A ministra e a sua vara

Ouvi durante o almoço, na mesa ao lado.

Mulher 1 (consultando o tele-esperto) – Olha, o Vara apanhou 5 anos!

Mulher 2Hã?…

Mulher 1O Vara, foi julgado e apanhou 5 anos naquele processo da corrupção.

Mulher 2 Ai sim?… ah, mas agora começam com os recursos, e isso ainda vai acabar por prescrever, já se sabe…

Mulher 1Pois… mas olha que com esta ministra da Justiça as coisas já não são assim…

Mulher 2Sim, sim. Ela é dura e não permite essas coisas.

Mulher 1Pois é, pois é.

Não faço ideia se 5 anos de cadeia efectiva correspondem à pena mais justa para os crimes que o Tribunal de Aveiro deu como provados adentro da acusação feita a Armando Vara. Se calhar até merecia mais. Se calhar merecia menos. E até se pode colocar a fantástica hipótese de merecer um pedido de desculpas. Mas no que não tenho dúvidas é aonde a estratégia populista do PSD e CDS no combate ao PS de Sócrates conduziu, ao serviço de uma oligarquia apavorada e vingativa: o bom povo português acha que a Justiça pode ser mais ou menos castigadora de supostos corruptos consoante os ministros se exibam mais ou menos justiceiros.

Quando pensamos no que a elite da direita tem feito em Portugal desde o Cavaquistão, culminando na procura de troféus de sangue em ordem a se poder continuar a imaginar intocável, apetece largar uma homérica gargalhada para cima desta decadência ubíqua onde até a direcção do maior partido da oposição deve estar neste momento a dançar em êxtase à volta do madeiro incandescente, tamanha a alegria com o auto-de-fé em curso.

8 thoughts on “A ministra e a sua vara”

  1. Não fazes a minima ideia e, pelos vistos, também ja não não sabes a quantas andas…

    O silêncio é de ouro, meu amigo…

    Boas

  2. viegas, as reticências que colocas no final dessas frases tão vulgares quanto – achas tu, ridiculamente – sábias, são qualquer coisa de extraordinário no domínio da cretinice.

  3. Aparentemente, em Portugal, no século XXI, para os lados da linha do Vouga, desvendou-se uma das mais estúpidas redes criminosas de todos os tempos: um grupo de gestores de empresas públicas, em conluio com um banqueiro e um advogado filho de um gestor, com rendimentos anuais na casa de centenas de milhares de Euros deixaram-se corromper, num negócio de sucata, para ganharem prendas cujo valor ascende a alguns milhares de Euros e o banqueiro por 25 mil Euros. Foda-se, nem os filmes pornográficos têm argumento tão pobre. Só podem ser loucos. Quem? Pois, não sei……

  4. gostava de conhecer os custos deste mega-processo para somar aos custos financeiros e económicos das falências associadas e impostos que deixaram de ser pagos por causa de €25.000 e uma caixa de robalos.
    mais uma coisinha, quanto vai custar ao estado português a estadia destes mânfios na gaiola e se isto tudo não é um disparate monumental, para não lhe chamar vingança política do cavaco.

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