46 anos depois, Ventura

Ter André Ventura na segunda posição das intenções de voto numa sondagem, a menos de 6 meses das eleições presidenciais, é uma esplendorosa lição a respeito do que 15 anos de uma estratégia de terra queimada, levada a cabo pela direita partidária e seus impérios comunicacionais, fizeram no País. Porque nada de nada do que Ventura usa como técnica retórica é alheio, na essência decadente, ao que se tem visto nos dirigentes políticos, deputados, editores e comentadores que se colaram ao populismo do tempo para arrastarem a competição política para a dimensão moral, e aqui chegados continuaram a reduzir a moral à perseguição e à culpabilidade, e para tal recorreram furiosos e ressabiados à calúnia e às golpadas mediáticas e judiciais. Ventura não só foi um aprendiz desta cultura logo enquanto artista do tribalismo futeboleiro, caiu de pára-quedas no palco da política como uma original estrela em ascensão levada ao colo por Passos Coelho. Foi-lhe dada a chancela do PSD e o patrocínio do seu presidente. Ventura – não apesar mas por causa do que hoje exibe com impante obscenidade – era quem Passos queria em Loures a provar que a completa falta de escrúpulos compensa.

No dia 9 de Março de 2011, num comício na Assembleia da República, Cavaco Silva declarou solenemente: “Há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos.” No dia 1 de Abril de 2011, respondendo a adolescentes, Passos jurou que não ia cortar subsídios. Noutras ocasiões dessa campanha repetiu o mesmo, tal como os seus tenentes laranjas que garantiam ter as contas todas feitas e que só gorduras seriam cortadas. Com eles no lugar dos diabólicos socráticos seria indolor e ficaríamos lindos. Poucos dias depois de vermos o Pedro ocupar S. Bento, e sem a mínima surpresa, vieram as notícias dos cortes aqui, ali e onde ele conseguisse enfiar a faca. As suas mentiras cínicas e grotescas, dada a inevitabilidade dos cortes violentos para a população e a economia após o chumbo do PEC IV e o afundanço no resgate de emergência, não tiveram qualquer sanção na sociedade e na imprensa. O comentariado direitola mal tocou no assunto, e quando falou foi só para se congratular por se ter feito o que era necessário fazer para vencer o soberbo inimigo. Cavaco atacava o Governo socialista declarando que fazia cortes a mais enquanto o PSD atacava o Governo socialista dizendo que fazia cortes a menos. Caído esse Governo, Cavaco e Passos coordenaram o tempo da campanha e do acordo com a Troika para manter o povinho na cruel ilusão de ir escapar aos fanáticos da austeridade salvífica. Em 2016, nos EUA, Trump não fez outra coisa ao perverter de modo sistemático a veracidade do seu discurso, e até hoje não tem feito coisa outra; o que levou, também em 2016, a que o termo “pós-verdade” fosse escolhido como palavra do ano pela Universidade de Oxford. Destas fórmulas boçais para audiências e eleitorados “deploráveis”, onde reina a iliteracia política e a alienação cívica, Ventura se fez em Portugal o mais desavergonhado executante por estrita lógica de sobrevivência. É que ele está a lutar pela continuação da sua marca mediática, não pelo seu futuro político que é nenhum, daí ter atravessado o Rubicão onde PSD e CDS nunca ousaram sequer molhar o pezinho.

O Twitter de Ventura merece visita diária. Nele está o cardápio do que tem para vender, uma juliana de apelos folclóricos aos instintos irracionalizantes que atravessam os mais frágeis na comunidade: frágeis economicamente, frágeis socialmente, frágeis psicologicamente, frágeis escolarmente, frágeis eticamente. Uma turbamulta que se cola a um palhaço como Ventura não por ver nele a resposta para as suas necessidades enquanto cidadãos mas, precisamente ao contrário, por nem sequer entenderem em que consiste a cidadania; daí estarem disponíveis para fazer coro a qualquer barbaridade que saia da boca e do teclado de alguém que está em transe fáustico. Grande parte nem sequer vota, e parte desta parte nem nunca irá votar, mas entretanto há circo na aldeia. Por isso Ventura mergulha de cabeça nos tabus que a módica decência tinha até agora impedido PSD, CDS e sua legião na imprensa de usar como bandeiras no vale tudo em que transformaram a arena política desde 2007: a cartada racista, a cartada xenófoba, a cartada salazarista, a cartada Fátima/evangélicos, a cartada do Estado policial. Depois de lançadas – e agora que estão normalizadas pelo próprio Rui Rio, num acontecimento que o próprio ainda não foi capaz de perceber nas suas consequências para o regime – Ventura pode simplesmente voltar ao papão da “corrupção e impunidade” para que se inscreva nesse mantra do passismo miliciano e da indústria da calúnia os ovos da serpente que já espalhou e vai continuar a espalhar.

Quem também quer muito, muito e muito acabar com a corrupção e a impunidade é o João Miguel Tavares. No seu texto ontem publicado num jornal de referência conseguiu apanhar mais um corrupto socialista (passe a tautologia). Eis o que se pode ler assinado com o seu nome:

«Vítor Escária é um lobista, um facilitador e angariador de negócios que António Costa acaba de colocar no coração do seu gabinete. O facto de o primeiro-ministro assumir de forma tão aberta essa relação de confiança pessoal é demonstrativo de uma continuidade preocupante com os tenebrosos anos 2005-2011. O facto de esta notícia passar com um encolher de ombros é demonstrativo de que não aprendemos nada com a Operação Marquês, e que o regime continua podre, pervertido e perigoso.»

João Miguel Tavares considera que os deputados fazem leis com a intenção de proteger políticos que cometam crimes de corrupção. Este mesmo senhor também acha que os magistrados que cometem crimes de violação do segredo de Justiça estão a fazer justiça pois é a única forma que encontram para furar as leis corruptas dos políticos. E aqui nesta citação podemos lê-lo a dizer que um processo judicial onde ainda não há qualquer sentença, e que está cheio de abusos e violência do Estado e dos poderes fácticos sobre os arguidos, serve como prova transitada em julgado para uma condenação política. Nessa condenação considera que António Costa, actual primeiro-ministro, é um governante podre, pervertido e perigoso. Visto que João Miguel Tavares, única e exclusivamente por ser um caluniador profissional, foi escolhido como um dos portugueses mais meritórios na História pátria pelo actual Presidente da República, fica evidente como o fenómeno que Ventura está a protagonizar se trata de uma evolução na continuidade. Ventura é a estátua viva da abjecção a que a direita portuguesa chegou 46 anos depois do 25 de Abril.

15 thoughts on “46 anos depois, Ventura”

  1. Ola,

    Podes dar as voltas que quiseres, mas a ventura do Ventura tem uma explicação simples. Trata-se do avatar português (relativamente tardio por sinal) de um fenômeno a que assistimos por todo o lado, e que radica na mesma causa : falta de capacidade do sistema politico para oferecer alternativas, o que tem como consequência uma negação daquilo que é, ou que devia ser, a essência da democracia, ou seja o poder de escolha. Nas ultimas décadas, todas as propostas politicas que não se coadunam com a cartilha neo-liberal são desacreditadas como fantasiosas, ao mesmo tempo que assistimos ao crescimento das desigualdades. Isto não é comportavel. As pesssoas têm de ter escolha. Têm de poder escolher entre mais ou menos intervenção na economia, entre mais ou menos redistribuição, entre mais ou menos protecionismo. O facto de estarmos inseridos no espaço europeu (o que eu acho pessoalmente uma boa coisa) torna com certeza mais complicado debater esses assuntos, mas é perigoso dar às pessoas o sentimento que elas não têm voto nessas questões e que so lhes resta decidir sobre casamento gay ou sobre haver mais ou menos esquadras policiais nas cidades. Lentamente, as pessoas acabam por virar-se para os populismos, conscientes de que fazem mal, mas porque assim têm pelo menos a sensação de um resto de poder decisorio.

    Isto não é proprio de Portugal, é geral. E’ o que explica os Trumps e os Bolsonaros ,de que o Ventura quer seguir o modelo.

    Declaração de interesses. Eu considero-me de centro esquerda, reformista, europeista, moderado. Sou portanto um eleitor potencial do PS e não um adepto da revolução proletaria internacional. Mas digo que não é possivel continuarmos sem poder debater das grandes questões relativas à politica monetaria, à fiscalidade, ao sistema de segurança social, às leis laborais, à politica ambiental, etc., em termos de ofertas politicas alternativas, e não de uma unica via tecnocratica apresentada como uma fatalidade. A politica não é, não pode ser, decidirmos apenas se vamos queimar ciganos. Ou então, sabendo que o homem é um animal politico, não se admirem de ver pulular os tristes palhaços dos Venturas deste mundo.

    Bom excedi-me um pouco, mas em traços largos é isso.

    Boas

  2. O Valupi vive num paraíso, numa bolha, num mundo perfeito. Não consegue perceber de onde em a popularidade dos Venturas que existem pelo mundo fora, sempre existiram e sempre continuarão a existir.
    A culpa diz é de cerca de 10% (crendo nas sondagens) do eleitorado, clamando que são burros, estúpidos, ignorantes e desprovidos de eticidade.
    Valupi não entende a democracia, não entende que o populismo (em democracia) não se combate ofendendo o eleitorado. A generalização relativamente ao eleitorado dos Venturas é pura generalização e discriminação.
    Temos outros partidos de matriz anti-democrática (PCP e BE) no parlamento e não existe um discurso de ódio relativamente a estes partidos nem aos seus eleitores (se fosse pelo PCP e não fosse o PS e algumas forças de moderada direita, Abril teria parido um comunismo qualquer).
    Valupi é, pois, só mais um que apenas contribui para a radicallização do discurso do político.

  3. é , a direita portuguesa (o cds , pr o psd é centrão) tem culpa do avanço dessa malta aventureira pela Europa toda . é obra.
    há quem diga que a culpa do avanço dessa malta é da esquerda. vá se lá saber quem tem razão.

  4. Marcelo , na sua idiossincrasia presidencial, afável, beijoqueira, simpática, acentua o pior de Portugal, ainda para mais quando tem o total beneplácito da comunicação social. Marcelo cultiva, de certo modo, o Portugal simplório, abúlico, anestesiado, que usufrui, orgulhoso, do melhor povo do mundo. O convite feito ao Tavares para presidir ao 10 de junho é, também, revelador desse estado da arte marcelista.

  5. “… falta de capacidade do sistema politico para oferecer alternativas, o que tem como consequência uma negação daquilo que é, ou que devia ser, a essência da democracia, ou seja o poder de escolha.”

    o que é que queres dizer com isto? um catálogo de alternativas fachistas para poderem escolher a que dê mais garantias de arrumar com a democracia?

    “… todas as propostas politicas que não se coadunam com a cartilha neo-liberal são desacreditadas como fantasiosas, ao mesmo tempo que assistimos ao crescimento das desigualdades.”

    as desigualdades têm crescido exactamente por causa da cartilha neo-liberal que tem vindo a ser implantada. todos os partidos à direita do ps dizem ser liberais, lutam para nos libertar do socialismo e continuar a obra coelho/marilú/borges presidida por cavaco e fiscalizada pela joana.

    “Eu considero-me de centro esquerda, reformista, europeista, moderado. Sou portanto um eleitor potencial do PS e não um adepto da revolução proletaria internacional.”

    tu és mazé uma anedocta

  6. “Quando virem os 20 % que Ventura vai ter nas eleições é que irão subir paredes…”

    se o psd e o cds aconselharem o voto no ventura é capaz de chegar lá perto. não vão subir paredes, são enterrados vivos e com sorte talvez ressuscitem daqui a 50 anos.

  7. “Temos outros partidos de matriz anti-democrática (PCP e BE) no parlamento e não existe um discurso de ódio relativamente a estes partidos nem aos seus eleitores…”

    cumprem as regras da democracia e a constituição, não andam para aí a dar porrada a pretos & coloridos, correr com imigrantes, ameaças de morte, promover racismo, manifestações fachistas incitando ao ódio, apoios a violência policial e crimes vários para enriquecimento pessoal e financiamento de actividades políticas (tráfico droga e armas, proxenetismo, segurança e protecção mafiosa e claque futeboleira ao serviço dos gajos que não conseguem ser eleitos para presidente). esclarecido? não tem de quê.

  8. … o André Ventura é filho do Socratismo, o PS do António Costa é a mesmíssima merda de sempre. Portanto, os dois abriram-lhe a porta e agora agarrem-se ao pau!

  9. Há uma outra ligação entre Passos e Ventura.
    Passos mentiu muito mas assumiu-se de direita e liberal , disposto, por exemplo, a privatizar tudo. E assim fez!
    Depois dele nada ficou como dantes e até o PC percebeu que , à sua direita, nem tudo era de direita.
    A geringonça nasce da declaração de amor ao PS feita pelo chefe Jerónimo logo a seguir às eleições , num reconhecimento envergonhado de que as cassetes estavam mesmo maradas.
    Essa admissão de posicionamento politico da direita agradou a muito do seu eleitorado mas , pelos vistos, soube-lhes a pouco.
    Agora sim, agora têm quem lhes proclame o interior da alma na pessoa do desventrado do Ventura.
    Ou seja, quase de certeza, o crescimento eleitoral da criatura será feita à custa de quase todo CDS e de muito PSD.
    Estaremos, com esse inevitável crescimento, assim na era Passos.2 , o da assunção fascista por parte de quem sempre o foi mas se envergonhava de o ser.
    Que se lixe!

  10. bronco branco:
    quem pariu venturas foi quem te pariu,já que queres esta linguagem…
    pois se tivesses sido parido com mais esperto nos cabeça verias distintamente quem te quer empalar, quem quer que não repares no óbvio ululante, quem te atira o nevoeiro que te cega e para o qual não há óculos que o dissipem. Ès um cego que vê,cruel ironia dos deuses !
    Estuda e trabalha ! Repara e vê !
    E quando, trémulo e hesitante, te sentires capaz de desatar os cordões dos sapatos de quem derrotou os fascistas e nos trouxe a democracia ,que desconheces, levanta as mãos do chão, ergue a cabeça e inspira o ar frio da madrugada! Ainda podes ser um émulo de Zaratustra !!! (não tem nada a vêr com Zara)

  11. … e tu na melhor das hipóteses não sabes o que é uma ironia ou abriste o link errado e deu os atacadores da zaida, mas não precisas porque vês óbvios a ulular entre nevoeiros patrocinados pela multiópticas. força aí na evangelização caixotesca enquanto vou ali beber um tintol sancho pança (nome completo para facilitar a compreensão).

  12. Cada vaidoso auto-convencido de que é expert em esperteza imagina-se capaz de enganar uma qualquer existente obscura maioria silenciosa; aqueles que não conseguem por azares ou incapacidades várias “ser igual aos outros”; os que andam calados escondidos, até envergonhados, mas quando alguém proclama na praça pública alto e bom som palavras duras contra os que “não são mais que ele”, o que lhe vai na alma ressentida salta aos gritos de raiva, especialmente nas redes sociais, como se fora finalmente ouvida a voz de sua vingança e libertação.
    Ventura e João Miguel Tavares são casos do género cada um a seu estilo.
    O JMT já é um cromo público de tanto se imitar a si próprio tal qual o bombeiro Marta Soares, o prof. sindicalista Mário Nogueira, o comendador comentador Marques Mendes, o espreitador de negócios de tráfico de influência, os ransosos Dâmaso e Laranjo do “cm”, o mano Costa, o Dr. médico da respectiva Ordem, os do “eixo” e os da “sombra” e tantos outros incluindo o próprio Marcelo.
    Usou o seu método de esperteza com o PM Sócrates e deu-se bem, subiu subitamente na vida, agora continua aplicando, duplicando, triplicando, usando à náusea do mesmo a ver se alguém morde o isco; depois de afagado o ego pelo Marcelo como pensador de Portugal do “nós” e “eles” em que o nós, os bons, era ele e a família toda até há 3ª geração e o eles eram os outros por sua vez todos corruptos, o useiro e vezeiro do truque não pára e toca de atacar o próprio Marcelo e frequentemente o Costa ou o Presidente da AR.
    Atira-se às mais altas figuras do Estado pois não faz por menos quem se acha com direito ao mesmo nível ou até acima porque não é corrupto, segundo o próprio, claro, pois não consta que a corrupção tenha sido consultada.
    O Ventura faz outro tanto à sua maneira pois vem da discussão de fingimento arruaceiro da futebolite televisiva . Passou pela esquerda na faculdade mas logo viu que, na vida prática, nesse campo estavam os lugares todos preenchidos. Apercebeu-se, ou Passos fê-lo perceber, que na extrema direita há sempre lugar para mais um extremismo dado a profusão dos vencidos da vida cheios de “altas qualidades” que proliferam no silêncio ou na loquacidade ignorante nas redes sociais.
    Provocam contínua e antidemocraticamente a liberdade para poder gritar depois, “aqui d’ El Rei” que não há liberdade de expressão. Promovem agitação social para provocar desordem e depois agitarem a desordem e apelar à ordem pela repressão de força bruta.
    Enfim, usam e tentam todo o modo de manhas velhas e novas conhecidas para descredibilizar a Democracia e formar a tal maioria silenciosa de moderados amedrontados guiados por chefes oportunistas.
    Não tem a ver com falta de escolha em Democracia mas terá mais a ver com Democracia facilitista. Tem a ver sim com o “disign” ou concepção de ordenação democrática neo-liberal na qual a Democracia se deixou enredar e que levou ao que diz o Viegas; – Nas ultimas décadas, todas as propostas politicas que não se coadunam com a cartilha neo-liberal são desacreditadas como fantasiosas, ao mesmo tempo que assistimos ao crescimento das desigualdades. –
    A concepção actual de Democracia, a superestrutura do Estado, favorece escandalosamente o poder económico-financeiro em detrimento do trabalho, quer manual quer científico. Com o grosso do poder democraticamente atribuído ao poder financeiro é fácil a este apoderar-se dos meios que condicionam e subvertem os poderes democráticos; ao fim e ao cabo, estes são os que criam, pagam e mantém os Venturas e JMtavares, precisamente, para fazerem o fazem por um lado enquanto do outro lado corrompem os políticos venais; o manobrismo popular de rua não é mais que a marioneta do manobrismo plutocrata dos gabinetes.
    Mas o futuro é incógnito e gera desconfianças, as criaturas querem, normalmente, ultrapassar os criadores e não consegue ser ddt quem pode ou quem quer; é preciso alguma inteligência e sobretudo muita manha e carisma político o que nem o Ventura possui em dose suficiente.
    Este vai ser um fenómeno passageiro, de ocasião, que dará lugar a alguém mais preparado e adequado ao fim em vista; os mandantes, no caso português, são salazaristas nada confiantes no estilo dos agitadores que não se coaduna com o chefe salvador, frio, cerebral de que têm saudades.

  13. Toda a razão Valupi. O Ventura é muito mais filho da demagogia do Massamolas que do autoritarismo saloio do Botas. E por isso também é muito bem comparado com o JMT. Ainda hoje fico abismado com a quantidade de portugueses que nunca conseguiram perceber o grau de destruição da economia que a abécula de Massamá conseguiu impor ao país. Não chegava a receita da UE e do FMI.

    Estou de férias e estou há mais de uma semana para escrever algo sobre o Chega. O tema agrada-me tanto… Sobretudo porque a maioria dos descontentes do charlatão do Ventura por cá, ao contrário dos descontentes de fenómenos populistas semelhantes na Europa, com os quais já se ensaiaram algumas comparações nos media, não nasceram com a falência do neo-liberalismo em 2008 e o respectivo crash. Descontentes sobretudo com o estado social que foi precisamente quem os salvou, a eles e aos seus países, da falência do neo-liberalismo que os tramou e eles continuam a adorar. Tal é a irracionalidade! Mas voltando aos nossos descontentes, que são muito mais fruto de um certo julgamento na praça pública, vai quase para uma década. De uma governação inteira, ou seja, de todo o nosso sistema político. E não há sistema que aguente. Da nossa Democracia Liberal, que afinal é muito corrupta.

    Quando comparar alguns casos de corrupção do nosso Estado de Direito Democrático com a corrupção generalizada que beneficiava sempre a mesma meia-dúzia de famílias e que até podia muito bem dar o nome ao Estado Novo que o antecedeu… E que eles voltam a adorar… Tal é a irracionalidade. O santinho do Botas até foi ao banco meter uma cunha para uma empregada doméstica sua abrir um negócio. Coitadinho que não era nada corrupto e até morreu pobrezinho. Experimentem ver a CMTV durante quase uma década como fazem muitos dos nossos descontentes e depois vão ver se aquilo que o charlatão do Ventura diz faz ou não faz sentido. Logo a começar pela agenda securitária num dos países mais seguros do mundo. Nem é preciso chegar à parte das escolas à borla. Até os nossos descontentes tinham que ser diferentes. Que sina.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *