Assim, o presidente do CDS e vice-primeiro-ministro, que tem conduzido as negociações com a troika e que negociou as oitava e nova avaliações do cumprimento do acordo do memorando, deixou claro aos seus pares de direcção que, depois dos chumbos que têm sido feitos pelo Tribunal Constitucional, ficou explícito para os credores que há uma incompatibilidade entre a leitura que o Tribunal Constitucional faz da Constituição portuguesa, mesmo em estado de emergência financeira, e aquilo que é a transformação do modelo do Estado português que essas mesmas instituições credoras exigem ao país.
Daí que Portas tenha a percepção de que qualquer novo resgate financeiro a Portugal, adquira ou não este nome, irá ser feito com exigências que passam pela explicitação de que os partidos portugueses que podem ocupar o governo aceitam a transformação do perfil constitucional do Estado português. Uma exigência que o líder do CDS considera que nunca será aceite pelo PS. Temendo assim que, perante tal cenário, a governabilidade possa ser substituída pelo caos.
Direcção do CDS teme que segundo resgate imponha um “pacto constitucional”
__
Ainda alguém se lembra do berreiro que a direita fez desde 2010 onde jurava que o FMI devia ter sido chamado mais cedo, e muito mais cedo, talvez logo em 12 de Março de 2005, porque só com os estrangeiros a pôr e dispor é que Portugal teria salvação? Foi muita gente junta, gente muito importante, a dizer que Sócrates era um louco por teimar em resistir à capitulação.
Dois anos e meio depois, ficamos agora a saber (fazendo fé nesta notícia) que a salvação consiste na destruição económica e social do País e ainda na “transformação do perfil constitucional do Estado português”. E que será isso ou o caos.
Paulo Portas é uma figura querida na sociedade, o Pedro é bom rapaz, Cavaco é seríssimo. Mas o que estamos a presenciar sob a desorientação e apatia da oposição só tem um nome: traição à Pátria.
Para quem não saiba, a pátria é aquela consciência colectiva de uma unidade onde radica a memória e a justiça. Quem a atraiçoa, atraiçoa-nos a todos, vivos e mortos.
cada vez que tem nascido um bebé, fico com medo que nunca venha a saber – em viver – o que a pátria é. :-(
Paulo Portas diz a verdade. E eis o que vai acontecer a Portugal dentro de uns poucos de anos, se este plano de destruição do Estado Português for avante:
“As consequências desses costumes, que o Sr. Ministro não quis denunciar-nos como devia, são no entanto bem frisantes e dolorosas, e definem-se em duas palavras: uma dívida pública [enorme]; impostos que têm sempre aumentado, até quase quintuplicarem, de 1852 para cá; e, por outro lado, o País sem instrução, nem exército, nem defesa das costas, e fronteiras, nem marinha, nem, auxílio aos operários, nem nada do que se pede e precisa, porque nem sequer temos estradas, já que as existentes, que nos custaram dezenas de milhares de contos de réis, destruiu-as a triste iniciativa e casmurrice do Sr. João Franco num dos seus Ministérios anteriores, não consentindo nas reparações necessárias, e inutilizando assim um importante capital nacional que, pelo contrário, era mister valorizar e aumentar.
Nós não temos absolutamente nada.
Os costumes de administração foi o que deram: o País à beira da ruína; o desgraçado consumidor a braços com o imposto de consumo, que o leva à tuberculose e à miséria; o contribuinte cada dia mais incapacitado de panar as contribuições sempre crescentes; o proprietário disposto a abandonar as suas terras; o viticultor impossibilitado de colocar os seus vinhos.
Sr. Presidente: é a situação mais ruinosa e mais miseranda que se pode encontrar percorrendo a história, ainda mesmo dos povos que mais têm descido na sua economia e nas suas finanças.”
[…]
“Por muito menos crimes do que os cometidos por D. Carlos I, rolou no cadafalso, em Franca, a cabeça de Luís XVI!”
Discurso parlamentar de Afonso Costa, em 20/11/1906, dois anos antes do regicídio.
Na impossibilidade de fazer aprovar a sua revisão da Constituição, não esquecer que,
foi um monárquico o obreiro da encomenda de P.P. Coelho, começaram o berreiro pa-
ra que o FMI fosse chamado com o fito de facilitar a sua tarefa de mudar as regras
que sustentam a nossa Democracia!
De um modo geral todos os partidos passam ao lado da imperiosa necessidade de le-
var a cabo uma verdadeira reforma estrutural do Estado! Chamam de reformas os cor-
tes e aumentos generalizados de impostos, apresentadas como conjunturais mas, na
realidade é para serem para sempre! Cortam nos centros de saúde, hospitais, tribunais
e, agora até falam em fechar mais de cem repartições de finanças, aglutinaram umas
centenas de freguesias mas, não extinguiram câmaras … não se justificam as 308 que
existem muitas delas só para dar emprego às clientelas partidárias!
O mesmo se passa na actual organização política, devem reduzir para 161 deputados,
basta um Presidente da República e o seu governo para quê um p. ministro, o chefe
da casa cívil pode liderar o governo num regime presidencialista!
Este terá que ser o caminho, para poder regenerar a nossa doente democracia, o exem-
plo tem que vir de cima, só adequando e extrutura do Estado à nossa débil economia,
se poderá fazer uma revisão da carga fiscal que, possa incentivar um aumento do inves-
timento nacional e estrangeiro!
O País não pode estar na mão de meia dúzia de chefes partidários, há que abrir a A.R.
a deputados independentes e que obedeçam em consciência ao que é melhor para o
País e, assim, dar mais credibilidade às decisões, evitando certos “cambalachos” que,
tanto desacreditam os políticos profissionais … e, tornaram S. Bento num “circo” !!!