Aquilo a que temos direito

ALEGAÇÕES FINAIS FACE OCULTA

"O poder político da altura estava informado não só da existência das escutas como da existência do processo. Primeiro, tiveram conhecimento das escutas e depois foram averiguando o que é que se passava até chegarem ao objeto do processo", afirmou o magistrado.

Marques Vidal, que falava no tribunal de Aveiro no segundo dia das alegações do MP, disse ainda que o arguido Armando Vara foi avisado das escutas em 2009, adiantando que, a partir dessa altura, o sucateiro Manuel Godinho, o principal arguido no caso, deixou de ligar para os dois telemóveis do ex-ministro do PS.

O procurador da República referiu ainda que foi por causa "da fuga do segredo das escutas" que o ex-presidente do Conselho de administração da Refer, Luís Pardal, não foi demitido do cargo, após as eleições legislativas de 2009, tal como era pretendido por Manuel Godinho.

"A partir desse momento, não podiam consumar o plano e demitir ou não renovar a comissão de Luís Pardal na Refer, porque isso se tornaria demasiado evidente", adiantou.

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Marques Vidal, o procurador que conseguiu espiar ilegalmente um primeiro-ministro e que de seguida o tentou incriminar sem fundamentação legal, disse ontem num tribunal que o Governo chefiado por Sócrates se dedicava ao crime organizado. Não precisou de provas para o fazer, apenas de abrir a boca.

Ora, um Governo é composto por dezenas de pessoas com responsabilidades executivas. Pessoas que assinam sob juramento centenas ou milhares de documentos governativos. Se o Governo a que pertencem, no todo ou na parte, é constituído por criminosos, estas pessoas, sem excepção, têm de ser investigadas, responsabilizadas e punidas nos casos em que devam ser punidas. Só uma república das bananas é que se deixaria ficar indiferente quando um dos seus mais corajosos e probos cidadãos, de seu nome Marques Vidal, no exercício da autoridade para que foi investido pelo próprio Estado, e tendo a supina missão de procurar a Justiça em nome do Povo, aponta o dedo acusador contra o que se afigura como o maior escândalo político na democracia portuguesa. Recordemos que este homem não é um cavaleiro solitário no combate contra uma chusma de dragões; isto é, de ladrões. Nada disso. Dirigentes políticos do PSD e CDS, assim como figuras ligadas ao Presidente da República, já disseram o mesmo por palavras iguais ou parecidas. E se quisermos fazer o pleno, milhares de militantes e simpatizantes do PCP, BE, “ala esquerda do PS” e “amigos de Seguro, o puro” com alegria se juntarão à romaria, pois eles também sabem que Sócrates está ao serviço da “direita” e que só se meteu nisto da “política” para andar a “roubar”.

Ora. Ora deixa cá ver. Portugal tem neste momento a gente séria a mandar no Parlamento, no Governo e na Presidência, a que ainda se junta a Procuradoria-Geral e, esperemos, o Tribunal de Aveiro. Não há razão nenhuma para deixar quem terá feito tanto mal ao País sem o castigo que se impõe. Castigo que, finalmente, é possível aplicar.

Claro, também poderemos estar apenas em mais um capítulo da judicialização da política, a estratégia preferida da direita para lidar com os adversários que mais teme. Nessa lógica, as calúnias continuam a ser repetidas para que continuem a ser reproduzidas pela cadeia de distribuição mediática, sendo preferível que nunca se esclareça a sua veracidade posto que, como se constata, não existem factos à disposição das acusações dos caluniadores. Se for esse caso, colhe dizer que se trata exactamente daquilo a que temos direito.

15 thoughts on “Aquilo a que temos direito”

  1. Se o senhor tiver provas e não as apresenta, ou não apresentou, deverá ser responsabilizado pelo que disse, e, se ainda existe justiça, deveria ser o próprio juiz que preside no local em que foram proferidas as acusações a tomar em atenção tal facto, e proceder em conformidade…

  2. se eu estivesse no lugar de socrates não ficava calado e pedia provas do que foi afirmado.percebi o texto? acho que sim.

  3. se alguém tinha dúvidas sobre as intenções políticas deste reaça marques vidal então a peça esclarece-as na totalidade. o que este crápula quis fazer foi conspirar contra a democracia fazendo criar um caso em cima das eleições. e a ideia que este crápula fez passar para a comunicação social era a de que o sócrates pretendia controlar toda (sic) a comunicação social (o facto de a lei o proibir escutar o 1º ministro passa-lhe ao lado). o pgr ( ou po presidente do supremo) chamou-lhe delírio mas o objectivo deste delírio foi apenas (a juntar a outras) a tentativa de alterar o resultado das eleições de 2009. ao marques vidal não lhe vai acontecer nada mas o poder que esta gente tem nas mãos deve seriamente fazer-nos pensar.

  4. o dito marques vidal, que agora fala em fugas de escutas, foi o primeiro a possibilitar as fugas para a comunicação social na esperança de julgamento público e político naquilo que não conseguia juiridicamente. se essa fuga é crime, que seja condenado. MAs…mas…mesmo que desobedecendo ao supremo tribunal de justiça na (não)destruição das escutas que ilegalmente promoveu e aceitou, o que aconteceu? Népia. Juíz, mesmo que violador da lei, é intocável em Tugal. E ainda ontem vieram propor a alteração da Constituição para impossibilitar que se fizesse cortes nos seus vencimentos.
    Quem nos devia representar representa-se a si e ao seu partido e quem nos devia defender…welll…pode falar-se em corporativismo sociopata? Eu, pelo menos, tenho provas.

  5. Desde o princípio se viu que a “operação face oculta” foi um
    sucedâneo do “freeport”, atacar pessoalmente José Sócrates
    e de caminho martelar o PS, pelas razões bem conhecidas!
    Este procurador que tem como hoby, ser escritor de ficções
    policiais … até lançou um livro em Agosto de 2009, altura do
    aparecimento das primeiras notícias nos jornais sobre o
    “grande ” caso de corrupção do sucateiro! O operacional foi
    um polícia que, conforme deixou claro em recente entrevista,
    tinha muitas razões de queixa do PS porque, nos tempos do
    Governo de Guterres foi quase despedido da PJ, por um dire-
    tor nomeado por Alberto Costa, se não estou em erro, de no-
    me Adelino Salvado o qual não deixou grandes saudades lá
    na Casa! Com efeito, estamos perante uma mistura muito ex-
    plosiva ( sede de vingança e sede de protagonismo) que levou
    até ao possível “atentado” contra o Estado de Direito … des-
    mentido pelos PGR e PST Justiça!
    Aliás, quem conhece o mundo dos negócios sabe que todas
    as empresas consideram nos seus orçamentos valores para
    brindes, ofertas, etc., que se for levado ao rigor aplicado ao
    indústrial da sucata, teríamos os tribunais cheios de processos
    ditos de “corrupção”, além do mais, “comprar” presidentes de
    grandes empresas com canetas de ouro ou jarras de cristal, só
    na cabeça de um escritor de livros policiais!!!

  6. J. Madeira,

    mas que interessa se essas empresas não têm ligação, mesmo que ficcionada, com o alvo do procurador? há dezenas delas denunciadas em livro (Os Privilegiados) que nenhum procurador persegue, porque não vão ter ao alvo político que procuram. Quem lhe delegou poder político para engendrar tamanhos abusos? Ninguém. E no entanto movem-se. A sociedade civil portuguesa é amorfa, iliterata no que toca a direitos, e nem quer saber. Quanto á comunicação social, está no mesmo cesto. Ninguém nos represneta ninguém nos defende. Nem nós. Caso arrumado: aquilo a que temos direito.

  7. entretanto, bcp prescreve e bpn, que está longe da oferta de um cesto de robalos – com direito a 16 anos de prisão – viste-los!

  8. Foda-se ! Foram precisos dez minutos de Internet para perceber do que estas a falar. Em traços largos, o ministério publico baseou as suas alegações (cuja conclusão ainda não conhecemos) em meras suposições carecidas de qualquer prova, o que de facto é grave, porque o tribunal so deve condenar onde haja provas. E’ isso ?

    E’ sempre a mesma coisa, em Portugal, quem não teve o privilégio de ter passado os ultimos três meses no café central da parvonia não tem a MINIMA hipotese de compreender uma noticia de jornal (ou um post do Valupi).

    Porra : não partam do principio de que “toda a gente sabe” e que é dispensavel lembrar as bases necessarias para se compreender uma noticia : quem é acusado, de quê, em que altura do processo se situam as afirmações do procurador, a que demonstração estão ligadas, etc.

    O reino do “toda a gente sabe” é precisamente o que possibilita os abusos de que te queixas no post. Realizas isso, ao menos ?

    Porra, isto põe-me fora de mim.

    Boas

  9. Esta situação vem precisamente no momento certo para abafar o BCP/Banco de Portugal/CMVM e ainda o BPP e o BPN , os submarinos e os Pandur…. Verão o baralho que vai acontecer seja qual for a decisão… Está tudo planeado !
    E depois digam que “eles” são incompetentes…..

  10. oh viegas! volta para o estojo qua ainda te constipas e tamém não era necessária a declaração de interesses, já nos tinhamos apercebido dessas incapacidades. faz uma vaquinha com a bécula e metam explicador.

  11. Val, só venho aqui hoje para dar sinal de vida… É que agora é que temos asfixia!Os marques vidal deste país continuam a “lubrificar ” a máquina da propaganda das direitas e das “verdadeiras” esquerdas contra aquele grupo de pessoas que tiveram o rasgo – eu diria a audácia – de mostrar que Portugal tinha capacidades de ser um país diferente do “FFF” e que o passado salazarento podia ser ultrapassado!
    …E qual foi a reação dos vários poderes que foram abalados por esta nova “filosofia de vida colectiva”? Retomar o poder!!! e aí tudo serviu! E CONTINUA A SERVIR TUDO PARA DESTRUIR A IMAGEM DOS QUE TEIMAM EM QUERER FAZER DIFERENTE!

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