Contra a Fiorentina, em Alvalade, Miguel Veloso marcou um belíssimo golo. E que fez logo a seguir, o animal? Correu para os adeptos, mas com esta variante às celebrações usuais: desatou a chamar nomes e a fazer ameaças de ir bater em alguém. Para o Veloso, os adeptos existiam para o servir. Como lhe tinham feito críticas no passado (mas quem?), ele agora vingava-se (mas contra quem?). O seu golo, portanto, tinha sido um acto de generosidade a contragosto, ocasião para um desforço com destinatário colectivo.
Esta atitude é o espelho de uma cultura instituída por Paulo Bento, o qual optou sempre por uma posição corporativa contra os adeptos. Têm sido vários os momentos em que faz declarações de oposição à oposição dos sócios e simpatizantes, como ainda há dias no jogo com o Herta. Como se a existência do clube e da equipa de futebol fosse um favor que nos fazem. E, para o desconchavo ser completo, a malta nas bancadas nem precisava de ver bom futebol. Bastava que os jogadores conseguissem passar a bola uns aos outros até chegarem perto da baliza contrária. E depois que chutassem para o espaço que existe entre o guarda-redes e um dos limites da baliza. Não era preciso mais nem é pedir muito. Ora, quando Bento se insurge contra o desgosto de quem ama, está a anular o vínculo sagrado que faz do futebol algo que não se confunde com o trabalho nem com o espectáculo, apesar de implicar trabalho e se realizar como espectáculo: o sortilégio.
Por mais ideias que tente passar aos jogadores, o treinador não joga. O treinador não defende, não chuta, não marca. O treinador assiste ao jogo como qualquer outro adepto. A única diferença está no poder dado ao treinador para fazer substituições. Fraco consolo, como se sabe. Assim, resta ao treinador que ambicione ganhar campeonatos, e troféus, descobrir como se tornar num xamã. Aprender a dominar as energias naturais para obter resultados sobrenaturais, sem visível intervenção física, material, corporal. Tal e qual como faz qualquer adepto, seja no estádio ou em casa, quando respeita superstições e utiliza amuletos e preces. Por isso, a haver uma reacção corporativa da parte de um bom treinador, ela deverá ser sempre a favor dos colegas xamãs, não dos demónios e titãs que se confrontam sem saberem que a sorte é apenas um destino que se ignora.
Ainda vais a tempo, Bento, tens é de começar por sacrificar esse discurso contra o espírito do clubismo.
Trabalhei no Sporting a tempo inteiro de 1997 a 2006 e conheço o PB. O seu grande delírio é escolher a equipa não a partir da equipa que jogou bem no domingo anterior mas sim dos que treinaram como ele quer durante a semana. O Adrien jogou muito bem contra a Roma, saiu no jogo seguinte. O Pereirinha foi brilhante contra o Porto, saiu no jogo seguinte e perdemos no Restelo. O Yannick espatifou o Braga copm dois golos, saiu logo no jogo a seguir. O melhor guarda-redes do Sporting, titular da equipa nacional sérvia, a quem o clube paga 50 mil eurtos por mês não joga por embirração de PB. PB é o problema não é a solução para nada. Chega da alucinações.
concordo com a analise, conhezo moitos PB, está moito bem explicado algo que passa a cotio no mundo do futebol.