Quando André Ventura achava bem legalizar a eutanásia e o aborto
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NOTA
Para lá do óbvio interesse jornalístico e político em mostrar o percurso intelectual (axiológico, para ser mais preciso) da arma secreta que Passos descobriu, promoveu e defendeu para se ensaiar em 2017 uma retórica violentamente populista sob a chancela do PSD, neste tipo de levantamento podemos explorar outras questões conexas da maior importância. Uma delas remete para o escrúpulo que algumas vedetas da nossa opinião profissional declaram ter em discutir certos assuntos com certas figuras duvidosas ou abertamente nefastas. Figuras que ameaçam explícita ou implicitamente o núcleo de princípios que sustenta e enforma o Estado de direito democrático. Exemplos mais óbvios, discutir racismo com racistas ou nazismo com nazis é visto como promoção desses valores que atacam a liberdade e teme-se pela validação ou normalização dos seus propagandistas.
É fácil concordar com o argumento mas não parece a melhor solução. Da micro-nano-nada-experiência aqui no blogue, constato que quem se dá ao trabalho de comentar para dizer que fulano X e assunto Y não merecem ser referidos não está motivado para a resolução ou esclarecimento de qualquer problema – nem sequer quando a intenção do discurso em causa é a de repudiá-los abertamente. De igual modo, não considero que esse gesto de criticar uma opinião alegando que o assunto não merece destaque equivalha à manifestação de um desejo de censura. Antes vejo nesse comportamento a expressão de um genuíno desconforto cognitivo que resulta da dificuldade – a qual pode chegar ao nível do sofrimento – em pensar. É difícil pensar, eis algo que podia constituir a essência do programa do Ministério da Educação para a escolaridade obrigatória.
Emerge instintivo, para a enorme maioria, a recusa das mensagens racistas, nazis, xenófobas, populistas. Todavia, pode aos mesmos aparecer como missão impossível elaborar um discurso analítico onde se explicite porquê. Sujeitos à presença no espaço mediático daquilo que sentem dever combater e que sabem não conseguir desmontar racionalmente, uma das formas de o ego se defender é enfiando a cabeça num buraco onde não se veja nem oiça aquilo que o vexa. Resultado, se levado ao extremo na comunidade: os que ameaçam a liberdade ficam sem contraditório, e essa ausência de confronto deixa os segmentos eleitorais iletrados e indecisos completamente à mercê da demagogia mais manipuladora do pior que a natureza humana transporta desde a animalidade – Homo homini lupus.
Ventura devia ser convidado para debates. Muitos, quantos mais melhor. Devia ser escutado com toda a atenção, com a melhor atenção, com uma atenção implacável. E depois ouvir das boas – das boas ideias, bem apresentadas e explicadas. Os racistas e os nazis, idem aspas. Os xenófobos da ciganada, os especialistas em corrupção que nem sequer conhecem os números do tópico que lhes enche os bolsos, os cruzados contra o “marxismo cultural”, bute, bute e bute. Esta gente vive da ignorância alheia, seja por ignorância própria, ressabiamento, arrivismo ou pura pulhice. Ao serem deixados sozinhos no palco a berrar que “arrasaram” com a competição, os broncos vão acreditar e aderir pois a biologia é o que é. Ora, os broncos não têm culpa. E estão a precisar muito de ajuda.
Ao redor do Ventura…
Li, há dias, nesta caixa de comentários, alguém que escreve sob pseudónimo, a intitular-se professor universitário. Suspeitei de ironia,farsa talvez. Voltei atrás,li com mais atenção,o homem parecia estar a falar a sério. Uma categoria profissional que aceita,sem tremer,um Pedro Passos Coelho entre os seus, também aceitará outras individualidades peculiares. Sem subterfúgios, sou calceteiro marítimo de profissão. Quero que o que escrevo seja validado pelo o que está escrito e não por uma eventual aura concedida por outros. Na espectrofotometria, sabe-se qual o material que gera e projecta a luz que analisamos. Aqui, quero que pelas minhas palavras me avaliem e determinem pela luz ou escuridão delas: boas ou más são as que por mim produzo.
No Ventura,tudo o que ele diz é um eco. Quando alcança que certas palavras têm efeito,ele apanha-as e reprodu-las no momento que suspeita terão efeito. Levadas ao espectofotómetro das palavras, vê-se,claramente visto ,que não têm vida, são ocas.
Tal como o colega comentadeiro se intitula docente universitário, o Ventura,apertado, proclama ser comentarista desportivo. Não o sabem,mas vão os dois na mesma nau !!!
não sei se aprovará isso , a N.Sra. .. que eu saiba, como primeira humana-de que há noticia- a ser inseminada com um clone, aprova só a inseminação artificial e a clonagem , não é ?
Deus me perdoe a blasfémia , mas não resisti.
Ola,
Bom senso. Impossivel não concordar com o que dizes. O problema, apontarão alguns, é termos tantos exemplos à nossa frente que parecem mostrar que o debate esclarecido não leva necessariamente as pessoas a desistir de ir atras do primeiro palhaço que lhes proponha pão e circo em vez de ponderação e juizo. Sera. Mas, quanto a mim, isto apenas leva a revermos as exigências do debate de ideias. Não nos podemos bastar com razões. E’ indispensavel esforçarmo-nos por atingir o ponto fulcral que faz com que as pessoas desistam de ouvir a razão. No caso de animais como o ventura (ou o trump, ou o bolsonaro, etc.) é indispensavel ter em conta que muitos dos que os seguem, não o fazem por considerar que o que eles dizem é convincente ou aceitavel enquanto tal, mas por acharem que isso é secundario ou que não é grave. Portanto fazer com que as pessoas deixem de lhes dar audiência passa também por responder, não apenas ao que eles dizem, mas às razões que tornam o que eles dizem audivel para tanta gente. Ja dizia o velho Aristoteles, na rétorica, o conteudo do discurso é apenas uma parte, nem sempre a mais importante.
Boas
o argumento acima, tipo cheira-me a pouco, é recorrente de quem não tem nada a acrescentar ao assumpto, mas não resiste ficar calado porque na realidade pretende discordar concordando absurdamente.
“Portanto fazer com que as pessoas deixem de lhes dar audiência passa também por responder, não apenas ao que eles dizem, mas às razões que tornam o que eles dizem audivel para tanta gente.”
tradução: bora lá acabar com os impostos, a corrupção e tudo que cheire a socialismo, matamos o covid com decretos, bebemos lixívia, convidamos o kim berreiros para fazer um novo hino e com o que sobrar fazemos uma gande rave nacional & nacionalista.
Ola Inacio,
Desculpa la mas absurdo é o teu comentario. O que digo, apenas, é que não serve de nada criticar o homem por ser racista, ou por ser xenofobo, sem ver que muitos estão dispostos a ouvi-lo porque acham que ele pode contribuir a fazer ouvir a voz de quem quer “acabar com os impostos, a corrupção e tudo que cheire a socialismo e matar o covid com decretos”. Portanto combatê-lo de forma eficaz passa precisamente por responder a estes anseios, rebatendo-os.
E o que digo, também, que provavelmente é o que tu estranhas, é que é infelizmente indispensavel equacionar a resposta com o facto, importante, de não podermos trocar razões com ele sem, ao mesmo tempo, lhe dar palco. Isto não é inultrapassavel, mas é com certeza uma dificuldade…
Boas
e tu achas que é possível rebater com nazis, cabeças rapadas, pê ene erres, grunhos, machados & associados do ventura? bora lá fazer uma sessão de esclarecimento na fachoesfera ou preferes convocar os gajos para uma cena ao vivo no bairro alto tipo alcino monteiro.
Disparate,
Enquanto os venturas, trumps bolsonaros e quejandos, apenas tiverem audiência junto dos “nazis, cabeças rapadas, pê ene erres, grunhos, machados & associados”, não representam nenhum problema sério. O problema põe-se apenas quando uma camada significativa da população se dispõe a dar ouvidos a esses delirios, pelas razões que menciono acima, e também porque acham que o circo é mais importante do que o resto. E, em regra, não o fazem porque estão instrinsincamente convencidos de que, afinal de contas, os nazis tinham razão em tudo o que diziam. Fazem-no porque acham que alguns delirios são toleraveis na medida em que trazem outros beneficios.
Eu sei que te custa, mas experimenta ler o que escrevi antes de comentar, vais ver que te das melhor.
Boas
Que o Ventura é do “F” do futebol, todos nós sabemos.
Que o Ventura é adorador do “F” de Fatima ficamos agora a saber,
Se alguém nos pode dizer que o Ventura adora o “F” do Fado, será entronizado confrade dos 3 “F”!
1 – ” não representam nenhum problema sério” – sério? os estados unidos e o brasil não têm nenhum problema sério. portugal não têm nenhum problema sério com nazis, racistas, grunhos, xulos e traficantes infiltrados nas forças de segurança que apoiam o ventura
2 – ” pelas razões que menciono acima ” – quais, aonde e quando? vi nada.
tanta conversa para acabares onde querias chegar, desvalorizar o problema das forças de choque da direita. nada como “Impossivel não concordar” e discordar do tempo, modo e quantidade para inviabilizar. falta-te é coragem para assumires o que és e saíres do formol.
Inacio,
Estas a ser particularmente parvo hoje.
Nem os Estados Unidos, nem o Brasil têm mais de 0,8 % de nazis. Têm é camadas significativas de votantes que não se importam que um politico tenha um discurso nazi desde que esse politico possa contribuir para “acabar com os impostos, a corrupção e tudo que cheire a socialismo e matar o covid com decretos”. Eis as “razões que menciono acima”, razões que, alias, tiro expressis verbis do teu comentario anterior…
De facto, não viver na ilusão de que o que chamas as “forças de choque da direita” se aguentam apenas pela força persuasiva intrinseca dos seus discursos de provocação, é precisamente onde quero chegar. Mas se quiseres continuar convencido de que basta refutar logicamente as provocações racistas de ventura-trump-bolsonaro para nos livarmos do problema, tudo bem. Até agora, tem funcionado às mil maravilhas… Mas talvez seja porque os media não organizaram ainda um grande espectaculo de pugilato ignatz vs a besta, sei, la…
Boas
Olá Viegas,
NUNO INÁCIO É O NOVO LÍDER DA CONCELHIA DE ALENQUER
Foram eleitos no dia 14 de Dezembro de 2013 os novos corpos dirigentes das diversas estruturas do PS Alenquer.
Na secção do Pereiro de Palhacana, Carlos Levezinho foi eleito secretário coordenador e Nuno Granja foi eleito Presidente da Assembleia geral de militantes.
Na secção de Ventosa, José Maria Rodrigues foi eleito secretário coordenador e José Gregório, foi eleito Presidente da Assembleia geral de militantes.
Com a moção Novos Caminhos, Novas Soluções, Nuno Inácio, actual líder da bancada do PS na Assembleia Municipal de Alenquer e vice líder da Bancada da CIM Oeste, obteve 98,8% dos votos válidos.
Fernanda Câncio cilindrou esse cabotino num artigo
https://www.dn.pt/edicao-do-dia/02-nov-2019/o-populista-andre-e-o-politicamente-correto-ventura-11463959.html
e numa entrevista
https://www.dn.pt/poder/andre-ventura-a-minha-tese-e-ciencia-sempre-distingui-a-parte-opinativa-da-parte-cientifica-11472819.html
Recomendo ambos, mas a entrevista mostra talvez melhor a perfeita indigência intelectual do entrevistado.
Parabéns (atrasados) à Fernanda Câncio!
O baixo argumento, o ataque ad hominem, a cobardia, apontar aos outros erros que acontecem a tanta gente, são coisas próprias dos pobres de espírito. Ventura, mudou de opinião, ainda que radicalmente, e então?
“Celui qui n’est pas républicain à vingt ans fait douter de la générosité de son âme; mais celui qui, après trente ans, persévère, fait douter de la rectitude de son esprit.” – Anselme Polycarpe Batbie
Se querem tanto julgar Ventura, concentrem-se na única questão importante: Ventura acredita hoje realmente naquilo que diz? Se concluírem que sim, debatam as ideias dele, não a pessoa. A democracia é isso mesmo.
Melhor, se acham que o Ventura é tão imbecil que nem vale a pena debater as suas ideias, ignorem-no. O povo que vocês se gabam de tanto ter libertado e educado depois do 25 de abril, certamente não se deixará enganar.
Ah já percebi, estão desesperados e com medinho da direita e afinal o povo, mesmo educado, já não dá um tostão furado pelo falhado projeto da esquerda.
Vão ao canil, adotem um cão.
Não te esfalfes, viegas, que os violadores e assassinos nunca hão-de acabar. We have very feather…
E tu tens toda a razão, bisontinho.
Eu ignoro o senhor coisinho venturo, sim. Bem-aventurados os pobres de espírito, já dizia o jc, certo?
E não debato as “ideias” dele, porque as não tem. Nenhumas.
O tal “povo” grunho, a quem os mérdia comerciais servem doses cavalares diárias de venturice rançosa, só caga postas de chicharro em matilha. Quando se vêem apertados pelo Povo verdadeiro, viram a casaca e põem cravo vermelho ao peito, que a todos fica bem. E sobretudo dá jeito a muitos filhos-da-“mãe”.
E não preciso cá de canídeos, não quero morder em ninguém. Mas também não tenho medo desses cobardolas que batem em mulheres e as deitam ao chão em frente aos filhos.
É vê-los um dia com um fuzil bem apontado aos cornos. Borram-se todos e encomendam-se à virgem.
Mas hão-de ir parar à primeira fila dos camarotes do Inferno, ao lados dos esbirros do Allende e do Franco.
Não precisamos de perder tempo com merda desta. Querem erguer a lança, tanto pior.
A História nunca perdoa a brutalidade.
li a noticia e o post
1- estão à espera que as pessoas pensem o mesmo aos 21 anos que aos 40 , 50 , e por aí fora? boa sorte.
2- as pessoas não são racistas racionalmente , são-no por instinto. debater racismo é o mesmo que debater fé-.
3- o diabo existe mesmo , vejo-o todos os dias , tal e como a corrupção , não vale a pena negá-lo com números dizendo que é imaginação.
Allende, não, caneco. Pinochet…
Ó minha parva, diz-me lá em que é que o Salazar mudou dos vinte e um para os quarenta anos? Hã? E o Cunhal? E o António Costa? E o chô cavaco? “Mudar”, mudam todos. Dizer uma coisa já adulto e defender o oposto mais tarde é só para alguns.
Aventura-te tu também, que não fazes cá falta a ninguém…
ó meu parvo , esses não mudaram por fora , não mudaram a imagem , porque vivem dela ; por dentro ? sabe-se lá , ainda que aposte que todos começaram por encarar a politica como serviço e acabaram por achar que podem servir-se dela na boa. excepto o botas , que aceitou uma missão , e cumpriu-a. o ventura está à procura , agora , da imagem que lhe poderá render mais , e depois a tornará fixa .
Beijocas.
Não ma digas, andorinha!
As tuas tetas é que se tornarão fixas…
Peidotos.