Acabados os debates para as presidenciais (os do Porto Canal com o Tino são excedentários mesmo que tenham algum eventual mérito) está na altura de preparar o futuro da televisão em Portugal. E esse futuro ficaria enriquecido com um programa de debate político que continuasse uma das mais gratas descobertas da série que ontem terminou com um sacrifício colectivo: a química entre Marisa Matias e Tiago Mayan. A meia hora que eles tiveram deixou água na boca, se tivesse durado uma hora continuaria a parecer 15 minutos, sendo uma fortíssima candidatura à medalha de ouro do certame.
Como actual autor e também virtual produtor executivo desse programa, deixo o racional, conceito e nome do que me parece um inevitável sucesso.
RACIONAL
– Marisa e Tiago representam visões luminosamente diferentes, em muitos aspectos antagónicas, para as políticas públicas, para o desenvolvimento económico e para o modelo social. Estamos perante uma (ou até mais do que uma) polaridade.
– Tiago e Marisa são pedagógicos na exposição, falando com calma sem perderem a convicção e o entusiasmo. Mostram respeitar o interlocutor, sabendo ouvir sem terem (ou tendo muito menos do que o comum em debates políticos) o descontrolo emocional de querer reagir com interrupções avulsas a argumentação do adversário.
– Marisa tem uma experiência e uma personalidade política que estão abafadas pela actual liderança do seu partido, prometendo outros voos agora que acabou o seu ciclo como “simpática” para gasto em campanhas presidenciais. O Tiago começou o ciclo televisivo como anedota, erro de elenco, e transformou-se numa revelação aplaudida à direita e à esquerda. Embora a sua curva de crescimento tenha sido covídica, está ainda muito verde na preparação teórica, no traquejo político e na postura mediática. Porém, também ele promete outros voos, e este programa com a Marisa seria um palco propício para o seu crescimento ou para se descobrir que não passa de um bluff.
CONCEITO
– Ambos iriam discutir entre si assuntos da actualidade, uns, e da ideologia, outros; agora com mais tempo, mais preparação e acesso a fontes de informação que permitam rigorosa análise e frutuoso debate. Por exemplo, aquando da discussão sobre a TAP divergiram sobre a posição da empresa na lista dos exportadores nacionais. É um tópico interessante para quem se interessa, vai sem discussão, sendo igualmente interessante a existência dessa diferença de perspectiva. Ficou a faltar, então, o confronto com os dados e as interpretações mútuas respectivas (as quais não têm necessariamente de gerar um consenso ou uma capitulação, a ideia não é a de que tenha de ser um jogo de soma positiva ou nula).
– O programa teria, sem calendário nem aviso, um terceiro participante. A sua escolha resultaria das candidaturas espontâneas de políticos profissionais ou amadores, acabados de entrar na universidade ou na reforma, com bom ou mau feitio. Enfim, qualquer um poderia participar desde que enviasse uma candidatura onde expunha a sua motivação e as razões principais de discórdia com a parelha residente no programa neste ou naquele assunto. A dupla escolheria arbitrariamente, agora por consenso, com quem iriam debater.
NOME
“Bloco Liberal”
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dass… se não lesse o último § não dava pela ironia. poxa, inté pensei que tinhas repescado um comentário do viegas para o quadro d’honra.
bronquite liberal, és fino.
A que estado chegaram o BE e o PCP para um matraquilho como o Valupi andar por aqui a armar-se em engraçado com estas postas… Lamentável.