Cânciomagnetismo

Francisco Teixeira da Mota não quis ficar atrás do seu colega caluniador, A tragédia de Fernanda Câncio, e publicou A tragédia de Artur Reis, uma sátira farsante acerca de A tragédia de Sócrates. Com este, são até ao momento dois os colunistas do Público encantados com a oportunidade de revelarem em ambiente de linchamento o que pensam da senhora. O mais bronco da dupla focou-se na intimidade afectiva e deleitou-se a imaginar machos-alfa e suas fascinantes técnicas de submissão de feministas, não sem antes ter admoestado o Ministério Público por a terem deixado sair dos interrogatórios sem lhe terem metido em cima uma acusação à pala de “atitudes”, “posturas” e “silêncios”. O mais sonso dos dois veio dizer-nos que Sócrates é o Alves dos Reis do século XXI, até nas consequências para as fêmeas. Ambos são assumidos e entusiastas fãs do Correio da Manhã e seu festival de violações da legalidade, da deontologia e da decência. A coisa chega ao ponto de ser este Chico um dos maiores defensores na imprensa da liberdade da dita e da liberdade de expressão (e muito bem, que nunca lhe doam os dedinhos nem lhe falte a voz) e não ter largado um ai, metade de um ui, ao ver o seu colega caluniador fazer a promoção do delito de opinião e do uso da Justiça para perseguições de ódio e vinganças. Lá está, o coração tem razões, etc.

Este tipo de caluniadores é ainda mimético na estratégia de argumentação. Para eles, o desfecho judicial é irrelevante. Seja lá o que aconteça será transformado em mais um ganho. Uma qualquer condenação será uma festa, cuja dimensão estará em relação directa com a gravidade da pena. Mas até uma absolvição seria festejada, pois permitiria continuar a alimentar as teorias da conspiração que apetecesse inventar. Pelo que a demora na Justiça é um maná para a indústria da calúnia, permitindo prolongar e gerir o processo de linchamento em curso com toda a impunidade e conforto. A dinâmica e modus operandi são ancestrais, a diabolização do alvo, daí a cassete ser a da Manuela Moura Guedes: há um bandido, com poderes sobrehumanos, que enquanto viver será uma ameaça para o regime e para o Mundo. Provas? Ora, basta ouvir o que se diz dele! A cura passará pelo calaboiço, desterro e salga do Rato.

Enquanto figuras públicas, Sócrates e Câncio são fascinantes precisamente por causa da extraordinária força de carácter que exibem nas suas vidas profissionais, políticas e cívicas. O antagonismo de uma parte da sociedade seria inevitável dada a importância polémica de ambos naquilo a que chamamos Portugal, embora em registos tão diversos; mesmo que alguns tenham sido complementares quanto a certas causas sociais de relevo. É o preço a pagar quando a inteligência e a vontade se vivem plenamente, quando houve coragem para ousar ser e fazer. E é algo a que um pulha não resiste, atraído pelo fulgor da liberdade que o cega.

15 thoughts on “Cânciomagnetismo”

  1. bom , eu se fosse a câncio entregava a carteira profissional de jornalista e dedicava-me ao crochet. faro para a profissão tem népias , zero , néron . com as cenas debaixo do nariz e não topou nada ? assim vai o jornalismo de investigação em portugal : ou lhes dão as cenas mastigadas , tipo pgr-tv , ou não topam nada de nada.

  2. O contorcionismo intelectual e moral deste Valupi é simplesmente impressionante. Este tipo tem a distinta lata de elogiar a “força de carácter”, o “ser” e o “fazer” daquele que foi/é um confirmado impostor na sua vida profissional, política, cívica e também privada (a não ser que a também elogiada cornuda tenha mentido acerca do mentiroso).
    Profissionalmente era um “engenheiro” formado num domingo; politicamente era um “socialista” adepto do “reformismo” neoliberal; na sua vida pública recente era um “escritor” que vendia e comprava os seus próprios livros; e finalmente na sua vida privada o “rico” desfrutava dos milhões (em dinheiro vivo) de um “amigo” muito generoso. Ou seja, o “ser” do impostor, vaidoso e provinciano em causa consiste em não ser, e o seu “fazer” consiste em aldrabar, em fazer-se passar por aquilo que não é. Mas para este valupi, imbecil e engraxador profissional, o tipo “é”, continua a “ser”, uma vítima dos pulhas e caluniadores profissionais.

  3. Ó “exactisimamente, câncio”. Sócrates é o último estadista patriota vivo. Depois dele, Portugal é uma colónia do Partido Comunista Chinês e de outros especuladores. Se acabar a guerra no Levante e o turismo for para outras paragens ou o preço do Petróleo voltar a subir a sério, o que resta deste país são as obras que ele deixou. Entre os cidadãos com urbanidade, ninguém está interessado na intimidade de quem representa as políticas que escolhe.

  4. «Sócrates é o último estadista patriota vivo.», …?

    Aqui está um sintoma do tipo de alcoolismo induzido pelo Valupi, e não há nada de original na cabeça desvairada do Lucas Galuxo (personagem que passa os dias a fazer estas figuras como se estivesse a actuar no Multishow, desconfio).

    Valupi, larga o vinho.

    _______

    Ah, já sabem de mais uma sova que o tanguista Valupi está a levar no Ouriquense?

    https://ouriquense.blogs.sapo.pt/sobre-o-anonimato-714258#comentarios

    Passem por lá, e divirtam-se.

  5. Lucas Galuxo dixit.
    Insultos e ataques à personna em breve serão invisíveis.
    Os resultados dos Governos do PS com José Sócrates como Primeiro Ministro falam com factos e resultados.
    Os muitos projectos aprovados e criminosamente em stand by terão que ser concluídos rapidamente (ic3 urge em desespero)
    Está projectada e aprova para 11 concelhos em estado de bloqueio e paralisia turística e de desenvolvimento industrial.
    Estes cospe veneno sobre o Homem metem :
    – nojo, nojo, nojo, nojo. nojo………………………

  6. gostava de arranjar o que esta malta fuma… uma bancarrota que deixou o país de pantanas , milhares de milhões que nos roubaram do nosso trabalho transferido para pagadores de luvas , edificado que já está a cair de ter sido feito às 3 pancadas , energia verde que é um logro para nos tirar mais dinheiro , pcs grátis para as operadoras de internet conseguirem clientes e mais vigarices do género para enganar papalvos é um bom resultado de governação ??? só por estas coisas devia ser preso , nem era preciso ter sido corrupto.

  7. Valupi,

    Usas a expressão “força de carácter” para qualificar as personalidades de JS e FC. Referes-te mesmo a ”
    característica da pessoa em que se pode confiar, que é honesta e que possui dignidade”? Ou querias significar “a soma de nossos hábitos, virtudes e vícios”, ou, ainda, ” índole ou firmeza de vontade”?

    Julgo que era pertinente o esclarecimento para que não houvesse segundas interpretações. A menos que seja mesmo esse o teu propósito, claro.

  8. Como me cansa pensar em tudo que Sócrates realizou neste país… é uma lista interminável,que não inclui o TGV nem o Aeroporto de Lisboa !!!
    Relembro aos tótós que por aqui farejam que, em 1992, há 28 anos, fui de TGV de Sevilha a Barcelona. Quem se atreve a dizer que é ousadia ligar Lisboa a Badajoz,com essa linha ? Só uma má fé cínica ou uma obtusidade córnea do imbecil! Esta frase não é minha, é de Eça de Queiroz no prólogo da 2ª edição d” O Crime do Padre Amaro”.
    Leiam esse trecho e meditem quanto Portugal evoluíu!!!
    São só Dâmasos Salcedes a entupir as ruas… arre Mundo

  9. MRocha, o propósito é sempre o de que cada um interprete como lhe der na gana. Isto não é o Diário da República nem se dão notas por boas leituras.

    Quanto à expressão, é relativa ao que essas duas personalidades, na sua dimensão pública, foram e fizeram. É preciso ter força, quiçá muita, para se terem exposto e lutado como o fizeram.

  10. Valupi,

    Nesse caso, julgo que teria sido mais claro usar “carácter forte”. Porquê? Porque qualifica a atitude, independentemente da substância . In my opinion, claro.

    PS: O exemplo do DR tb não parece o melhor, pá! Conheço poucos sitios tão susceptiveis às interpretações que cada um lhe der na gana.

  11. MRocha, “força de carácter” e “carácter forte” são expressões sinónimas no contexto do que escrevi. A primeira parece-me melhor porque estou a falar da biografia enquanto personalidades públicas, não me focando em aspectos psicológicos e privados.

  12. Serão, Valupi. Mas convirás que havendo legitimidade para interpretar a primeira como adjectivante para confiablidade, honestidade, dignidade, o teu leitor possa ficar confuso se se recordar de outros escritos teus em que questionas essas qualidades de carácter a JS. Certo?

  13. MRocha, lá está, é a questão da escolinha. Na escolinha, se as crianças ficarem confusas com o que está escrito no quadro a giz isso é um problema para o professor. Aqui, felizmente, podes sentir-te confuso à-vontade que não terás de te expor ou justificar perante ninguém nem precisarás de abandonar esse tão criativo estado de confusão.

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