«A política é suja. Não é para meninos. Vencem os campeões da retórica. Ganha quem mais consegue brincar com as palavras.
E quando se trata de tentar explicar o inexplicável, o melhor é mesmo puxar de todos os truques. Três meses depois do roubo de material de guerra de um paiol de Tancos ainda tudo está por esclarecer.
Azeredo Lopes tem sido mais do que inábil a tentar justificar como é possível passar tanto tempo sem que haja uma pista, um culpado, um responsável. Mas tem sido muito hábil em lançar a confusão sobre o que se passou. ‘No limite, pode não ter havido furto nenhum’, chegou a ser uma das suas jogadas.»
João Vieira Pereira, 26 de Setembro de 2017
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O ministro não disse nada disso, Sr. Pereira. O ministro não lançou confusão nenhuma sobre o que se passou, sr. Director-adjunto do Expresso. Foi precisamente ao contrário. Mas para quem concebe a política como uma actividade suja tudo é projecção. Os outros, aqueles que não se grama, que assustam porque andam ao mesmo, transformam-se de adversários em inimigos. São políticos, logo sujos, e serão muito mais sujos do que nós dado nos estarem a querer tirar não sei o quê. Os outros é que fazem truques, os amigos e colegas do sr. Vieira não, coitados. É um grupo de santos e heróis que sofrem estoicamente os golpes sujos dos porcalhões, quase todos socialistas (todos mesmo, não sejamos económicos com a verdade).
Este passarão do império Impresa queria que o ministro da Defesa encontrasse “uma pista, um culpado, um responsável” pelas suas próprias mãos e num prazo que não beliscasse a sua impaciência. Se em Setembro se atrevia a expor em público uma estupidez deste calibre, temo que em meados de Dezembro, continuando o País à espera que as investigações das polícias civil e militar apresentem resultados, o sr. João ande de moca de Rio Maior na mão à caça de Azeredo Lopes.
Há uma direita decente, inteligente e corajosa. Infelizmente, não a conseguimos encontrar no PSD e CDS, apenas em ilhas discretas na comunicação social ou na academia.
Este assunto do paiol já passou de moda.
Agora é mais TVI e Vieira da Silva e o secretário.
Até o Correio deve estar cheio de ciúmes.
Convém ir mantendo umas coisitas em lume brando. Os incêndios extinguiram-se, não houve suicídios nem censura e os apoio públicos chegaram mais depressa que os privados. (Para o ano falamos, pensam, enquanto salivam com as eventuais imagens da TV . Mas, isso vem longe e talvez estes rapazes continuem a provar que são realmente capazes).
As Raríssimas parece que se tornaram um folhetim interno, com uma queixa na PJ, uma senhora claramente pouco proletária e pouco dada a esquerdices metida ao barulho, um tesoureiro que se calhar não tomou consciência do que dizia.
Pelas sondagens, o Português ainda está imune à porcaria, sem dúvida bem paga, que tem sido apanágio desta direita, muito pouco democrata. Desde a saída do Guterres e, sobretudo, desde aquela vergonha nacional que foi o watergate dos pobrezinhos, tem-se percebido o estrebuchar do ultramontanismo, de Boliqueime a Bruxelas.
Imagino que com as doses que levámos já comecemos a estar vacinados e isso só nos pode deixar orgulhosos.
Valupi, assinalo apenas uma tua nova obsessão sobre o Mr. Magoo da Defesa Nacional.
(e isso pode dar os piores resultados, sabe-se)
Entretanto, deixo-te mais uma florzinha para pores na lapela, posterior mas que até poderia explicar o teor do artigo do João Vieira Pereira não fosse ele tão antigo, e que assim serve para iluminar o “clima” que se vive no Expresso onde até o Martim Silva faz brilharetes.
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Azeredo Lopes
Ministro da Defesa
O responsável máximo pela Defesa em Portugal prometeu entregar aos deputados o plano de defesa europeia que está a ser montado. Mas acabou por não entregar o documento. Porquê? Porque, entretanto, descobriu que ele era confidencial…
Martim Silva
mgsilva@expresso.impresa.pt
Expresso, 8.12.2017, p. 2.
Olhe que disse e relembro, no limite pode não ter havido nenhum assalto .
O ministro da defesa ( licenciado em direito e professor no Porto ) tem um perfil para ministro da tropa, comparável a um carvoeiro para o cargo de ministro dos negócios estrangeiros .
Esta mania de que Direito tem muita saída e que dá para tudo …
É, indubitavelmente, uma das piores cartas do governo de Costa .