No fundo – na estrutura, para convocar o economista e sociólogo Marx – o que divide a ideologia em direita e esquerda explica-se pela relação Estado-sociedade. Diz qual preferes, diz quanto e como, dir-te-ei se és de esquerda, de direita, ou do centro (existe necessariamente este terceiro, como Hegel explica gratuitamente aos interessados).
Apesar da simplicidade aparente do binómio, e de acordo com as dinâmicas da evolução que regem este universo, rapidamente a complexidade está instalada. Do lado do Estado fica o ideal colectivo, do lado da sociedade o ideal individual. Para usar outro binómio aparentemente de fácil entendimento, o comunismo e o capitalismo confrontam-se nessa linha da frente. Todavia, do lado do Estado também aparece o primado da Lei, e do lado da sociedade aparece a necessidade social. A Lei é aplicada por um colectivo coercivo a todos os indivíduos, as necessidades sociais dão estatuto político a grupos cujas carências pedem solução em nome de cada caso individual. Isto leva a discursos onde os antagonismos se misturam e confundem, dando azo a ilimitadas configurações ideológicas e posicionamentos políticos. Um retinto conservador e um socialista de cepa podem ambos discordar radicalmente acerca do modelo económico e axiológico de sociedade preferido e estarem unidos no respeito pela Lei como princípio ordenador e inviolável do regime. Um leninista fanático e um neoliberal assanhado podem odiar-se quando discutem o sistema partidário preferido e amar-se quando atacam a social-democracia.
O discurso sobre o fim da divisão entre esquerda e direita carece de muito contexto, pretexto e subtexto para fazer sentido. Mais prático é olhar à volta e constatar como um direitola que se preze vive em claustrofobia por causa da opressora presença do Estado, e como um esquerdalho de lei acorda e deita-se a sentir-se espoliado pelos burgueses imperialistas. A retórica de uns e outros não tem outro guião. Mas, na origem e no fim do labor teórico na ciência política, o que está sempre em causa é a divisão da riqueza, a posse dos recursos – ou seja, a animalesca luta pela sobrevivência. Quem tem não quer perder, primeiro, e quer aumentar, logo que possa. Quem não tem pede para ter o mínimo, e continua a pedir para, e por, ser igual aos que têm mais. O contexto explica os valores assumidos e agitados, o miserável revolucionário de ontem pode transformar-se num ricalhaço defensor da ordem e o elitista industrial de hoje poderá ver-se amanhã falido e a lutar contra os poderosos.
Salto para a Amazónia. Coincide a destruição imparável com um presidente que representa a direita típica, castiça, folclórica. Subindo no mapa, encontramos Trump, outro representante da direita típica, aquela que adora a sociedade e abomina o Estado. Porque na sociedade estão pessoas como ele, está o indivíduo e a sua gula. Para estes dois cromos, a conversa sobre as alterações climáticas é uma invenção dos socialistas, coisa do Diabo. Chega a ser enternecedor ver Trump a gozar no Twitter sempre que a meteorologia lhe envia uma frente fria ou agora Bolsonaro a mostrar o seu desprezo pela função ecológica da Amazónia para o Planeta. Estes dois representam muitos milhões, bastando dar um exemplo recentíssimo e aqui do rectângulo – nada mais nada menos do que pelo teclado do braço-direito do genial RAP: Alterações de Gretas suecas (aviso: é só rir, está magnífico ao nível do trocadalho e tãoooooo inteligente)
A pulsão destrutiva e oligárquica é de direita e a consciência ecológica e democrática é de esquerda. Porque para enriquecer, como reflectiu Locke olhando para o poderio militar e tecnológico europeu da sua época, basta pegarmos na enxada e/ou na pistola e começarmos a trabalhar. O resultado de tomarmos posse de um pedaço de terreno para o cultivar, mesmo que para isso tenhamos de afastar para fora do horizonte os escurinhos e seus rebanhos que por lá passavam há séculos ou milénios, chama-se produção. Locke ensinou os terratenentes a não só expandirem as suas propriedades como a fazê-lo com vista a uma muito maior eficiência e eficácia económica. Ganhámos todos com isso, pois no século XVII começou a construir-se a fase da civilização a que chamamos Estado de direito democrático. Acontece que chegámos a uma situação em que a oligarquia precisa de voltar a perder poder – ou seja, a aumentar o número das entidades que protege. De facto, a Amazónia não é só do Brasil, é também da esquerda que idealiza a fraternidade planetária.
ah , não me digam que a consciência ecológica é de esquerda ? ó, mas ainda não ouvi ninguém de esquerda falar de decrescimento sustentável, diminuição de consumo, poupança de recursos e tudo isso que implica gastar e sujar o menos possível a Natureza. não ouvi porque devo andar muito distraída, só pode.
a única coisa que oiço é falar de carros eléctricos e painéis solares para consumir mais e mais e o país crescer economicamente para que se consuma mais e gastar muito a fazer os carros e ganhar muito para gastar muito e bla bla bla de gente que quer sol na eira e chuva no nabal e enche caixotes de lixo de tralha e mais tralha inútil , de usar e deitar fora , do Ikea, por exemplo…. tão ecológica que esta ogre é com a porcaria que faz, tal e qual como a esquerda. a direita ao menos é assumidamente porca.
o texto estava bom, até à parte de fariseu amazónico, tarzan da esquerda. isto dos clubes é tramado.
É, muito provavelmente, por causa dessas dessas guerras entre uns e outros, em que todos adoram acusar-se, que neste caso dos incêndios na Amazónia não se tem dado o destaque que se devia dar a um dos principais culpados: alterações climáticas. As florestas tropicais caracterizam-se pela elevadíssima humidade e por chuvas abundantes e frequentes durante todo o ano. Ora, se os incêndios duram há semanas significa que não chove, ou seja, que algo de muito errado se passa com o clima naquelas paragens. Se calhar, a culpa não é só do destrambelhado do Bolsonaro, é de todos. Incluindo os governantes que parecem querer limpar dali as suas mãozinhas. É que, por enquanto, a atmosfera não tem fronteiras.
“Para Moema, um dos grandes problemas do modelo que estamos inseridos é a leitura sobre a natureza, que não é vista de forma conectada ao homem e sim como um supermercado”
estas pessoas, por-exemplo, são as que se preocupam, genuinamente, com a Natureza
https://br.boell.org/pt-br/2015/03/04/decrescimento-uma-proposta-alternativa-ao-desenvolvimentismo
Valupi nunca desilude, estava a faltar este texto. Veio tarde, mas chegou. Estava bom o vinho?
Estão os fascistas foram substituídos pelos liberais? LOLOL.
Desde quando a Amazónia só abrange o Brasil? LOL
O pulmão do mundo são os oceanos, mas não quero estragar uma boa história.
Que mais é da esquerda fraterna? A exploração dos países africanos pela França? O acordo EU – Mercosul? Monsanto? O quintal do Valupi?
Lindo era o Brasil chatear-se com o governo português. Era vê-los correr que nem baratas. Ou ratos, mas isso já vamos ver na próxima legislatura.
E se os europeus começassem a repor as árvores que arrancaram dos Pirenéus à Polónia e dos Alpes à Escócia? Enriqueceram à grande no tempo de Locke e posteriormente e agora querem respirar com as árvores dos outros.
Estava o despreocupado Hipopótamo aquático-herbivoramente peidando e efeito-estufando umas toneladas de metano e CO2 para a bendita atmosfera e chega a correr o Macaco, esbaforido e espavorido, que o avisa: “Meu! O Rei Leão decretou que todos os animais de boca grande vão ser mortos!” E responde-lhe, preocupado, solidário e pesaroso, o compadre Hipopótamo: “Tadinho do Crocodilo!”
(é velha como o cagar, mas não perde actualidade)
Cara Guida ( comentário das 20:07 )
Permita-me que lhe sugira uma rápida pesquisa na internet tendo por tópico os climas e os biótipos na bacia do Amazonas. Depressa concluirá que há algo de impreciso no seu comentário. Com efeito,
-A bacia do Amazonas corresponde a dois terços da area Europa. Nela predomina ( embora não exclusivamente ) o clima do tipo tropical, é um facto. Mas o dito tem pelo menos dois grandes subtipos e outras variantes. No Baixo Amazonas o subtipo dominante é equatorial; na restante bacia predomina o tipo tropical, que refere. Contudo, o clima do tipo tropical tem pelo menos duas variantes e uma delas é “de estação”: húmida e seca”. Todo o Cerrado Brasileiro ( que se inclui na bacia Amazónica , e que não é uma “floresta”, mas uma “savana ” ) é tropical seco, i. é, tem uma estação bem marcada pela reduzida ou nula pluviosidade, mais acentuada em anos em que a ZCIT se desloque para Norte. De resto, as oscilações da ZCIT correlacionam positivamente com significativas reduções da pluviosidade mesmo no sub tipo equatorial, dando origem a uma estação seca que coincide no tempo com esta época do ano.
– Não me consta que os factores do clima observadas na região durante a presente época divirjam das respectivas normais.
Assim sendo, não alcanço a que propósito a Guida convoca a complexa questão das “alterações climáticas” para este debate.
Saudações.
“Mi chiedo, caro Alberto, se questo antifascismo rabbioso che viene sfogato nelle piazze oggi a fascismo finito, non sia in fondo un’arma di distrazione che la classe dominante usa su studenti e lavoratori per vincolare il dissenso. Spingere le masse a combattere un nemico inesistente mentre il consumismo moderno striscia, si insinua e logora la società già moribonda.”
Pasolini to Moravia
se caghi di commenti meno stupidi, l’ambiente sarebbe grato.
As “esquerdas” são muito lestas a abraçar causas. Amazónia, buraco no ozono, urso polar, you name it. Mas desde que estejam suficientemente longe de casa para que o people não tenha de meter as mãos na merda. Já alguém viu alguma manifestação em Beja contra a expansão do olival super intensivo acompanhada de propostas consequentes para um ordenamento agro pecuário sustentável na bacia do Alqueva ? Népia ! Como diriam os brasucas, pimenta no cu dos outros é refresco.
il tuo cervello senza vitamine non può digerire il pensiero elaborato di Pasolini? non ti preoccupare, la prossima volta citerò lo zézito. Ciao, piccolo.
JRodrigues, com uma pesquisa rápida na Internet encontro quem afirme que este ano tem sido mais seco do que os anteriores, naquela vastíssima região. Dir-me-ás que não é suficiente para falarmos de alterações climáticas. Se disser que neste Verão têm sido batidos recordes de temperatura em vários pontos do Planeta, inclusive no Círculo Polar Ártico, com incêndios igualmente devastadores, muito provavelmente, dirás o mesmo. Se lembrar que esta tem sido a tendência dos últimos anos, é provável que me lembres que os ciclos do clima na Terra são longos e que isso não prova a nossa influência no mesmo. Mas creio que numa coisa estamos de acordo: as florestas tropicais, nomeadamente através da evapotranspiração, influenciam o clima global. E se as eliminarmos, como, aliás, temos feito desde há muito tempo para cá? Continuas a dizer que a nossa acção não tem qualquer impacto no clima?
Cara Guida,
Lamento mas não venho para tão vasta discussão. Limitei-me a tentar sugerir que talvez fosse precipitada a causalidade que pretendeu estabelecer entre os fogos e as putativas alterações do clima na bacia do Amazonas. Decerto reconhece que “mais seco” não significa a mesma coisa em Faro, Limoges ou Manaus. “Mais seco” que zero mm em Faro, em Agosto , continua a ser zero; “mais seco” que a normal de 60 mm em Manaus, em Agosto, quer dizer quanto ? 30, 40, 50 mm ? Será o que quiser ! Mas que tem isso a ver com desmatação e queimada? Achará que os sobrantes dos cortes do ano passado não iriam desidratar o bastante para arder se lhe puxassem fogo em condições do tal tempo seco que , podendo ser mais ou menos seco, nunca deixou de também ser seco nesta época ?
Saudações.
Se o Bolsonaro porque queima a floresta é de direita, Costa que nem interrompeu as férias para apagar os incêndios do ano passado, o que é?
O maior ecologista português, que quase nem bombeiros precisava, tinha muitas cabras e ovelhas sapadoras, foi Salazar.
e prontos lá apareceu um saudosista e ainda por cima burro!
A Amazónia é o pulmão do planeta e, assim, eu também a respiro, e acho que todos devemos estar preocupados com o que está a acontecer. Mas entendo que, para já, a nossa grande preocupação deve ser com a seca no nosso Alentejo, com o nosso rio Tejo, e o nossa Alqueva. por exemplo.
reaça, salazar efectivamente tinha muitas Cabras que cobria!
O filho de todas as putas, o pai e mãe de todas as putas, a matriz e força motriz de todas as putas e de todos os filhos da puta, a santíssima trindade da putaria, o filho unigénito do comboio de putas primordial, com partida e chegada no cabrão do Inferno, foi o botas de Santa Comba, que tinha, tem e terá sempre cabras e cabrões a pastar-lhe a merdosa sementeira. Cabras e cabrões da Tugalândia, uni-vos… e ide comer onde comem as putas das galinhas!
JRodrigues, alonguei-me nesta “vasta discussão” porque creio, mas posso estar enganada, que em tempos te vi debatê-la com entusiasmo aqui no blogue. Seja como for, não percebi muito bem a tua dúvida. O que queres dizer com ” “Mais seco” que zero mm em Faro, em Agosto , continua a ser zero”? É um raio de uma equação. É que dependendo dos mm de precipitação ocorrida nos meses e anos anteriores Agosto pode ser mais ou menos seco, o que para efeitos da intensidade dos incêndios fará toda a diferença.
Quanto ao resto, deixo-te este artigo do Expresso, onde é dito que até ao final dos anos 90, altura em surgiram os primeiros períodos de seca severa, os cientistas acreditavam que as florestas tropicais eram imunes a incêndios, crença essa que tiveram de abandonar. Talvez te ajude a perceber por que razão fiz a relação que fiz.
Saudações também para ti :)
Com o Botas não havia eucaliptos para fabricar rolos de papel higiénico para a Europa inteira limpar o cu.
Havia apenas os suficientes para consumir numas tantas folhas de papel selado e umas tantas folhas de papel azul de 25 linhas.
E chegava, porque o terreno era pouco para cereais, vinha e pastoreio.
Não havia florestas para grandes incêndios, como hoje.
Ecologia era aquilo!
Pois… devia ser por isso que o cabrão do botas importava cereais de locais variados, entre eles a Rússia soviética e herética (vade retro, Satana!). Mas tens razão quanto ao pastoreio, não faltavam cabras e cabrões nas pastagens do parvalhão iluminado. Agora é que já há poucos, a maior parte imitou o botas mestre e bateu também a bota, sobras tu e pouco mais, prova provada da desnecessidade de um museu ao morto, tendo todos nós, em ti, a bênção de um museu vivo. Oremos.
Cara Guida,
A única coisa que motivou a minha entrada foi o excerto da sua intervenção que recapitulo: «… principais culpados: alterações climáticas. As florestas tropicais caracterizam-se pela elevadíssima humidade e por chuvas abundantes e frequentes durante todo o ano. Ora, se os incêndios duram há semanas significa que não chove…»
Diz-me a Guida que se baseou no tal artigo do Expresso. Mas no caso vertente o artigo induz ao mesmo erro que é o de considerar “floresta tropical” todo o biotipo da bacia amazónica . Se estivessemos a falar “apenas” daquilo que se designa por rainforest, essa abordagem até faria sentido. Porém o debate em curso é mais vasto, implica toda a bacia ( toda a area geografica que drena para o rio ) do Amazonas. Ora nessa vastissima região convivem pelo menos tres climas: equatorial, tropical humido e tropical seco, a que correspondem pelo menos dois biotipos, a rainforet ( baixo amazonas ) e a savana ( alto Amazonas -Cerrado Brasileiro ). O Cerrado ocupa cerca de 20% da area total da bacia, tem vastissimas interfaces na transição para a rain forest, e tem clima tropical seco, i.é, caracterizado por um estação seca bem marcada em que chove pouco ou não chove de todo. Ora, considerando que é nestas areas e nesta época de estação seca que os fogos têm, historicamente feito sentir a sua presença, não faz qualquer sentido explicá-los com uma eventual alteração do clima. Da mesma forma que não faz qualquer sentido comparar a susceptibilidade ao fogo de uma mancha de rainforest pristina com a da mesma area depois de um corte raso do estrato arbóreo. Admito que em boa parte este tipo de erro de análise é potenciado por algumas organizações, como a WWF, quando classificam como rainforest praticamente toda a região da bacia, justificando o critério com o argumento de que as regiões de cabeceira devem ser incluidas por serem zonas de protecção á dita bacia. Pois devem ser geridas como zonas de protecção, sim senhor!. Mas dai a classifica-las como de rainforest é que me parece um passo maior que a perna.
Em sintese, penso que devemos pugnar por algum rigor no uso dos conceitos para que a análise seja ajustada e não nos leve em ressaltos lógicos para conclusões precipitadas. E tem razão quando recorda que já o fiz antes neste blogue, a proposito da um episódio em que o Valupi também convocava as alterações climáticas para explicar um fogo na baixa Califórnia alimentado por ventos se Santa Ana. Então, tal como agora, nada nas minhas intervenções autoriza que delas se retire algum tipo de preconceito quanto a mudança climáticas, e confesso até algum desconforto quando tenho de estabelecer esta espécie de “declaração de interesses” para enquadrar o que escrevi. Apenas considero que em muitos casos esse argumento da AC se transformou numa desculpa que não interessa a ninguém. Não me admiraria nada que o governo brasileiro, por exemplo, a usasse agora para justificar o sucedido. Da mesma forma que já ouvi autarcas convocar a “mudança do clima” para explicar as inundações das caves das casas construidas dentro da ribeira de Albufeira.
Obrigado pela atenção.
JRodrigues: verdadeiro serviço público.
JRodrigues, não disse que o meu comentário teve como base o artigo do Expresso, se reparares o artigo foi publicado posteriormente. Nem digo em lado algum que o clima é igual em toda aquela região, seria absurdo. Mas, e talvez me possas esclarecer, os incêndios também não parecem confinados a um só tipo de clima, já que estão espalhados por uma vastíssima área.
O que estranho, e foi por essa razão que fiz o primeiro comentário, é que, entre os que defendem que as alterações climáticas são um facto, no caso dos incêndios na Amazónia, não se tenha apontado essa como uma das causas desta tragédia. A menos que, lá está, a atmosfera tenha fronteiras, ou muros, se falamos de alterações climáticas temos de o fazer a nível global, o sistema é extremamente dinâmico.
Guida:
«…os incêndios também não parecem confinados a um só tipo de clima, já que estão espalhados por uma vastíssima área.»
Exacto. Porque estão em estação seca ( em que chove menos) ou em estação fria ( veja o que se passa nas Pampas …) e por conseguinte em época de queimadas , não por haver seca meteorológica ou climática. E repare que não é na “rainforest” que os focos se concentram, mas na transição para o Cerrado e no Cerrado. Além disso, quando os focos ocorridos numa area desta dimensão são ilustrados sobre numa escala pequena ( como é o caso deste mapa da NASA : https://www.earthobservatory.nasa.gov/images/145498/uptick-in-amazon-fire-activity-in-2019 ) a ideia com que se fica é que aquilo está tudo a arder. Mas convem ter em conta que cada ponto daqueles representa o km quadrado onde ocorreu uma anomalia térmica, não corresponde necessariamente a um fogo de 100 ha.
«O que estranho, e foi por essa razão que fiz o primeiro comentário, é que, entre os que defendem que as alterações climáticas são um facto, no caso dos incêndios na Amazónia, não se tenha apontado essa como uma das causas desta tragédia»
Talvez porque não é e tenham achado que o ridiculo tem limites. Não é o clima quem anda a fazer abates, desmatações, e queimadas.
JRodrigues, se percebi bem, estás a dizer-me que as imagens da NASA são enganadoras e que os incêndios se calhar até nem são de grande monta. Alguém devia avisar a NASA para que não ande a alarmar as pessoas sem que haja motivo para tal.
“Talvez porque não é e tenham achado que o ridiculo tem limites.”
Não sei se o ridículo tem limites, mas não me parece que seja essa a razão para que não se fale de alterações climáticas neste caso. Parece-me que foi mais por se achar prioritário denunciar e criticar a política desastrosa do Governo do Bolsonaro quanto à gestão da Amazónia. O que critico é que não se alerte simultaneamente para as alterações climáticas.
Sabes o que acho ridículo? A quantidade de variáveis e factores a ter em conta quando se pretende estudar o clima neste planeta. Já eliminar a actividade humana como, por exemplo, “abates, desmatações, e queimadas” dessas variáveis, não me parece ridículo. Creio que há nomes melhores para isso.
https://firms.modaps.eosdis.nasa.gov/map/#z:4;c:21.0,-24.3;d:2019-08-28..2019-08-29
Guida,
Abra, sff, o site acima. Considere a escala do mapa tal como ela lhe é proposta. Repare na região de Africa percorrida pelo compatriota Serpa Pinto tal como ela foi captada pelo satelite . Que conclui ? Que está a arder tudo desde Moçambique à contra-costa, certo ? Agora coloque o cursor no canto superior esquerdo e aumente a escala ( +). Vê os pixeis a afastarem-se, certo? Afinal não está tudo a arder ! Quer dizer : se reduzir a escala, os pixeis agrupam e o resultado é uma mancha; se aumentar a escala, os pixeis afastam.se e percebe-se que se trata de spots por vezes bastante afastados no terreno.
Considere agora que, mesmo na maior ampliação que a escala lhe permite, cada pixel “impacta” 1 km2 no terreno ( i. é : 100 hectares ) apesar de o hotspot que o satélite detecta tanto puder ocupar a area de 10 m2, 1 ha, ou 99 ha. Está a acompanhar ? Qual a leitura Simples: não há ( nem tinha que haver…) correspondencia de escala entre area assinalada e area efectivamente ardida. Ok ?
Em sintese: a NASA não está a enganar ninguém, nem tal sugeri. As pessoas é que podem enganar-se a si mesmas ( e depois aos outros, mesmo sem quererem…) se não souberem ( nem quiserem saber ) quais os critérios que estão presentes na construcção das representações que lhes são apresentadas.
I’m done!
Tk’s
JRodrigues, sozinha não chegava lá, mas fiquei esclarecida. Tão cedo os píxeis não me enganam!