Assalto seguido de achincalho, mas haja paciência

É grande a admiração que sinto pela forma como os portugueses – independentemente da sua orientação ideológica ou política, quer tenham votado em nós ou não tenham – as pessoas hoje sentem que o que está em causa é o seu próprio futuro, não é a avaliação do Governo, não é saber se este político ou aquele está melhor ou está pior, é saber se nos estamos a aproximar ou não do caminho que nos retirará da situação de aflição em que nos vimos há um ano.

Do tipo que nos salvou dos xuxas

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Logo após este Governo ter sido empossado, Passos fez várias declarações que davam conta do estado de alarme que se vivia no seu seio, revelando que os diversos ministros esperavam graves convulsões sociais em resultado do ataque brutal que iriam começar a fazer de imediato à classe média e aos pobres. De facto, esses receios faziam sentido, pois tinha sido essa a promessa das mobilizações contra os Governos socialistas e da retórica de violência – assumida e mutuamente promovida pela oposição e pelas corporações – fulanizada em Sócrates, Correia de Campos e Lurdes Rodrigues, para dar os exemplos maiores. Até se falou que os sectores das polícias seriam aqueles que não teriam cortes orçamentais, antes reforços de recursos humanos e material, precisamente para conseguirem lidar com um Portugal a ver-se grego. Com o passar dos meses, viesse a porrada que viesse, o temor foi dando lugar à estranheza, depois à surpresa e finalmente ao espanto. Soprava uma levíssima brisa pela rua. As oposições, as corporações e os agit-prop da moda estavam numa letargia impensável para quem calhasse ter visitado o País antes de 5 de Junho de 2011. As sondagens confirmavam a observação empírica, dando conta de uma sociedade completa e enigmaticamente alinhada com o esbulho a que estava sujeita.

Politólogos, sociólogos, psicólogos, antropólogos, historiadores e astrólogos que avancem com as suas teorias e hipóteses explicativas para o fenómeno do nosso entroncamento voluntário à miséria. Para o cidadão apaixonado pela cidade bastam estas palavras de Passos para obter uma certeza. O que o homem nos está a dizer é que teria sido possível, em Março de 2011, ter escolhido um caminho que evitaria esta actual situação de aflição em que nos vemos desde há um ano, e na qual não se vê qualquer horizonte de saída, pelo contrário. Teria sido possível, reconhece candidamente, unir o País para conseguir lidar com um desafio sem paralelo na contemporaneidade nacional e de uma dimensão internacional sem qualquer controlo, e cada vez mais complexa e imprevisível, de forma a que se infligisse o menor sofrimento possível à população. Porém, continua o novel Primeiro-Ministro, os partidos da oposição, com o empurrão e aplauso do Presidente da República, preferiram avaliar o Governo anterior a menos de meio da legislatura, nem que para isso tivessem de espezinhar o nosso já ameaçado futuro e levarem-nos a perder a soberania. Porquê? Isso Passos já não diz, porque não precisa, porque está à vista: para poder louvar a paciência dos borregos que suportam o preço a pagar pela urgência do PSD em ir ao pote.

6 thoughts on “Assalto seguido de achincalho, mas haja paciência”

  1. Isto só prova que quem faz agitação é o PCP, mas sempre e só contra o PS. E que, nessas ocasiões, o PSD agradece e junta-se com as campanhas de caráter e outras sujeiras. Agora está tudo calmo. São grandes amigos.

  2. eles sabiam” que não havia necessidade”.por isso,atacaram forte e feio josé socrates,para impedir que ele,ganhasse novamente as eleiçoes.para o afastarem ,serviram-se de tudo que tinham à mão: banqueiros, (que a terra lhes seja pesada…) de uma especie menor de presidente… do”pintelheiro” de serviço à caserna do albergue espanhol, de sua graça Catroga, da ajuda preciosa, que aparece sempre nas horas dificeis para os socialistas, vinda dos ainda social fascistas do pcp e dos que ainda sofrem da doença infantil do comunismo,liderados por francisco louçã. a cgtp,como sempre ,objectivamente ao serviço da direita,com o folclore das manifs… e para termos a cereja no topo do bolo… o rol de mentiras colossais por escabrosas,vindas da boca desavergonhada do candidato a pm.dirão que não poupo ninguem.acho que não é verdade.por estar exausta de mexer em tanto “lixo toxico”, deixo para os que fazem o favor de ler estas simples palavras ,mas sentidas, vindas de uma mulher do povo que cometeu o crime de apoiar a esquerda democratica, o trabalho de qualificarem os politologos deste pais tipo barreto e os jornais onde se trabalhou e continuam a trabalhar com os seguintes objectivos: castigar aqueles que lhes tiraram o direito pornografico a oculos de sol de borla mas pagos pelo zé povo,e o de pôr a direita no poder ,nem que para isso tenham que mandar às malvas a honestidade intelectual.nas contra revoluçoes estes escrivas são imprescindiveis.Termino com a minha homenagem à dignidade da jornalista maria josé oliveira do jornal publico,propriedade sem fins lucrativos do eng. belmiro de azevedo.

  3. O exemplo mais gritante do que diz a Penélope é-nos dado pelos professores. Uma “classe” que alinhou histérica e unida na luta irracional dos tempos de Mª de Lurdes Rodrigues e continua a alinhar, agora deprimida e desgrenhada, com uma ausência de reacção ao desmantelamento do sistema educativo democrático e à implantação de uma ideologia de fazer corar os tempos do marcelismo.

  4. Valupi
    Ando há anos e anos para te mandar um abraço.
    Hoje vai.
    É uma obrigação de cidadania.
    Come e cala-te.

  5. Que síntese magistral de algo que todos os dias nos devia apavorar. Trata-se apenas e tão só de: “louvar a paciência dos borregos que suportam o preço a pagar pela urgência do PSD em ir ao pote!”. Enfim, preparadinhos os “borregos” para os mesmos 40/50 anos de que há 30 anos nos libertámos!

  6. A paciência dos borregos, a aliança vodka-laranja e a ausência de espinhos nas rosas deste país… e assim andamos vegetando… até quando?

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