Se Caicedo tivesse marcado nesta jogada, Paulo Bento ainda seria treinador do Sporting neste domingo. O jogo estava no final dos descontos, o equatoriano apanhou-se com a bola em andamento na zona da marca de grande penalidade. Entre ele e o guarda-redes havia um só obstáculo: ele próprio. As opções incluíam o remate para qualquer um dos quatro cantos da baliza, uma bola picadinha, o drible ao guardião e a assistência para Liedson. Ainda na opção remate, podia sair em jeito, em velocidade ou à padeiro. Pois bem, acabou a mandar a bola para o lado onde estava o guarda-redes, o que fez com que ela acabasse por bater no poste, assim mandando embora o treinador que conhecera três meses antes. Que leva um avançado profissional, com 185 cm e 78 kg, a não querer marcar golos de baliza aberta que dariam a vitória? A resposta é: Paulo Bento.
Como revelou agora, Bento errou ao ter ficado no Sporting para esta nova época. Disse que já caía tarde. O que significa que o erro só poderia aumentar caso continuasse. Então, está de parabéns Caicedo que, num gesto técnico notável, conseguiu ajudar o treinador num momento difícil da sua carreira. Isso significa que vamos ter um avançado goleador daqui para a frente; como se irá ver logo no próximo jogo, é mais do que certo.
Quanto ao Paulo, e mesmo sendo lampião, foi um dos treinadores que mais agrado colheu no clube. Como jogador era uma referência de carácter e maturidade, o seu futuro como treinador não será diferente. Apenas se deu o caso de o termos apanhado verde, mas não tão verde como gostaríamos. Quem sabe, voltará. Com outras formas geométricas na cachola. E sem o Veloso para dar cabo da equipa.
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Associo-me a este obrigado, paulo
Hasta Siempre, Comandante Paulo Bento!
Aprendimos a quererte,
Desde la histórica altura,
Donde el sol de tu bravura
Le puso cerco a la suerte.
Aquí fuiste general y sargento,
Com la entrañable transparencia
De tu querida presencia,
Comandante Paulo Bento.
Tu mano gloriosa y fuerte
Tu batalllla por la verdad,
Quando todo Alvalade
Se despierta para verte.
Aquí fuiste general y sargento,
Com la entrañable transparencia
De tu querida presencia,
Comandante Paulo Bento.
Vienes quemando la brisa
Con soles de primavera
Para plantar la bandera
Con la luz de tu sonrisa
Aquí fuiste general y sargento,
Com la entrañable transparencia
De tu querida presencia,
Comandante Paulo Bento.
Tu amor revolucionario
Te conduce a nueva empresa,
Donde espera la firmeza
De tu brazo libertario.
Aquí fuiste general y sargento,
Com la entrañable transparencia
De tu querida presencia,
Comandante Paulo Bento.
Seguiremos adelante,
Como junto a ti seguimos
Y como leones te decimos :
«¡Hasta siempre Comandante!»
Aquí fuiste general y sargento,
Com la entrañable transparencia
De tu querida presencia,
Comandante Paulo Bento
http://www.youtube.com/watch?v=Y8ynNRN_MxQ&feature=related
O melhor para ti, Paulo Bento:
Todos nós temos a mania que percebemos de tudo. Se for de política não há primeiro-ministro que saiba tanto como nós; se for professor damos-lhe aulas; se forem médicos sabemos diagnosticar melhor; se for treinador temos as melhores tácticas. Mas, só opinamos depois de todos estes actos concluídos. Não sou Sportinguista, o que me leva a escrever este texto é as manias que temos de destruir tudo o que é Nacional. Não acompanhamos de perto o que se passa, qual as causas, o que queremos são as vitórias. Não nos lembramos se assim fosse o resultado no fim do campeonato entre todas as equipas era só empates e sem golos. Assim tanto treinador como jogadores e directores eram eficazes.
Conto um caso verídico. Nos anos setenta o clube do meu coração (Sport Clube de Freamunde) possuía uma das melhores equipas de todo o tempo, disputava o campeonato nacional da 3ª divisão nacional, digo sem vaidade, quem dera aos melhores clubes que disputam hoje a 1ª. Liga, ter jogadores como o Freamunde tinha. Nessa altura jogava-se por amor à camisola – ganhava-se o prémio de jogo em caso de vitória ou empate – não havia liberdade de se transferir para um outro clube. Começou o campeonato a jogarmos em casa e nesse jogo perdemos por quatro golos a um, esse clube tinha subido nesse ano. No jogo a seguir jogamos fora de casa e voltamos a perder por dois a zero. Como éramos todos jogadores da terra apercebíamos da desilusão dos sócios e nos próprios treinos os piropos que recebíamos. Vem o terceiro jogo, é disputado em casa e perante o 1º classificado, nos balneários tremíamos como varas verdes, esse tremer, não era com medo do adversário mas, sim da massa associativa, custávamos mais enfrentá-la. Acabado o jogo, ganhamos por três bolas a zero. A partir daí não havia quem nos ganhasse chegando ao ponto da direcção pedir ao treinador para perdemos os jogos, o clube não estava preparado para a subida de divisão. Passamos de bestas a bestiais, o treinador era o mesmo assim como os jogadores.
Não há coisa que custe mais do que ter a própria massa associativa a maltratar-nos, se fosse o vosso patrão que usasse o mesmo vocabulário para com vocês queria ver qual o vosso rendimento. Nas horas más é que vê os verdadeiros amigos, agora quando tudo corre bem, não custa ser amigo, é a bola que acarinhamos mais, quando corre mal queremos vê-la longe, os postes e trave não são tão adversários, os árbitros vêem-nos com outros olhos. Nos momentos de tudo correr mal, faz-me lembrar um cão sarnoso, que até as pulgas foge dele.
Por isso digo, admiro Paulo Bento, aconselho-lhe um tempo de repouso para refrescar a memória e que para o ano para onde vá tenha o maior sucesso, sucesso esse em todos os clubes, menos no Porto ou Paços de Ferreira.