Há partidas de futebol que valem muito mais do que títulos. Como é o caso do França-Suíça neste Euro. O êxtase provocado nos adeptos suíços ultrapassa em 21 ordens de grandeza a satisfação obtida pelos adeptos portugueses com a vitória no Euro 2016 e a dos adeptos gregos com a vitória no Euro 2004 – exemplos siameses de equipas que mostraram um futebol horrível ao longo desses torneios e ganharam aquilo sem saber ler nem escrever para indigestão de quem gosta de ver bola.
Quando Pogba marcou o terceiro da França, por si só um dos melhores golos deste Euro, e quando ficavam a faltar 15 minutos para o final, até Deus e o Diabo apostaram 10 euros em como seria impossível alterar o destino: a Suíça ia para casa. O mais certo era até acontecer uma goleada de arrebimbomalho por superioridade evidente dos gauleses e afundanço anímico dos helvéticos. As flutuações quânticas saíram-se com outras ideias e não podiam ter sido melhores do ponto de vista do gozo dos suíços: 6 minutos depois, redução da diferença; mais 4 minutos e um golo do empate anulado; épico golo do empate em cima dos 90 minutos; e o craque maior do adversário a ser enganado pelo guarda-redes e a permitir uma defesa do tamanho dos Alpes.
Ligo esse jogo aos de Portugal porque odeio a herança salazarista que o Scolari avivou e cristalizou na terrinha, a miséria do ideal de se ambicionar ganhar “por meio a zero”. Essa converseta parece muito profissional e competitiva mas só gera cinismo, medo, atrofio da criatividade e exílio da paixão. Joga-se à bola, ou pratica-se qualquer desporto, não porque seja necessário ganhar, antes porque é maravilhoso tentar ganhar. É só isto que faz falta para se cumprir plenamente a experiência de nos fundirmos com o magma ctónico da identidade.
Fernando Santos atribuiu ao deus dos católicos e à “sua mãe” [fonte] o comando técnico-espiritual que levou Portugal à conquista do Euro 2016. A ser verdade (confesso a minha incapacidade para ter certezas a respeito), daqui peço à malta que passar por Fátima o favor de dizer a quem de direito que o senhor está a precisar de ordens superiores para ir fazer milagres noutras paragens. No reino da Selecção já não consegue.
Fabuloso!!
talvez se o santos comprar uns golões a crédito , para pagar em 3021 , como fazem os herdeiros das utopias amanhãs que cantam ? já falou com os investidores ?
Exactissimamente ( perdoe-me o plágio).
Ninguém é perfeito, e, apesar de tudo, foi com este selecionador que o futebol português venceu dois importantes torneios internacionais, e não foi mais por ter o Ronaldo do que pela sua acção de treinador e a actuação dos outros jogadores. Quanto a Fátima, se ela, coitada, pudesse fazer alguma coisa já teria despachado a pandemia.
Apoiado, Valupi. Eu nem sei como é que este treinador olha para todos os outros jogos deste campeonato, com outras equipas, e não tem vergonha. Não tem vergonha de orientar os rapazes para andarem ali a engonhar a ver no que é que dá. Mais, como é que os jogadores olham para os jogos dos seus colegas das outras equipas e não exigem a substituição do seleccionador.
Confesso que nunca gostei muito do futebol praticado pela selecção fernandina. Houve alguns jogos muito bons sob a sua batuta, mas na maioria fiquei com a sensação que pecou um bocado por falta de ambição. Contra a Alemanha, acho mesmo que a equipa se mostrou diminuída ou inferiorizada, quando realmente não havia motivos para isso, como a Hungria mostrou bem. Mas o balanço, até agora, ainda é positivo para Fernando Santos. Quem nas últimas décadas apresentou melhores resultados?
Pois… O Fernando foi ao Santuário e foi-lhe dito: “Olha meu filho, vou ser muito clara- Eu não marco golos e tu não fazes milagres. Acorda ou afundas”. Creio que o Fernando não percebeu a dica….
Todos ficámos insatisfeitos, e com razão, com o que a nossa seleção conseguiu neste europeu futebolístico, mas sejamos justos, qual foi o selecionador que obteve melhores resultados do que este?
E que culpa tem ele que os nossos melhores jogadores joguem todos no estrangeiro e em campeonatos, clubes e países, diferentes? E mesmo assim, apesar de tudo, conseguiu que a seleção fosse uma equipa, não apenas um grupo de 11 jogadores, que foi campeã europeia e é candidata ao mundial.
Nunca pensei que um dia viria a defender o Fernando Santos e a sua crendice, mas a verdade é que não me quero juntar aos selecionadores de bancada.
Curioso: Valupi é agnóstico na confissão da sua “incapacidade para ter certezas a respeito” do transcendente, ateu na grafia em minúscula da palavra “deus”, mas católico no repto prosélito de idas a Fátima.
Que me seja perdoada a blasfémia da analogia, mas Valupi, ao seu modo, é, afinal, uno e trino. E deus minúsculo, certamente.
Manoja: todos os jogadores das outras seleções jogam nos mais diversos clubes. Como atenuante, esse argumento é fraquinho.
Penelope, atenuante de quê? Ainda somos os campeões da Europa de futebol, ainda não há outro, e demonstrámo-lo porquê, nas segundas partes dos jogos com a Hungria, com a França e até com a Alemanha. Não é só quando se ganha que se pode avaliar a consistência duma equipa.
E, principalmente, com a Bélgica, acrescento,
A táctica padrão do Fernando Santos era e é mais ou menos isto “ vamos andar a enconar e se eles marcarem então vamos atacar para tentar marcar um golo “ .
Daí, a monótona e a pusilânime troca de bola em lateralizações defensivas, central pssa para o outro central que passa para o lateral que reinicia o circuito em sentido contrário, eventualmente passe para um médio defensivo que para o efeito recua, manda a bola para trás e recomeça tudo de novo . Uma espécie de squash em que dois médios defensivos funcionam como uma espécie de parede . Tudo jogado na segurança que dá a circunstância de a bola ser trocada por fora do bloco defensivo adversário.
Passes para médios ofensivos ( por exemplo, Renato Sanches, e outros, que têm iniciativa de jogo, ousam atacar e invadem pelo meio do bloco defensivo), nem pensar, é muito “ousado” .
Lances em profundidade e com colocação nos extremos ou avançados, só o Pepe .
Quanto às crenças e superstições, é coisa que abunda no futebol .
Até há um que passa a vida a ir a Fátima e disseram-me que mandou abrir o estádio de madrugada para uma cena de feitiçaria negra .
Muito bem!
É preciso gritar que o “rei” vai nu!
Fernando Santos conseguiu transformar um lote de bons jogadores, com alguns medianos, mas outros geniais, numa equipazinha banal.
O verdadeiro “esplendor” das “capacidades” desse impostorão chamado Fernando Santos e alcunhado de “inginheiro” está nos empates pífios com a Islândia, a Áustria e a Hungria em 2016, nos penosos e magros resultados conseguidos contra o Irão e Marrocos no Mundial da Rússia e, sobretudo, nas decepcionantes eliminações com o Uruguai e agora, mais uma vez, com a Bélgica.
E NUNCA no sofrido empate 3-3 com a Espanha e nas vitórias contra a Polónia, a Croácia e o País de Gales, que saíram directamente das entranhas e da entrega dos Jogadores, e muito menos ainda na vitória, tremendamente injusta e ilusória, contra a França, que saíu das tripas do Éder e da devoção inquebrantável do Ronaldo!
Portugal fez figura de imberbe neste Euro’2020 e assim continuará, enquanto quem manda não perceber que qualquer Marco Silva, André Villas-Boas, Eduardo Jardim, ou até o Bruno Laje fariam melhor do que o Santos.
Um perfeito incompetente, que um dia teve uma tarde de sorte.
Mas que não passa de um nabo.
Leonardo Jardim, claro…