Por qualquer lado que se veja, o ministro da defesa, depois da entrevista de ontem ao DN, já não entrava hoje no ministério.
— Pedro Marques Lopes (@pedroml) September 11, 2017
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O ministro da Defesa já estava à beira do abismo. Como diz a anedota, decidiu dar um passo em frente. Mais de dois meses depois, Azeredo ainda não sabe se houve um furto em Tancos. Mas ninguém informa o pobre ministro, para evitar que ele continue a envergonhar o governo? Se já estava na pole-position para a remodelação, transformou-se, desta forma, num cadáver político ambulante. Uma vez arrumadas as autárquicas do dia 1 de outubro, António Costa terá de fechar pendentes. Como indiciam as sondagens, a luta política pode aquecer. O chefe da geringonça não pode dar-se ao luxo de levar pesos mortos para as legislativas.
Carlos Rodrigues – Director-adjunto do CM
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Como sou fã do Pedro Marques Lopes, e partilho com ele a reacção de asco que o esgoto a céu aberto suscita, coloco-o ao lado de alguém que representa ao mais alto nível o pasquim. Não para o apoucar, muito menos insultar, mas para fazer a demonstração de que pode haver uma sintonia de pensamento em duas pessoas com valores muito diferentes, alguns antagónicos. Neste caso, ambos estão publicamente a pedir a demissão do ministro da Defesa sem o incómodo de explicar porquê, no caso do Pedro, e deturpando as declarações e funções de Azeredo Lopes, no caso do profissional do esgoto.
Que se passou? Passou-se que Anselmo Crespo e Paulo Tavares optaram pelo sensacionalismo ao criarem um título que não faz justiça às declarações recolhidas na entrevista. Tal como Estrela Serrano já explicou – Alguém ajude o deputado a interpretar figuras de estilo da língua portuguesa – a escolha do título equivale a uma enganadora descontextualização. Só que é ainda mais grave, pois aquela suposta declaração que faz o título não se encontra na entrevista. É uma invenção dos jornalistas, colando e alterando partes do discurso registado. Partes díspares na economia dialógica que lhes deu origem. Partes nascidas do esforço do ministro para ser analítico, rigoroso e exaustivo nas explicações que deu. E a desfiguração ocorrida acaba por ser vexante, promove a postura contrária nos governantes. É como se o Tavares e o Crespo estivessem a esforçar-se por educar os políticos a só terem discursos redondos, superficiais, hipócritas, blindados contra títulos sacanas.
Creio que o principal responsável pelo episódio é o Paulo. Este bem-intencionado jornalista meteu na cabeça que os ministros da Defesa devem ficar apavorados de cada vez que tenham de aprovar os custos de um remendo numa cerca de um paiol. E, portanto, que não podem descansar enquanto não reunirem generais em número suficiente para se garantir que o buraco na cerca não compromete a independência nacional. É uma burrice, que ele transportou para a montra sem explicar quais os fundamentos do seu alvoroço. Na entrevista, a burrice volta a atacar, para perplexidade do Azeredo que até pede para se descodificar o que raio lhe estão a perguntar. As suas respostas frisam o óbvio: o Ministério da Defesa não é a entidade a quem está entregue a organização militar da segurança nos paióis do Exército. Ficamos sem saber se o ministro racional conseguiu convencer o jornalista emocional.
Muito mais importante, mas desprezado pelos entrevistadores, foram os acenos dados pelo ministro a respeito da morosidade e complexidade dos procedimentos da investigação num caso onde é legítima a suspeita de corrupção ou de descontrolo na gestão do armamento. Entretanto, que se espera de um ministro da Defesa que não se pode substituir às entidades que estão a investigar policial e militarmente o caso? Que sentido é que faz estar-lhe a exigir respostas que não pode ter porque não lhe foram dadas por quem tem essa responsabilidade? Aliás, estas declarações de Azeredo Lopes estão intimamente relacionadas com as do Presidente da República ao pedir rapidez na investigação. As declarações de Marcelo foram dirigidas exclusivamente aos militares, não ao Governo. E isto é à prova de estúpidos.
PSD e CDS aproveitaram o título para mandar uns foguetes. Parece que pretendem passar mais umas horas a ouvir Azeredo Lopes a explicar o b-a-bá da separação de poderes e da distinção de responsabilidades no que concerne ao Governo e às Forças Armadas. Seria um bom castigo para o Paulo, o Anselmo e o Pedro serem obrigados a assistir a essa aula.
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Aqui ficam duas alusivas e belíssimas peças que a nossa direita tabloidizada conseguiu criar neste Verão do seu contentamento:
Exactissimamente!
nem vale a pena tecer grandes comentários às posições de gente tão desqualificada. O senhor PML tem uma inclinação laranja, mas isso é lá com ele. O que não pode, porque se arroga comentador político, é expender profecias tão drásticas, radicais, logo ele que é tão liberalóide, e eximir-se a explicar o porquê da sua asserção. Ou é iliteracia?
Leitura complementar: http://expresso.sapo.pt/politica/2017-09-11-BENao-podemos-ter-o-Governo-a-dizer-que-nao-sabe-se-existiu-ou-nao-roubo-em-Tancos
Surpresa, Valupi?
Se em vez de passares o tempo a fazer tricot enquanto vês embevecido o Governo Sombra, na TVI24, e dedicasses um pouco do teu lazer a ver o Eixo do Mal, na SIC N, perceberias o seguinte: se alguém diluir numa proveta um pouco da massa encefálica do Pedro Marques Lopes, da Clara Ferreira Alves, do Daniel Oliveira e do Luís Pedro Nunes, e agitar a mistura suavemente, não deixará de ficar surpreendido com as maravilhas da ciência porque o resultado será idêntico ao da da… da água destilada.
É H2O, mas das boas para verter no ferro de engomar a vapor.
[O gague aconteceu neste Sábado quando os três raparigos e a senhora dona coitados se prestaram a “analisar” um caso passado na CM/CMTV, imoral sem dúvida, mas que primeiro os deixou esganiçados em uníssono, depois perderem o pio enquanto as legendas passavam na semana anterior e, por fim, armados em heróis desertaram para não terem que engolir um inusitado Direito de Resposta com a chancela da ERC. Chiça, pensei e voltei a pensar, esta até a mim me doeu!]
Só compreendo as reacções a acontecimentos como os de Tancos ( e à dificuldade em digerir as declarações do Ministro) se optar por uma de duas vias: ou aceito como provado que os jornais habitam numa “bolha” que os desliga da realidade; ou então tenho de admitir que há trabalho de spin para alguma agência de comunicação.
A única particularidade do que aconteceu em Tancos é ter-se sabido que algo teria acontecido. Quem tenha no cv algum tipo de experiência militar, sabe bem que nunca deixaram de “desaparecer” coisas, que os inventários só batem certos quando nos abstraímos das especificidades, e que os “desaparecimentos” sempre foram geridos internamente com “recriações” criativas do material em falta ou com cirúrgicos autos de destruição e abate à carga. Por isso se estranha que este evento banal tenha visto a luz do dia. E mais se estranha qd se verifica que ele é usado como pretexto para atacar o Ministro de turno, quando toda a gente de bom senso deveria saber que a cultura castrense é completamente imune a ministros ou a PR’s.
Vasco Lourenço, que não nasceu ontem e sempre foi um marginal no sistema, percebeu logo onde estavamos qd veio a publico dizer que “esta história está muito mal contada”. Curiosos que não tenha havido nenhum jornalista que tenha tentado seguir as “pistas” que ele ( e agora tb o MD ) sugeriram para explicar o sucedido. A imbecilidade instalada prefere centrar-se no buraco da vedação e na electrónica. E eu continuo com a minha dúvida: não vêm ou não querem ver ?
«Por qualquer lado que se veja, o ministro da defesa, depois da entrevista de ontem ao DN, já não entrava hoje no ministério.»
Porquê ? Porque a tropa lhe barrava a entrada em retaliação depois de o Ministro lhes ter descoberto a careca ?
Isso mesmo MRocha.
Só quem não passou pelos quartéis (eu foram 36 meses deles) é que embarca nestas fictícias historietas inventadas por jornalistas que nem sabem o que é uma porta de armas, quanto mais um paiol. E então inventários de material nem imaginam como se fazem e como se controlam.
Pois, Para o PML o ministro também se pôs a jeito de qualquer lado que se veja. O pedrito, caga opiniões como todos do eixo e todos os fedorentos do governo sombrio, só não nos diz é porque ele mesmo só vê pelo lado laranja do seu laranjal.
É o mais que certo MRocha que tenha sido um acerto de “existências” nas listas de carga do armamento. Quem passou pela guerra sabe bem os malabarismos que os 1ºs Sargentos tinham de fazer para limpar das listas desaparecimentos de armas, capacetes e até viaturas que caiam aos rios caudalosos ou que, durante tiroteios e emboscadas, se perdiam.
Por cá, por outros motivos como exercícios de fogo real, manobras e simulações de guerra com o próprio armamento e consequentes acidentes e até mesmo através dos destacamentos militares que são enviados ao serviço da ONU para teatros de guerra, dão-se inevitavelmente desaparecimento de material que depois é preciso “abater” criativamente pois essa é a maneira fácil de resolver tudo num processo único.
Claro que alguns sabem que é assim, até jornalistas creio, contudo os donos pedem-lhes que, de qualquer pequena anormalidade que na tropa é praticamente norma, façam política suja para desgastar o governo actual. E os sujos porque já se tornaram imundos esfregam, esfregam e esfregam na merda enquanto cheirar mal.
Corvo e Neves,
Não sei se vcs são praticantes de caça grossa. Caso não o sejam, perguntem a quem for qual o calibre mais usado. Ou visitem um armeiro e perguntem o que recomenda para o javali. Invariavelmente a resposta é 308 win. Para quem não perceba o que isto significa, explico: é equivalente ao 7.62 que usa a G3, e ( coincidência…) a munição mais barata do “mercado”, mas não nas lojas, onde uma caixa de 20 pesa à volta dos 40 euros. Ora por 50 euros o fornecedor oficioso da associativa de que faço parte arranja um cento delas. Claro que não passa facturas. Por que será ?
Fico estupefacto, perante a indigência intelectual de gente como este PML, assim como das restantes aventesmas que pululam naquele imundo programa da SICN, chamado de “eixodomal”. Já de há muito que deixei de o ver do principio ao fim; vou vendo uns bocaditos, como se fosse um programa de humor e, da resenha, o resultado é a p a v o r a n t e. Passam de esganiçados, como se estivessem no recreio, ao ar ameaçador quanto tentam demolir alguém, dos que não aprazem ao patrão que lhes paga a mesada para fazer aquela mixordia, para de seguida porem um ar “intelectualoide” a alardear sobre o ôco de substância que vai naquelas cabeças cheias de pretensos auto-convencimentos culturais.
Porra, o Aspirina B chegou hoje ao nível da camarata!
Bora jogar à lerpa, malta?
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MRocha, vai estudar.
Não me parece bem a posição da ERC acerca dos Eixos.
Tem que haver algum respeito para auto proclamados jornalistas/comentaristas de referência que actuam nos palcos dos jornais e Tvs de referência.