Somos tão bons a dar conselhos aos outros porque nessas situações não se trata de um problema nosso. É isso que permite vê-lo com objectividade, tratá-lo com lógica, inseri-lo em padrões de sentido onde ganham novos e benévolos contextos. Daí os psicólogos cognitivo-comportamentais treinarem os seus pacientes nessa técnica de despersonalização dos problemas pessoais, assim lhes reduzindo as componentes emocionais tóxicas e aumentando a atenção para as capacidades da inteligência do indivíduo na alteração do sentido das suas experiências.
É precisamente isso que podemos e devemos fazer em relação à crise na Europa. As omnipresentes interpretações neuróticas repetem que isto é tudo muito mau, uma desgraça, uma tragédia. Têm a sua razão, pois aumentou a pobreza em vários países europeus, o que apenas tem sido motivo de festa ali para os lados da Lapa. Porém, se conseguirmos escapar ao melodrama jornalístico e comentarista, se olharmos para a realidade de um ponto de vista histórico, aquilo a que estamos a assistir é grandioso: um momento crucial da construção europeia. E quem é que disse que iria ser fácil? Onde é que já se tentou levar a cabo uma união tão complexa e improvável, agravada pela complexidade e imponderáveis da ordem económica mundial? A Europa, devassada pelas maiores guerras de que há memória, apenas há 50 em ruínas, depois esmagada entre duas superpotências, tem vindo a criar um dos mais belos capítulos da civilização. Algo tão completamente original que, também por aí, se falhar, ou precisar de muito mais tempo para crescer, nem para os analfabetos será uma surpresa.
Por isso, de repente, a Grécia volta a ser o berço da democracia, suprema e dolorosa ironia. Num certo sentido, se acontecer o pior poderá ser o melhor; isto é, se o Syriza vier a governar, e se mantiver o intento de não respeitar as dívidas e sair do Euro, a incomensurável confusão daí resultante tanto para a Europa como para o Mundo será sempre um minúsculo preço a pagar pela glória de ver a vitória de um modelo político que é a mais consumada realização do génio humano que os bípedes implumes conseguiram, e conseguirão, fazer nascer das suas misérias. A história da Europa, muito mais do que o palco principal do cristianismo ou da génese e desenvolvimento da ciência, é essencialmente a gesta da liberdade.
Um aplauso de pé para este post do Valupi. A sua leitura foi a melhor forma de começar o meu dia.
À semelhança dos dois gigantescos (mundiais) conflitos anteriores iniciados nesta velha Europa, adivinha-se uma nova grande derrota para a Alemanha e seus ocasionais aliados. Sinal dos novos tempos: apesar das inúmeras e mortais vítimas, desta vez as armas são as da economia. E tão bárbaras quanto os canhões e as bombas. Os “danos colaterais” são pavarosos, como é exemplo a multidão dos desempregados. Parece que muitos esquecem que o trabalho e o emprego-trabalho são a única forma de ganhar o sustento de cada dia, depois que o homem, através das leis que criou, se apropriou de cada pedaço do planeta. O desempregado é, verdadeiramente, um expropriado do seu belo planeta azul.
-> Para muita gente vale tudo em nome da crise… todavia, no entanto, pelo contrário, existe gente a considerar que muito muito mais importante do que a crise… é o DIREITO À SOBREVIVÊNCIA!!!
Todos diferentes!!! todos iguais!!!
—> Isto é, TODOS os Povos Nativos do Planeta Terra:
-> inclusive os de ‘baixo rendimento demográfico’ (reprodutivo)!…
-> inclusive os economicamente pouco rentáveis!…
devem possuir o Direito de ter o SEU espaço no Planeta!!!
Dito de outra maneira – são duas formas de estar no planeta completamente diferentes:
– os anti-separatismo (globalization-lovers) ameaçam com ‘isto’, ameaçam com ‘aquilo’, e andam numa busca de pretextos para negar o Direito à sobrevivência de outros;
– pelo contrário, para os pró-separatismo, os outros que fiquem na deles…, os pró-separatismo apenas querem o sobreviver da sua Identidade e terem o SEU espaço no planeta.
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-> As famílias não são independentes/autónomas… todavia, devem as famílias abdicar da sua Identidade?… Resposta: Não!
-> As Nações não são independentes/autónomas… todavia, devem as Nações abdicar da sua Identidade?… Resposta: Não!
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-> De década em década numa alegre decadência ‘kosovariana’… não obrigado!!!
—>>> Não vamos ser uns ‘parvinhos-à-Sérvia’…….. antes que seja tarde demais, há que mobilizar aquela minoria de europeus que possui disponibilidade emocional para se envolver num projecto de luta pela sobrevivência… e SEPARATISMO-50-50!…
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ANEXO:
-> A superclasse (alta finança internacional – capital global, e suas corporações) pretende conduzir os países à IMPLOSÃO da sua Identidade (dividir/dissolver identidades para reinar)…
-> Só não vê quem não quer: está na forja um caos organizado por alguns – a superclasse: uma nova ordem a seguir ao caos… a superclasse ambiciona um neo-feudalismo: com mercenários (tecnologicamente muito bem equipados), a superclasse ambiciona implementar uma Nova Ordem Mundial (vulgo NWO).
Valupi: Só espero que a boa disposição não te impeça de estares atento ao horário de abertura do teu banco daqui a umas semanas…
Esta fase do grandioso e original projeto é mesmo trágica para milhões de pessoas, além de se pretender desrespeitar a democracia (cf. chantagem da Europa e do FMI sobre os gregos e até sobre nós).
Não é preciso ser muito velho para saber de experiência feita o que é ir trocar uma dúzia de ovos por 200 gramas de café e meio quilo de açúcar. E comer sempre em primeiro lugar o que a terra dava – batatas, ervilhas, favas, tomates, pepinos, alfaces, cebolas. As pessoas sobreviveram e aqui estão. O dinheiro não é o princípio nem o fim de tudo.
quem foram os cromos que proferiram estas frases históricas
a) “hoje é um dia verdadeiramente histórico…..prevê-se que anualmente poderá-se …. é um valor extraordinariamente considerável”
b) “a grécia é um país inventado; era uma província do império otomano”
1º. prémio – uma viagem de ida pró conadá
2º. prémio – uma apara relvas enguiçado e oitomanos para lhe coçar as costas
Penélope,
preocupa-te mais com a falta de humanidade dos Banqueiros, do que com o dinheiro que tenhas nos Bancos deles.
Ninguém está interessado em que a Grécia afunde a Europa. O grande problema de Merkel e Barroso é saírem da situação com a face limpa. Todos sabem que a Grécia não pode pagar já, mas há-de ter de pagar, de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde.
O “Syriza” apenas será radical enquanto não chegar ao Poder e os banqueiros só esticarão a corda até verem que ela não lhes rebenta com as gargantas. Felizmente, já não vivemos num Mundo troglodita. Há um imenso mar de interesses comuns a todos e que, no momento certo, fará cada interesse particular pensar duas vezes…
Nem mais, vivemos tempos tumultuosos, no bom e no mau sentido.
E vivendo nós nestes tempos interessantes, tinham de nos calhar, logo agora, os piores lideres de povos que nos podiam calhar para que a coisa corra mesmo mal.
Eu não partilho do optimismo por essa mesma razão. Vai dar merda. E da grossa.
Espero sincera e verdadeiramente estar enganado e que eleições onde o povo vote com cabeça nos possam safar deste embróglio. E não me estou a referir á Grécia…
Penélope, mas mesmo que tal chegue aí, não consta que o Mundo vá parar.
“além de se pretender desrespeitar a democracia”.
Pretender, Penélope? Tens de parar de tecer o manto de vez em quando, e olhares para os horrores que têm cometido à nossa querida democracia.
Odisseu: Estou preocupadíssima com a falta de humanidade dos banqueiros, mas entretanto, como vítima dessa desumanidade, que passem para cá o dinheirinho que lhes emprestei antes que valha zero, se não te importas.
Val: Claro que não, mas é melhor viver bem do que viver mal e da caridade. Já para não falar de não viver de todo. Os conflitos acontecem e desgraçado de quem está no meio deles.
Penélope, estamos sempre no meio deles, aconteça o que acontecer. Mas numa perspectiva histórica, o que o povo grego decidir a respeito do seu futuro só pode ser saudado como uma vitória da democracia. O ideal da construção europeia não é superior ao ideal da soberania democrática; pelo contrário, nasce dele.
Parabens pelo post.
Val,
das coisas mais lúcidas e brilhantes, a guardar, que escreveste ultimamente. No imediato, estamos à volta do furacão, não no centro, onde se consegue ter alguma tranquilidade e tempo de observação. Conseguir fazer esse distanciamento, enquanto nos põem nas convulsões (à volta do centro) é d’homem.
Parece é que faltam homens na liderança, mas isso é outra história. O caso grego é um paradigma, sempre foi, e por motivos que não os habitualmente convocados, não deveria ter sido integrado no outro paradigma – governado por outros valores. Mas a parte sonhadora é esta: e se o David voltasse a dar uma fisgadela mortal no Golias?
Não sei se é por causa do fado, mas matuto: já fomos Golias, já fomos David e agora somos uma ovelhita ranhosa mas bem comportada, da esquerda à direita, esquizofrenicamente armada em lobo de si própria.
Resta-nos a dignidade alheia, a da tragédia grega.
por outro lado, a Penélope levanta aqui uma questão de fundíssimo: esse palco da liberdade, terá de ser retomado à custa da miséria de nós todos,ou mais prosaicamente falando: devo aguardar o renascer dessa civilização com o meu dinheiro no banco?