Alvejar

Que aconteceria, numas eleições legislativas, se todos os votos contados estivessem em branco? As eleições teriam de ser repetidas, claro. Os problemas da governação, sempre urgentes, permaneceriam sem boa resolução por mais uns meses. Mas os partidos não deixariam de existir por causa desse espantoso fenómeno. Apenas mudariam as lideranças, os programas, os discursos, ou nem isso.

Que aconteceria, numas eleições presidenciais, se todos os votos estivessem em branco? Ou se cada candidatura registasse apenas um 1 voto e os restantes fossem brancos, para atenuar uma beca o penoso absurdo deste exercício? As eleições teriam de ser repetidas, claro. Nenhum problema de maior para o interesse nacional ou para a boa gestão da coisa pública adviria pelo atraso na escolha do novo Presidente da República. E, provavelmente, alguns candidatos chumbados desistiriam, ou todos, aparecendo novas candidaturas.

As diferenças entre as duas eleições são substantivas e espelham a arquitectura do regime. Num caso, elege-se um órgão de representação indirecta, o Parlamento, donde sairá a formulação do Governo e futura legislação. No outro, elege-se um sujeito político individual que representa directamente o seu eleitorado e, por função constitucional, a nação, dentro de rígidos e constritos limites quanto aos seus poderes.

Estes dois cenários impossíveis relevam para a qualidade do voto branco em cada eleição. Nas legislativas, o voto branco é potencialmente prejudicial, para além de ser inútil. Nas presidenciais, o voto branco é potencialmente benéfico, apesar de ser inútil.

17 thoughts on “Alvejar”

  1. Acho que o Grande Valupi se esquece de um “pormenor”: no caso das presidenciais, penso que os votos brancos e nulos não são contabilizados para efeitos de apuramento da maioria absoluta.

  2. acho ,que o pessoal que vai para deputado ou outra função politica a tempo inteiro, tem que ter cuidado,pois corre riscos,ao abandonar a empresa mesmo que temporariamente. o risco, é ver o seu lugar ocupado quando regressar, ou verificar que a sua função foi extinta.já não falo da falência da sua empresa,nem do despedimento colectivo sem ter tido direito a indemnização.ver um ex deputado a pedir à porta dos congregados nunca vi,mas não é impossivel se não tiver nenhum meio de subsistência.

  3. António, acho que te esqueceste de ler que é isso que estou a dizer, ao considerar os votos brancos como inúteis. Porém, o exercício consiste em pensar se essa inutilidade é equivalente nas duas eleições, e isto à luz do contexto onde se possa não ter um candidato para votar numas eleições presidenciais.

  4. “Nenhum problema de maior para o interesse nacional ou para a boa gestão da coisa pública adviria pelo atraso na escolha do novo Presidente da República.”

    anda portugal inteiro a contar os dias que faltam para se verem livres do emplastro de boliqueime e vem este cromo dizer que não fazia mal à república atrasar a escolha do presidente. caralho, nem a teresa leal coelho era capaz de argumentar uma cena dessas para manter o cavaco. deves ter dado a chave desta merda à bécula para postar em teu nome durante o período de reflexão.

  5. Valupi em modo de contorcionista de circo.
    Neste momento está de cabeça para baixo a ver se o sangue lhe alimenta o cérebro.
    Pode ser que sim e pode ser que não.
    Só lhe posso dizer que se é para votar em branco mais lhe vale não se dar ao trabalho de sair de casa.
    Porra, será que não percebeu ao menos ISSO ?
    E se percebeu porque é que insiste em justificar o injustificável ?
    Valupi ou Vanity ?

  6. “Que aconteceria, numas eleições presidenciais, se todos os votos estivessem em branco?”
    Nada. Cada voto entrado na urna serve de referência para atribuição do subsídio nas próximas eleições presidenciais.
    Mas…se eventualmente ninguém lá fosse, nas próximas eleições não havia subsídio para ninguém, e aí sim, alguma coisa teria de mudar.

  7. Ui, um voto nobre. Palacio da Brejoeira. E vota enquanto e tempo, porque o nosso amigo Costa vai aumentar o imposto. Confesso que verdes bebo mais de Verão, sou sulista, elitista e liberal.eheheh

  8. “Estes dois cenários impossíveis relevam para a qualidade do voto branco em cada eleição. Nas legislativas, o voto branco é potencialmente prejudicial, para além de ser inútil. Nas presidenciais, o voto branco é potencialmente benéfico, apesar de ser inútil.”

    “Estar morto é o contrário de estar vivo”

    Em termos de brincar com palavras, foi inovadora.

  9. Seria gravíssimo.
    O Povo, poderia ser acusado de estar a obstaculizar o normal funcionamento das instituições democráticas, e, a Nação arriscava-se a ir toda presa . Exceptua-se, claro, as elites costumeiras .
    Seria introduzido o voto obrigatório positivo, para o efeito, sendo criado mais um cargo, tacho, ou emprego, depende do ponto de vista . Seria o tutor ou gestor de voto . Teria como função, o acompanhamento e fiscalização do cumprimento do dever por parte do cidadão eleitor .
    Simultaneamente, seria criada uma base de dados nacional, secreta, donde constaria o nome dos cidadãos eleitores infractores, e a indicação do partido em que não votou. Isto, para que o partido lesado, pudesse apresentar um pedido de indemnização, por ter sido privado de votos .
    Concomitantemente, e para estimular o cumprimento do dever de voto positivo obrigatório, seria criada a figura do cidadão eleitor cumpridor, também chamado devoto, o qual ficaria automaticamente, por força de uma outra base de dados, também secreta, candidato a um prémio, a atribuir pelo partido vencedor do prélio eleitoral . No caso do CDS, por exemplo, poderia ser um santinho, autografado por Portas . Mas para receber o prémio, teria, porém que provar ter votado no partido . Prémio, sim, mas condicionado .

    Para as questões juridicas, enfim, a litigância em geral, poderia ser chamado para exercer as funções de instauração e rápido arquivamento de processos, um certo ex-Procurador Geral, jubilado .

  10. Um voto branco na primeira volta das presidenciais apenas diminui o número de votos que o candidato mais votado precisa para ganhar à primeira volta.

    No caso presente, um voto em branco é igual a um voto em Marcelo. Infelizmente, é a realidade.

    Cavaco Silva não ganhava à primeira volta se os brancos contassem na primeira eleição. Quem votou em branco simplesmente votou nele.

  11. Anónimo, o raciocínio que estabelece o voto em branco (ou nulo, ou nenhum por abstenção) como sendo equivalente a um voto em Marcelo pressupõe que as eleições não são livres. Só nessa concepção é que se pode considerar que vale mais o teu voto (pelos vistos, contra Marcelo) do que o voto de um outro cidadão (no caso, eu). Ora, o meu voto também poderá ser dado ao Marcelo – será que, nesse caso, valia menos ou era menos legítimo do que o teu? Se responderes que não, então, e por maioria de razão, terás de considerar que o voto em branco não é nem contra nem a favor de qualquer candidato. Ou melhor, será contra todos eles, sem excepção.

  12. Porreiro era haver uma segunda volta.

    O Costa teria que inventar outra viagenzita como agora fez para o Tarrafal antes do voto no Marcelo.

    E o com novos debates nem se discutia o orçamento nem os novos impostos.

    Viva o sabichão do Costa.

    Somos uns parvinhos!

  13. Valupi, um voto em branco conta como abstencao. Se votarem 103 pessoas e nao houver brancos, nulos etc, para ganhar ah 1a tem que se conseguir 52 votos. Se 3 votos forem brancos, esses nao contam e passa a ser preciso 51 para ganhar ah 1a. Esses 3 votos em branco em termos praticos corresponderam a menos 1 voto necessario para ganhar, acabam por ser um voto a favor de quem ganha. Se 14 pessoas votarem branco para ganhar sao precisos 45 votos, ou seja 14 brancos correspondem a 7 votos a favor de quem ganha. E ai por diante. Votar branco nas presidenciais eh o mesmo que abster-se. Por cada abstensao o candidato vencedor recebe 0,5 votos em termos praticos.

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