Absolutismo minoritário

«Postulado: em 2015 um PS em maioria absoluta não tinha aplicado mais de metade das medidas contra a austeridade que vieram a acontecer com a "geringonça".

Alguém tem coragem de desmentir esta afirmação?...

[...]

É, até, bastante melhor ter governos estáveis mas pressionados no parlamento por não terem maioria do que arrogantes governos "absolutistas", autossuficientes, autocomplacentes e autistas para o país.

Postulado: eleições antecipadas não são, em si, um problema para Portugal, mas se daí resultar uma maioria absoluta, então o país defrontará uma tragédia.»

Portugal aguenta uma maioria absoluta?

Pedro Tadeu é um jornalista comunista que usa o seu espaço de opinião para defender os interesses do PCP. É o que neste texto acima citado faz, alinhando com a estratégia de agitar o papão da “maioria absoluta” para tentar segurar o núcleo eleitoral mais sectário que vota à esquerda do PS. Todavia, o seu exercício apresenta uma utilidade involuntária: ao lhe ter dado uma forma demonstrativa, correndo o risco de ser claro na argumentação (vide o postulado inicial), o autor deixa exposta a falácia a que se agarram.

Primeiro contra-postulado: ninguém sabe o que um Governo PS teria feito com uma maioria absoluta a partir de 2015.

Segundo contra-postulado: um Governo PS de maioria absoluta a partir de 2015 não teria aplicado “mais de metade das medidas contra a austeridade” que acordou com PCP e BE, parece altamente provável, mas tal não permite concluir que não tivesse tomado outras medidas, com diferentes graus ou modos alternativos, que igualmente fossem contra a austeridade, quiçá até podendo ir mais longe nalguns aspectos.

Terceiro contra-postulado: se o PCP decidiu viabilizar um Governo minoritário ao longo de 6 anos por este aceitar anualmente aplicar novas “medidas contra a austeridade”, ter em 2021 decidido inviabilizar um Governo disposto a continuar a aplicar anualmente “medidas contra a austeridade”, ou medidas que melhoram a vida das populações mais carenciadas e da classe média, fica como uma antinomia incompreensível e contrária aos interesses do “povo” que os comunistas alegam defender.

Os políticos e comentadores que surgem a falar em nome ou a favor do PCP e do BE parecem miúdos mimados e mentirosos que atacam disfuncionalmente as figuras parentais. As razões invocadas para chumbarem um Orçamento de um Governo socialista que continha medidas por eles próprios exigidas são um lençol de hipocrisias inanes. Os actos continuam a falar mais alto do que o paleio, e esta história de terem mandado ao chão a sopa e o bife porque lhes recusaram uma fatia de bolo é o único materialismo dialéctico que fica do episódio.

Pedro Tadeu carimba como “tragédia” uma maioria absoluta do PS. Tragédia, não faz por menos no seu afã apocalíptico de pregar aos convertidos. Deixa-nos curiosos: se um Governo de Costa com maioria absoluta é uma tragédia, como é que este escriba terá adjectivado as maiorias absolutas de Cavaco ou aquela que levou Passos e Portas para São Bento? Foi o Holocausto, ou ainda pior?

Mas há uma tragédia no seu horizonte, vai sem discussão. É o que tal representaria para o PCP, a prova do seu irremediável e acelerado desaparecimento. O que, a acontecer, faria todo o sentido. Quem pede Governos minoritários e depois os derruba, só para prejudicar os cidadãos e favorecer a direita decadente mesmo quando o Governo negoceia, não parece ser patriótico nem de esquerda.

31 thoughts on “Absolutismo minoritário”

  1. “…. não parece ser patriótico nem de esquerda.” E muito menos alternativo.
    Os jerontes do PCP enchem a boca de povo , do qual se assumem como donos, dizem-se expertos em autarquias, muito democratas e quando são arredados do poder tem atitudes na passagem de testemunho como as que fizeram em Almada, Barreiro e Moita. Eu até pensei que o caso de Almada fosse pessoal /local, mas com mais 2 casos, deve ser uma diretiva.
    Depois admiram-se que quem chega comece por pedir auditorias….

  2. Esta semana também ouvi no Tudo é Economia o Ricardo Pais Mamede a contrariar o impacto na sustentabilidade da Segurança Social que AC aflorou na entrevista – sim, infelizmente o termo também é este a propósito de uma proposta do BE – com o argumento de que o acréscimo de despesa fixa não era para sempre porque os pensionistas também morrem! É verdade! Pode custar a acreditar mas ainda é possível ouvir na box.

    E a partir deste novo paradigma do fundo de pensões da Segurança Social já nem devia ser preciso perder tempo com a proposta do BE que pretendia continuar a eliminar – continuar, também ouviram bem porque ainda começou as ser eliminado com Vieira da Silva num percurso em tudo idêntico ao aumento do ordenado mínimo – a dupla injustiça social introduzida primeiro pela Troika e depois pelo ir além da troika com o famoso factor de sustentabilidade quando as pensões ainda só estavam indexadas a uma idade fixa e não também à esperança de vida como já acontece hoje. E como eu desteto que alguma força política e seja de que área for, se outorgue ao direito de sentir mais as injustiças sociais. Sobretudo como forças de protesto demagógico sem responsabilidades governativas na oposição. Até o Coelho se queixava da austeridade dos PEC antes de subir ao poleiro. Lembram-se?

    Acontece que o Ricardo Pais Mamede também escreve como muitos aqui devem saber no blogue “Ladrão de Bicicletas”. Já agora se me permitem, um excelente blogue de discussão económica. Com alguns senões. Também só há pouco tempo é que começaram a reconhecer a chantagem interna sobre Sócrates no Parlamento nos idos de 2011. Isto é, a desfazer totalmente a teoria da bancarrota. Chantagem que o BE também caucionou.

    Mas voltando ao RPM – que por norma também muito aprecio como economista – agora mais como conselheiro político no blogue em questão, onde esta semana também a propósito da entrevista de AC lançou para cima da mesa os números muito sólidos do BE, segundo ele porque ninguém os desmentiu. Ora, logo na discussão do OE na AR quando a JM disse que restavam 62 mil pensões afetadas entre 2014 e 2018 foi contrariada por AC com 625 mil. Basicamente o eleitorado do BE que começa a cheirar mais a clientela nestes termos. E como eu detesto que os eleitores não sejam sempre encarados com o máximo de dignidade possível. A sua dignidade. Portanto e segundo AC, só neste período o BE fala basicamente só de 10%. A que ainda acresceria cerca de 10 % das actuais reformas. Mas agora não nos podemos esquecer que a despesa não é eterna porque os pensionistas também morrem…

    Já RPM no blogue fala num impacto de 75 Milhões que segundo ele, também nunca foi desmentido. Ao que questionei com um acréscimo anual na ordem dos 200 Milhões que tinha lido no Jornal de Negócios e segundo o Jornal contas do próprio BE. Para discutir de economista como economista, sem qualquer outra intenção. E continuo a pensar que este tema deve ser mais esclarecido. Infelizmente no blogue todos os meus comentários foram censurados. E daqui a minha enorme surpresa para não dizer enorme desilusão que também expresso aqui. Já agora acrescento que nunca comento no blogue e nem faço a mínima ideia se é o RPM que controla os seus próprios comentários ou se ainda haverá mesmo algum censor oficial. Mas se não é devia ser e também não o tenciono esclarecer. Já sobre a proposta como é demasiado técnica não tenciono maçar mais ninguém aqui.

    Já sobre a proposta de aumento do ordenado mínimo, totalmente fora do OE, num percurso de aumento do ordenado mínimo e o chumbo surgir logo no ano do maior aumento da história do ordenado mínimo, como já tinha escrito aqui aliás, exclui logo a necessidade de grandes análises. Este OE não foi chumbado por nenhum número nele inserido. Nem sequer por qualquer questão orçamental. Satisfeitos estes dois cavalos de batalha surgiriam outros. Há dois anos que o BE quer um novo acordo escrito. O problema é que logo em 2019 exigiu propostas que nenhum Governo aceitaria em 2109. E depois é muito fácil dizer que foi o PS que não quis o acordo. E o PCP – que não quer mesmo acordos escritos – politicamente também decidiu que era melhor retirar o apoio ao governo agora. Deixemo-nos também nós próprios de tentar procurar respostas onde elas não existem. Deixemos nós próprios de ser crianças como eles. Em suma, não podia concordar mais com a falta de maturidade democrática de que fala o Valupi. Como também já o tinha escrito aqui aliás.

  3. Já agora também queria comentar aqui uma teoria política conjuntural do Pedro Adão e Silva, segundo a qual caso o PSD venha a conseguir mais votos em 30 de Janeiro e em todo o caso minoritários, o que poderia conduzir o PSD à tentação de algum acordo com o Chega para formar Governo, cabe ao PS viabilizar o Governo minoritário do PSD para evitar esse acordo?! E eu nunca vi com maus olhos acordos de incidência parlamentar com Rio ou com o PSD. Que como todos sabemos acabam sempre por acontecer da forma mais natural como foi mais uma vez o caso nesta legislatura. Por duas razões lógicas. Pelo peso parlamentar dos dois partidos e por muitas aproximações ideológicas ao centro que também não vale a pena negar. Não é por acaso que hoje um até tem a designação que caberia melhor ao outro e que no passado o PPD ainda tentou a adesão na Internacional Socialista inviabilizada pelo próprio PS. Quo vadis PSD!

    Mas nunca derivado ou impulsionado por esta chantagem em concreto. Porque nunca resulta nada de bom de uma chantagem. Como ainda agora acabamos de assistir. Além de que em primeiro lugar julgo que nem podemos falar de tentação sobre algo que já aconteceu nos Açores e de uma forma absolutamente desnecessária. E caso Rangel vença as internas e por mais que ele diga o contrário, então é que essa alegada tentação passa de certeza num ápice a realidade caso reúna a maioria com o afilhado do Coelho. Se é que já não existe essa possibilidade assinada e tudo. Mas não deixo de considerar no mínimo curioso que a esquerda e neste caso o PS segundo PAS é que tem que se preocupar com o cordão sanitário à direita do PSD ou para sermos mais concretos à volta da extrema-direita?! Porque também seria sempre uma forma do PS se manter no poder? Nunca me pareceu que foi esse o ponto de vista de PAS.

    Ou para sermos ainda mais precisos à volta da nova nomenclatura do CDS, mesmo com “roupagem” nova. O que sempre aconteceu na história do CDS, onde o habilidoso que conseguiu reunir mais demagogia foi o que conseguiu mais votos. O Paulinho das Feiras que foi de antieuropeu a euroentusiasta e de anticavaquista a adorador de sarcófagos. Defensor da lavoura e dos antigos combatentes, provedor dos contribuintes e dos reformados e cúmplice do maior assalto aos velhotes e do maior aumento de impostos a par com cortes em todos os apoios sociais que enviaram milhares de famílias para baixo da ponte. Agora mais perto das propostas do Manuel Monteiro e do seu idiota útil à época, o pateta do Pacheco de Amorim. Quando eu até considero que a forma mais rápida de desinsuflar totalmente o chega é deixá-los entrar no Parlamento com mais que um deputado. Se já é o circo a que todos assistimos só com o Ventura, imaginemos só por um momento a feira com dois. Quando com um PSD decente nunca haveria sequer a possibilidade de qualquer acordo com o Chega. O que cabe antes de mais aos seus militantes. E seria o próprio PSD o primeiro a recusar formar esse Governo à direita mesmo maioritário. Mesmo com o chamamento irrecusável do poder. E a acontecer não dura 1 ano! Aposto aqui as minhas fichas todas. Sem hipóteses para grandes estragos mesmo com o Ventura como Ministro da Administração Interna! Já alguém o imaginou com a Acácia na Cova da Moura ou a apanhar sabonetes com o Mombito nalgum posto da GNR durante alguma reivindicação? Como já está aliás a acontecer com o Baleeiro dos Açores. Mais um grande político segundo Rio. Só porque a AR não pode voltar a ser dissolvida nos primeiros 6 meses.

  4. Para o PSD ter o voto do Chega não precisa fazer acordo ( só se for em circunstancias excecionais).
    Quando for a hora da verdade o Chega vota onde quer sem ser preciso o PSD pedir… Para o seu eleitorado qual desculpa serve de justificação.
    Não se vão prender com rodriguinhos como o Bloco e o PC que pela segunda vez fizeram borrada.
    Espero que desta vez o eleitorado não lhes perdoe

  5. Em vez de dar relevância à opinião dum jornalista comuna, importa denunciar a podridão moral deste regime jacobino e maçónico. Está à vista de todos o contágio na Forças Armadas, assoladas por escândalos atrás de escândalos, vítimas da gangrena das nossas instituições políticas. Gangrena que, como vemos, não poupa a própria instituição militar, esteio fundamental da Pátria e garante da sua soberania e reputação.
    Isto já não vai com paninhos quentes! O apodrecimento gangrenoso exige a coragem duma solução radical!

  6. em 45 anos de democracia em Portugal houve cinco maiorias absolutas nas urnas em legislativas. inédito é, pois, considerarem agora que dar maioria absoluta ao PS seria premiar quem merece ser castigado, alimentando o povo e a necessidade imediata de identificar o agente da derrota do país.
    um estudo mais ou menos recente, do instituto de ciências sociais da univ. de lisboa, aferiu que apenas metade do universo de eleitores vota por se identificar com este ou aquele partido abrindo, com esta premissa, espaço para outras realidades. foi assim que nasceu a geringonça – a união do eleitorado envelhecido, pouco instruído e colorido em termos de religião do PS com a juventude pouco religiosa, bem instruída e endinheirada do BE e a velhice, o arço-íris de níveis de escolaridade e de rendimentos – assim como de devoção, do PCP.
    ora se este estudo tem a veracidade académica que merece, podemos chegar à conclusão, que nem sequer é brilhante, de que o BE e o PCP – os dos mal amados e ressabiados; injustos e ingratos; intolerantes e intransigentes; traidores -, os que não lhes cabe um feijão no rabinho, receiam que o aclamado agente da derrota, Costa, os derrote sem perceberem que sozinhos não passam de betos falantes, num caso, e de alucinados noutro. porque no exercício do bem comum, e se no nosso Portugal a âncora na lealdade do voto vê as caras e não o coração do partido, talvez por o coração andar partido face à dura realidade que teve de enfrentar a seco e a frio, interessa reconhecer quem dá o corpo às balas e à diplomacia em altura de guerra. porque nestes dois últimos anos de guerra, como se fosse a primeira nunca antes vivida e morrida, e foi, o BE e o PCP não saíram das respectivas trincheiras nas suas trusses borradas – antes andaram à gola. e agora pegam na metralhadora a premir contra o Costa.
    cobardes do carago. badalhocos. azeiteiros.

  7. Pedro Adão e Silva é comentador e socialista e usa os inumeros espaços de comentário onde participa para defender o PS. A diferença com o Pedro Tadeu, para além da omnipresença, é a falta de sentido ético, que lhe permite receber pelas suas prestações ao serviço dos media e pelo erário público por nomeação do Governo PS O conflito de interesses é mais que evidente, a vergonha é nenhuma.
    Mas tudo radica numa suspensão de qualquer julgamento ético por parte de quem se distanciou ou “combateu” Sócrates, se for do PS a recompensa aumenta.
    Nem por acaso Pedro Tadeu toca ao de leve nesse ponto, o cobarde Costa conquista as esporas da mesma forma, para ter uma rápida aceitação nega tudo o que tenha a ver com Sócrates, e isso inclui políticas Keynesianas de investimento que estavam certas. Resultado, em prol de uma aceitação que não tinha capacidade para impor de outra forma, porque medíocre, nunca combateu a narrativa da “bancarrota” da direita, permitindo que os velhos protagonistas voltem com uma narrativa ainda mais sedimentada.
    A tese de que o chumbo pela esquerda do PEC IV e o do orçamento se equivalem é idiota mas parece ser a única a que os propagandistas se agarram, não muito imaginativos. Com Sócrates havia o risco do FMI e de políticas agressivas neoliberais sem rede, hoje a posição da UE é radicalmente diferente, temos programa de resiliência e existe uma maioria sociológica de esquerda operacional. Com Sócrates bastava um gesto/atitude com Costa é estrural/comportamental. E como qualquer casamento que chega ao fim, este relacionamento tem culpas tripartidas, a maior das quais cabe ao PS, pois nunca soube cumprir com os acordos que celebrou. Portugal foi o país que menos investiu em apoios, menos que a Grécia, e somos um dos países mais pobres. Cativaçoes que permitiam fazer show em Bruxelas e que erodiam os eleitorados dos partidos à esquerda. A velha política do pisca-pisca, Costa é one trick pony dos anos 80/90. Mas onde pára o grande negociador, incensado nos media? Nunca existiu, o PC foi sempre o garante da coligação informal, e só dele dependia a sua continuação. Lembro que houve muitos que até votaram João Ferreira nas presidenciais por sugestão partidária, não porque fosse a melhor opção para que o PC não se chateasse muito e a coligação se aguentasse. You saw it coming, stop the blaming game, sissies.

  8. Joe Strummer,

    Realmente ouve-se muito essa teoria que o PS nunca cumpriu com o que prometeu no geral. Mas depois todas as discussões que ouvi com ambas as partes a discutirem medida a medida nunca foi bem assim. Pelo menos no geral. Mas o que ainda faz mais confusão é ouvir alguns a elogiar o chumbo do OE de manhã e à tarde baterem com a mão no peito para dizerem que foi o governo minoritário que mais tempo durou em Portugal?! Será que ainda não perceberam que ainda podia ter durado mais? Mas também se pode dar o caso de estarem mortinhos para voltarem a ter mais medidas para revogar. Por mais voltas que se deem há sempre um je ne sais quoi de irracionalidade à volta do chumbo deste OE. Pior só a dissolução logo a correr depois. Digo eu.

    Que em política também se pode traduzir muitas vezes pela distância que vai da irresponsabilidade típica de um partido de protesto na oposição para a responsabilidade de quem tem que governar e neste caso até tem mesmo que mostrar as contas lá fora. Infelizmente. E consoante nos vamos distanciando cada vez mais da Ditadura acho cada vez mais estranho que nunca tenhamos tido um único Governo que não seja no mínimo péssimo aos olhos da malta mais moderada. Dos outros já nem falo e nem sequer embarco em grandes extremismos em Portugal. Extremista é o Mário Machado. A malta dirigente do chega é essencialmente oportunista. Mas será que não existe mesmo ninguém em Portugal capaz de nos governar em Democracia? Serão mesmo assim todos tão maus? Ou também terão limitações? Claro que é retórica. A dívida está aí bem presente todo os dias.

    E sobre esta conjuntura em concreto admito perfeitamente e até infelizmente, desacordos ao nível de algumas medidas da lei laboral entre o PS e a sua esquerda. Que espero muito sinceramente nunca ao nível da contratação coletiva, tão fundamental para as carreiras e para a subida dos salários em geral. Onde o PS até acabou por ceder. Mas já não acredito que se o Governo conseguisse eliminar de uma vez todos os cortes injustos nas pensões não o fizesse. Não acredito. Até porque a questão eleitoral funciona para os dois lados. E ao nível das pensões é mesmo bom que o PS faça alguma coisa até às eleições. Sob o risco de ainda vir a ser muito penalizado num segmento da população que derruba Governos em Portugal.

  9. Esta legislatura decorreu praticamente toda sob uma pandemia que ninguém esperava e com países vizinhos já de volta ao confinamento e nós…sem Governo. Quando temos dados comparativos objectivos para poder afirmar com objetividade que não só temos sabido enfrentar a pandemia com muita dignidade, no sentido do melhor bem-estar possível da população à exceção de surtos mais complicados como em todos os países, como até apresentamos alguns resultados surpreendentes para uma pequena economia como a nossa. Porque não se combate uma pandemia com feijões. E devo dizer que nada que me surpreenda. Já não me parece muito sensato ter precipitado esta crise política nesta fase.

    Mas sobretudo queria dizer algo que me esqueci no comentário anterior. Não tenho o PAS como alguém com problemas éticos. Muito menos como alguém que precisa do PS para viver. Mas admito que a exposição pública hoje em Democracia também possa ser uma coisa tramada às vezes. E só não digo infelizmente porque acho que compatibilizar ambas sem pensamento próprio ainda deve ser pior. E o PAS além de ser do Benfica deve ter umas mamas de merda. Mais ou menos como as minhas e sou do Sporting. Não podemos ser abençoados com tudo do que gostamos. Algumas coisas temos mesmo que pedir emprestadas. Se quisermos brincar claro.

  10. “O acréscimo de despesa fixa não é para sempre porque os pensionistas também morrem.”
    — Ricardo Pais Mamede

    A razia sofrida pela peste grisalha (a minha tribo) fez e faz do sacana do coronavírus um magnífico balão de oxigénio para a Segurança Social. Aleluia! Quem se atreve a negar que há males que vêm por bem?

  11. P, boa, acho que o Valupi devia postar este teu comentário, não destoa em nada do tom de pensamento único do blog, a não ser pelo comprimento do texto e pelas “mamas”. Irreverente.

    Democracia. Quanto mais se recorre a instrumentos democraticos, e o voto é o principal, mais se queixam da democracia e apelam à estabilidade, que julgo deve ser o oposto, tal a forma como ardentemente o pronunciam. Isto é, quanto mais no discurso público se fala de democracia menos é a probabilidade de ela existir. O que existe é um regime controladinho, cheio de castas, a precisar de renovação, um Estado Usado Novo, que grita “crise” ao menor sinal de conflito que é o que é suposto dar vitalidade à suposta democracia.

  12. a ser verdade que o super vírus deixa sequelas graves nos doentes significa que a folga das pensões vai toda para tratar ao longo da vida os sequelados do cuvid e para pagar as suas futuras frequentes baixas ..
    temos de ver as cenas de várias perspectivas , caros pensadores abstratos.

  13. Joe Strummer,

    Compreendo a tentativa do argumentário com o voto como o principal instrumento da Democracia que até ainda tem o patamar do voto como a arma do povo… Que vou tentar rebater no actual contexto se me for permitido. Em primeiro lugar chamei a atenção para o decurso de uma pandemia, com as crises subsequentes, como o nosso mundo nunca tinha conhecido. E quem julga que uma crise politica nesta fase também não interfere nas dinâmicas já desenvolvidas e confirmadas do combate à pandemia com o levantamento – completamente artificial, com várias origens e nem todas interessadas em defender o SNS – de muitos profissionais de saúde como já assistimos com implicações no bem-estar de toda a população…

    Em segundo lugar quem fundou a nossa Democracia Representativa na Constituinte, a nossa Constituição – só uma das mais progressivas ainda hoje – e o nosso sistema político, além de grandes democratas e grandes amantes da liberdade que se evidenciaram antes e depois da Revolução de Abril, muitos nas prisões do Estado Novo, fizeram-no com vários checks and balances reconhecidos – não é só na América – onde se destaca como é óbvio o Parlamento como em todas as Democracias Parlamentares. E as legislaturas são de 4 anos, não são de 40. Talvez até valha a pena atentar em quem votou contra a Constituição.

    E tanto o BE como o PCP, por dinâmicas de poder internas dos próprios partidos, o que acabam de fazer não é um favor à Democracia. Nem sequer a pensar na população. Mas um grande favor ao PS. Como as sondagens já o começam aliás a evidenciar. Nomeadamente com o BE a cair quase para metade outra vez ainda ontem na sondagem do Expresso. E um favor duplo nesta fase. Porque não é só o PS que com muita probabilidade sairá reforçado depois de 30 de Janeiro como a sua direita também já aparece muito mais polarizada com o PSD a não chegar sequer aos 30 pts. O que só baixa a percentagem de votos necessária a uma eventual maioria absoluta do PS. Guterres hoje tinha uma maioria absoluta! O que um trabalhista como eu também não deseja por questões democráticas e porque o mundo de trabalho está muito longe de estar bem em Portugal. Para não dizer que está uma valente merda! E ninguém valoriza tanto o protagonismo do Parlamento e os checks and balançes como eu. Assim como a solução de governação que saiu de 2015, com os olhos no país e na UE. Mesmo que muitas vezes infelizmente. E não é a soltar finalmente o Mário Nogueira à sexta-feira que vai melhorar tudo de um dia para o outro em Portugal. Estas greves não passam de Campanha para os militantes da SGTP e do PCP. Que já só está apostado em segurar o seu eleitorado mais fidelizado na rua. Nem mais um eleitor.

    Sob o ponto de vista de PCP e BE não vale a pena tentar negar o remake de 2011 que mandou o Louçã para casa e desta vez também vai ter consequências tanto nas direções como no rumo de ambos. Depende da dimensão do castido. Independentemente do cenário diferente à direita hoje. Senão veja-se como também saltaram logo representantes das alas mais duras como o Vasco Cardoso da Comissão Política do Comité Central do PCP ou o Pedro Soares do movimento crítico Convergência na Mesa Nacional do BE. O PCP que chegou a ter durante décadas alguns dos melhores quadros políticos deste país nunca conseguiu voltar a apresentar uma proposta de Governo alternativa depois do PREC. Nem tão pouco uma espécie de Governo Sombra como também chegou a estar na moda no Parlamento. Porque a opção foi sempre a trincheira do protesto que permite ver mal o país quando mais o contexto mundial em que nos movemos. Com muita pena minha. Quando uma força política não consegue vislumbrar em nome de não sei ou melhor até sei mas que até o seu nome já é mais um problema que uma solução… E não me venham com a história que foi o único que resistiu porque isso também está associado a algo que nem sequer é positivo para o país. Além de um contexto muito próprio. O PCP devia ter-se reconvertido há muito tempo num partido trabalhista moderno para prosseguir exatamente os mesmos objectivos. O trabalho digno que exige muito mais distribuição da riqueza. E podia e devia saber apanhar esta boleia do PS no Século XXI. Até com legislação para voltar a incrementar a luta laboral no sector privado. De preferência, muito mais independente. Nenhuma transformação social ocorre do dia para a noite e o PCP não vai voltar a fazer nenhuma Revolução sozinho em Portugal. Sem teorias económicas pré-Revolução Industrial num mundo totalmente novo. E ainda tem gente mais que capaz para levar a cabo essa transformação. Com uma juventude fantástica. Menos sectária. Que depende sempre muito do número de vezes que se lava a cabeça no PCP.

    E quem o diz acaba a votar muitas vezes no PCP na medida em que a minha opção de voto passa quase sempre por valorizar o Parlamento e dar força à Oposição à esquerda. Aos checks and balances. Mas com muita pena minha o PCP podia e devia ter dado muito mais ao país depois da Revolução. Como deu durante a Ditadura. E o mesmo para o BE que com esta decisão também não conseguiu respeitar a vontade do povo expressa nas urnas ainda há dois anos. Por mais que o tentem contestar. Quando um verdadeiro social-democrata, muito longe de ser algum radical, inteligente e com propostas para o país ao nível do seu desenvolvimento e não só das habituais propostas de protesto que invariavelmente só levam a aumentos de despesa, como o Ricardo Pais Mamede dá sinais que também já fundiu nesta fase da vida política do pais… Como eu acabei de dar nota aqui…E sim, como este país precisa de muito mais investimento público. Alguma subida até já prevista no OE mas alguém falou do IP durante o debate orçamental? A continuidade da actual Legislatura não era só desejável face ao actual contexto de incerteza da pandemia como era perfeitamente possível continuarem a trabalhar juntos em pról do desenvolvimento do país. De um país que não vive isolado do resto do Mundo. Não tivessem interferido as oposições internas no interior de cada força politica. E lamento concluir mas estas eleições não vêm reforçar Democracia nenhuma. Muito pelo contrário!

  14. Joe Strummer, a democracia é um sistema político onde se estende ao maior número de indivíduos a influência para a formação de um Governo a partir de candidaturas livres e legais, assumindo estas a figura de representantes do Soberano numa dada assembleia após a contagem e validação dos votos e a distribuição de mandatos. A finalidade da democracia não é a de repetir consecutivamente actos eleitorais democráticos sem daí serem eleitos governantes. Uma vez formado um qualquer Governo, os ministros e secretários de Estado deixam de sujeitar a veredicto eleitoral democrático as suas decisões correntes dentro das leis já aprovadas anteriormente, embora o voltem a fazer quando pretendem alterar a legislação. Num certo sentido, análogo, passam a constituir-se como uma oligarquia (os governantes no seu conjunto) dominada por um tirano (o primeiro-ministro). Isto é, governam soberanamente. Esse poder, todavia, não se concretiza numa oligarquia e tirania de facto por duas condicionantes de regime: têm mandatos limitados no tempo e estão sujeitos à Lei. Uma Lei nascida de uma Constituição aprovada democraticamente. Isto, muito simplificadamente e sem perder tempo com as variantes do sistema e os potenciais papéis dos Chefes de Estado, é o que constitui uma democracia num Estado de direito democrático.

    Tenho uma pergunta para te fazer mas primeiro gostava de saber se concordas, ou discordas, com o parágrafo anterior.

  15. O Strummer pode argumentar e bem que não foram os partidos que dissolverem a AR. E até pode acrescentar que o chumbo de um OE não leva a esse desfecho em nenhuma Democracia, digamos madura, na Europa. Como nunca tinha levado em Portugal. Precisamente para não entramos num círculo vicioso de legislativas todos os anos com tanto que ainda há para fazer precisamente pela Democracia em Portugal. Como estou convencido que nem quem acredita que o voto é principal instrumento da Democracia defende.

  16. P, tenho muitas dúvidas que a América seja uma democracia é mais uma república. O que falta ao PS é precisamente não ser um partido de genese operária, conforme a tradição social democrata europeia daí considerar o protesto (ainda por cima tão institucionalizado e obediente como o do PC) um problema. E é capaz de ser e ainda bem. O protesto e dissencão são armas contra o totalitarismo e democracias que convivem mal com o protesto tem um problema, ou vários.
    Para que conste nunca votei PC, simplesmente discordo de uma visão sectária que lhes atribui um papel demoníaco. Se a Geringonça existiu ao PC se deve, e tomou a opção de a terminar quando já fazia sentido. não havia win-win se é que alguma vez houve. O PC não muda de natureza é um Partido Comunista.

    Valupi, sim por aí mais a separação de poderes, direito à dissensão, pacífica claro, Bla, blaetc A finalidade da democracia é a democracia, não conheço outra.
    Acho que a tua definição de oligarquia é muito clássica, a dos gregos antigos. Correndo o risco de não ser exacto mas penso que numa definição mais livre e actual existem oligarquias sempre que grupos capturem instituições para proveito próprio, controlando-os, até podendo haver eleições livres. O problema não está tanto na forma do sistema em abstrato mas nas escolhas e os compromissos para que eles funcionem.
    Isto é impopular mas nem sei se a democracia é realmente o melhor sistema, dos conhecidos até agora talvez, mas não podemos deixar de procurar e melhorar.

    Claro, pergunta. Mas só respondo se souber.

  17. “Para que conste nunca votei PC, simplesmente discordo de uma visão sectária que lhes atribui um papel demoníaco.”

    nem precisavas de confirmar, já tinhas dito que votavas ppd.
    fica-te bem esse paternalismo, os comunistas costumam ficar agradecidos com estas atitudes e caso de liquidação total pode ser que votem no teu partido.

  18. Strummer,

    Se compreendi bem assim é muito complicado debater. Porque não concordo com o chumbo deste OE num contexto muito particular não sou democrata?! Chumbo que já estava decidido muito antes da apresentação do próprio OE, negociado sob chantagens de temáticas extra OE e sob o cutelo da chantagem do PR.

    E depois porque não concordo com o timing da instrumentalização de uma greve sou totalitário ou democrata avariado!? Com muitas reivindicações completamente artificiais e a prova disso é que começaram todas depois do chumbo do OE. Os problemas laborais em Portugal começaram todos no fim do mês passado mais precisamente a 28? Na minha opinião quem fica mal é o próprio PCP e a CGTP na forma como é instrumentalizada. Não é um bom cartão de visita para nenhum Sindicato que também se quer sempre Independente. Isto já é tudo Campanha eleitoral e para sermos totalmente francos, pânico pela maioria absoluta socialista.

    Boa noite.

  19. Marcelo, como todos os PR que o antecederam e de sobremaneira como constitucionalista, tinha que saber perfeitamente que só saía bem desta história por um caminho. Caso houvesse uma alternativa sólida de Governo. Dentro da AR por um governo de iniciativa presidencial – uma grande bosta – ou fora da AR, via eleições. Que é o mesmo que dizer que este Parlamento já não representaria a vontade dos portugueses hoje. Algo que ele nunca pode ter vislumbrado. Mesmo para os que veem agora dizer que desta vez foi diferente porque a dissolução não partiu da vontade do PR. Claro que partiu! E com chantagem! Independentemente da esquerda gritar que Marcelo pretendeu abrir caminho à direita e a direita gritar que ele quer é reforçar AC no poder. O que ele quer sabe ele. E eu até acho que ele desta vez só quis o protagonismo da passagem deste OE. E nos dias bons, a estabilidade do país. Mas o que cada um pensa…

    Nenhum Constituinte aprovaria um poder presidencial para destruir a estabilidade governativa. A bomba atómica só serve para, pelo contrário, desbloquear bloqueios governativos. E o PR sem se ver forçado a tal como pela demissão do PM ou por outra força maior qualquer, tipo o Santana enviar nomes de ministros para Belém sem avisar primeiro as pessoas, não tem nada que se imiscuir nos trabalhos da AR e muito menos andar por aí a agitar uma bomba atómica. Marcelo sabe melhor que ninguém que caso fosse esta a vontade dos partidos – derrubar o Governo – tinham o instrumento da moção de censura à disposição e nenhum grupo parlamentar apresentou qualquer moção. E com interpretações de comentadores devia Marcelo poder bem. Da mesma forma que o Governo que sempre garantiu que não se demitiria também podia ter tentado apresentar uma Moção de Confiança antes da votação do OE para obrigar a AR a pronunciar-se para desbloquear algum impasse em que o Governo se sentisse enredado. Chumbada também empurrava o ónus para os outros. Já para não falar de outro caminho para tentar fazer descer o OE para a fase da especialidade.

    Nenhum Grupo Parlamentar tentou nenhum destes instrumentos constitucionais ao seu dispor. Logo só havia um caminho constitucional depois do veto a este OE. O Governo estava obrigado a apresentar uma 2ª proposta de OE. Com negociações antes ou depois como se faz em qualquer Parlamento maduro. E se mais à frente até achasse que acabou por ver aprovado uma porcaria de OE – o que não acredito porque este nem sequer foi verdadeiramente discutido à esquerda – estava no direito de se demitir e ir para eleições. E o povo logo voltaria a julgar o comportamento de cada um. Mas este era o único caminho para respeitar a Democracia na sua casa e sobretudo a vontade dos portugueses nas urnas em 2019. Mesmo quando se diz que em Democracia há sempre soluções e há, as eleições fora do calendário devem ser sempre encaradas como a última hipótese. E nunca como a primeira no primeiro OE que emperrou em duas legislaturas. eu pessoalmente como eleitor, senti-me mesmo profundamente desrespeitado tal e qual disse AC. Independentemente do seu sentido. O governo minoritário depois que aceitou tomar posse em 2019 assim como o seu apoio à esquerda estavam obrigados a entender-se. A Democracia também é isto. É discussão e tanto que ainda havia muito caminho para caminhar como com muita probabilidade vai mesmo ter que ser caminhado.

    Só para dar um exemplo muito concreto, na Noruega este Governo nunca caía e o debate do OE só terminava quando fosse aprovado. Porque aqueles deputados comprometeram-se todos com os portugueses. Mesmo que em Portugal o programa de Governo não vá a votos e na minha opinião mal mas não mudava nada. É quase como a história do papel que muitos veem como o Santo Graal! O que nunca podia acontecer era o PR sucumbir ao protagonismo depois de tanto tempo fechado pela pandemia. Até com o Albuquerque andou a falar nas costas do Governo? Marcelo está mesmo lélé da cuca, uma doença que afeta só os PPDs quase em vias de extinção e nunca sairá bem deste 2º mandato. Nem com aquela ajudante de campo que ui ui. Bonitas botas! Acabou de borrar o mandato todo e é assim que passará à história. Que bem vistas as coisas, foi sempre a sua história. Um gajo que é PR e nem tem tomates para apresentar a namorada aos portugueses que tinham todo o direito a ter uma primeira Dama como ele prometeu logo na 1ª Campanha?! Só porque trabalhava no BES? Devemos sempre desconfiar deste tipo de pessoas. Pior mesmo só um gajo que sai do armário no Alta Definição. Que também valia mais que continuasse a inspecionar os buracos nas ruas mais estreitinhas de Bruxelas à noite.

  20. Joe Strummer, vou aproveitar aquele “sim” com que inicias a resposta ambígua e dispersiva à pergunta sobre o parágrafo para então admitir que conseguimos partilhar uma mesma definição de democracia, mesmo que no seu esboço mais simplista e abstracto para ter utilidade nesta discussão. Obviamente, há uma miríade infindável de assuntos intrínsecos e extrínsecos ao tema mas tal não é o objecto do inquérito porque por aí, pela multiplicidade de questões conexas que será possível ir buscar a propósito de qualquer conceito ou facto, não se faz pensamento.

    Ora, escreveste: “O que existe é um regime controladinho, cheio de castas, a precisar de renovação, um Estado Usado Novo, que grita “crise” ao menor sinal de conflito que é o que é suposto dar vitalidade à suposta democracia.”

    Explica lá, please, qual é a renovação que pretendes para acabar com as castas e encher de vitalidade a democracia.

    Quanto a dizeres que a finalidade da democracia é a democracia, isso é tautológico, por um lado, e é falso, pois os Governos e os Chefes de Estado, ao exercerem o poder, só recorrem aos instrumentos democráticos excepcionalmente. A sua prática é idêntica à de um qualquer poder soberano enquanto poder soberano. Esta natureza do poder político não se altera com o modelo da “separação dos poderes”, apenas se repete para que da divisão e paridade haja um novo equilíbrio que se funde na democracia e a represente.

  21. não conhecia a palavra tautológico. adoro-a. e, já agora, não se pode acabar com as castas precisamente porque a deusa atenas era casta.

  22. Eheh se era para isto podias ter perguntado logo. A minha resposta foi ambígua e dispersiva porque até julguei que me querias vender drogas ou uma cena assim.

    Como é que eu pretendo mudar o sistema que crítico? Espero que com a renovação do pessoal do sistema políticoesiatico, o aumento da literacia política e consciência cívica por parte do eleitorado. Sozinho não consigo muito. Ou então uma revolução, Aproveitava e vendia umas guilhotinas que sobraram. Bom estado.
    E tu escreveste aí em cima sobre “os políticos estupidificadores” e os “jornalistas políticos”, então como pensas mudar isso?

    Não percebi, queres dizer que o governo ao exercer o poder não é fiscalizado? No parlamento, no tribunal de contas, pelas oposições, tribunal constitucional, pela lei etc..? Numa democracia representativa o soberano é por definição, o pipol.
    “Só recorrem aos instrumentos democraticos excepcionalmente? Não entendo o que queres dizer com isso, mas se tu achas que faz sentido na tua interpretação do modo como as coisas funcionam, ok.

  23. Joe Strummer, como é que posso querer dizer que o poder não é fiscalizado se estamos de acordo que a democracia implica separação de poderes e o respeito pela lei? Não só há instituições cuja função primeira é a de fiscalizar a governação, essas e outras que referes, como a sociedade fiscaliza o Governo e, ao limite, cada cidadão está dotado de direitos e meios para o fazer nalguma parte e medida. Logo, se não estou a dizer tal é porque, eventualmente, estou a dizer outra coisa. Não posso é obrigar-te a entenderes, ou admitires, o que seja.

    Quanto à pergunta sobre o teu plano para nos salvar das castas e chegarmos à democracia prometida, onde o leão dividirá com o cordeiro uma malga de soja e leite desnatado, fico com a suspeita de que é coisa para demorar mais uns milénios. Enfim, há que ter esperança, né?

  24. Joe Strummer, como é que posso querer dizer que o poder não é fiscalizado se estamos de acordo que a democracia implica separação de poderes e o respeito pela lei?”

    “pois os Governos e os Chefes de Estado, ao exercerem o poder, só recorrem aos instrumentos democráticos excepcionalmente. ”

    Sim, esperança existe sempre, pelo menos se aplicarmos o plano que executarás em relação à pergunta que te fiz. E aos planos que já deves ter em andamento para desmantelar os media e a direita decadente, mais os restantes pet hates que te roem as entranhas. Tenho a impressão que não tens plano nenhum, simplesmente exerces o teu direito à crítica como qualquer cidadão, ou tens? Se tens explica aí.

  25. a visão do joe é a mais correcta , a democracia não se esgota no voto , começa é aí , e os senhores mais votados têm de reformular a sua postura perante o poder que ganharam e por em acção uma cultura democrática de exercício do poder DELEGADO. a malta não vota para eleger reizinhos ou donos do país ou charlots ditadores .

  26. Joe Strummer, se a finalidade da democracia fosse a democracia, então não terias Governos, só terias actos eleitorais ou assembleias.

    A finalidade da democracia, como de qualquer outro sistema político, é sempre a governação, a posse e uso do poder máximo (dentro de variegadas circunstâncias históricas, etc.). Esse poder não é democrático, é soberano. Chamamos democracia ao sistema que coloca o fundamento desse poder no “povo” e na lei em vez de num indivíduo, família, grupo ou classe.

    Ora, tu despertaste a minha curiosidade quando deixaste lá para cima a platitude de não vivermos em democracia por causa das castas e do camandro. Isto num contexto onde temos partidos de esquerda a derrubar um Governo de esquerda que eles acham que não é de esquerda o suficiente. Daí ter acreditado que eras mesmo um visionário e que nos poderias salvar.

    Eu não tenho planos para refundar a democracia, acho que ela em Portugal está muito bem e recomenda-se.

  27. Pois, afinal também não tens planos para coisa nenhuma, depois escondes essa tua “incapacidade” atrás de distorções sobre o que eu disse que nada tinha a ver com reformar a democracia.
    “O que existe é um regime controladinho, cheio de castas, a precisar de renovação, um Estado Usado Novo, que grita “crise” ao menor sinal de conflito que é o que é suposto dar vitalidade à suposta democracia.”

    Dizia que o conflito é inerente à democracia e que a melhor forma de o resolver é através do voto, e isso não constitui crise nenhuma, pelo contrário, é sinal de vitalidade.

    Deixo aqui uma definição simples de democracia representativa:
    https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Democracia_representativa

    E não é nenhuma finalidade de governo mas sim uma forma de governo, com separação e limitação dos diversos poderes em que o Povo é o único soberano. Contudo é sempre possível melhorar e aprofundar a democracia, daí ter dito que a sua finalidade era a própria democracia, no sentido de mais democracia.
    O resto é confusão tua, assim como a suposta felicidade dos abstencionistas e a impreparacao dos votantes em compreender as complexidades e sofrimentos da governação, balelas mais próxima de um defensor da oligarquia, perdão um radical do centro.
    Mas quando conseguires o tal plano para destruires a direita decadente, reformar a Justiça, etc… diz qualquer coisinha.

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