Comunistas e bloquistas já se reuniram algumas vezes com vista a formarem uma muralha d’aço. Por exemplo, algures antes das eleições de 2011 tiveram um desses encontros. Durou à volta de uma hora, talvez menos.
A explicação para a morosidade em chegarem a acordo para a salvação dos trabalhadores e do povo é singela: comunistas e bloquistas não confiam em ninguém de fora das tribos respectivas, não se gramam e, se pudessem, riscavam-se uns aos outros do mapa numa pulsão fratricida. Eis outra forma de traduzir este sentimento:
«A convergência de que falamos é uma convergência política. Cada partido tem o seu espaço de intervenção, ação e mobilização. Com essa quota de responsabilidade, vamos voltar-nos a encontrar no futuro para essa convergência e materializá-la. Cada partido agirá por si porque convergência não significa coligação», disse o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, numa visita inédita à sede bloquista.
A coordenadora do BE Catarina Martins sublinhou tratarem-se de «partidos diferentes que têm identidades próprias, públicas e reconhecidas», embora concordando na urgência da demissão do Governo, dissolução da Assembleia da República e convocação de eleições legislativas antecipadas.
Os proprietários da esquerda pura e verdadeira nem sequer entre si se conseguem entender, quanto mais conviver. O PCP jamais abdicará do controlo sindical que lhe garante uma posição inamovível no regime. E o BE é aquela coisa que Louçã alucinava poder roubar o eleitorado ao PS para então conseguir vergar os comunistas à sua napoleónica liderança. Fodido. Maneiras que eles querem é saltar para os órgãos de comunicação social dominados pelo imperialismo capitalista e libertarem toda a energia revolucionária acumulada a malhar no PS – o qual será um partido de direita muito mau por insistir em respeitar a sua identidade democrática e por não lhes fazer a sectária vontade.
Na Ilha da Páscoa, consta, os nativos também conseguiram destruir o ecossistema porque continuaram a cortar árvores para suportar a construção das suas majestosas estátuas. Até que se foi a última, já a passarada tinha debandado há muito. Deram cabo da sua cultura e da sua vida, mas hoje a ilha oferece postais maravilhosos. Assim se vê a força da imbecilidade.
Só mesmo uma interpretação enviesada não consegue ver o entendimento entre aquelas forças políticas, como prova a comunicação que cita. Obviamente, que convergência não implica coligação. Provas? Basta ver o vosso paradigma de “entendimento político”: a coligação de direita. Passaram-se décadas desde a AD e eles continuam a “concorrer” separadamente, em convergência, vá, com acordos de coligação posterior. A razão é simples: partidos diferentes que necessitam dos resultados eleitorais para definir o peso que cada um terá na hipotética coligação governamental. Aqui passa-se o mesmo. No entanto, a interpretação é diferente. Porque será?
A conclusão é digna do post. Que digo, o post é todo ele uma impecavel demonstração, e ilustração, da justeza da sua conclusão. Venham mais destes, às carradas de preferência, e façamos todos uma dança da chuva em volta deles. Alias, entre os lideres da esquerda, qual é mesmo o mais parecido com um gigante da Ilha da Pascoa ? Hum, mas não vamos estragar a festa com perguntas dificeis, pois não…
Boas
Zé, quando dizes “o vosso paradigma” estás a referir-te a quem? Quanto ao entendimento que dizes existir entre PCP e BE, conta-nos lá em que medidas concretas é que ele se traduz.
__
joão viegas, não consegues estragar a festa, camarada, muito menos só por fazeres perguntas, difíceis ou fáceis. No entanto, podes continuar com as tuas ilusões de grandeza que não pagas mais por isso.
Há dois anos, a esquerda verdadeira esgadanhou-se toda para entregar o poder todo à direita. Agora, arrependidissima, não há dia que não reclame eleições antecipadas para levar o PS de cvolta ao governo! Não confessa, mas está cheia de saudades do governo xuxa…
Como já aqui disse, o maior responsável pela derrota do PS em 2011, pela vitória da direita nesse ano e pela derrota do PS nos últimos 2 anos de oposição, tem um único nome e chama-se PS. O PS deixou-se aprisionar e foi inclusive um instrumento na campanha do embuste e da narrativa contra Sócrates e a favor da direita. Portanto, se o PS tem algo de que se queixar, queixe-se de si próprio por ter, através da eleição desta liderança, atraiçoado a sua tradição de ser o único partido com coerência ideológica para combater sem tréguas esta imunda direita e dar um futuro digno ao país. Só uma coisa justifica esta palhaçada em que o Seguro anda metido chamada de salvação nacional e não é falta de tomates, é bem mais preocupante do que isso.
Maria Cinzenta, a esquerda nunca se esgadanhou para entregar o poder á direita.
Já o Socrates……
Ainda me lembro dos elogios da Merkel ao PEC IV , a Merkel essa defensora de politicas de esquerda…ou direi melhor de DIREITA.
“Os proprietários da esquerda pura e verdadeira nem sequer entre si se conseguem entender”
Os da impura e falsa também não:
http://lishbuna.blogspot.pt/2013/07/preconceito-aristocratico-e.html
Deve haver falta de espelhos pelas bandas valupianas…
Não se dá sequer ao trabalho de ler os colegas de blog?… veja o anterior (Penélope). Não deve precisar de mais. Como seria oportuno que o PS se desse ao trabalho de “respeitar a sua identidade democrática”.
E respondendo a uma questão que põe a outro comentário: não acha medida concreta a recusa da inevitabilidade desta política de merda? e não seria mais concreta se os Vals do PS fossem capazes de ver mais do que o próprio umbigo?
Mas não…somos do arco do poder…temos responsabilidades … Têm: há 40 anos que são arco do poder e puseram e ajudaram a pôr este país na merda em que está. E continuam a querer identificar-se com a elite financeira global. As crises de identidade são tramadas…acorda, que já é dia…
“… há 40 anos que são arco do poder e puseram e ajudaram a pôr este país na merda em que está.”
a comunada com nostalgia da outra senhora, dos tempo da clandestinidade e da tv a branco e preto. se o país foi posto no caminho da merda com o estado social implementado pelos socialistas, não se percebe porque reclamam o seu desmantelamento pela direita que ajudaram a eleger. vejam lá se se decidem, o taxímetro está a contar.
tão cheia de sabedoria a tua analogia: fica-se com o papel da memória, que são os ossos das árvores mortas. puta de mentalidade para manutenção de uma nação.
Silivondela, desconfio que andas a dar forte no vinho. Vamos lá:
– Um blogue não tem de ser um análogo do comité central. Embora te possa custar a entender, também é possível criar blogues onde cada autor pense pela sua cabeça.
– A tua referência ao que a Penélope escreveu, porém, é demasiado crítptica para mim. De que falas?
– Se o que resultou da reunião do PCP com o BE é a medida concreta da recusa desta política de merda, então tens de ir a correr avisar esse pessoal que o PS já pode ser admitido na pandilha.
– Seja como for, não achas assim um bocadinho para o poucachinho só terem conseguido chegar a uma medida onde estejam de acordo? Será que é o suficiente para governar o País durante uma legislatura?
– Quem são os “Vals do PS”? Na eventualidade de te terem vendido a ideia de que eu sou militante, sequer simpatizante, do PS, tenho a informar-te de que foste enganado. Corre atrás do malandro se não queres ficar sem o teu dinheiro.
– Dizes que este país está na merda que está por causa do que aconteceu nos últimos 40 anos. Bem que eu desconfiava de que tu tens é saudades do Portugal de há mais de 40 anos.
agora só resta ao cavacoiso dissolver a assembleia, marcar eleições e suicidar-se em directo no telejornal das 20h.
silivondela,conheço cuba agora e a albania depois de abril,o saldo é altamente favoravel à social democracia europeia. os partidos à esquerda do ps só t~em merda para mostrar no seu curriculum. sempre que haja um desempregado,este, e com razao diz que este pais é uma merda.multiplicando por milhares de desempregados,imagine o que vai de merda em portugal e na europa.os resultados de uma revoluçao não podem ser somente vistos à porta do supermercado.há melhorias estruturais em portugal assinalaveis.nota: louça parece pela sua conversa que ficou triste por não haver acordo ps/ psd/ cds. o pcp que anda de bicicleta há mais de 20 anos com os verdes,voltou a dizer ao bloco que cada uma vai as eleiçoes sozinhonos percebemos!
Na Ilha da Páscoa, consta, os nativos andaram a cortar árvores, mas acima de tudo o resto, cortaram pescoços. E ao que parece muitos, coisa que falta por cá.
Val, um terço da minha vida, passei-a sob governos coloniais fascistas. Engano seu, em toda a linha, quanto ao que lhe posso ter parecido ser.
Aqui fala-se de sectarismo e, deixe que lhe diga, o que tem por aqui escrito é, demasiadas vezes, do mais sectário que pode haver. E sim, no PS há quem o pratique, para mal de uma esquerda que eu gostaria de ver entender-se. Enfim, não é prática exclusiva do PS.Pensa pela sua cabeça, parabéns.
Nuno cm, não conheço nem cuba nem a albânia, mas sempre lhe digo que olhar para esses países, ou outros, com a carga cultural de europeu, pode levar a conclusões menos corretas. Tenha cuidado com os rótulos. Não percebo se a nota final me é destinada. O meu comentário é anterior à divulgação dos resultados das conversas privadas, estados de alma não se lhe podem referir. Parece-me que também me supõe o que não sou.
Silivondela, larga o tintol.