Alguns de vossemecês são muito estúpidos, caramba

Pedro Marques LopesUma ministra não pode vir dizer, como ela disse, "que não, isto não há problema nenhum com os transportes". Ou seja, como é que ela sabe? Portanto, o confinar foi muito fácil. Desconfinar, pelos vistos, foi mal programado. Se nem transportes estavam programados para fazer isto, mal andamos.

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Luís Pedro NunesO descaramento do Pedro Nuno Santos, no Parlamento, a dizer que os transportes públicos de Lisboa não têm absolutamente nada a ver com a transmissão do vírus...
Clara Ferreira AlvesA ministra também disse isso, a ministra também disse isso...
Luís Pedro NunesA lata dele a dizer que os números não batem com alguma acusação, os senhores deputados preparem-se melhor. A vontade que dá é mandar o ministro de manhã para a linha da Amadora-Sintra e para alguma dessas imagens que se vê...

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Clara Ferreira AlvesA mim não me interessa a chicana política, não me interessa mesmo nada a chicana. [...] As conferências da Dra. Graça Freitas são catastróficas, são catastróficas, são catastróficas, são catastróficas! A senhora já disse tudo e o seu contrário, não tem uma opinião definida sobre nada, chuta para a Organização Mundial de Saúde que também já disse tudo e o seu contrário sobre certas coisas. [...] Não somos todos estúpidos, caramba... [...] Há uma perfeita descoordenação. Eu conheço um caso, uma pessoa infectou a [e conta o caso que conhece] Ou seja, está-se a poupar dinheiro nos testes, a verdade é esta! A verdade é esta!

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Fonte

Lamento ver o Pedro Marques Lopes, de quem sou o maior fã neste planeta (logo a seguir à família e amigos, bem entendido), a mergulhar de cabeça no espectáculo de se comportar como um borrego. Já o Luís Pedro Nunes não surpreende (embora nos surpreenda por vezes pelo serviço público que presta, como também foi o caso nesta última quinta-feira ao denunciar Carlos Alexandre) e a Clara Ferreira Alves é uma traumatizada do socratismo mediático a precisar de urgente apoio profissional, pelo que nos devemos preparar para o pior de cada vez que opina em matérias relativas ao PS e à política em geral.

Uma forma de explicar o caudal de estupidez que as citações acima exibem é remeter o fenómeno para as distorções típicas dos registos orais emocionados. No fundo, estes artistas estão tão à-vontade em palco que se permitem agir como se estivessem numa almoçarada na casa de um deles, vocalizando alto qualquer fantasia e barbaridade que lhes dê na gana. Pode ser. Vamos fingir que sim.

Então, aqui vai um outro exemplo de alguém que, aparentemente, teve tempo para pensar no que queria dizer, tempo para confirmar que disse o que pensou dizer, e tempo para eventuais correcções ao pensamento e ao que ficou dito:

«É por isso estranho que a ministra da Saúde tenha dito que não se pode associar os transportes públicos à existência de novos casos. Na sexta-feira explicou-se melhor e clarificou que nas “identificações de infecção, não há nenhuma associada a contágio em transportes”. Apesar disso, reconheceu, há “uma probabilidade elevada” de transmissão. Marta Temido queria dizer que os transportes públicos não merecem ser olhados com desconfiança e preconceito porque são essenciais às populações. Mas isso não significa que o vírus não apanha o metro.»

Sónia Sapage

Vinte e três anos depois de ter concluído o curso de Ciências da Comunicação da Universidade Nova de Lisboa, esta jornalista usa um espaço de opinião para nos ajudar a entender uma ministra que pinta como tendo graves problemas de comunicação e ainda mais graves problemas de responsabilidade política. Uma ministra, afiança descontraída Sónia Sapage, que precisou de uma segunda oportunidade para se explicar e permitir que o povo entendesse o que pretendia, afinal. Mesmo assim, foi só à terceira tentativa, agora com a ajuda do “jornalismo de referência”, que pudemos perceber o que está em causa: cuidadinho com os transportes públicos não se vá apanhar um bicharoco fodido. Ora, será verdade? Será, sequer, remotamente aproximado com o que aconteceu ou com os factos (por favor, riscar o que não interessa)? Para o tira-teimas, nada mais isento do que usarmos os materiais que a própria Sónia faculta no seu artigo, um deles onde Ana Maia, colega da jornalista Sapage, faz o relato do que afirmou Marta Temido na famigerada primeira ocasião em que ousou tocar no assunto. Eis o que o Público garante ter sido dito a 1 de Julho:

- «A ministra da Saúde afirmou, na quarta-feira, que não existe reporte de novos casos de infecção associados aos transportes públicos, apesar das cautelas que são necessárias.»

- «“Temos de ser honestos e verdadeiros sobre os dados que temos em cima da mesa. Não é pela circunstância de conhecer fotografias actuais ou pretéritas de transportes públicos, que têm uma lotação acima daquilo que são as recomendações da Direcção-Geral da Saúde, que nos fazem esquecer que na informação reportada pela Direcção-Geral da Saúde, e de acordo com o último relatórios que disponho da terceira semana de Junho, nos novos casos, não há nenhum caso de infecção associada a transportes públicos”, reforçou.»

- «A ministra chamou a atenção para uma realidade semelhante noutros países. “A circunstância mais ou menos de em todo o lado se indiciar que essa poderia ser uma fonte de infecção, e provavelmente será, mas depois quando encontramos os resultados, não encontramos a correspondente evidência. Isso tem de nos fazer estar atentos e pensar que isso também faz parte da exigência que se coloca ao nosso trabalho. Uma vez mais, sem desvalorizar aquilo que são os riscos associados a estas circunstâncias e as cautelas que são necessárias e o que são as possibilidades.”»

- «Mais à frente, novamente questionada sobre a situação de Lisboa e Vale do Tejo e a questão dos transportes públicos, Marta Temido explicou que o que disse foi que “não são conhecidos casos de contágio que tenham tido origem em transportes e não que os transportes não sejam pela sua sobrelotação, pelas suas condições, espaços a merecerem uma especial cautela”. “Se não fosse assim, não tinha o Governo decidido desde o primeiro momento que haveria uma coima pelas viagens em transportes públicos sem máscaras ou viseira”, salientou.»

- «“Penso que estes dois aspectos sublinham intensamente o ponto para o qual estava a chamar a atenção e para aquilo que era sobretudo a substância da minha chamada de atenção. Estamos a enfrentar um fenómeno novo relativamente ao qual temos muitas incertezas e, em muitas circunstâncias, lapsos de conhecimento. Esta questão dos contágios em transportes é uma delas. Embora da nossa vida empírica percebamos que há um conjunto de circunstâncias para que sejam locais particularmente expostos. Mas se não tivermos estes dois argumentos em paralelo, penso que não estamos a prestar bom serviço ao conhecimento e à objectividade”, reforçou Marta Temido.»

Como é que estas declarações – exemplares de objectividade científica, pedagogia cívica e responsabilidade governativa – se transformaram numa caricatura aberrante e bronca em que até uma jornalista com décadas de profissão nem sequer percebe o português da colega? Ou achará que é mais giro inventar assassinatos de carácter para encher colunas de opinião à conta de uma epidemia que está a causar uma inaudita crise de saúde pública e de segurança económica no mundo inteiro? Questões que não terão resposta, claro, pelo que volto ao Pedro Marques Lopes. Creio que o pior castigo que lhe consigo arranjar é o de exibir as companhias para onde se deixou arrastar pela boçalidade do meio. Toma lá disto, ó pá:

«“Os transportes públicos não estão associados a nenhum dos novos casos de infecção”, afirmou Marta Temido esta semana na Comissão Parlamentar da Saúde.
É uma frase extraordinariamente absurda da ministra, no seu misto de irresponsabilidade política e desonestidade científica, tendo em conta que ninguém sabe a origem de inúmeras infecções.»

Caluniador profissional

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8 thoughts on “Alguns de vossemecês são muito estúpidos, caramba”

  1. O eixo tornou-se insuportável. Uma ideia “original” da Clara, antes do trauma, que o Ricardo comprou logo. Diz ela.

  2. Como é que pessoas minimamente inteligentes se deixam manipular e aderem cegamente a esta pandemia da parvoíce.
    Recomendações da OMS passaram de repente a ser obrigações sancionadas e punidas.
    Acho que entrámos em guerra.
    Os campos de concentração são as nossas casas em que somos gaseados diariamente pela comunicação social.
    Os novos judeus são os infectados que mesmo depois de curados nunca deixarão de ser estigmatizados e ostracizados.
    Uma aplicação de telemóvel irá substituir a estrela.
    Mas temos uma esperança em forma de vacina. Sim esta vacina irá fazer Arianos.
    E só aí, quando formos todos altos e loiros é que a guerra acaba.
    É pá, por favor…será que alguém tem aí algum comprimido para a estupidez?

  3. Urge uma cimeira secreta de governantes :, elaborem um plano rápido , anunciem uma vacina , injectem toda a gente com água destilada e acabem com este placebo de pandemia , gaita.

  4. O “eixo” como tudo que dura e dura tende a repetir-se e repetir-se sem cessar tornando-se enfadonho e por fim ouvir aquelas pessoas que já só dizem sem pensarem ou saber do que falam torna tais pessoas insuportáveis de ouvir seja que assunto estejam discutindo.
    A Clara é o exemplo típico da total corrente de pensamento desordenada, amedrontada, de tendência catastrófica esquizofrénica ditada pelos títulos subvertidos do caneiro mediático geral que ela toma à priori como verdades sem qualquer análise crítica ou, ao menos, o mínimo de comparação entre os sentidos extraídos dos textos e contextos reais e o dos títulos parangonas deturpados dos media manhosos que pretendem retirar efeitos políticos óbvios.
    O LPN quer ser humorista à força sob o ponto de vista do neoliberalismo mas coitado raramente o humor lhe sai e o que mais bota boca fora é uma espécie de gaguês inexpressiva que não se entende. Enfim uma inutilidade que nada acrescenta e só acentua a decadência política e ética daquele grupo irreformável.
    No caso covid, estranhamente, quem se tem mantido com algum sentido lógico sem se deixar levar na conversa dos profetas da desgraça dos media é o DO que, normalmente, é o bota abaixo de tudo que provenha de Costa com argumentos da área bloquistosfera.
    Mas se repararmos bem que diferença de fundo existe entre o decadente arrazoado opinativo da malta do “eixo” e o anti-ético e miserável arrazoado argumentativo dos questionários dos deputados contra Vara?

  5. Estes badamecos do Eixo, incluído, neste caso, o geralmente sensato Marques Lopes, estão de tocaia a todas as declarações feitas por alguém do governo sobre a pandemia. O tema covid é encarado por eles como uma mina de oportunidades para exibirem os seus dotes em spin político. Existe um descontentamento geral no país causado pela pandemia, mas que eles anseiam transformar num descontentamento político contra o governo. O mesmo se passou com os incêndios de 2018 ou com a crise financeira internacional de 2009. À mínima abébia, real ou imaginária, que um governante ou qualquer socialista lhes deixe, os badamecos atiram-se-lhe que nem gato ao bofe. A suposta omissão de uma explicação na primeira declaração da ministra sobre o facto aqui em causa serviu-lhes lindamente para as habituais tiradas foleiras e para a chicana política a que a foleiríssima chicaneira Alves diz ser alérgica. No Eixo não se discute a gestão da crise ou as medidas de combate à pandemia, temas demasiado sérios para serem tratados por palhaços, discutem-se palavras ou supostas lacunas nas declarações apressadas de uma ministra, tentando relesmente apanhá-la distraída. Mas esse é o nível pulha e rasteiro a que o Eixo habituou o público e que a mim me desabituou de ver o Eixo.

  6. E o pior é que o eixo do mal não difere muito de todo o comentário político que se faz hoje em praticamente toda comunicação social em Portugal. A verdade é que tornou-se moda malhar em quem tem que tomar decisões. O Governo. Na maior parte das vezes, da parte de quem nunca tomou qualquer decisão mais impactante na vida de uma qualquer organização, quanto mais um país. Talvez o novo arranjo parlamentar ainda custe a engolir a muita gente. E por tudo e mais alguma coisa, com ou sem razão. Infelizmente é o ambiente político que se vive em Portugal. Muito também admito pelo impacto das sucessivas crises internacionais.

    E digo infelizmente porque ninguém valoriza mais o papel que a comunicação social devia ter sempre na Democracia, que eu. O quarto poder ou o nosso cão de guarda se preferirmos. O problema é o estado actual da CS em Portugal. Que é tudo menos livre e independente. Nas televisões ainda acresce o problema que qualquer um comenta tudo e mais alguma coisa. Muitas vezes sem qualquer noção de vários impactos na economia, como é o caso do turismo e do futebol no exemplo que vou dar.

    E vou dar então outro exemplo além da gestão da pandemia. Gestão que gostava já de deixar claro que nesta fase, além dos números que apareceriam sempre no desconfinamento, até pelo cansaço acumulado segundo os técnicos, muito provavelmente começa a sofrer do mesmo mal que toda a Administração Pública, depois de anos e anos de cortes. E a hipocrisia começa logo da parte de muitos que muito advogaram e contribuíram para o desmantelamento de muitas estruturas públicas, muito importantes ao desenvolvimento do país mas sobretudo ao bem estar dos portugueses.

    E o exemplo é, a gincana política que também se fez com a final da Champions em Portugal! E nomeadamente com o congratular por parte das mais altas autoridades do Estado no dia em que o Comité Executivo da UEFA tornou pública a decisão. Um bocado como quando ganhamos a organização do Euro 2004. E eu não sou propriamente um fanático do turismo e muito menos do futebol. Mas a riqueza tem que vir de algum lado se não queremos que os principais serviços públicos ainda se deteriorem mais. Nomeadamente numa economia com uma divida externa enorme em tempos de pandemia. Quando o mais importante, até com o verão a chegar, era passar a ideia para o exterior de um fraco impacto da mesma em todo o território português. E foi mesmo isso que uma Instituição Internacional com o carisma da UEFA transmitiu ao Mundo, quando decidiu que Lisboa era a cidade escolhida para acolher as eliminatórias em falta na Liga dos Campeões 2019-20.

    E ainda disse mais. Também disse que Portugal tinha batido inclusive outras candidaturas, como por exemplo a toda poderosa Alemanha. E prosseguiu, enumerando alguns dos trunfos portugueses que fizeram os comissários da UEFA inclinarem-se para Lisboa. Como já disse, o impacto moderado da pandemia de covid-19 no país, a qualidade das infra-estruturas disponíveis, desde os novos estádios do Euro 2004, às unidades hoteleiras, passando pela proximidade do aeroporto e a reconhecida competência na organização de eventos desportivos. Mais um impacto económico positivo do Euro 2004 que continua a dar lucro mas que poucos reconhecem.

    Vamos lá a ver. Todos os países gastam hoje milhões em campanhas publicitárias e outros eventos para se promoverem no exterior. O Turismo não é só muito importante para Portugal. Campanhas e Milhões que muito contribuíram para Portugal ser considerado o melhor destino do mundo três anos consecutivos. E quando mais precisamos, até devido à pandemia, ganhamos uma Organização com o impacto que tem no Mundo uma final da Champions. E não há motivo para o Estado festejar? Claro que há! Há motivo para todos festejarmos, gostemos ou não de futebol. Até porque este é um daqueles muito poucos eventos que consegue prolongar os impactos económicos positivos ao longo dos anos. Como aliás já se comprovou com a Organização do Euro 2004 em muitos aspectos e que muitos continuam a desdenhar. Ainda seja possível acrescentar adeptos à festa do futebol em Agosto ou não.

    Chega a Portugal um dos melhores selos de segurança e confiança que qualquer Estado envolvido numa pandemia desejaria e pelo qual já existe hoje uma guerra mundial severíssima e toca tudo a desdenhar? Independentemente até de como a pandemia evolui de lá para cá e vai continuar a evoluir até Agosto. A decisão como é óbvio é sempre datada, tomada num determinado data, depois de um período de observações. Como é que se explica então a reacção da maior parte dos comentadeiros, sem qualquer noção do impacto do futebol nas economias? Simplesmente não se explica. A não ser com os mesmos adjectivos que eles também utilizaram. Agora no sentido contrário. Ai e tal ainda pode ser desmarcada. É o que todos ainda vamos ver. Mas naquele dia Portugal concorreu com uma série de nações que também não sabiam como vão estar em Agosto, como ainda hoje não sabem e bateu-as a todas. Posto que vamos todos chorar. E foi mais ou menos este o clima que uma grande vitória de Portugal despertou. Também se costuma dizer que quem desdenha quer comprar.

    Finalmente, independente até de todas as más interpretações que também surgiram com o prémio para a saúde. Eu percebi logo na altura que o que o PM quis dizer é que sem o grandes desempenho do SNS nunca teria sido possível. Claro que outros perceberam logo que o PM ia dar senhas de almoços aos profissionais de saúde.

  7. Pra evitar cenas dessas bastava à ministra dizer que aumentou o número de casos e diminuiu o número de não-casos, ponto final .
    E acrescentar que não sabia se tinha a ver com a promiscuidade dentro dos transportes públicos ou não.
    Porque ninguém na realidade sabe. Pode ocorrer um grande aglomerado de utentes num determinado meio de transporte público e ninguém estar infectado e portanto não infectar ninguém . E pode suceder o contrário.
    Mas a questão é a propalada medida de aumento dos meios de transporte públicos. Que é impossivel porque nem os privados nem o sector público estão em condições de providenciar. É aqui é que está o cerne e onde todos a começar pela oposição aproveitam para molhar a sopa .
    O resto é textos fechados, porque afirmativos e conclusivos, e na realidade não abertos à discussão. Técnica de spin de propagandista, Vale tudo, caluniador pago e caluniador grátis, acorrem os mabecos do costume, já não tanto para se banquetearem mas sim para tentaram ser originais, à maneira dos cortesãos do rei francês, acrescentando uma tirada e uma tontice mais atrevida, destilam o seu ódio e no final o mabeco alfa recolhe o seu sustento e alimenta o ego.

  8. A toda poderosa Alemanha teve que contentar-se com a final da Liga Europa. Que também vai organizar. E a julgar por uma vista de olhos nos jornais da altura com muito menos contestação. De resto nenhum país per si pode combater a arbitrariedade. Sobretudo a arbitrariedade dos critérios actuais, que todos os países manipulam. Por mais frio que seja, o combate à pandemia, em confinamento ou em desconfinamento, faz-se com o número de internamentos para evitar a saturação dos sistemas de saúde. Que devia ser o único critério na UE para comparar países. Na medida em que é o único indicador que a própria UE pode controlar facilmente. Número de internamentos que em Portugal tem-se mantido quase inalterável. Porque infelizmente até o número de óbitos pode ser manipulado.

    Quanto ao número de novas infecções mas alguém acredita que Espanha ou Itália, dado o nível de disseminação da infecção que tiveram, estejam hoje muito melhor que Portugal? Novos casos que dependem de uma série de factores como o número de testes ou os sistemas informáticos. Impossíveis de controlar do exterior para permitirem qualquer tipo de comparação. Aliás, em Portugal os que andam mais assustados com a situação em Lisboa ainda há pouco tempo queriam avaliar a imunidade de grupo para venderem mais uns testes serologicos.

    Pode ser pouco falado mas o papel dos privados durante a pandemia – para variar – tem sido simplesmente nojento. E estão fartos de ganhar dinheiro com o nojo. Ou acham que aquela carinha laroca do PSD e da Unilabs quando aparece na televisão a oferecer os seus préstimos às Câmaras Municipais anda à procura do quê? Julgo que o Louçã escreveu recentemente sobre esses lucros. Só a Unilabs é uma rede com mais de mil laboratórios de análise e diagnóstico médico, com mais de três mil trabalhadores no país. Uma rede que está neste momento a dispensar recibos verdes, a forçar férias, a mudar trabalhadores de postos de trabalho e funções sem compensação e a criar um banco de horas negativo “para compensação futura” de forma a “ter uma bolsa de trabalho gratuito”. Uma rede mafiosa com quase trabalho escravo que escolheu um puto do PSD para CEO.

    A verdade é que sem vacina e com o SNS muito longe de estar assoberbado, o número de novos casos, a maior parte assintomáticos, não é propriamente o fim do mundo. Claro que com mais recursos, humanos e financeiros, para isolar melhor a população com menos recursos, se calhar era mais fácil estancar as novas cadeias de transmissão. Mas também não estou nada convencido que é possível vivermos desconfinados durante uma pandemia sem novos casos. Por isso é que eles estão sempre a aparecer e em todos os países. O que infelizmente em Portugal fica à imaginação de cada um.

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