si me impediu de lho dizer, no início, quando comentava em todo o lado para de forma insidiosa ir promovendo o seu livrinho em preparação.”

    acrescento que por acaso, depois, achei-o tão consistentemente simpático que comecei a achar graça àquele spam. suponho que não tenha publicado o meu comentário porque a alusão à tua simpatia lhe dê uns apertões na consciência.

  3. Relembras bem, susana, sempre vi com graça indiferente a estratégia de promoção do Carlos Santos, a qual nunca antes tinha sido tentada daquela forma sistematizada. E deu resultado! Isso foi impecável e fica como “case study” para investigadores destes meios e suas interacções sociais. A construção da sua marca foi feita com um empenhamento notável.

    Apesar do desfecho do caso, e valorizando as intuições e conclusões que muitos foram tendo a seu respeito antes dos acontecimentos pós-eleições, este espaço é ideal para personalidades histéricas como a dele.

  4. Carmen, merecem os textos suficientes para que fique claro o que está em causa. Mas rapidamente isto estará esquecido, pois temos todos muito mais e melhor em que pensar.

  5. Certo, Val.

    Agora, posso propor um tema para um texto?!

    Estou carenciada de elementos que me possibilitem uma reflexão aprofundada, mas creio que esta crise da BP no golfo do México, desata definitivamente o mundo das crises energéticas (com tudo o que isso envolve), artificialmente provocadas pelo petróleo, lançando a humanidade numa nova era em matéria ambiental, social e até politica.

  6. Val,

    Lanças-te o repto. Eu aceitei.

    O Acaso pode favorecer a humanidade ?!…

    A reestruturação dos modelos económicos assenta quase sempre na sua insustentabilidade, atingindo inevitavelmente a politica que lhes serve de suporte.

    O neo liberalismo fez o seu caminho e deixou as suas marcas. Neste início de século, assistimos a mudanças talvez estruturantes, na economia e no bem-estar das populações. A par dos vários constrangimentos económicos que o mundo hoje vive, existe o flagelo dos desastres ambientais que populações já não perdoam, mesmo as menos afectadas.

    O último grande desastre ambiental provocado pela BP no golfo do México é disso exemplo. Tanto quanto já é público, o problema deveu-se a falhas provocadas pela pressão desenfreada imposta pela gestão da BP. Sendo a extracção petrolífera feita cada vez a maiores profundidades, o aumento do risco faz-se sentir e quando juntamos a esse facto uma diminuição das medidas de segurança, temos os ingredientes indispensáveis para a eclosão da catástrofe. Lamentavelmente, a ganância especulativa tem para a gestão um peso superior ao desastre ambiental, porque o que verdadeiramente importa para estes gestores é remunerar accionistas, esquecendo que fazem parte dum planeta que já está em risco. Neste caso específico, o acaso talvez tenha feito um favor à humanidade. Não nos podemos esquecer que o lóbi americano tem sido fortíssimo, recusando sistematicamente medidas fundamentais em matéria ambiental. Esta é a ocasião imperdível de converter uma crise numa oportunidade.

    Se as grandes catástrofes podem impulsionar novos paradigmas, o infortúnio ocorrido no golfo do México, vivido pelo mundo quase em directo, desencadeará politicamente, a disponibilidade para adoptar outra atitude.

    As populações impuseram medidas reais à governação e ao presidente Obama. O nó cego que este tipo de energia impôs ao mundo, pode estar a ficar frouxo. Recordando as palavras do presidente Obama “está na hora de assumir uma politica de energias limpas”, classificando mesmo o problema em causa como o “11 de Setembro do ambiente”.

    A BP terá as maiores dificuldades em sair deste problema. Se a sua falência for uma realidade, de que forma as restantes petrolíferas poderão ser afectadas, tendo em conta que a BP é a segunda maior petrolífera mundial, com mais de 265 biliões de dólares de facturação anual. Julgo que podemos estar perante dados completamente novos neste xadrez da especulação petrolífera.

    Por outro lado, se este acidente desencadear um incidente no pipeline que liga a indústria petrolífera à indústria financeira, a que espécie de crise poderemos assistir?

    Noutra perspectiva, a adopção de níveis de segurança mais sofisticados na extracção da matéria prima, desencadeará maior pressão ao nível do preço do produto final, o que estrangulará ainda mais as economias dos países (mais e menos desenvolvidos), que deixarão de olhar para as energias alternativas como uma aventura de quem não tem recursos energéticos fósseis, assumindo-a como fundamental nos seus processos de sustentabilidade económica.

    O que está para vir é uma incógnita, mas tenho por convicção que mudanças de forma de conteúdo estão em desenvolvimento.

  7. Estive muitas noites sentado ao lado do Paulo Querido e do Fernando Soares, na Avenida da República a “brincar” com e n’ “A REDE”. Não me lembro de alguma vez ter ouvido falar de ti, muito menos sob o nome de Valupi. Sim nessa altura éramos mesmo muito poucos para me ter esquecido de um nome tão… musical. Tinhas outro nick? E sim, isto é um pedido directo e sincero de esclarecimento quanto à pessoa por detrás da persona.

  8. Fernando Fonseca, não te lembras de mim porque eu não estava lá. Este nick só apareceu na blogosfera nos finais de 2004.

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