Câncio TV

Isto de não existir imprensa em Portugal leva à cena gaga que é ver a Fernanda Câncio remetida para um canal cabo a botar discurso uma vez por semana, depois da meia-noite e deixando sempre aflito o jornalista que está ao seu lado porque, entre outros factores, a moçoila insiste em vocalizar para lá dos 5 minutos que lhe disponibilizam com grande favor e já entrados na madrugada. E de que fala ela? De algumas situações de que não se fala, de que mais ninguém fala. Como foi o caso da violência na Madeira contra os familiares de Gil Canha, personalidade com a qual não terá qualquer afinidade partidária, ideológica ou pessoal, mas que foi vítima de ataques escandalosos e escandalosamente desprezados pelos líderes de opinião nacionais. Ou agora com a Parque Escolar, entidade alvo das maiores e mais grotescas calúnias por parte de ranhosos e imbecis, e que nem no actual PS encontra quem a defenda, sequer desmonte as falácias dos acusadores.

A Fernanda fundamenta sempre as suas análises em fontes, e nas melhores fontes que estiverem à disposição. Daí partirá para a sua interpretação, moldada inevitavelmente pelos seus valores, experiências e objectivos – tal qual como qualquer outro ser humano sem excepção, dá ideia assim de repente e ao longe. Mas a integridade do seu método de intervenção pública, cujo modelo é o da zelosa deontologia jornalística, faz dela uma companheira ideal para discutir política ou qualquer outra questão de complexo e apaixonado melindre, porque dela sabemos que se irá submeter à realidade comunhável e à autoridade legítima – ou que levará o seu interlocutor a essa anuência. Talvez por isso, precisamente, ande a falar sozinha. E durante tão pouco tempo.

6 thoughts on “Câncio TV”

  1. Realmente é ela e pouco mais e em escondidos e breves momentos. Os microfones foram confiscados pelo gang que assaltou a República.
    E o povo é sereno.

  2. Pena que o TC tenha chumbado a lei do enriquecimento ilicito! Apanhavam-se todos os Sócrates deste país, nas vésperas de todas as eleições. E não esquecer o melhor e universal meio de delação dos Sócrates: as escutas telefónicas. Apanhava-se o “peixe” todo ou nenhum, mas os altifalantes da jornalha pre-anunciariam a rede prenhe de peixe miúdo. Depois era só deixar morrer ou secar na praia a malha fedorenta da calunia, com as vitimas apodrecidas para sociedade.
    O golpe perfeito.

  3. ora bem, levantar questões sobre determinadas questões – que não é, de todo, falar sobre elas – serve mesmo bem para o discurso escrito. quando se usa o mesmo método para o discurso oral, ainda por cima na televisão, é inevitável a consequente figura de ursa. acresce ainda o facto de gastar o pouco tempo que sabe que tem com uma dicção elaborada, repugnante, com base no ser chique e com uma voz mesmo irritante, que não tem obviamente culpa de a ter, que só dá vontade que o tempo acabe. a fernanda que se resigne à nódoa que é em televisão e se dedique às crónicas que eu não me importo de ser surda. :-)

  4. oh bécula! tasse mesmo a ver que foste corrida do jugular e que a câncio não te atura as parvoeiras e os ensaios artísticos com que brindas as caixas do aspirina.

  5. quem dera ao jugular e outros blogues que eu os brindasse, como brindo aqui e noutros (poucquíssimos), comigo. é apenas uma opinião sincera. como sempre. :-)

  6. Palavras…palavras e mais palavras. Farto, fartinho de palavras, palavrosos…
    A Fernandinha é um espetáculo decotado. Por ali se adivinha algo mais palpável o que os comentadeiros ativos na escrevinhação aqui debitam que, vá saber-se porquê, não têm nem mais nem outro qualquer apetite em agenda.
    Corja de cinzentos!

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